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quinta-feira, agosto 06, 2015

Sem energia barata não há crescimento

Figure 12. World GDP in 2010$ (from USDA) compared to World Consumption of Energy (from BP Statistical Review of World Energy 2014)

O petróleo continua muito caro!


What we really need is more high wage jobs. Unfortunately, these jobs need to be supported by the availability of large amounts of very inexpensive energy. It is the lack of inexpensive energy, to match the $20 per barrel oil and very cheap coal upon which the economy has been built that is causing our problems. We don’t really have a way to fix this [Gail Tverberg].

Em vez de ouvir os desvarios geopolíticas sobre energia do senhor Partex (António Costa Silva) seria bem melhor ler o que escreve Gail Tverberg.

A queda dos preços do petróleo não é uma consequência do excesso de oferta e de produção, mas sim da queda agregada da procura motivada pelo preço demasiado alto do petróleo e das commodities em geral.

Neste momento, o preço do petróleo está abaixo do seu custo real uma vez descontado o efeito inflacionista do mercado especulativo que é por definição o seu. Deste modo a indústria petrolífera tenta responder à estagnação económica induzida, precisamente, pelo preço insustentável da energia e das matérias primas—do petróleo, do gás natural, da terra fértil, da água potável, das sementes e dos metais comuns, preciosos e raros.

Em suma, o petróleo está a ser vendido abaixo do seu preço de custo (deflação) porque se tornou demasiado caro. O petróleo barato acabou em 2006 (Peak Oil).

Sem crescimento do consumo energético não há crescimento. Sem crescimento, o endividamento gera instabilidade económica, financeira, social e política.

Ponto.

E agora?

Figure 1. Oil as a percentage of total energy consumption in 2006, based on June 2015 Energy Information data. (Inverted order from chart originally shown.)

Nine Reasons Why Low Oil Prices May “Morph” Into Something Much Worse
by Gail Tverberg
Posted to Our Finite World on July 22, 2015

[...]

4. The way workers afford higher commodity costs is primarily through higher wages. At times, higher debt can also be a workaround. If neither of these is available, commodity prices can fall below the cost of production.

If there is a significant increase in the cost of products like houses and cars, this presents a huge challenge to workers. Usually, workers pay for these products using a combination of wages and debt. If costs rise, they either need higher wages, or a debt package that makes the product more affordable–perhaps lower rates, or a longer period for payment.

Commodity costs have been rising very rapidly in the last fifteen years or so. According to a chart prepared by Steven Kopits, some of the major costs of extracting oil began increasing by 10.9% per year, in about 1999.

In fact, the inflation-adjusted prices of almost all energy and metal products tended to rise rapidly during the period 1999 to 2008 (Figure 7). This was a time period when the amount of mortgage debt was increasing rapidly as lenders began offering home loans with low initial interest rates to almost anyone, including those with low credit scores and irregular income. When debt levels began falling in mid-2008 (related in part to defaulting home loans), commodity prices of all types dropped.

Figure 6. Figure by Steve Kopits of Westwood Douglas showing trends in world oil exploration and production costs per barrel. CAGR is “Compound Annual Growth Rate.”


O que aí vem

O RUÍDO PARTIDÁRIO EM VOLTA DOS ÚLTIMOS NÚMEROS DO EMPREGO É UM RUÍDO POPULISTA QUE DEVE SER DENUNCIADO E DESPREZADO.

Sem uma disponibilidade crescente de energia barata (sobretudo petróleo e combustíveis líquidos em geral, abaixo do 40USD/b) não há crescimento; sem crescimento não há emprego, há desemprego e há substituição de emprego caro por emprego barato e mais eficientemente servido por máquinas e sistemas inteligentes. Esta espiral descendente é de natureza recessiva e deflacionista, sobretudo à medida que a capacidade de endividamento e de monetização das dívidas se esgota nos Estados Unidos, na Europa, na China...

Os governos têm cada vez menos controlo sobre esta dinâmica, e na luta entre capital e trabalho, desta vez, ambos empobrecem: número crescente de falências industriais e bancárias, empobrecimento das classes médias e colapsos financeiros de grande magnitude, com consequências terríveis, por exemplo, na bancarrota iminente de vários países, regiões e cidades.

Onde melhor podemos antever o nosso futuro, se nada fizermos e nos deixarmos embalar pelo populismo estridente das nomenclaturas partidárias instaladas, é nas vagas de migração de África para a Europa. Os níveis de rendimento destes países é há muito totalmente incompatível com o custo da energia e matérias primas disponíveis... Quando o barril de crude desce abaixo dos 60USD a maioria dos países exportadores de petróleo e gás natural deixam de obter as gigantescas receitas e margens de lucro e de rapina que têm alimentado as suas altíssimas taxas de crescimento e os investimentos e a especulação financeira nos Estados Unidos e na Europa.

domingo, maio 24, 2015

Democracia Qualitativa vs. cleptocracia mundial

Pavilhão chinês na Feira Mundial de Milão, 2015 (visualização)
Studio Link-Arc @ Dezeen

Em defesa da propriedade privada... contra os monopólios abutres


El negocio de alimentar a la Humanidad

...hasta 2050 la tierra cultivable deberá crecer un 70% para abastecer a todo el mundo. En 1961, había 2,5 hectáreas de tierra cultivable por habitante y en 2050 habrá menos de 0,8. Al mismo tiempo, se necesita un incremento de 64.000 millones de metros cúbicos de agua dulce cada año para adecuar la producción agroalimentaria a la demanda. El País.

Enquanto Assunção Cristas tem vindo a preparar o terreno legal para um confisco em larga escala da propriedade rústica dos mais fracos, e sua posterior venda aos fundos predadores de investimento, António Costa soma-se à faina do Grande Roubo atacando pela banda do imobiliário urbano, que promete expropriar a favor dos mesmos fundos predadores, ao mesmo tempo que tenciona mandar os avós trabalhar.

Claro que as medidas são piedosamente inoculadas nos indígenas como programas sanitários, de salvaguarda do património, e de bom aproveitamento dos recursos. Mas, ou os nano-proprietários se organizam e varrem esta corja do poder, ou serão depenados, como foram os alemães depois das suas grandes recessões e guerras.

A mesma pilhagem está em curso no setor da água e da energia, embrulhada no piedosamente sustentável Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico—uma criação do Recluso 44, de braço dado ao cabotino Mexia.

Portugal nunca votou à esquerda de modo continuado porque a maioria dos portugueses, além do salário ou da pensão minguante que cobra, herdou alguma coisa, e comprou alguma coisa e é, assim, proprietário de algo: um andar, uma pequeno pinhal, uma quintinha, etc. Pois bem, quando visto este património no seu conjunto, é imenso, e é hoje uma presa atrás da qual correm os fundos especulativos do mundo inteiro, e os governos falidos que estes têm no bolso.

Precisamos, cada vez mais, de uma DEMOCRACIA QUALITATIVA capaz de defender as pessoas e as nações da mão invisível da CLEPTOCRACIA MUNDIAL.

Se para algo serve a Feira Mundial de Milão, que acaba de inaugurar sem a presença portuguesa, é para podermos medir a importância económica, ambiental, social e cultural do que está em causa quando falamos de terra, alimentação e água.


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quarta-feira, março 04, 2015

Iberian stream

Mariano Rajoy, Jean-Claude Juncker, François Hollande e Passos Coelho reúnem-se esta tarde em Madrid, numa cimeira que, se for bem-sucedida, poderá ser o primeiro passo concreto rumo à União Energética /
EMMANUEL DUNAND/AFP/Getty Images



Mini-cimeira europeia sobre o gás, em Madrid


A abertura do mercado elétrico além-Pirinéus é o preço que a França e a Alemanha terão que pagar por um novo corredor de gás vindo do Atlântico.

Passos, Rajoy e Hollande. Cimeira de Madrid discute fornecimento de gás e eletricidade à Europa

Expresso, Susana Frexes, correspondente em Bruxelas
11:11 Quarta, 4 de Março de 2015

Em cima da mesa está a utilização dos terminais de gás natural liquefeito (GNL) - como por exemplo o de Sines, em Portugal - para abastecer o resto da Europa, com gás vindo do norte de África.

Nas contas do Governo português, o projeto permitiria ao Velho Continente reduzir a dependência energética em relação à Rússia em cerca de 40%. O resultado poderia ser um "Iberian stream", um gasoduto semelhante ao que já existe a Norte, e que liga a Rússia e a Alemanha. Faltam, no entanto, as ligações quer entre a Península Ibérica e França, quer ao resto da Europa.

Ler mais

Iberian Stream? É uma forte possibilidade, para garantir mais redundãncia aos sistemas de abastecimento de gás natural à Europa. O belicismo americano e a indolência europeia atiraram a Ucrânia para o inferno de uma guerra civil de onde acabará por resultar a divisão do pais em dois, e forte instabilidade no abastecimento de gás à Europa pelo corredor ucraninao. Por outro lado, o belicismo americano na Líbia, e por todo o Mediterrâneo e Médio Oriente, acompanhado pela indolência europeia, poderá empurrar a Líbia (o petróleo mais fino do mundo) para os braços do Estado Islâmico, e redundar num condicionamento fortíssimo dos abastecimentos de gás natural à Europa oriundo daquela região, incluindo a Argélia.

Ou seja, tempo para ligar o gás da Nigéria, Angola, Venezuela, etc. ao porto de Sines, e daqui lançar um gasoduto até Berlim!

O mapa, que atualizámos, sobre a Guerra do Gás mostra claramente a importância da mini-cimeira que esta tarde terá lugar em Madrid. Sines é uma porta estratégica da Europa. Por algum motivo estão lá os chineses, de Singapura, claro.

Clique para ampliar o mapa

No que toca ao dossiê elétrico, digamos que é a moeda de troca que a França terá que dar a Espanha e Portugal (que, como sempre, foi apanhado com as calças na mão, e não levou nada preparado para Madrid). Portugal, enquanto não puser na ordem a EDP (passivo de 2014: 17 mil milhões de euros...), nada feito.

Temos a eletricidade mais cara da Europa (em paridade do poder de compra). No entanto, o cabotino Mexia passeia-se pelas televisões anunciando lucros de milhares de milhões, perante a passividade canina do governo e do seu falso ministro do ambiente.


ÚLTIMA HORA

O lançamento da União Energética Europeia é mais uma tentativa da Alemanha e da França de imporem uma hegemonia estratégica de sua estrita conveniência, passando por cima dos interesses e estratégias dos restantes estados membros. ATENÇÃO!!!

Ver este exclusivo do EurActiv:

Joint gas buying on EU leaders' summit agenda
EurActiv. Published: 04/03/2015 - 13:47 | Updated: 04/03/2015 - 15:58

EXCLUSIVE: EU leaders will discuss how best to strengthen the bloc’s bargaining power, including the collective buying of gas, when they debate the European Commission communication on Energy Union.

(...)
The Commission communication called for member states' energy deals with non-EU nations to be vetted by the executive, before being signed.  That is up for debate by heads of state and government.

(...)
Energy Union has five “dimensions”: Energy security, internal energy market, energy efficiency, climate and research and innovation. Although all five are important, the paper said. The European Council will focus on security, the internal energy market and climate diplomacy.

(...)
The summit will be dominated by the Energy Union, which was launched last week. The Energy Union is the EU’s response to its dependence on Russian gas, which was brutally exposed by the Ukraine crisis and when Russia turned off the taps in 2009, causing shortages in the EU. It has since developed beyond questions of just security of supply to encompass issues such as fighting climate change.

Mais sobre o Iberian stream neste blogue

Atualização: 7 mar 2015, 10:53 WET

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quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Consumidores financiaram perdas da EDP em Espanha

BMW 1600 cabriolet (1967)

Portugal, além de falido, é um país invertebrado


Madrid, 25 fev (Lusa) - A EDP Renováveis atribui a quebra de 7% nos lucros de 2014 ao impacto das mudanças regulatórias em Espanha, mas sublinhou que as operações nos outros países [Portugal entra nesta categoria], especialmente o comportamento nos Estados Unidos, conseguiram "mitigar esse efeito".

Num ponto a Troika tem razão: as rendas excessivas não foram atacadas, cortesia deste governo e da passividade cúmplice dos lémures de todas as bancadas parlamentares. Mais um motivo para não votarmos nesta corja e exigirmos uma mudança de regime!

Este despacho da Lusa é a prova de que a regulação portuguesa não cortou nada.
Por isso rebatizei o cargo ocupado por Jorge Moreira da Silva: Ministro do Pseudo Ambiente!

O lóbi associativo do ambiente, no conforto da proteção orçamental de que goza tem demonstrado um atavismo e uma desonestidade cultural a toda a prova. Tratam das suas quintinhas, e mal, como se viu na idiota decisão do Costa sobre a proibição à medida de circulação de automóveis na Avenida da Liberdade. Eu já encomendei um BMW 1600 cabriolet de 1967!


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sábado, fevereiro 21, 2015

Lisboa tem a eletricidade mais cara da Europa

Energie-Control Austria. The Hungarian Energy and Public Utility Regulatory Authority. VaasaETT Global Energy Think Tank
(pdf)

Herança elétrica de Sócrates prossegue com o governo esverderado de Passos Coelho


“...Lisbon overtakes Copenhagen as the place with the most expensive electricity followed by Prague and Berlin”

União Europeia?

Os preços pagos por kWh de eletricidade residencial em 23 capitais europeias podem variar até 142%. No consumo elétrico as cidades + caras —em preços nominais— são Copenhagen e Berlim, onde o grosso das faturas, porém, se deve a taxas. Lá como cá.

Mas se ajustarmos o poder de compra, então os consumidores de Lisboa têm a energia elétrica mais cara da Europa. Onde está o Jorge Moreira da Silva? Crescimento, como?

Vale a pena ler este breve e esclarecedor relatório, e observar os seus quadros e gráficos.


Household Energy Price Index for Europe
February 5th, 2015
January Prices Just Released
Energie-Control Austria
The Hungarian Energy and Public Utility Regulatory Authority
VaasaETT Global Energy Think Tank
pdf

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quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Guerra e Gás (IV)

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A corrida dos gasodutos—afinal o petróleo desce por causa do gás!


As guerras, as sanções, as tensões, as degolações espetaculares, em suma, o Inferno que temos visto no Médio Oriente desde as guerras no Afeganistão e no Iraque marcam o início do grande conflito estratégico do século 21: a luta pelo gás natural.

Estão em causa os acessos e o fornecimento de gás natural à Europa, mas também à China, à Índia e ao Paquistão. As maiores reservas encontram-se na Rússia, Irão, Qatar, Turquemenistão, EUA, Arábia Saudita, Iraque, Venezuela, Nigéria, Argélia, em suma, nos sítios do costume.

Neste momento a Rússia compete com os projetados gasodutos Árabe e Islâmico na primazia do fornecimento à Europa — pretendendo chegar à Europa através da Turquia e da Grécia. A guerra de secessão em curso na Ucrânia é imprevisível e poderá acabar na redução drástica da passagem de gás russo por aquele país.

Por outro lado, parece que a Arábia Saudita resolveu dar uma ajudinha à estratégia de Obama e dos caniches europeus, promovendo os interesses estratégicos do Qatar/Irão, mas também de Israel do Egito e os seus próprios na corrida dos gasodutos. O jogo é perigoso, pois Putin pode recordar aos alemães o que lhes sucedeu em Estalinegrado quando intentaram conquistar a Rússia.

Saudi Oil Is Seen as Lever to Pry Russian Support From Syria’s Assad
By MARK MAZZETTI, ERIC SCHMITT and DAVID D. KIRKPATRICKFEB. The New York Times, 3, 2015

WASHINGTON — Saudi Arabia has been trying to pressure President Vladimir V. Putin of Russia to abandon his support for President Bashar al-Assad of Syria, using its dominance of the global oil markets at a time when the Russian government is reeling from the effects of plummeting oil prices.

Saudi Arabia and Russia have had numerous discussions over the past several months that have yet to produce a significant breakthrough, according to American and Saudi officials. It is unclear how explicitly Saudi officials have linked oil to the issue of Syria during the talks, but Saudi officials say — and they have told the United States — that they think they have some leverage over Mr. Putin because of their ability to reduce the supply of oil and possibly drive up prices.

“If oil can serve to bring peace in Syria, I don’t see how Saudi Arabia would back away from trying to reach a deal,” a Saudi diplomat said. An array of diplomatic, intelligence and political officials from the United States and the Middle East spoke on the condition of anonymity to adhere to protocols of diplomacy.

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Sobre este mesmo tema n'O António Maria

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Energia: roubalheira e saque fiscal

Os gráficos não enganam!

O FMI tem razão: governo, oposição e regime continuam a dar Pão de Ló e ostras aos rendeiros da energia


  • Alguém consegue explicar porque motivo o preço do gás —e da energia em geral, em Portugal, continua tão elevado? A eletricidade, por exemplo, amenta 3,3% em 2015!
  • Alguém consegue explicar porque é que a TAP continua a impor uma taxa de combustível, de 30 euros, nos seus bilhetes?
  • Alguém consegue explicar porque é que o falso ministro do ambiente impõe taxas sobre sacos de plásticos —feitos a partir de gás natural e plástico reciclado (PET)— quando os preços do petróleo e do gás natural cairam 50% de há um ano para cá?
  • Alguém consegue explicar os preços escandalosos da água canalizada, quando a energia necessária para a tratar e movimentar deveria permitir a diminuição dos preços ao consumidor?
  • Será que esta irracionalidade económica, que prejudica o crescimento e penaliza as famílias, se deve apenas à voragem dos rendeiros oligopolistas e à insanidade orçamental dos governos deste regime falido?
  • Onde estão o PS e os hipócritas da Esquerda a denunciar esta espécie de fascismo fiscal?

Os gráficos não enganam!
Zero Hedge, 29/01/2015: “...as the chart below shows, since the oil’s peak in June 2014, Energy company EPS have crashed by 50%, as a result of a 60% plunge in the price of oil. What about Energy Index prices? Well, they have fallen to be sure, but nowhere near far enough to where they should, down “only” 20% from the highs.”

Entretanto...


EDP encaixa 186 milhões de euros com venda de activos em Espanha

A divisão espanhola da EDP concluiu a venda de activos de distribuição de gás a uma empresa do Goldman Sachs. O negócio pode vir a ascender a 237 milhões de euros, mas parte da operação aguarda por luz verde dos operadores espanhóis — in Jornal de Negócios.

EDP—a ordem dos chineses é clara: vender os anéis tão depressa quanto possível, para acudir à gigantesca dívida da empresa—boa parte dela denominada em dólares—, à queda dos preços e do valor dos ativos do setor energético, e a uma mais do que provável redução das rendas excessivas em Portugal. Só falta saber quando é que o cabotino Mexia e o Recluso 44 são chamados a explicar o negócio pirata das barragans.

NB: a mesma Goldman Sachs que impingiu as ventoinhas americanas da Horizon Wind à EDP, criando-lhe uma dívida gigantesca, vem agora compensar (um bocadinho) a empresa chinesa, com a compra de ativos da EDP em Espanha.

Atualização: 30-01-2015, 23:35 WET

sexta-feira, novembro 07, 2014

Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico

Gasoduto do Nabucco: a resposta à chantagem de Putin

O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria


Por José Manuel Castro Lousada

I - Primeiro as generalidades

De um lado temos o governo sírio, dirigido por um alauíta do partido Baath, xiitas, sunitas moderados, cristãos, ortodoxos, curdos e drusos. Assad é apoiado pela Rússia, Irão, Líbano, Hezbollah e palestinos. De outro lado, a oposição síria "livre" e grupos sunitas, alguns dos quais extremistas. EUA, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Turquia apoiam de alguma forma os rebeldes, fornecendo armas e dando cobertura política.

No Médio Oriente a política e a religião estão interligadas. A guerra mexe com toda a região e com a temperatura internacional. A Síria tem um governo autoritário. Não obstante, desde há duas décadas e até ao início da revolta na rua em 2011, Assad conseguiu manter a unidade nacional, proporcionando à população educação e saúde gratuitas, garantindo às diferentes comunidades étnicas uma convivência pacífica. Os cristãos não eram perseguidos, apesar de não serem a maioria, mas na Síria não há maiorias expressivas.

Os EUA e seus aliados são acusados de apoiar directa ou indirectamente a Jablat Al Nusra e outras organizações jihadistas por intermédio do Exercito Sírio Livre e de outros "moderados", para destruir a Síria laica e independente. Invocaram que Assad é um tirano e que usou armas químicas contra o seu povo, mas a Rússia e a imprensa internacional mostraram armas químicas na posse da Al Nusra que, segundo alegado, foram fornecidas pelos norte-americanos e estados do Golfo. Israel está de atalaia.

A rebelião popular de 2011 surgiu no quadro da Primavera Árabe. Para alguns analistas, especialmente iranianos e russos, houve um aproveitamento das primaveras árabes para orquestrar a queda de Assad. A revolução na rua terá sido incentivada pelos EUA, Reino Unido, Holanda e parceiros do clube Bilderberg. Argumentam que os operacionais da Al Nusra e organizações similares não falam siríaco mas sim árabe e que muitos rebeldes "moderados" não são sírios.

Em 2011 existiam dezenas de bancos na Síria, o que indiciava um razoável nível de liberdade económica. Haverá corrupção no governo ou em redor do governo, como em muitos outros países. Tem-se afirmado também que o regime não permite eleições livres, segundo um padrão ocidental. Mas qual é o país árabe onde existem eleições livres e democráticas? A Al Zajeera e a Al Arabia têm manipulado os media contra Assad e a comunidade internacional diabolizou-o a partir de 2003, quando recusou apoiar a guerra contra o Iraque. O que ainda mantém o regime são as instituições sírias, o povo e as forças armadas. E, evidentemente, o apoio da Rússia e do Irão.

É provável que se Assad cair a guerra civil sectária continue, numa senda de progressiva balcanização do território, sendo o poder ocupado por grupos islâmicos que não vão permitir a existência de outros credos. Cristãos, curdos, drusos, xiitas e alauítas, ou seja um total de 4 milhões de sírios, aguardarão o resultado da guerra para saber se podem continuar no país. Perspectivando soluções de governo: os sunitas são aproximadamente 65% da população e aspiraram exercer o poder. Olhando para o padrão da península arábica, o mais natural será o nascimento de um novo estado islâmico sob os auspícios da Irmandade Muçulmana. No que em particular interessa aos cristãos, a queda do regime de Damasco apressará o fim da história da Cristandade no Médio Oriente. Os maronitas do Líbano não conseguirão evitar a pressão dos islamitas sírios ou absorver a infindável chegada de refugiados.

O chamado Gasoduto Islâmico


II - A conexão entre a política energética e a guerra na Síria

O que estava errado num dos países mais democráticos e multi-culturais do Médio Oriente, a Síria, para chamar a atenção do Ocidente e concitar a oposição dos defensores da democracia, ao ponto de serem considerados "combatentes da liberdade" indivíduos que no Ocidente seriam tratados como terroristas?

Os problemas geopolíticos relacionados com a produção, transporte e uso do gás natural - eventualmente o principal combustível do século XXI - estão, talvez, mais do que qualquer outro tema, no radar dos estrategas ocidentais. F. William Engdahl, consultor em energia, diz que o gás natural é o ingrediente inflamável que alimenta a corrida à energia na região. A guerra em curso é sobre se os gasodutos que abastecerão a Europa, de leste para oeste, seguirão do Irão e do Iraque para a costa mediterrânea da Síria, ou se farão uma rota mais pelo norte, do Qatar e da Arábia Saudita, através da Síria e da Turquia. Tendo percebido que o fluxo do encalhado pipeline Nabucco (e de todo o Corredor Meridional) é abastecido apenas por reservas do Azerbaijão, e que não pode nunca igualar o fornecimento russo para a Europa ou impedir a construção do South Stream, o Ocidente está com pressa em recorrer ao Golfo Pérsico. A Síria, elo fundamental nesta cadeia, alinha com o Irão e a Rússia. Como tal, ter-se-á decidido nas capitais ocidentais que Assad tem de cair. A luta pela democracia é uma falsa bandeira exibida para encobrir objectivos não declarados.

Recorde-se que a rebelião na Síria teve início há três anos, quase ao mesmo tempo em que era assinado em Bushehr, no sul do Irão, em 25 de Junho de 2011, um memorando respeitante à construção de um novo gasoduto Irão-Iraque-Síria, para ligar 1.500 km desde Asaluyeh, no campo de gás natural de North Dome/South Pars (compartilhado pelo Qatar e pelo Irão), a Damasco. O gasoduto percorre 225 km em território iraniano, 500 km no iraquiano e 500-700 km em terra síria. Mais tarde, poderá prolongar-se pelo leito do Mediterrâneo até à Grécia. A possibilidade de fornecimento de gás liquefeito para a Europa através dos portos sírios no Mediterrâneo também está em cima da mesa. Os investimentos montam a 10 biliões de dólares.

O projecto, conhecido por "gasoduto islâmico", deveria entrar em operação entre 2014 e 2016. A capacidade projectada é de 110 milhões de metros cúbicos de gás por dia (40 biliões de m3/ano). Iraque, Síria e Líbano já assumiram que necessitam do gás iraniano (25-30 milhões de m3/dia para o Iraque, 20-25 milhões de m3 para a Síria e 5-7 milhões de m3 para o Líbano até 2020). Uma parte será fornecida através do sistema de transporte de gás árabe para a Jordânia. O projecto concorreria com o Nabucco, promovido pela União Europeia (capacidade estimada de 30 bilhões de m3 de gás/ano), que não tem reservas suficientes. Planeou-se o trajecto do Nabucco pelo Iraque, Azerbaijão, Turcomenistão e Turquia. Após a assinatura do memorando sobre o Pipeline Islâmico, o director da Companhia Nacional de Gás Iraniano (NIGC), Javad Oji, afirmou que o South Pars, com reservas de 16 triliões de m3, é uma "fonte confiável de gás e um pré-requisito para a construção de um gasoduto com uma capacidade que o Nabucco não tem". Cerca de 20 biliões de m3/ano seguiriam para a Europa, concorrendo com os 30 biliões do Nabucco, mas não com os 63 biliões do South Stream russo.

Um gasoduto do Irão seria altamente rentável para a Síria. A Europa também beneficiaria com a construção, mas no Ocidente há outras ideias. Os parceiros fornecedores de gás do Golfo Pérsico não estavam satisfeitos com a concorrência, nem era suposto estarem, nem sequer o transportador número um, a Turquia, que ficaria fora de jogo. A "Unholy Alliance" constituída para o negócio declarou ter por objectivo "proteger os valores democráticos" no Médio Oriente, ao arrepio da forma como as monarquias do Golfo lidam com tais valores.

Os estados sunitas percepcionam o Pipeline Islâmico segundo contradições interconfessionais, considerando-o um "gasoduto xiita do Irão xiita, através do território do Iraque com a sua maioria xiita e para o território do amigo xiita-alauíta Assad". Como refere F. William Engdahl, este drama geopolítico é intensificado pelo facto de o campo de Pars Sul se encontrar no Golfo Pérsico, directamente na fronteira entre o Irão xiita e o Qatar sunita que, não sendo adversário para o Irão, faz uso activo das suas ligações à presença militar dos EUA e britânica no Golfo Pérsico. No território do Qatar está um nó do “Pentagon’s Central Command of the U.S. Armed Forces”, o quartel-general do “Head Command of the U.S. Air Force”, o “N.º 83 Expeditionary Air Group of the British Air Force” e a “379th Air Expeditionary Wing of the U.S. Air Force”. O Qatar, escreve Engdahl, tem outros planos para o Pars Sul, é avesso a esforços conjuntos com o Irão, Síria e Iraque, e fará o possível para impedir a construção do pipeline, incluindo armar os "rebeldes", muitos deles sauditas, paquistaneses e líbios.

A determinação do Qatar é ainda alimentada pela descoberta, em 2011, de uma área de produção de gás na grande Síria, perto da fronteira com o Líbano, não muito longe do porto mediterrâneo de Tartus, arrendado à Rússia, e pela detecção de um importante campo de gás perto de Homs. Segundo estimativas preliminares, tais descobertas devem aumentar substancialmente as reservas de gás do país, que já ascendiam a 284 biliões m3. A perspectiva da exportação de gás sírio ou iraniano para a Europa através de Tartus joga contra os interesses do emirado e dos seus patronos ocidentais.

Segundo a Global Research, o jornal árabe Al-Akhbar revelou informações sobre um plano aprovado pela administração norte-americana destinado à construção de um gasoduto Qatar-Europa, envolvendo a Turquia e Israel. A capacidade não é mencionada, mas, considerando os recursos do Golfo Pérsico e do Mediterrâneo oriental, poderia ultrapassar tanto a do Pipeline Islâmico como a do Nabucco, fazendo frente ao South Stream russo. O principal encarregado do projecto é Frederick Hoff, "responsável pelas questões de gás no Levante" e membro do "Comité norte-americano para a crise síria". O pipeline teria origem no Qatar, atravessaria território saudita e jordano, contornando o Iraque xiita, até chegar à Síria. Perto de Homs, o gasoduto ramificar-se-ia em três: para Latakia, Trípoli, no norte do Líbano, e Turquia. Homs, onde existem reservas de hidrocarbonetos, é o "principal entroncamento do projecto". Nas proximidades da cidade e do ponto-chave Al-Qusayr travam-se algumas das batalhas mais ferozes e é o sector onde o futuro da Síria se joga: os locais onde os rebeldes operaram com o apoio dos EUA, Qatar e Turquia, ou seja a norte, Homs e arredores de Damasco, coincidem com a rota prevista para o gasoduto, em direcção ao Líbano e à Turquia. Um cotejo entre o mapa dos combates e o mapa da rota do pipeline Qatar-Europa indicia uma ligação entre a guerra e a necessidade de controle territorial. São três os objectivos a atingir: "quebrar o monopólio de gás natural da Rússia na Europa; libertar a Turquia da dependência do gás iraniano; e dar a Israel a oportunidade de exportar o seu gás para a Europa por terra, com menos custos". Pepe Escobar, analista do Asia Times, afirmou que o emir do Qatar fez, aparentemente, um acordo com a Irmandade Muçulmana, apoiando a sua expansão internacional em troca de um pacto de paz no Emirado. A Irmandade Muçulmana na Jordânia e na Síria alteraria abruptamente todo o mercado geopolítico mundial do gás natural - decididamente a favor do Emirado e em detrimento da Rússia, Síria, Irão e Iraque. Seria também um duro golpe para a China.

Entre outros objectivos, a guerra na Síria permitirá impulsionar o projecto do pipeline Qatar-Europa e desmantelar o acordo celebrado entre Teerão, Bagdad e Damasco. A implementação deste foi interrompida várias vezes devido à acção militar, mas em Fevereiro de 2013 o Iraque mostrou disponibilidade para assinar um acordo-quadro que permitiria a construção do gasoduto. Pouco depois, novos grupos xiitas iraquianos manifestaram-se em apoio de Assad. As participações no "jogo de eliminação" sobre o Pipeline Islâmico iniciadas na Síria pelo Ocidente continuarão a crescer. O fim do embargo da União Europeia ao armamento dos rebeldes sírios, que segundo a BBC mereceu a oposição inicial da maioria dos estados-membros, poderá não chegar para ajudar os rebeldes.

Quanto à civilização e à justiça, quando o lucro está em causa, os sentimentos não contam. O que importa é não jogar a carta errada neste jogo que cheira a sangue e a gás.

O pipelina que liga Síria ao Qatar

Fonte da parte II deste texto, correspondendo à sua quase tradução integral:

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
By Dmitry Minin
Global Research, September 19, 2014/ Strategic Culture Foundation 31 May 2013 


NOTA (O António Maria)

Ainda a propósito dos contornos desta espécie de Cruzada pós-moderna contra países muçulmanos, cuja origam principal é, desde 1917, a decisão ocidental de controlar a principal região petrolífera do planeta, vale a pena ler este texto de Glenn Greenwald

Glenn Greenwald. ¿Cuántos países musulmanes ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980?

 Barack Obama, en su conferencia de ayer posterior a la elección, anunció que pedirá una Autorización para el Uso de Fuerza Militar (AUMF, por sus siglas en inglés) del nuevo Congreso, que autorice su campaña de bombardeo en Iraq y Siria – que comenzó hace tres meses. Si uno fuera generoso, diría que pedir autorización del Congreso para una guerra que comenzó hace meses es por lo menos mejor que librar una guerra incluso después que el Congreso rechazara explícitamente su autorización, como lo hizo Obama ilegalmente en el ahora colapsado país de Libia.

Cuando Obama comenzó a bombardear objetivos dentro de Siria en noviembre, señalé que era el séptimo país con preponderancia musulmana que había sido bombardeado por EE.UU. durante su presidencia (lo que no incluía el bombardeo por Obama de la minoría musulmana en las Filipinas). También señalé previamente que esta nueva campaña de bombardeo significa que Obama se ha convertido en el cuarto Presidente consecutivo de EE.UU. que ordenó que se lanzaran bombas sobre Iraq. Considerados por sí solos, ambos hechos son sorprendentemente reveladores. La violencia es tan corriente y continua que ya apenas nos damos cuenta. Precisamente esta semana, un drone estadounidense lanzó un misil que mató a 10 personas en Yemen, y los muertos fueron rápidamente calificados de “presuntos militantes” (lo que en realidad significa solo que son “varones en edad militar”); esos asesinatos apenas merecieron ser mencionados.

Para obtener una visión total de la violencia estadounidense en el mundo, vale la pena formular una pregunta más amplia: ¿cuántos países en el mundo islámico ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980? La respuesta fue suministrada en un reciente artículo de opinión en el Washington Post del historiador militar y ex coronel del ejército de EE.UU.,

Andrew Bacevich:

“Mientras los esfuerzos de EE.UU. por “degradar y finalmente destruir” a los combatientes del Estado Islámico se extienden a Siria, la III Guerra de Iraq se ha transformado discretamente en el Campo de Batalla XIV del Gran Medio Oriente. Es decir, Siria se ha convertido en por lo menos el 14º país en el mundo islámico que fuerzas estadounidenses han invadido, ocupado o bombardeado, y en los cuales soldados estadounidenses han matado o han sido muertos. Y eso es solo desde 1980.

Enumerémoslos: Irán (1980, 1987-1988), Libia (1981, 1986, 1989, 2011), Líbano (1983), Kuwait (1991), Iraq (1991-2011, 2014-), Somalia (1992-1993, 2007-), Bosnia (1995), Arabia Saudí(1991, 1996), Afganistán (1998, 2001-), Sudán (1998), Kosovo (1999), Yemen (2000, 2002-), Pakistán (2004-) y ahora Siria. ¡Vaya!.

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Atualização: 8 nov 2014, 16:28 WET

sexta-feira, junho 06, 2014

Emprego mentiroso



Criar emprego é o problema mais difícil de resolver


...virtually every job gaines since the trough of the depression has been matched by at least one person dropping out of the labor force. In fact, since December 2007, the total number of jobs is virtually unchanged, while the number of people not in the labor force has increased by an unprecedented 12.8 million from 79.2 million to a record 92 million. Recovery?

in US Finally Recovers All Jobs Lost Since 2007 While People Not In Labor Force Increase By 12.8 Million | Submitted by Tyler Durden on 06/06/2014 08:50 -0400 | ZeroHedge

A 'esquerda' desmiolada e oportunista que temos, que vive confortavelmente sentada nos bancos da indigente partidocracia que deixámos alegremente crescer e inchar, berra contra quem governa (PS ou PSD-CDS) por causa do desemprego e da falta de emprego, e propagandeia invariavelmente que a culpa é do governo de turno, clamando sempre contra a legitimidade política dos mesmos, no que é quase sempre acompanhada pelas ratas sábias da mérdia televisiva. Ao PCP e ao seu braço sindical compete a ladainha da exigência de demissão de Sócrates, de Passos Coelho, e amanhã do renascido Seguro.

E no entanto a desgraça é bem mais grave do que se imagina e frequentemente se mostra aos eleitores como sendo mero resultado da ganância privada e da capitulação dos 'socialistas'.

O problema tem uma origem com dupla face: a face dos longos ciclos (Fischer, D. H.) e a face não cíclica que resulta do fim do petróleo barato

O mundo inteiro só tem um horizonte credível pela frente: decrescer.

Pode fazê-lo de modo gradual, amigável e ordenado, ou pode caminhar para sucessivos colapsos, tensões e guerras. Uma possível extinção das sociedades civilizadas que conhecemos não é provável mas pode acontecer se não houver uma adequada gestão global da crise. A leitura de Collapse, de Jared Diamond, poderá ajudar a substituir o maniqueísmo dos bonzos mediáticos por um diálogo ponderado e informado sobre as alternativas concretas efetivamente à nossa disposição.

quinta-feira, abril 17, 2014

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

Serra de Montemuro, terra queimada nas imediações de um grande parque eólico

 

Nunca se mentiu tanto sobre números e estatísticas


Bruxelas dita diminuição de subsídios às energias renováveis

Euronews, 09/04 19:16 CET

Quando está ao rubro a discussão sobre a dependência da União Europeia (UE) da importação de gás, carvão e petróleo; Bruxelas decide avançar com a diminuição gradual dos subsídios estatais às energias renováveis, tais como a eólica e a solar.
As eólicas e a biomassa
Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! 

Se mais de 150 mil pessoas fogem do país, o desemprego logicamente cai. Se os portugueses diminuem o consumo de gasolina, de gasóleo e de eletricidade, a balança energética logicamente melhora. Não é, pois, por causa das ventoinhas e da propaganda da EDP, da Endesa ou da Iberdrola, que o país vê melhorar a sua autonomia energética. Pelo contrário, o que aconteceu nestes últimos anos foi que, apesar do consumo de energia ter caído e continuar a cair, a fatura elétrica que chega a casa das pessoas e das empresas aumentou, e aumentou acima da inflação!

As renováveis intermitentes (sobretudo as ventoinhas americanas impingidas pela Goldman Sachs ao Mexia a ao Pinóquio, e que nós pagamos em rendas excessivas e ilegítimas) não trouxeram nenhuma diminuição à nossa dependência energética face ao exterior. A melhoria da nossa balança energética só tem uma explicação: importámos menos petróleo e exportámos mais derivados do petróleo importado. As barragens são, pois, um embuste a que este governo indigente não deu ainda a necessária resposta. Se emigrarem mais 150 mil pessoas nos próximos dois a três anos, que tenciona Passos Coelho fazer aos piratas da energia? Continuar a deixá-los sugar a economia e as pessoas em nome das suas aventura financeiras? Permitir que a dívida descomunal da EDP, contraída no casino da bolha eólica americana, seja paga pelos portugueses? Que tal umas lições de História de Portugal no período que se seguiu à perda da teta brasileira... até à subida de Salazar ao poder?

Como um entendido na matéria escrevia hoje:

“A dependência energética de Portugal (saldo importador de energia —importações-exportações— a dividir pela soma do consumo total de energia primária + consumo de energia das bancas marítimas e aéreas) é das mais elevadas da Europa. Analisemos a sua evolução nos últimos anos, segundo a DGEG com valores em percentagem:

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Verificamos que a dependência energética tem variado desde 1998, atingindo um pico em 2005, decrescendo depois até 2012, último ano em que existem balanços energéticos disponíveis.

Analisemos então mais em detalhe estes três anos, para poder calcular quais as razões por detrás destas evoluções segundo os dados dos balanços energéticos disponíveis na DGEG, em toneladas equivalentes de petróleo (tep), e mais em particular a diferença entre 2005 e 2012, período em que decorreu o maior investimento nas renováveis intermitentes:

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O que resulta desta análise é que as afirmações de António Mexia:

“Ao desenvolver as energias renováveis, a dependência energética em Portugal desceu mais de dez pontos percentuais, de 85% para 75%, de 2005 a 2012”, e “Portugal deixou de importar 4,3 mil milhões de euros de combustíveis fósseis” (Jornal de Negócios-26.3.14)

são totalmente desprovidas de sentido e contrariadas pelos números do balanço energético.

O que acontece é que a diminuição da dependência energética verificada neste período se deve quase exclusivamente à drástica redução do consumo de combustíveis líquidos derivados de petróleo nos transportes, devido ao aumento dos preços, o qual teve uma quebra de 20,7%, conduzindo a uma redução das importações de ramas e derivados em 25,2 % conjugada com o aumento das exportações de produtos refinado em 80,3%, permitida pela margem deixada em capacidade de refinação não usada para o consumo interno.

Se olharmos agora para a fatura energética entre estes dois anos de referência usados pelo CEO da EDP, os números aparecem assim, em milhões de euros:

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Na queda da dependência energética de Portugal em 9,4 pontos percentuais, de 88,8% para 79,4%, entre 2005 e 2012, não se constata qualquer redução, nem em valor nem em volume, ligado ao apoio às energias renováveis dados naquele período. Houve sim uma redução substancial do consumo de gasóleo e gasolina devido ao aumento dos seus preços, e só isso justificou a melhoria da dependência energética e o espetacular aumento das exportações de energia.

Quanto aos combustíveis fósseis usados para a geração elétrica – o carvão e o gás natural – houve nesse período um aumento de importações em volume para o gás natural e uma pequena redução para o carvão. Também nesse período se verificou um aumento das importações de eletricidade.  Os 4 mil milhões de euros que Portugal deixou de importar naquele período nada têm que ver com as renováveis, mas sim com a diminuição de importação de ramas e derivados de petróleo para o sector dos transportes. Agora a política de apoio às renováveis intermitentes originou um sobrecusto dessa ordem que não foi absorvido pelos consumidores, e que se acumulou numa dívida tarifária a crescer em bola de neve.”

Bruxelas põe Mexia e Passos em sentido. E nós?

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Iberdrola chief ‘shocked’ by Davey’s political interference - FT.com

Rendas excessivas da EDP terão que baixar, a bem ou a mal.


Assim como aqui se escreveu que não haveria novo aeroporto na Ota, nem sequer em Alcochete, assim como aqui se disse que, mais cedo ou mais tarde, a prioridade dos investimentos públicos recairia nos portos de águas profundas e na criação de uma rede ferroviária de bitola europeia, também já dissemos e repetimos: as rendas leoninas da EDP irão necessariamente baixar, se não enquanto forem protegidas pelo traste de Belém, logo que o traste saia e comece a prestar contas sobre as ações do BPN e sobre a compra da sua casa no Algarve.

Eu se fosse o presidente Xí Jìnpíng, perguntaria ao presidente das Três Gargantas e membro do PCP Chinês, Cao Guangjing, o que se passa em Portugal, como pensa tapar o buraco financeiro de mais de 21 mil milhões de euros da EDP, e se não é altura de abandonar o prejuízo anunciado das novas barragens do Sócrates Pinto de Sousa. Há excesso de produção elétrica, o consumo continua a cair, e subsidiar as ventoinhas com a energia de barragens reforçadas e novas barragens, impondo preços de saque à economia que pretende sair da Unidade de Cuidados Intensivos, é um sonho húmido, e inviável.

O exemplo da intervenção política nos Estados Unidos nesta matºeria, em Espanha e agora também no Reino Unido, são mais do que suficientes para percebermos a tendência.

Será que o pacóvio do PS já leu ou ouviu alguma informação honesta sobre isto?

Iberdrola chief ‘shocked’ by Davey’s political interference

By Guy Chazan — FT, 19/02/2014

The head of Iberdrola, owner of Scottish Power, has sharply criticised the UK coalition government for “interfering” in the work of Ofgem, saying it was undermining the energy regulator’s independence.

Ignacio Sánchez Galán, chairman and chief executive of the Spanish utility, was speaking two weeks after Ed Davey, energy secretary, attacked the profits made by UK gas suppliers.

[...]

This month, the Spanish government cut disbursements for electricity distributors to help reduce a huge deficit in the energy system that built up in part as a result of generous subsidies to the renewables sector.

[...]

Iberdrola said it would progressively reduce its investment in Spain until the business climate improved. Like many European incumbents, it has offset headwinds at home by expanding abroad: it said that of the €9.6bn it intended to invest over the next three years, 41 per cent would be in the UK, nearly 23 per cent in Latin America and 17 per cent in the US.

[...]

Iberdrola reported net profit of €2.57bn for 2013, down 7 per cent on a year ago. It blamed the drop on the impact of fiscal measures and energy reform in Spain, adding that levies on the company increased by 33 per cent in 2013 to €1.577bn, of which €1bn were in Spain.

The company set a goal of reducing its debt by €1.8bn to €25bn by 2016 and cutting its gearing from 43 per cent to 40 per cent. It said it would divest €500m of assets over the three years.

Read more: Iberdrola chief ‘shocked’ by Davey’s political interference - FT.com

E mais:

FMI alivia pressão sobre custos laborais e aponta para rendas na energia e nos portos

Por Rui Peres Jorge — Jornal de Negócios, 19/02/2014
“Embora fosse possível fazer mais para melhorar o funcionamento do mercado de trabalho e as oportunidades de emprego, a redução de outros custo de produção talvez seja ainda mais importante”, analisa Subir Lall, num comentário no blogue do FMI que acompanha a publicação do relatório da 10ª avaliação, uma posição que confirma um alívio da pressão do Fundo sobre a reforma do mercado de trabalho e um maior enfoque nas rendas excessivas, nomeadamente na energia e nos portos.

Segundo o chefe de missão do FMI, “por um lado, os custos laborais representam apenas cerca de 30% dos custos operacionais”, e “além disso”, defende, “é importante garantir que o peso do ajustamento não recaia demasiado no trabalho e seja contrabalançado com ajustes em outras áreas”, pelo que sublinha a urgência de  “aumentar a concorrência e a reduzir as rendas no sector não transaccionável”.

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E mais ainda:

Novas medidas para as rendas da energia serão discutidas nas próximas semanas

19 Fevereiro 2014, 12:34 por Miguel Prado, Jornal de Negócios.

A 11ª avaliação da troika a Portugal, que se inicia esta quinta-feira, irá debater “outras opções para equilibrar melhor” o ajustamento do sector eléctrico, por via da eliminação de rendas excessivas que ainda existem. A correcção das distorções no mercado de serviços de sistema, dominado pela EDP, é uma das matérias que o Governo terá de resolver nos próximos meses.

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quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Pires de Lima: Preços da energia só descem quando Portugal e Espanha acederem ao mercado europeu - Dinheiro Vivo

Conversa da treta para não dizer que tem  medo de agir contra a EDP

Pires de Lima: Preços da energia só descem quando Portugal e Espanha acederem ao mercado europeu - Dinheiro Vivo: O ministro da economia sublinhou hoje a importância de Portugal e Espanha deixarem de ser mercados de energia fechados como a solução para preços mais baixos e competitivos para os consumidores.

À margem da IX Conferência da COTEC, que juntou na Fundação Champalimaud representantes de Portugal, Espanha, Itália e da Comissão Europeia, Pires de Lima garantiu que "é preciso ligar os sistemas de energia que existem em Portugal e Espanha aos países do centro da Europa para que aumente a concorrência e a competitividade para permitir às pessoas terem maior oferta" nesta área.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Informe de la UE sobre la subida de los precios de la energía

A venda da maioria das ações que o Estado tinha na EDP aos chineses teve como consequência imediata a subida dos preços. A justificação aldrabada do saque coube aos dois novos moços de fretes de Pequim: António Mexia e Eduardo Catroga. O gráfico é oficial. Talvez convidar o presidente do Panamá para próximo presidente da república portuguesa fosse uma boa ideia, pois a corja indígena está toda contaminada! 



 
Informe de la UE sobre la subida de los precios de la energía

domingo, janeiro 26, 2014

Sérgio Monteiro manda no ministro do CDS

O comboio-foguete chinês (Trans-Eurasian Railroad) prevê chegar à Europa em 2025

Bruxelas avisa Portugal
—Não existem verbas comunitárias, pelo menos até 2020, para a nova travessia do Tejo (TTT), nem para o novo aeroporto em Alcochete (NAL).
E eu acrescento: com a depressão demográfica em curso —até 2060 Portugal perderá o equivalente à população do Porto em 2011, ou seja, mais de 250 mil habitantes— e com crescimentos anuais do PIB que dificilmente ultrapassarão os 2% ao longo das próximas, muitas, décadas, o NAL e a TTT jamais serão economicamente rentáveis e por isso financeiramente viáveis. A menos que o BCE e os eleitores indígenas voltem a dar carta-branca ao Bloco Central da Corrupção para afundar Portugal em mais dívida pública assassina, não haverá nenhum novo aeroporto em Alcochete, Rio Frio ou Canha, mas terá que haver duas novas linhas ferroviárias a ligar o centro-norte do país e a região de Lisboa a Espanha e ao centro da Europa, sob pena de Portugal se tornar uma ilha ferroviária!

A ferrovia é o caminho mais rentável para diminuir as importações de petróleo. Segundo rezam os relatórios,
  • a mobilidade rodoviária é o maior consumidor de petróleo, com cerca de 6.000.000 tep por ano, pelo que uma redução de 20% deste consumo no transporte rodoviário representaria uma poupança em petróleo maior  do que toda a produção renovável de eletricidade (dados de 2011), convertida em petróleo (tep).
  • por outro lado, a entrada de uma pessoa numa cidade utilizando o seu automóvel individual custa à cidade cerca de 90 vezes mais do que se a mesma pessoa vier de comboio, e cerca de 20 vezes mais do que se entrar de autocarro.
  • já hoje, em média, os portugueses gastam mais em mobilidade automóvel do que em habitação!
E é por isto que Bruxelas colocou à disposição de Portugal verbas comunitárias avultadas para que o país não se transforme abruptamente numa ilha ferroviária, ou seja, logo que a Espanha acabe de mudar as suas principais linhas ferroviárias de bitola ibérica para linhas e sistemas de alimentação e sinalização UIC (norma internacional).

Esperemos, pois, que os portugueses, a começar pelos deputados, acordem!

Bruxelas disponibiliza 1,6 mil milhões para Portugal construir ligação ferroviária a Espanha
24-01-2014 por Daniel Rosário, em Bruxelas

Comissário europeu responsável pelos transportes sublinha que o orçamento português terá que co-financiar apenas 15% dos projectos, mas avisa que o dinheiro não utilizado tem que ser devolvido ao fim de dois anos.

Portugal vai ter à sua disposição pelo menos 1.600 milhões de euros do novo orçamento da União Europeia para construir a parte que lhe cabe das redes transeuropeias de transportes: ligar os portos nacionais às redes ferroviárias de carga e passageiros com ligação a Espanha e ao resto do continente e converter a rede nacional para a bitola europeia.

Os números são avançados pelo comissário europeu responsável pelos transportes, que explica estas contas do orçamento comunitário para o período entre 2014 e 2020: 1.100 milhões de euros do fundo de coesão já previsto para Portugal são para aplicar em transportes; 500 milhões é o que cabe ao país no âmbito do novo MIE -Mecanismo Interligar a Europa (CEF - Connecting European Facility), que financia as redes transeuropeias.

Caso o dinheiro seja bem aplicado, estes montantes até podem acabar por ser mais elevados. Siim Kallas sublinha que o orçamento nacional terá que co-financiar apenas 15% dos projectos, mas deixa igualmente um aviso: de acordo com as novas regras, o dinheiro do fundo de coesão que não seja utilizado tem que ser devolvido ao fim de dois anos.

“O pressuposto geral é que no decorrer de 2014 aprovaremos os projectos, decidiremos o que financiar, como financiar e com quanto dinheiro para que os trabalhos, com base neste financiamento das redes transeuropeias, possam arrancar em 2015. Este é o pressuposto geral, mas tudo depende de projectos concretos. E é importante sublinhar que de acordo com as novas regras para o fundo de coesão, caso os países que recorram a estas verbas se atrasem ou adiem em demasia, podem perder o dinheiro em 2016”, explica Siim Kallas.

O comissário estónio desvaloriza as polémicas que envolveram a versão inicial do TGV e diz que as mesmas acontecem em todos os países cada vez que se discutem grandes obras, sobretudo em tempo de vacas gordas. E defende que caso o projecto apresentado pelo novo Governo avance, Portugal ficará bem servido na mesma.

“Tanto quanto sei, o básico está lá, isto é, a ligação entre os portos portugueses e a Europa será estabelecida, tal como a ligação do comboio de passageiros, que levará metade do tempo entre Lisboa e Madrid. Estas ideias básicas não são tão mínimas, são boas ideias. Talvez alguém quisesse ir a Madrid numa hora, mas pode-se sempre ser muito entusiasta quando há dinheiro, mas quando não há dinheiro começa a calcular-se o que é razoável e penso que esses projectos são muito importantes. O projecto não é assim tão minimalista, é razoável e se for implementado penso que os portugueses podem estar bastante satisfeitos”, sublinhou ainda.

A Comissão Europeia espera que os trabalhos arranquem no decorrer de 2015. E diz que ideias antigas, como o novo aeroporto ou a terceira travessia do Tejo, têm que ser definitivamente enterradas ou pelo menos congeladas durante vários anos. Porque do lado europeu este é o dinheiro que há até 2020 e não servirá para financiar outras ideias que possam entretanto surgir.

Esta notícia hoje veiculada pela imprensa é um sério aviso ao governo de Pedro Passos Coelho, ao PSD, ao PS, ao CDS e até ao PCP, todos vergonhosamente comprometidos com o embuste do novo aeroporto da Ota e com a tentativa, entretanto gorada, de destruir o Aeroporto da Portela, para o entregar aos sonhos urbanísticos do senhor Ho, da tríade de Macau e do senhor Costa!

A bem da verdade, devemos realçar o relatório que a seguir se transcreve, como uma das peças importantes no esclarecimento da Troika, invariavelmente vítima das barragens de contra-informação da nossa indigente imprensa a soldo dos rendeiros e cleptocratas desmiolados do regime.

sexta-feira, novembro 01, 2013

Tordesilhas 2.0: a nova divisão

Daqing—o momento heroico da 'agit-prop' maoista (Chinese posters)

“Quando o sábio aponta para as estrelas, o idiota olha para o dedo...” — provérbio chinês

Un estudio revela por qué los países del norte son ricos y los del sur, pobres
Publicado: RT | 28 oct 2013 | 18:49 GMT Última actualización: 28 oct 2013 | 18:50 GMT

Los investigadores de la Oficina Nacional de Investigación Económica (NBER por sus siglas en inglés) en su publicación destacaron los siguientes factores claves que determinan la riqueza nacional de los estados: disponer de salida al mar, poseer recursos naturales (petróleo, gas y carbón), gozar de condiciones favorables para la agricultura y tener un clima frío. (Texto completo)

Oil Peak/ Daqing
(Xinhua News Agency February 6, 2004)

Because of a shortage of renewable resources and a shrinkage of exploitable oil reserves, Daqing saw a drop of 1.74 million tons of oil, and only produced 48.4 million tons of crude last year, putting an end to 27 years of stabilizing its output at a minimum of 50 million tons annually.


Há verdades evidentes: onde não há água potável, nem rios, nem mar, a natureza e a humanidade como parte dela têm dificuldades acrescidas em prosperar. Esta verdade é ainda mais viva se, como na Grande Rússia, a unidade política do território é mantida a ferro e fogo há séculos, ou se, como na China, a autocracia imperial e burocrática dura há milénios. A nova prosperidade da China, por exemplo, é um fenómeno provavelmente passageiro, e por uma razão muito simples: esta prosperidade deveu-se a uma combinação temporária entre escravatura moderna —legitimada pelo hino marxista-leninista-estalinista-maoísta— e a descoberta de recursos petrolíferos no final da década de 1950, mas cujo pico de exploração foi atingido entre 2004-2010 :(

Sem energia concentrada, facilmente transportável sem grandes perdas, e barata, o modelo de crescimento industrial intensivo que conhecemos nos últimos 120 anos (assente basicamente no carvão e no petróleo) morrerá um dia destes de morte súbita. Estamos, aliás, na fase que imediatamente antecede esta morte e a necessária metamorfose que se lhe seguirá, com ou sem novas guerras mundiais. A próxima guerra mundial poderá assumir a forma de uma guerra de guerrilha, sanguinária, mas também eletrónica, à escala global. Na realidade, esta nova guerra já está em curso desde 2011...

No momento de enfrentar o colapso energético, as democracias antigas terão alguma vantagem sobre as autocracias, apesar de estas serem hoje democracias formais. China e boa parte da Ásia, tal como a Rússia e a América Latina tenderão a regredir de forma súbita e violenta para novas formas de sobre exploração e subjugação dos povos. As ditaduras militares e burocráticas regressarão a essas regiões do globo. Atenção, também, ao sul da Europa...

Antes do findar deste século, da Ásia, da Rússia, da maior parte da América Latina, e de toda a África subsariana fugirão para a Europa e para a América do norte boa parte das suas elites. De momento, fogem os esfomeados... Os corruptos ricos virão mais tarde.

quarta-feira, outubro 16, 2013

Os piratas da energia

O Relatório ICOMOS/UNESCO sobre a construção da barragem do Tua e o seu eventual impacto na definição do património da humanidade, pode ser lido na íntegra aqui. A principal conclusão "é a de que irá provocar um impacto irreversível e ameaçar o VEU (Valor Excepcional Universal) da região".
Leia a tradução aqui in Pensar Ansiães.

O preço da eletricidade é um embuste

EDP está a explicar aos clientes composição do preço da electricidade

A EDP está a enviar aos clientes uma informação sobre a forma como é composto o preço da electricidade, na qual afirma que 43% do valor cobrado corresponde à energia — in Sol, 9/10/2013.

O governo anunciou que iria cortar nas rendas da EDP e de outros rendeiros da energia. Mas mesmo antes de o OE ser apresentado, a corja da ERSA, lubrificada pelos piratas da energia, já decidiu aumentar a fatura da eletricidade no ano que vem —“Proposta de Tarifas e Preços para a Energia Elétrica em 2014” (PDF)— com o pretexto A) que o gás natural está mais caro, e a desculpa B) que há menos consumo!!!

O gás natural usado na produção de energia elétrica, cujo custo foi apresentado como um dos fatores determinantes do aumento anunciado da fatura elétrica em 2014, com a concordância canina da ERSE, é uma renda inadmissível que pesa diretamente nas faturas como um extra pago diretamente por todos os consumidores, chova ou faça sol, haja ou não haja vento, quando deveria ser um fator de produção devidamente incorporado no preço comercial final dos fornecedores. O preço da energia produzida a partir do gás natural deve estar incluído na parcela da fatura chamada 'energia', em vez de ser uma renda indecente escondida nos famosos e falsos custos de interesse geral.

Como alguém da GEOTA me dizia outro dia, bastaria que as rendas oportunistas e excessivas (como o financiamento oculto e escandaloso da RTP) fossem abolidas, ou, nos casos que se justifiquem, diretamente assumidas no orçamento de estado, para que a chamada 'dívida tarifária' desaparecesse automaticamente em poucos anos. Esta dívida será, em 2014, de 4.432.872.000€, correspondendo a um aumento de 754,917 milhões de euros relativamente a 2013.

COMO A EDP DIZ QUE É (1)

A) Energia = 43%
B) Tarifa de acesso à rede = 57%

A+B = 100%

Por sua vez a tarifa de acesso à rede (B) decompõe-se assim:

B.1) Rede de distribuição (REN): 26%
B.2) Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) = 31%

B.1+B.2 = 57%

Por sua vez, os CIEG (B.2) decompõem-se assim:

B.1.1) ‘sobrecusto’ da produção em regime ordinário com as centrais térmicas e hídricas = 12%
B.1.2) ‘sobrecusto’ da produção em regime especial de energias não renováveis = 3%
B.1.3) ‘sobrecusto’ da produção em regime especial de energias renováveis = 3%
B.1.4) rendas pagas aos municípios ‘onde passam as redes’ = 7%
B.1.5) ‘sobrecusto’ das regiões autónomas pelo transporte e distribuição de energia = 4%
B.1.6) ‘outros custo’ (taxa de audiovisual, e outros...) = 2%

B.1.1+B.1.2+B.1.3+B.1.4+B.1.5+B.1.6 = 31%

Cono é evidente, os chamados CIEG são tudo menos custos de acesso à rede. SÃO RENDAS!!!

COMO DEVERIA SER, ENTÃO? AQUI VAI:

Preço da eletricidade (custos de produção+margem — da responsabilidade do fornecedor)

A) Preço da energia = 61%, ou...

A ponderação das % das várias parcelas no custo final deve passar a ser um problema do fornecedor, e não do cliente; as rendas devem acabar!

Produção/ regime geral = 43% ou...
Produção em regime ordinário com as centrais térmicas e hídricas = 12% ou...
Produção em regime especial de energias não renováveis = 3% ou...
Produção em regime especial de energias renováveis = 3% ou...

B) Tarifa de acesso à rede = 39%

B.1.) Rede de distribuição (alta e média tensão): 26% (pode baixar...)

Este custo deve manter-se incluído na fatura que o consumidor paga.

B.2.2) Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) = 13%

Estes custos devem sair pura e simplesmente da fatura que o consumidor paga e transitarem para o Orçamento de Estado, incluídos, como devem estar, na coluna das despesas, pois só assim haverá transparência orçamental e justiça distributiva. À exceção dos custos de insularidade, que o OE deve assumir expressamente, todos os demais CIEG devem ser abolidos ou assumidos pelos fornecedores de energia como custos de produção próprios.

B.1.2) ‘sobrecusto’ da produção em regime especial de energias não renováveis = 3%
B.1.3) ‘sobrecusto’ da produção em regime especial de energias renováveis = 3%
B.1.5) ‘sobrecusto’ das regiões autónomas pelo transporte e distribuição de energia = 4%
B.1.6) ‘outros custo’ (taxa de audiovisual, e outros...) = 2%

O segundo argumento invocado para o aumento do preço da energia cobrado aos consumidores é a eficiência energética e poupança por estes demonstradas!!! Ou seja, ao contrário de toda a lógica das economias de mercado, no caso do setor rentista da energia, à menor procura corresponde o encarecimento da oferta!!!

Se este argumento for aceite, onde fica o embuste do Plano Nacional de Barragens socratino e o crime do Tua?

Que diz o Tó Zé a isto?

Que dizem os nossos astrólogos da economia sobre isto?!

Onde estão os economistas e os especialistas de energia honestos deste país?




ÚLTIMA HORAEx-secretário da Energia diz que défice tarifário no setor está longe de ser controlado.

Henrique Gomes, antigo secretário de estado da Energia deste Governo, disse que a decisão do Governo de taxar as empresas de energia fica aquém do necessário, considerando que o défice tarifário no setor elétrico está longe de ser controlado.

TSF — Última atualização 17/10/2013 às 13:29, Publicado hoje às 13:04


NOTAS
  1. A descrição que se segue foi baseada nos dados disponíveis. Se melhor informação for entretanto obtida, faremos a correspondente atualização. Leia-se, a propósito, este artigo do Economist: “European utilities/ How to lose half a trillion euros”. A dança de cadeiras entre produtores de energia renovável e energia fóssil começou em força. Em Portugal, o mesmo braço de ferro está em cima da mesa. O importante, para o consumidor, é a liberdade de escolha e a possibilidade de concorrer com a sua própria produção individual, ou de empresa, com os indecorosos monopólios e cartéis instalados e protegidos por governos corrompidos pelo dinheiro e pelas saídas 'profissionais' de luxo!

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 17/10/2013, 16:32 WET