quarta-feira, abril 29, 2009

Portugal 102

Grandes Obras ou Plano Anti-Crise?




Interactive Map: U.S. Lags Behind Rest of World in Responding to the Growing Crisis. By Will Straw, Joshua Picker | February 5, 2009 (American Progress)

In December, the Center for American Progress outlined how G20 countries—the club of 20 large economies—had responded to the global economic meltdown. Since then, more countries have fallen officially into recessions and world trade flows have stalled. As a result, the count of countries taking action on either monetary policy (in the form of interest rate cuts) or fiscal policy (in the form of stimulus packages) has increased.

A América de Bush e Obama comprometeu até Fevereiro de 2009 o equivalente a 60% do respectivo PIB na mitigação do colapso da maior economia do mundo. Resultados? Parcos e nada convincentes. O maior banco do país —Bank of America Corp. — e o terceiro maior —Citigroup Inc. — foram hoje mesmo avisados, depois de uma "prova de esforço" compulsiva, que precisam de aumentar os respectivos capitais. As acções caíram imediatamente para $8,15 e $2,89. As taxas de juro da Reserva Federal estão a 0% e há quem defenda a tese de que deveriam baixar para -5%!

Citigroup, Bank of America Decline on Capital Report (Update4)

Bank of America declined 8.6 percent to $8.15 and Citigroup dropped 5.9 percent to $2.89 at 4:07 p.m. after the Wall Street Journal said early results of the government’s stress tests show the banks may need more capital. Company executives are meeting with regulators to dispute the findings, the Journal said, citing unidentified people with knowledge of the matter.

Bank of America, the biggest U.S. bank by assets, and Citigroup, the third-largest, have already received about $90 billion in U.S. bailout funds after record losses from the collapse of the housing market. Bank of America Chief Executive Officer Kenneth D. Lewis is under growing pressure, with shareholders scheduled to vote tomorrow on whether to replace him. Citigroup CEO Vikram S. Pandit’s job also may be at risk if the New York-based firm has to seek more funds. — in Bloomberg.

Não admira pois que entre nós as acções do BCP andem pelo preço da bica. Nem que a polémica infindável sobre aeroportos, TGVs, barragens e autoestradas, numa altura em que se tornou patente a dimensão devastadora da crise sistémica do Capitalismo, e se começaram a divulgar as insustentáveis dívidas pública e externa portuguesas, ocupe o lugar que deveria pertencer à discussão construtiva sobre o impacto da crise no nosso futuro colectivo.

O governo tem que defender as grandes obras, porque se não o fizer, i.e. se anunciasse o adiamento sine die das mesmas, o Bloco Central do Betão ruiria no dia seguinte sob o peso de uma dívida acumulada sem precedentes, produzindo inevitáveis e catastróficos impactos colaterais na base de sustentação do actual regime. Mas todos sabemos, por outro lado, que nada de substancial será levado por diante neste domínio até ao fim do actual ciclo eleitoral, em primeiro lugar, porque o Orçamento de Estado para 2009 não o prevê (na realidade, o Ministério das Obras Públicas e Transportes apenas inscreveu 164,5 milhões de euros em despesa de investimento no respectivo orçamento para este ano); e em segundo, porque é problemática a capacidade de captação de investimento por parte dos consórcios interessados nas megalomanias socratinas (1).

Daí que o melhor mesmo seja perguntar qual a missão desta cortina de fumo.

Salvo as posições sensatas de Manuela Ferreira Leite, Paulo Rangel e Cavaco Silva nesta matéria, e do lado contrário, a teimosia retórica governamental, aquilo que ouvimos dos pequenos partidos continua a ser apenas o ruído das suas pequeninas agendas partidárias.

O PCP quer agradar aos autarcas do Barreiro, Montijo e Alcochete, e por isso abana que sim com o seu depauperado capacete proletário ao etéreo programa de obras públicas de José Sócrates. O Bloco de Esquerda prefere agitar o país com o ataque ao enriquecimento ilícito e a perigosidade da especulação imobiliária, como se os agentes destas pragas fossem neste preciso momento a maior ameaça ao país. Paulo Portas, enfim, quer medidas mais duras contra os delinquentes, sem explicar se está a pensar nas quadrilhas do Bloco Central da Corrupção, ou nos desempregados sem meios de subsistência.

E que tal discutirmos todos a necessidade de desenhar, aprovar e implementar urgentemente um plano anti-crise? E se os vários partidos com assento parlamentar começassem por apresentar as suas propostas concretas nesta matéria, em vez de nos martelarem o juízo com lugares comuns, catecismos decorados e palavras de ordem populistas?

Como acima se mencionou, os Estados Unidos comprometeram na mitigação da sua gravíssima crise, até Fevereiro passado, qualquer coisa como 8,6 milhões de milhões de dólares (nós dizemos 8,6 biliões, e eles dizem 8,6 triliões) — sem resultados que convençam. O dinheiro foi essencialmente dirigido a empréstimos, garantias, investimento e estímulos directos à economia. Os estímulos directos somaram 142,9 mil milhões de dólares, ou seja, 1,06% do PIB americano (que ultrapassa ligeiramente os 14 milhões de milhões de dólares). Considerando o volume colossal do compromisso orçamental do governo —60% do PIB (2008)—, a parte dedicada ao estímulo económico —1,06%— pareceu a alguns comentadores manifestamente insuficiente.

Para termos uma ideia do comportamento dos países do G20 nesta matéria, vale a pena consultar o gráfico interactivo sobre este tema concebido pelo American Progress. Eis entretanto algumas percentagens de PIB relativas aos programas de estímulo à economia e incentivos fiscais em alguns dos G20:
  • Reino Unido: 1,1%
  • Canadá: 1,25%
  • França: 1,3%
  • Alemanha: 3,3%
  • Argentina: 12%
  • Brasil: 13,75%
  • China: 14%
Suponhamos agora que em vez de termos um governo de saltimbancos, e medidas salteadas, éramos um país a sério onde um plano anti-crise era levado ao parlamento para discussão e aprovação. Como se sabe, o governo apenas garantiu até agora os depósitos bancários até 100 mil euros, e declarou avalizar empréstimos ao conjunto da banca sediada em Portugal até um tecto global máximo de 20 mil milhões de euros. Nada disto é gasto. Para já são apenas garantias.

Vamos admitir que Portugal traçava como meta investir 4% do PIB num plano de ataque à crise, atirando o défice para algo parecido com 6,2% do PIB. Isto significaria colocar na economia real 6.947.352.000 de euros. Seria admissível uma tal ousadia no actual quadro comunitário? Se o país for capaz de pagar e suportar os encargos do imprescindível empréstimo a que teria que recorrer, talvez. Isto é, sim, se alguém estiver na disposição de emprestar! A conjuntura, porém, não poderia ser mais desfavorável. De qualquer modo, sempre seria preferível a colocar o país ao colo dos interesses de curto prazo e geralmente especulativos da burguesia burocrática e do Bloco Central do Betão. O Estado, e não os consórcios das leoninas Parcerias Público Privadas, determinariam então, com todo o rigor técnico e transparência, as estratégias mais adequadas ao relançamento de um país estagnado e que pode colapsar a qualquer momento.

Era sobre isto que eu gostaria de ouvir o Bloco de Esquerda, o PCP, e Manuela Ferreira Leite.


NOTAS
  1. Segundo as contas que ouvi da boca da Secretária de Estado Ana Paula Vitorino, o custo global das grandes obras foram recentemente estimadas em 8 mil milhões de euros, assim distribuídos: União Europeia: 1520 M€; Estado português: 3600 M€; privados: 4500 M€. Ou seja, admitindo que os privados vêm aí, o contribuinte português teria que suportar um investimento superior a 2% do PIB previsto para este ano (173 683,8 milhões de euros) para viabilizar autoestradas, AVE-LAVE e NAL. Sucede que o BPN vai sugar 2500 M€ ao erário público para tapar o enorme buraco deixado por uma quadrilha de ladrões à solta que faz empalidecer o caso Madoff. E não ficaremos por aqui quando o BCP, o BPP e a TAP começarem a esvair-se em dívidas, imparidades e novos escândalos. Ou seja, se as grandes obras fossem para a frente como afirma o governo, o hipotético disparo do défice para 6,2% (que acima sugeri como cenário hipotético) chegaria para subsidiar ladrões e dar de comer a uns tantos tubarões, mas para acudir às carências explosivas geradas pela crise, sobraria o quê? 1100 M€? Mas isto é pouco mais de 100 euros por português! A equação governamental, mesmo na hipótese de poder contrair mais dívidas e diferir a liquidação das participações do Estado nas anunciadas PPP para 2012 ou 2014, é manifestamente improvável.

OAM 581 29-04-2009 04:05 (última actualização: 30-04-2009 00:43)

terça-feira, abril 28, 2009

H1N1

Comam menos carne!



Para seguir em tempo real no Google maps...

As pandemias que ameaçam em ciclos cada vez mais curtos a humanidade são um subproduto evidente da ganância humana. Na origem da última Gripe Aviária e da explosão do vírus H5N1, tal como a pandemia que agora alastra rapidamente, provocada pelo vírus H1N1, e baptizada com o nome de Gripe Suína, estão as agro-indústrias financiadas pelo capital especulativo mundial. Neste caso, a empresa americana —sediada e associada a uma congénere mexicana, de nome Granjas Carroll—, cujas cotações em bolsa começaram a cair a pique, chama-se Smithfield Foods, Inc.

A concentração e clausura de milhões de porcos, de aves e de bovinos em explorações que nada vêem à frente se não as metas da especulação bolsista, são os principais responsáveis pelas catástrofes biológicas em curso, cujo controlo se vem tornando com o tempo cada vez mais difícil de conseguir. Quando um presidente americano, ou chinês, morrer de uma tempestade de citocina, em reacção a uma pandemia virulenta, então discutiremos seriamente a necessidade de acabar com o negócio concentracionário da carne.

Portugal deveria definir uma política inteiramente avessa às grandes multinacionais agro-pecuárias (1), proibindo por razões ambientais várias fileiras de produção agro-industrial de carne no nosso país. Deveria, pelo contrário, apostar nos métodos tradicionais de criação de animais para alimentação, ainda que com todas as garantias de higiene e cuidados sanitários proporcionados pelas ciências veterinárias. Um país pequeno como Portugal não tem condições para deixar instalar grandes explorações agro-industriais, seja no sector das plantações transgénicas, seja no da produção de carne. Os inconvenientes e perigos oriundos das invasões e contaminações transgénicas no universo vegetal, bem como os perigos catastróficos da contaminação dos lençóis freáticos, rios, ribeiras, lagos e albufeiras pelas fezes e urinas de milhões de suínos, caprinos, bovinos e aves, são uma desvantagem, um custo e sobretudo um perigo social inaceitáveis. O negócio, esse aproveita apenas a uns poucos, que na hora do desastre desaparecem sob uma bateria de agências de comunicação e escritórios de advogados, sempre dispostos a rastejar perante quem lhes paga bem.

É preciso vigiar os aeroportos principais (Portela, Sá Carneiro, Faro, Ponta Delgada e Terceira), assim como os aeroportos secundários (especialmente o de Tires), com prontidão e equipamento de despiste à altura das circunstâncias. O governo que faça o que tem a fazer e depressa, em vez de continuar a inundar o país de propaganda eleitoral mitómana.

Finalmente, no quadro da actual depressão económica mundial, esta pandemia terá impactos catastróficos nos sectores da aviação comercial, turismo, hotelaria e fileiras de produção de carne industrial. Comam menos carne e procurem os vegetais, legumes e frutas locais. Eu não dispenso a Feira de Carcavelos, nem os produtores vinícolas do Grande Estuário — que visito com frequência crescente.


NOTAS
  1. Ao contrário do que fomos levados a supor, na União Europeia mais de 40% dos subsídios agrícolas comunitários vão parar aos bolsos de menos de 2% dos beneficiários envolvidos na actividade agrícola. Enquanto uma empresa agrícola de pequena dimensão recebeu em média, no ano de 2005, €8.000, as grandes empresas agrícolas receberam em média €200.000.

    Leia-se a propósito este artigo do Spiegel Online:
    WHO GETS EU AGRICULTURE SUBSIDIES?
    German Minister Blocking Push for Transparency
    By Hans-Jürgen Schlamp in Brussels

    German Agriculture Minister Ilse Aigner doesn't want to follow an EU directive requiring member states to publish how much individual farmers receive in subsidies. She claims it is a matter of privacy, but some suspect Aigner is aiming to secure votes for her party in the European Parliament.

    Each year, the Queen of England receives several hundred thousand euros, as do her son Charles, the Duke of Westminster and the Earl of Plymouth. Despite their frequent criticism of Brussels, the British nobility aren't above taking a share of the European Union's agricultural grant money.

    ... One reason to be suspicious can be found in the fact that around 80 percent of German farmers -- the majority of whom are small farmers -- share only a quarter of this agricultural budget. In 2005, that averaged out to about €8,000 per farm. Meanwhile, 40 percent of all the premiums go to large-scale farmers and former agricultural production cooperatives, which make up only about 2 percent of the farmer population. On average, they receive €200,000 each.

    But even that looks like small peanuts next to the money pouring into the agricultural industry. Take, for example, companies like Germany's Südzucker AG, its British competitor Tate and Lyle, German energy providers Rheinbraun or RWE, the Dutch multinational Unilever or Switzerland's Nestlé. These companies receive almost half of all EU agricultural subsidies, all because they turn rapeseed into diesel or wine into fuel, add milk to animal feed or ice cream, or make butter to bake pastries or feed airline passengers. — in Spiegel Online, 27-04-2009.

REFERÊNCIAS

  • US CORPORATE PIG FARM POSSIBLE FLU EPICENTER
    By Elaine Supkis

    April 28, 2009 — It turns out, the epicenter of this H1N1 outbreak might possibly have been connected to a huge agribusiness pig farm in Oaxaca, Mexico. Smithfield denies they are the cause. We won’t know unless there is an investigation. Corporate pig farms are one of the top industrial-animal businesses that irritate neighbors and menace communities. For example, during hurricanes and floods, the pig feces ponds can overflow and the concentrations of nutrients kills plants and spreads diseases. — in Culture of Life News.

  • Mexico says suspected swine flu deaths now at 149
    By Peter Orsi - 28-04-2009

    MEXICO CITY (AP) — Mexico canceled school nationwide Monday and warned the death toll from a swine flu epidemic believed to have killed 149 people would keep rising before it can be contained. Health Secretary Jose Angel Cordova said 20 of the deaths have been confirmed to be from swine flu and the government was awaiting results on the others.

    "We are the most critical moment of the epidemic. The number of cases will keep rising so we have to reinforce preventive measures," Cordova said at a news conference that was briefly shaken by an earthquake centered in southern Mexico.

    ... Cordova also suggested an earlier timeline for documented swine flu cases inside Mexico. The first death confirmed by the government involved a woman who succumbed from swine flu on April 13 in southern Oaxaca state. But Cordova said tests now show that a 4-year-old boy contracted the disease at least two weeks earlier neighboring Veracruz state, where a community has been protesting pollution from a large pig farm.

    The farm is run by Granjas Carroll de Mexico, a joint venture 50 percent owned by Virginia-based Smithfield Foods, Inc. Spokeswoman Keira Ullrich said the company has found no clinical signs or symptoms of the presence of swine influenza in its swine herd or its employees working at its joint ventures anywhere in Mexico.

    But local residents are convinced they were sickened by air and water contamination from pig waste.

  • US HOT STOCKS: GM, Smithfield Foods, Continental Airlines

    April 27, 2009 (WSJ) — U.S. stocks were lower Monday as the Dow Jones Industrial Average slid 1% to 7996, the Standard & Poor's 500 lost 1.2% to 855 and the Nasdaq Composite declined 1% to 1677. Among the company's whose shares are actively trading in the session are General Motors Corp. (GM), Smithfield Foods Inc. (SFD) and Continental Airlines Inc. (CAL).

  • 2009 swine flu outbreak

    The 2009 swine flu outbreak is the spread of a new strain of H1N1 influenza virus that was first detected by public health agencies in March 2009. Local outbreaks of influenza-like illness were first detected in three areas of Mexico, but the new strain was not clinically ascertained as such until a month later in cases in Texas and California, whereupon its presence was swiftly confirmed in various Mexican states and Mexico City; within days isolated cases elsewhere in Mexico, the U.S., the Northern Hemisphere were also identified. By April 27, the new strain was confirmed in Canada, Spain, and the United Kingdom and suspected in many other nations, including New Zealand, with over 2,400 candidate cases, prompting the World Health Organization (WHO) to raise their pandemic alert level to 4. A level 4 warning officially means that the WHO considers that there is "sustained human to human transmission"; whereas levels 5 and 6 represent "widespread human infection".

    The new strain is an apparent reassortment of several strains of influenza A virus subtype H1N1, including a strain endemic in humans and two strains endemic in pigs, as well as an avian influenza. — in Wikipedia.

  • Cytokine storm

    It is believed that cytokine storms were responsible for many of the deaths during the 1918 influenza pandemic, which killed a disproportionate number of young adults. In this case, a healthy immune system may have been a liability rather than an asset. Preliminary research results from Hong Kong also indicated this as the probable reason for many deaths during the SARS epidemic in 2003.[citation needed] Human deaths from the bird flu H5N1 usually involve cytokine storms as well.[citation needed] Recent reports of high mortality among healthy young adults in the 2009 swine flu outbreak point to cytokine storms as being responsible for these deaths. — in Wikipedia.

  • The ancient Virus World and evolution of cells
    By Eugene V Koonin1, Tatiana G Senkevich and Valerian V Dolja

    The existence of several genes that are central to virus replication and structure, are shared by a broad variety of viruses but are missing from cellular genomes (virus hallmark genes) suggests the model of an ancient virus world, a flow of virus-specific genes that went uninterrupted from the precellular stage of life's evolution to this day. This concept is tightly linked to two key conjectures on evolution of cells: existence of a complex, precellular, compartmentalized but extensively mixing and recombining pool of genes, and origin of the eukaryotic cell by archaeo-bacterial fusion. The virus world concept and these models of major transitions in the evolution of cells provide complementary pieces of an emerging coherent picture of life's history. — in Biology Direct.

  • Swine Flu in BBC News

OAM 580 28-04-2009 13:40

segunda-feira, abril 27, 2009

TAP 4

Jamé e Gaúcho, um par de serviçais
easyJet e Ryanair empurram TAP para a falência, por criminosa inépcia do governo! E ninguém vai preso?



TAP
Dívida acumulada: 2 467 milhões de euros (activos: 2 261 M€);
Défice em 2008: 320 milhões de euros;
Custo da inviável PGA (Grupo BES), impingida politicamente à TAP: 140 milhões de euros;
Número de trabalhadores por avião: 156,3 (Alitalia: 122,9; média da Ryanair, easyJet e Air Berlin: 37,5);
Load factor: 2005 = 72,3%; 2008 = 63,8% (easyJet = 85%)
Origem do tráfego aéreo nacional: Europa: 80% (Península Ibérica: 30%); Brasil, Venezuela, Angola e Cabo Verde: 14,5%
Futuro da TAP: falência e possível incorporação, com menos 3 a 5 mil trabalhadores, na Lufthansa ou na Air France. As hipóteses angolana e chinesa estão cada vez mais longínquas (apesar dos correios que não páram de viajar entre cá e lá...)

A easyJet é hoje a primeira companhia em número de voos e transporte de passageiros no aeroporto de Faro, a segunda na Portela, a terceira no aeroporto Sá Carneiro, e a quarta... no Funchal, onde ao fim de seis meses de operações arrancou 100 mil passageiros à TAP usando o mesmo género de combustível que esta (o jet fuel) — imagine-se!

Prevendo-se que possa voar proximamente entre o Porto e o Funchal, a easyJet irá certamente aplicar à insustentável transportadora aérea lusitana a mesma tenaz fatal que em tempos usou para esvaziar a TAP nas ligações entre as duas maiores cidades portuguesas e Genebra.

No espaço de um ano a TAP poderá perder 30-40% da sua quota madeirense, começando-se pois por perguntar se continua a fazer sentido o Estado português subsidiar os residentes do arquipélago com receitas do Orçamento de Estado, quando existe oferta capaz de competir com esses mesmos preços subsidiados. Antes da liberalização, uma viagem Funchal-Lisboa-Funchal para residentes custava 222,63 euros e para não-residentes, Lisboa-Funchal-Lisboa, custava 431,63 euros. Simulando esta noite no sítio da easyJet preços para uma viagem Lisboa-Funchal-Lisboa, entre 14 e 18 de Maio próximo, o bilhete custaria 120,98 euros (taxas incluídas.)

Ou seja, a TAP, cujas receitas anuais provenientes do arquipélago da Madeira (e do Orçamento de Estado) andarão à volta dos 163.565.000 euros (correspondentes a um movimento médio anual de 500 mil passageiros), já perdeu nos últimos seis meses qualquer coisa como 32.713.000 euros. E a situação irá certamente agravar-se nos próximos doze meses. Quando tiver perdido para a easyJet 30% do mercado, o prejuízo será, pelo menos, de 49.069.500 euros; e quando a perda concorrencial subir para os 40%, o prejuízo subirá aos 65.426.000 euros.

A implementação da política europeia de "céu aberto" é uma mole que irá estrangulando paulatinamente as grandes companhias de bandeira que não souberam reconverter-se a tempo, nomeadamente estabelecendo estratégias de fusão inteligentes e competitivas.

A lógica do transporte aéreo baseada nos hubs está a dar rapidamente lugar à lógica das ligações ponto-a-ponto. As pessoas estão fartas de perder tempo e de gastar dinheiro em aeroportos (1). As companhias Low Cost deram-lhes razão, criando uma dimensão inteiramente nova do transporte aéreo. Numa primeira fase, aplicaram o conceito de viagem económica ligando directamente o ponto de partida inicial ao ponto de chegada final nos grandes espaços regionais (Estados Unidos e Europa), usando aviões com capacidades compreendidas entre os 120 e os 215 passageiros. Assim que esta fase esteja ganha, as Low Cost irão atacar o mercado dos voos intercontinentais, socorrendo-se nomeadamente dos Boeing 787, desenhados para transportar entre 217 e 250 passageiros, e por conseguinte ideais para as futuras ligações ponto-a-ponto de longo curso: Luanda-Lisboa, Lisboa-Nova Iorque, Lisboa-São Paulo, Xangai-Lisboa, etc.

As perspectivas do transporte aéreo, passada a depressão que entretanto atirará para a falência dezenas de companhias aéreas nos próximos dois a cinco anos, é pois evidente: haverá algumas dezenas de grandes hubs intercontinentais, mas a maioria dos futuros aeroportos serão plataformas de baixo custo, situadas em boas interfaces multimodais, destinadas às redes crescentes das ligações ponto-a-ponto. Em Portugal, tais ligações far-se-ão basicamente a partir de cinco aeroportos: Portela-Montijo, Sá Carneiro, Faro, Funchal e Ponta Delgada. É ainda expectável que mais de 30% dos passageiros da rota aérea entre as capitais ibéricas passem a viajar de AVE-LAV assim que a bitola europeia permita viajar a 250-350 Km/h entre Lisboa e Madrid.

Ou seja: o aeroporto da Ota em Alcochete é um nado-morto. Tão nado-morto quanto o aeromoscas de Beja, que antes mesmo de começar a parir, enterrando 32 milhões de euros do escasso erário público, sob a condução do genial criador de elefantes brancos, Augusto Mateus, aqui mesmo condenámos ao estado de zombie. O inenarrável Mário Lino, surdo aos meus avisos, acaba de borrar a sua enésima gravata com molho de marisco, entoando hinos neorealistas ao futuro da TAP, da ANA, da TTT do seu nostálgico Barreiro e de Alcochete.

A minha pergunta é uma só: quando é que prendemos estes fere-pátrias da latino-americana orquestra socratina? É que em nome do emprego e do desenvolvimento que José Sócrates recita como uma ladainha de telenovela, esta turma de neoliberais esfomeados não tem feito outra coisa que não seja servir o senhor Ricardo Salgado e a descerebrada indústria imobiliária que arrasou boa parte das cinturas verdes das principais cidades do país. E agora, que comemos?!

Receita barata para o aperto, há muito recomendada pela blogosfera:
  1. Mantenham a Portela onde está e façam obras decentes naquele local, expropriando algumas margens se for necessário;
  2. Transfiram a Alta de Lisboa para Chelas;
  3. Ponham a Base Aérea do Montijo em stand-by;
  4. Reservem Alcochete para dias melhores;
  5. Construam a ferrovia mista de bitola europeia, entre Pinhal Novo e Badajoz, para o LAV Lisboa-Madrid, garantindo que o mesmo servirá para transportar passageiros e mercadorias (de contrário, será um desastre económico);
  6. Mandem parar a nova linha férrea de bitola ibérica que os aluados do MOP querem construir entre Évora e Badajoz;
  7. Aumentem o número de comboios na Ponte 25 de Abril;
  8. Vão apurando os estudos para as ferrovias de bitola europeia, para comboios de Velocidade Elevada, entre Porto e Vigo e Porto-Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca, sincronizando a coisa com Espanha, claro está;
  9. Recupere-se o controlo público de algumas monopólios, duopólios e oligopólios de onde o Estado não pode continuar arredado, sob pena de acabar com o país!
  10. Em suma, ponhamos termo à perigosa fuga em frente da pandilha que ameaça implodir Portugal.

POST SCRIPTUM
  1. A correcção da desastrosa política de obras públicas e transportes do governo socratino exige que se faça a história desta entorse técnico-orçamental. Veremos então que há pelo menos dois genes patogénicos. O primeiro, chama-se Joaquim Ferreira do Amaral —responsável, com Cavaco Silva, pela destruição da rede ferroviária nacional e pela germinação do Bloco Central do Betão. O segundo, chama-se João Cravinho —responsável, com António Guterres, pela desastrosa estratégia aeroportuária então definida, cujo único objectivo oculto (porventura dos mesmos Cravinho e Guterres) fora preparar o cenário de rendas perpétuas a dever à burguesia burocrática nacional (BES, BCP, Mota-Engil, Teixeira Duarte e quejandos) e que, na óptica de quem estimulou a estratégia, deveria suceder ao fim do ciclo da rodovia de luxo. No meio ficou a balbúrdia da coisa mais necessária e que ninguém cuidou: a imperiosa necessidade de recuperar e adaptar a rede ferroviária nacional ao novo quadro comunitário do transporte eléctrico sobre carris — em nome da eficiência energética, da tecnologia e do equilíbrio social. O facto de este dossier estar nas mãos de um perfeito apparatchic, chamado Carlos Fernandes (MOPCT/RAVE), é a prova provada de que o governo socratino se está nas tintas para os combóios.

  2. Chegou-me aos ouvidos esta manhã que o par de serviçais do BES, devidamente assessorado pelo motorista do mesmo banco em comissão de serviço governamental, vão projectar lucros de 8 milhões de euros para a TAP em 2009!

    Em vez de falarem verdade e prepararem os trabalhadores da empresa para a dura realidade que aí vem, estes irresponsáveis resolveram fazer um número de magia barata. Se for como ouvi, espero que os partidos da Esquerda tenham a coragem de desmontar mais este embuste.

    Por causa da Ota, enterraram a TAP, e por causa da TAP querem agora enterrar os trabalhadores — mas de mansinho, alimentando ilusões piedosas, até que o próximo governo fique com a batata quente.

NOTAS
  1. Além de que um hub é a melhor plataforma para distribuir um qualquer vírus, como a pandemia de gripe suína que desde ontem inunda os canais informativos parece provar


OAM 579 28-04-2009 01:52

domingo, abril 26, 2009

Portugal 101

Geração Europa e a proximidade de Aquarius

Aquarius

Nasceu uma estrela no PSD. Chama-se Paulo Castro Rangel. Aquário, nascido no premonitório ano de 1968. Vem do Norte e fez a diferença na formal sessão comemorativa dos 35 anos da revolução de Abril realizada na Assembleia da República.

Paulo Rangel apontou a liberdade como "o bem sublime" deixado pelos militares de Abril e "o maior bem que uma geração pode dar a outra".

Em seguida, alegou que o Governo está a "roubar a liberdade de escolha às gerações futuras" com o seu "programa de grandes obras públicas" porque este deixará "uma dívida monstruosa", uma "renda anual de 1500 milhões de euros até 2040, durante 30 anos".

"É por isso que hoje, 25 de Abril de 2009, é necessária uma ruptura", defendeu o social-democrata.

"Chegou a hora de a geração Europa, a nossa geração tomar o destino em suas mãos e impedir o sequestro do futuro de Portugal, o sequestro de gerações e gerações de portugueses. Chegou a hora de cortar amarras e correntes", concluiu. — in 25 de Abril: Oposição pede "ruptura" e PS diz que "Portugal vai dar a volta" 25.04.2009 - 13h09 Lusa/ Público. Audio TSF.

Não sei se já repararam na Manuela Ferreira Leite ultimamente. Anda mais bem vestida, melhor penteada e sorri com mais à vontade e graça. Numa palavra, está mais linda! Desconheço quem a tem ajudado, mas parabéns, pois tem feito um bom trabalho.

Os políticos não tem que ser estrelas de cinema, e muito menos pin-ups de telenovela exibindo a toda a hora o bem que vestem, a mediocridade dos seus quotidianos ou as suas qualidades metrosexuais. Os políticos têm apenas que revelar conhecimento, determinação, compaixão e credibilidade, para que os eleitores neles possam votar em confiança. Um político pode ser demagogo, mas não pode ser um mentiroso, nem praticar na sua vida privada o que publicamente condena nos outros. O facto de Manuela Ferreira Leite não ser jovem, nem pin-up, não lhe retira um grama de valor, nem de poder, nem de vantagem eleitoral. A mulher mais poderosa do planeta, Angela Merkel, foi ridicularizada pelos média por causa da sua aparência, mas de que serviu? Para lá do semblante inicialmente inseguro de um político que sobe uma montanha, o determinante é avaliar a segurança e honestidade das suas propostas — independentemente de coincidirem ou não com as nossas convicções ideológicas. Eu não quero acreditar apenas no partido em que voto, mas nos outros também. Quero participar num jogo de cidadania jogado com técnica, sabedoria e fairplay, e não em jogos viciados, cujos protagonistas não passam de marionetas apinocadas de sociedades secretas e redes criminosas.

Manuela Ferreira Leite pôs o dedo na ferida da nossa economia assim que chegou aos comandos do partido laranja na sequência de uma crise populista que não deu em nada, pela razão óbvia de que os seus sucessivos protagonistas (Pedro Santana Lopes e Filipe Menezes) são carne fraca e virtualmente desmiolada. Ao contrário do que o ambicioso intriguista que se veste de "Professor Marcelo" perante milhões de portugueses tem vindo a disseminar mediaticamente de forma sibilina, a secretária-geral do partido pelo qual Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de vir a ser candidato presidencial (ilusão que não posso deixar de considerar senil) não só tem vindo a marcar a agenda política com determinação, levando o próprio presidente da república a desferir uma semana antes do 25A, contra a orquestra governamental socratina, o mais demolidor discurso anti-Sócrates do seu mandato, como decidiu bem e com grande sentido premonitório a escolha do candidato laranja às eleições europeias. Paulo Castro Rangel, num só discurso, o de ontem, pode ter ganho ao PS as eleições primárias de Junho. É obra!

Só quem não mediu bem o impacto instantâneo do seminal discurso de Paulo Rangel, ficou sem perceber o tom de Pitonisa de Cavaco Silva na sua oração sobre o 25 de Abril. Se não houve coordenação entre os dois, foi como se tivesse havido. O resultado retumbante do dueto vai certamente perdurar durante o que resta de 2009. E será tanto mais evidente quanto mais tragicamente a tríade de Macau afundar o PS em nome do infeliz papagaio que catapultou para a cúpula da rede sombria que sequestrou o Partido Socialista.

À medida que Paulo Rangel desferia o seu implacável libelo contra os hipócritas de Abril, os deputados PS encolhiam a olhos vistos atrás das suas carteiras tecnológicas. Creio que os BMW saíram todos pelas traseiras, com Jaime Gama, Manuel Alegre e a restante nomenclatura com direito a transporte de luxo. Sem pergaminhos, nem o limo pegajoso da perversão partidocrática que vem corroendo a democracia portuguesa —ao ponto de ameaçar a sua própria sobrevivência—, o jovem deputado e candidato laranja ao parlamento europeu reclamou e bem o dever de não se roubar a liberdade às gerações futuras. Mas mais: acusou os "socialistas", e nas entrelinhas toda uma geração de oportunistas (o Bloco Central da Corrupção), de traírem o espírito de Abril ao pretenderem hipotecar o futuro dos seus próprios filhos e netos em nome das suas milionárias e criminosas vantagens no presente. Os deputados laranja estavam igualmente atónitos! Alguém se lembra ainda do furacão Sá Carneiro?

Esta Geração Europa não tem já nada que ver com os papagaios lançados ao ar pelos cus pelados do Bloco Central. Os pinóquios metrosexuais da laia de José Sócrates e Pedro Passos Coelho bem podem começar a reservar umas férias no Nepal! Paulo Castro Rangel é outra loiça. E com ele estarão certamente milhares de jovens profissionais e quadros técnicos formados a duras penas e com brio, mas a quem a democracia de Abril fecha as portas, reservando-lhes apenas salários humilhantes, desemprego ou a porta da emigração. Está na altura de esta Geração Europa tomar conta da democracia e olhar melhor por ela do que a minha geração olhou.

Continuo a recomendar o voto nos pequenos partidos. Mas se o pragmatismo de muitos exige votar num partido com vocação governativa imediata, então que mudem imediatamente o seu voto para o PSD. Nasceu um furacão político. Dêem-lhe a seiva eleitoral que merece. E protejam-no!


OAM 578 26-04-2009 17:35

sábado, abril 25, 2009

Portugal 100

O nó górdio das grandes obras


O Boeing Dreamliner 787 — a alternativa imbatível ao Airbus A380?—
pode aterrar no Sá Carneiro e na Portela, ao contrário do A380.


O homem estava deitado em cima da cama no seu apartamento de Osaka, completamente vestido. Parecia em paz, e a dormir. A sua pele era de um cinzento escuro. Estava ali há quase um mês, mas ninguém parecia ter sentido a sua falta. Os médicos que realizaram a autópsia ficaram espantados ao descobrir um estômago quase vazio. Tinha morrido de fome. (1)

Há semanas um amigo contou-me o que se passa na empresa onde é director —uma grande multinacional de consultoria na área de engenharia:
Olha, António Maria, a situação na empresa é esta: em 2008 fazíamos uma proposta por dia, este ano fazemos uma proposta por mês, e só para o cliente Estado (linhas de caminho ferro, auto-estradas e parque escolar), com a excepção das barragens para os privados EDP & Iberdrola!

Esta multinacional emprega 300 engenheiros, muitos deles jovens licenciados ganhando menos de 600 euros limpos mensais. Se pensarmos que o endividamento acumulado das quatro principais empresas de construção e obras públicas do país, ascende a mais de 8 mil milhões de euros (2), isto é, trinta e oito vezes o orçamento do ministério da Cultura, o quadro começa a ficar efectivamente negro.

Que aconteceria se o governo dissesse a verdade? Isto é, que não sabe onde ir buscar o pesado investimento necessário ao cumprimento do seu tão ambicioso quanto tecnicamente cretino programa de grandes obras públicas? O impacto no desemprego seria terrível, sobretudo pelo grau de contaminação potencial de uma tal ocorrência. Mas os efeitos no sector financeiro não seriam menos catastróficos. É preciso não esquecermos a simbiose oportunista existente entre o Bloco Central do Betão, o Bloco Central propriamente dito e a Banca (3).

O desemprego efectivo actual já vai na casa dos dois dígitos (apesar das estatísticas marteladas continuarem a insistir em oito e tal por cento), podendo chegar aos 15 e mesmo 20 por cento em 2010 se entretanto nada conseguir estancar a hemorragia da economia mundial (4), sugada como nunca foi pela grande sanguessuga dos mercados de derivados — o maior embuste piramidal conhecido em toda a história económica da humanidade (5).

O simples anúncio do adiamento das grandes obras —TGV, NAL, TTT, novas autoestradas e barragens— teria pois um impacto mais do que previsível: a falência imediata das principais empresas de construção e obras públicas do país —Mota-Engil, Teixeira Duarte (TD), Soares da Costa e Somague, entre outras—, arrastando consigo parte do sector financeiro que, sem novas dívidas garantidas (e de momento só o Estado é um credor suficientemente seguro), caminharia ainda mais rapidamente para os braços de espanhóis e angolanos.

O dilema não podia ser mais dilacerante: as grandes obras públicas do Estado são a única competência que a indolente e corrupta burguesia burocrática lusitana foi capaz de desenvolver em 35 anos de democracia, e sem as ditas obras o complexo financeiro do betão morre; mas por outro lado, avançar por aqui à custa de mais endividamento externo, mais endividamento público, mais impostos e uma razia sem paralelo no sector das PMEs, corre o risco de estrangular toda a credibilidade económica de um país por largas dezenas de anos, podendo até levá-lo a uma catastrófica crise de insolvência —pois ninguém sabe ao certo quanto e onde pára o ouro acumulado por Salazar! O trotsquista clandestino Francisco Louçã deveria meditar sobre estes problemas, em vez de perder tempo a hostilizar estupidamente a povoação de Santa Comba Dão, como se apenas ele e os académicos maoístas de trazer por casa da Universidade Nova estivessem autorizados a estudar o ditador!

A menos que haja um interesse estratégico muito forte e imediato da China pelas costas portuguesas (6), não vejo como financiar, sem fazer colapsar financeiramente o país, o plano de obras públicas do governo PS. Pelo mérito presumido dos vários projectos na mesa não chegaremos a parte alguma, pois à excepção da ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Badajoz e o Pinhal Novo, todos os demais projectos estão feridos de morte técnica e demagogia por todos os lados. A respectiva concretização representaria multiplicar por 100 a calinada do aeromoscas de Beja, por cujo rombo orçamental, incompetência técnica e corrupção política, alguém terá que ser responsabilizado.
  • O plano de barragens da EDP é um embuste derivado apenas da ansiedade bolsista dos piratas que a dirigem, depois de terem endividado a empresa para lá dos 13 mil milhões de euros, ou seja, uma cratera de dívidas ainda maior que o buraco negro das quatro mega-construtoras nacionais!
  • O traçado da ligação ferroviária em bitola europeia entre o Porto e Lisboa não passa de uma aberração técnica sem qualquer espécie de rentabilidade económica (7).
  • A Terceira Travessia do Tejo, antes de esgotar as potencialidades da ponte 25 de Abril em matéria de transporte ferroviário, e sobretudo antes de reavaliar a oportunidade de construção a curto prazo do NAL de Alcochete, é uma bestialidade tecnológica de engenheiros sem espinha, além de ser mais uma demonstração da pressa subserviente do papagaio Sócrates, um atentado gritante à ecologia e capacidade portuária do grande estuário do Tejo, e uma grosseria estética sem nome (que o PCP, pela voz ignara do seu secretário-geral, é incapaz de denunciar, por mero calculismo autárquico oportunista).
  • A conspiração do Bloco Central do Betão não desiste de pressionar José Sócrates para avançar com o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) seja onde for, partindo de pressupostos cada vez mais fantasistas. Levaram a TAP à ruína (8) para justificar a saturação do aeroporto da Portela, e agora que a TAP não vale um caracol e se arrisca a uma agonia mais dolorosa ainda que a da Alitalia, ouvimos a voz saturnina do grande banqueiro lusitano, Ricardo Salgado (BES), dizer poemas sobre o extraordinário tráfego intercontinental entre Lisboa e o Brasil, como a decisiva justificação para enterrar o país em Alcochete, quando já todos os portugueses deveriam saber que 80% dos passageiros que passam por Lisboa vêm da Europa ou vão para a Europa, sendo que destes 30% são ibéricos! O Brasil, a Venezuela, Angola e Cabo Verde juntos representam apenas 14,5% do tráfego (9). Como se isto não bastasse para arrumar de vez com os argumentos megalómanos e mitómanos da orquestra governamental, acresce que a própria Boeing, num elucidativo estudo publicado em Novembro de 2006 (PDF), mostra como mudou radicalmente o paradigma do transporte aéreo mundial: o conceito de Hub tem vindo a ceder consistentemente às ligações ponto-a-ponto, seja no médio curso (onde as Low Cost comem todos os dias mais terreno —i.e. Slots— às insustentáveis companhias de bandeira), seja no próprio longo curso, para onde se prevê a próxima expansão das Low Cost.


NOTAS
  1. "Suicides on the Rise as Japan's Economy Falters", by Wieland Wagner, 17-04-2009 (Spiegel Online).

  2. O passivo acumulado das quatro maiores construtoras portuguesas era mais do que suficiente para concretizar a totalidade da rede da Alta Velocidade em Portugal. No final de 2008, Mota-Engil, Teixeira Duarte (TD), Soares da Costa e Somague somavam 8,1 mil milhões de euros de passivo, mais de 20% acima do que registaram, em conjunto, no ano anterior. — in Jornal de Negócios (13 Abril 2009).

  3. O BE [Bloco de Esquerda] exige uma política de sistema bancário. Há, porém, uma razão estrutural para que ela não exista. Portugal é, depois do Luxemburgo, que é um caso muito especial, o país da Europa onde o produto bancário tem maior peso no PIB e isso revela não só a fraqueza dos outros sectores de actividade como evidencia o domínio do capital financeiro. Não há, de facto, uma política para o sector bancário; o que há é uma política do sistema bancário para a utilização do Estado, para a elaboração do orçamento, para a configuração leviana do sistema fiscal, para a domesticação do Banco de Portugal.

    ... É muito mais seguro, através do domínio do aparelho de Estado, controlar a produção de electricidade, as telecomunicações, o cimento, a distribuição alimentar do que concorrer com redes produtivas globais, com economias de escala, ágeis redes logísticas e tecnologias de ponta, na produção de bens transaccionáveis. E, por isso, o perfil do crédito concedido pelos bancos em 2006 às empresas era, em 55,5% destinado à construção ou ao imobiliário e, no que se refere ao crédito aos particulares, ele era dominado pela habitação (79,7% do total) sendo o restante, essencialmente crédito ao consumo. — in "Nacionalização da banca. Piada ou mistificação?" [1] [2], Esquerda Desalinhada.

    Ainda sobre as responsabilidades e poder do sector bancário na emergência e desenrolar da actual crise, vale a pena ler uma das últimas postagens de Ann Pettifor.

    "America - the Bank-owned State" By Ann Pettifor. Huffington Post. 20 April, 2009 (Debtonation.)

    The Obama administration said no to downsizing and re-structuring the banks. They balked at firing incompetent CEOs. Under attack from Republicans and Wall Street they held back on controlling financial institutions that, post bail-out, are in reality ‘State-Owned Banks’.

    As a result, the US administration has itself been hijacked, and America is now, effectively, a Bank-Owned State. Democracy has been usurped by what Abraham Lincoln called ‘the Money Power’.

    Why would bankers stage a hold-up of the administration you ask? Because, to echo the words of an old bank robber: “That’s where the money is”.

    ... So what lies ahead for the bank-owned state?

    Well, my view is that the triumphalism of the bankers is a little overdone, and may not last. Why? Because they can’t get away with cooking the books forever. As with Enron, some day the sheriff will walk through the door.

    Second, bankers do not deal in the real economy. You and I do that, by working, caring for others and producing goods and services. They need us to keep that up, if they are to keep their grip on government, and siphon off our hard-earned surplus. But by raiding government coffers and squeezing the economy dry, the bankers may be cutting the ground that is the real economy from underneath them.

    Third, the bank outlaws have failed to spot a big cloud on the horizon — Climate Change — and are not prepared for the shocks that extreme weather events will cause to their business and the economy as a whole.

    So we, the people, should face reality, end our collusion with the finance sector, recognize our power, and begin to organize — politically.

    To succeed there must be an alliance between Labor, Industry (i.e. all those engaged in productive activity by hand or brain) and the Greens — to challenge the bankers.

    ... For too long Labor and Industry have bickered, over wages and conditions — allowing the bankers to win on the big issues — control over tax revenue, regulation and government. In other words, while Labor and Industry were bickering — Finance usurped American democracy.

    For too long, Labor, Industry and the Greens have been talking over each other’s heads — or at each other — from their deeply entrenched positions. Now they must settle differences, unite and organise — to tackle the really big issues.

    It means uniting — as communities — to defend families and businesses from foreclosures. It means standing together and challenging the bankers — holding demonstrations outside banks, educating ourselves and our communities about what has happened.

    It means holding elected representatives to account for their record on this issue; and throwing them out if they collude with the outlaws.

    And it also means changes to our lifestyles — less borrowing, less dependence on the banks, and less consumption, to make the world more sustainable — and to remove the power of money over the way we live.

  4. "The Trend May Not Be Your Friend". By John Mauldin (John@FrontlineThoughts.com). Thoughts from the Frontline.

    MV=PQ. This is an important equation; this is right up there with E=MC2. M (money or the supply of money) times V (velocity, which is how fast the money goes through the system -- if you have seven kids it goes faster than if you have one) is equal to P (the price of money in terms of inflation or deflation) times Q (which roughly stands for the quantity of production, or GDP)

    So what happens is, if we increase the supply of money (ver gráfico ao fundo da pagina) and velocity stays the same, if GDP does not grow, it means we'll have inflation, because this equation must balance. But if you reduce velocity (which is happening today), and if you don't increase the supply of money, you are going to see deflation. Now, we are watching, for reasons we'll get into in a minute, the velocity of money slow. People are getting nervous, they are not borrowing as much, either because they can't or because the "animal spirits" that Keynes talked about are not quite there.

    [... ] The headline in the Wall Street Journal says China grew at 6.1% last quarter. That doesn't sound bad. But what was not in the story is that nominal growth was just 3.7%. The other 2.4% was because of deflation. To get real (after-inflation) growth you subtract inflation and/or add deflation. Growth in China is slowing down more than the headlines suggest.

  5. Segundo o Bank of International Settlements, o valor nocional do mercado global de derivados (derivatives) é da ordem dos $746 708 000 000 000 (BIS Quaterly Review, December 2008) — i.e. mais de 12 vezes o PIB mundial! Admitindo um risco de exposição média na ordem dos 7%, a estimativa líquida do risco de exposição deste buraco negro da especulação financeira, localizada sobretudo no Reino Unido e nos EUA, aponta para um valor de $52 269 560 000 000 — i.e. muito próximo do PIB mundial ($60 689 812 000 000). Como mais de 70% destes contratos incidem no casino das taxas de juro —contratos OTC sobre taxas de juros (Forward rate agreements, Interest rate swaps e Options)— e a América, bem como o Reino Unido, o Japão e a própria União Europeia, decidiram reduzir a zero estas mesmas taxas, podemos imaginar as consequências!

  6. O vazio gerado pelo colapso em curso da economia americana está a forçar a China a movimentos acelerados, que poderão passar pela aquisição de activos e estabelecimento de entrepostos comercais e financeiros avançadas em certos vértices do seu futuro espaço vital. Portugal será seguramente um desses objectivos.

    "China's Coming Of Age In The WTO War"
    Tina Wang, 04.20.09, 10:00 PM EDT (Forbes newsletter)

    In a massive shift, China is getting more aggressive about launching WTO disputes. Amid the global economic slump, the U.S. may find itself getting dragged to the WTO's court more often.

    HONG KONG -- Gone are the days when China shied away from launching suits against other countries before the World Trade Organization's top court. Facing a distressed export sector and rising protectionism amid the global economic crisis, the Chinese government will get more comfortable and aggressive about lodging WTO complaints against the U.S., scholars and lawyers say.

  7. "Graves Erros na Política de Transportes", Rui Rodrigues

    20-04-2009 (Público) — Os portos portugueses, por não estarem ligados directamente à nova rede ferroviária, com a mesma bitola, electrificação e sinalização, não poderão transportar directamente os contentores para à U.E. e o nosso país ficará mais isolado e menos competitivo.

    TRÊS ERROS NA NOVA REDE PORTUGUESA

    No site da RAVE, empresa que efectua os estudos da nova rede ferroviária em Portugal, é possível observar vários erros de conceito muito graves.

    1. A nova linha Lisboa-Porto só está projectada para passageiros;

    2. Não há ligação, através de linhas de bitola europeia, aos portos de Sines e Setúbal;

    3. Não se justifica uma linha convencional de mercadorias para cargas de 25 Ton/eixo, ao lado de uma linha mista (passageiros e mercadorias), também para 25 Ton/eixo.

  8. Governo adia privatização da TAP e da ANA depois de ter instruído o gaúcho Pinto para comprar por 140 milhões de euros uma empresa falida ao BES —a Portugália Airlines—, e manter no ar aviões vazios, só para atrasar a cedência de Slots às Low Cost, simulando a tão necessária saturação virtual da Portela que justificasse o famigerado NAL.

  9. Em Março de 2009, Lisboa registou -17.1% passageiros a utilizar a sua infra-estrutura aeroportuária. A acompanhar este decréscimo está a variação de movimentos, que 12 meses depois conta com -8,9%.

    Mas se olharmos para os valores acumulados desde o princípio deste ano relativamente ao mesmo período de 2008, a queda é respectivamente de -10,4% e -8,5%.

    Os movimentos de carga revelam a mesma tendência: -10,2% em Março relativamente ao mês homólogo de 2008, e -13,1% no valor acumulado desde o princípio do ano relativamente a período homólogo de 2008.

    Entre as cinco companhias comerciais preferidas pelos passageiros que chegam e partem de Lisboa, só a Lufthansa assinala crescimento.

    TAP 527.966 -16.4%
    easyJet 89.773 -3.1%
    Lufthansa 45.316 5,0%
    Iberia 39.592 -4.7%
    SATA 39.116 -31.7%

    Na origem dos tráfegos constata-se que 80% dos passageiros provêem de aeroportos europeus. E destes 30% são oriundos de Espanha e Portugal.

    América do Sul (Brazil e Venezuela) subiu de 8% para 10% nos periodos de Janeiro-Março de 2008 e 2009. O tráfego de Angola subiu de 2,8% para 3,0% e os Estados Unidos decaíram de 1,7% para 1,5%, representando hoje a mesma importância em termos de movimento de passageiros que Cabo Verde, ou seja cerca de 13 500 passageiros por mês, representando uma queda superior a 30% no que vai de ano relativamente a 2008!


USA-GDP-MEW



OAM 577 26-04-2009 01:00 (última actualização: 13:26)

sexta-feira, abril 24, 2009

Portugal 99

Europeias 2009 - um bigode faz toda a diferença!

Vital Moreira e Estaline

O número de sargentos e intelectuais estalinistas infiltrados no Partido Socialista augura-lhe o pior dos fados. O perigo eminente de caminharmos paulatinamente para um espécie de estado policial constitucionalmente camuflado deveria preocupar toda a sociedade portuguesa. Não nos iludamos!

A propósito de um vídeo difamatório


22 de Abril de 2009 — Se alguém divulga um documento alheio difamatório para outrem, o divulgador também comete o crime de difamação. Se o crime for cometido através dos media, a pena será agravada. E se a vítima for um membro de órgão de soberania, também tem pena agravada. Além disso, se se tratar de documento de um processo em segredo de justiça, há também o correspondente crime.
O problema é a lentidão da nossa justiça penal... — Vital Moreira em Causa Nossa.

Não há nada pior do que um estalinista-converso (1) ao ideal burguês, ao capitalismo terminal e sobretudo ao irresistível apelo do poder, nem que este venha de um antigo partido socialista profundamente corrompido nos seus ideais genéticos, cínico, tecnicamente incapaz, e tomado de assalto por uma tríade de piratas com insondáveis desígnios.

Basta olhar para o comportamento indecoroso de criaturas da laia de Mário Lino, José Magalhães ou Pina Moura, para estimarmos sem grande margem de erro qual vai ser o futuro de Vital Moreira: degradante! Este homenzinho de bigode que quer ficar na história, não como professor associado de direito e especialista de uma Constituição que é a alma infeliz do regime saído da revolução de 1974, mas como deputado de algo em que não acredita, a Europa, é tudo o que resta de uma criatura inteligente, mas sem princípios.

Mário Lino diz e faz tudo e o seu contrário desde que a ordem telefónica venha de Jorge Coelho, Ricardo Salgado ou Stanely Ho, rindo-se às gargalhadas enquanto chafurda na sua incorrigível falta de ética e amor-próprio. José Magalhães adora a sua nova função policial no ministério do interior, escrutinando putas brasileiras nos aviões da easyJet e da Ryanair, quando as estatísticas dizem claramente que elas preferem a TAP (2). Pina Moura entrega-se de alma e coração à tentativa de vender por um prato de lentilhas os rios e a rede eléctrica portuguesa a Espanha. E Vital Moreira, salivando como qualquer cachorrinho de Pavlov, antes mesmo de o PS socratino começar a cobrar seja o que for da sua nova prestação servo-partidária, não resistiu a soltar sibilinamente a sua íntima propensão para as lógicas inquisidoras oriundas da sua dupla condição de portuga manhoso e estalinista. Ele, que deveria falar da Europa, perguntando e respondendo se José Sócrates pode ir ao Reino Unido sem risco de ser interrogado pelo Serious Fraud Office (3), estreia-se como candidato do PS às eleições para o parlamento europeu, ameaçando de prisão 10 milhões e meio de portugueses por causa do papagaio mitómano que inadvertidamente deixámos chegar a primeiro ministro de Portugal.

É por estas e por outras que recomendo insistentemente que nas três eleições que se avizinham se vote nos partidos minoritários (Bloco de Esquerda, PCP-PEV e até no CDS!), para assim garantirmos a derrota do Bloco Central da Corrupção, principal responsável do estado pré-comatoso em que o nosso país se encontra.

Derrotar a grande corrupção que tolhe Portugal em resultado da captura da economia e do Estado pelo sector financeiro e da especulação bolsista, e em resultado ainda da captura do sistema partidário pelo consórcio financeiro-industrial da construção civil, é a prioridade das prioridades. Quem não entender que é vital meter na prisão umas dezenas largas de grandes corruptos, está a iludir-se e a contribuir, ainda que por omissão, para uma tragédia política sem precedentes.

Do ponto de vista da sustentabilidade económica, Portugal está hoje pior do que estava no início da guerra mundial de 1939-1945, e muito perto da situação de colapso sistémico do regime que pôs fim à Primeira República. Só desencadeando um ataque fulminante contra a corrupção, dirigido claramente à rede criminosa aninhada no Bloco Central, seremos capazes de, em primeiro lugar, retomar o controlo democrático dos recursos vitais e sectores estratégicos da nossa economia (energia, água e sector financeiro), e em segundo, evitar a implosão de um regime seriamente ameaçado pelo espectro da dívida perpétua!

Boa parte da economia ocidental afocinhou ao longo dos últimos vinte anos nos casinos bolsistas. O resultado destes monumentais esquemas piramidais é um buraco negro chamado Derivados, ou Derivativos, que continua a engolir a ritmo acelerado fundos de investimento e de pensões, empresas, bancos e a própria soberania de um número crescente de países.

A decadência do capitalismo neoliberal não podia ser mais catastrófica. Persistir no erro, reiterando as lógicas privatizadoras que visam entregar aos monopólios, oligopólios e cartéis desta economia criminosa, o controlo de portos, aeroportos, estradas, abastecimento de água, combustíveis e energia eléctrica, ou ainda da reciclagem dos lixos municipais, quando as principais economias emergentes (China, Índia, Rússia, Brasil), já para não dizer a generalidade dos países, à medida que a crise vai exibindo o logro da globalização neoliberal, regressam à ideia sensata de manter sob domínio público aquilo que é público de origem e por natureza, é uma forma de suicídio. Os países, como as pessoas, às vezes, suicidam-se. Cabe a cada um de nós, mas sobretudo às colectividades, lutar contra tal eventualidade.

Quanto ao senhor Vital, fica já a saber que jamais votarei nele, e sobretudo no que a sua cobardia ética representa. E já agora, por mero prurido estético, quando é que resolve rapar esse seu indecente bigode estalinista?!


NOTAS
  1. Mas que teve o cuidado de jamais abjurar o credo que lhe deu notoriedade, ou fazer a competente auto-crítica.
  2. Easyjet critica declarações de José Magalhães (23-11-2006, DN)
  3. A entrevista combinada entre a RTP e José Sócrates foi uma decepção e mais uma cortina diáfana lançada sobre o escândalo Freeport. Efectivamente, há pelo menos quatro perguntas que eu gostaria de colocar a José Sócrates, sem ter que perder um segundo com as ameaças dos seus cães de fila:
    • como explica, senhor José Sócrates, que o Serious Fraud Office o considere como principal suspeito de corrupção no chamado Caso Freeport?
    • acha que pode visitar o Reino Unido sem correr o risco de ser chamado a depor pelo Serious Fraud Office?
    • porque não se disponibilizou até agora a prestar declarações à Justiça Portuguesa, tendo nomeadamente em vista dissipar difamações e suspeitas relativamente ao seu envolvimento no Caso Freeport?
    • dado o alto cargo público que ocupa e as presentes circunstâncias, não considera que seria de interesse público divulgar a origem e o montante de todos os seus rendimentos e bens adquiridos entre o início do processo de licenciamento do Freeport e a actualidade?

OAM 576 24-04-2009 15:06 (última actualização: 17:09)

sábado, abril 18, 2009

E se eu estiver enganado?

O grande jogo de que fala Brzezinski pode estar a passar pelo Freeport, sem que os portugueses se tenham apercebido disso.

E de repente o consenso sobre a necessidade de assassinar Júlio César, perdão, de eliminar politicamente José Sócrates, ganhou adeptos inesperados em volta de uma metáfora: combater o enriquecimento injustificado e a corrupção.

Fiquei chocado com o proselitismo meticuloso de António José Seguro ao debater a iguaria com Ângelo Correia. Este súbito mata-esfola foi na realidade desencadeado pelas hostes socialistas parlamentares capitaneadas por Vera Jardim, Alegre, etc., que se opõem aparentemente à tríade de Macau (Vitalino Canas, Jorge Coelho, Alberto Costa, António Vitorino, etc.), e que entenderam, porventura tarde demais, o alcance dos danos causados pela suspeita generalizada de que a criatura ao leme do partido e do actual governo esteve sucessivamente envolvido em situações e comportamentos incompatíveis com o exercício do cargo de primeiro ministro de Portugal.

Mas o que me traz de volta ao tema do garrote mediático e judicial que se vai apertando em volta de José Sócrates é uma dúvida terrível, a que aliás aludi em escritos anteriores:
— e se estivermos, de facto, a ser vítimas de uma conspiração orquestrada pelos serviços secretos ingleses e americanos?
E se o braço de ferro em curso entre a China e os Estados Unidos passar também por Portugal?

Se a conspiração que imagino, além de lógica, corresponder à realidade, onde fica então a soberania lusitana no meio do pandemónio económico, financeiro, político e judicial que ameaça conduzir Portugal para um ciclo de paragens cardíacas potencialmente fatal?

Eu não tenho, como a maioria dos portugueses não tem, dúvidas sobre o percurso atribulado do homem que hoje nos governa. Pelo que foi vindo a lume, defendi há muito que a pessoa deveria ter-se afastado do cargo, dando lugar a um camarada de partido. Saber se as trapalhadas, os deslizes, as más práticas e a presumível corrupção tiveram origem no simples egoísmo, ou numa proverbial ambição partidária a que se juntam costumes partidários intoleráveis (como sejam os sacos azuis do financiamento oculto e corrupto dos partidos políticos portugueses), só não é irrelevante porque a segunda hipótese compromete e explica muita da reserva exibida pela generalidade dos partidos parlamentares face ao caso.

A corda do financiamento partidário é demasiado sensível para que em volta do tema se montem guerrilhas partidárias prolongadas... Todos aparentam ter telhados de vidro!

Bastaria, apesar da corrupção endémica que nos aflige, esta ordem de causas e efeitos para tornar inaceitável a ideia de manter no cargo de primeiro ministro a personagem que actualmente o desempenha. E no entanto, o affair Freeport pode ser muito mais do que um escandaloso caso de polícia.

Na realidade, estou cada vez mais convencido de que estamos em presença do teatro de sombras de uma guerra diplomática secreta da maior importância, que os principais protagonistas preferem, por razões compreensíveis mas inaceitáveis, manter em segredo, e que a esmagadora dos políticos de serviço nem suspeita. Só assim se percebe que eu, mas também Francisco Louçã, Manuela Moura Guedes, Mário Crespo e o Público, entre muitos outros, tenhamos estado até agora a lançar freneticamente achas para a fogueira inquisitorial que vem queimando em lume espevitado o actual primeiro ministro, sem sequer nos passar pela cabeça que a hipótese de uma grande conspiração poder estar mesmo à beira de alcançar os seus objectivos. A verdade é que esta simples possibilidade me tem tirado o sono!

Do G20 ao Freeport - o que não sabemos...

Face à falência económico-financeira dos Estados Unidos e da Inglaterra, e ao veto que ambos os países, que controlaram a desmiolada cimeira londrina do G20, opuseram ao fim da era dólar e à criação de uma nova ordem monetária internacional, a China não tem outra alternativa que não seja apressar o seu plano de substituição da hegemonia americana no mundo.

A China, que tem o que mais ninguém tem — recursos financeiros extraordinários, capacidade produtiva disciplinada e vontade de regressar ao primeiro plano da história — decidiu deixar de alimentar a dívida americana, aplicando parte crescente das suas imensas reservas monetárias denominadas em dólares em aquisições de longo prazo —centradas nos recursos energéticos e em matérias primas de primeira importância— a um número apreciável de países, na Ásia, no Médio Oriente, na Austrália, em África e na América do Sul. Esta simples decisão levará a América de Obama ao colapso económico, financeiro, social e político, se entretanto o messiânico presidente não perceber que a banca do grande jogo da estratégia global se mudou para Xangai, e que a burocracia de Pequim se prepara para substituir as corruptas elites ocidentais na direcção do mundo.

Seiscentos anos depois do grande fechamento asiático (1415-2015) a China prepara-se para liderar o mundo na sequência da imparável implosão americana e da insignificância política crescente da Europa. As consequências previsíveis deste terramoto estão longe de ser intuídas pela generalidade dos líderes e povos ocidentais — europeus e americanos.

O único resultado palpável da cimeira londrina do G20 foi a decisão chinesa, não anunciada mas efectiva, de substituir paulatinamente o dólar americano como única moeda de reserva internacional. Ora esta decisão prenuncia não apenas o fim definitivo de Bretton Woods, como a aceleração da deslocação do centro de gravidade imperial, do Ocidente para o Oriente. É aqui que a questão atlântica e dos flancos ocidentais europeu e africano, bem como do protagonismo próximo da América do Sul ganha mais cedo do que se previa uma importância vital no grande jogo estratégico que visa, pelo lado chinês, garantir o fim pacífico da hegemonia americana e inglesa no mundo.

Portugal, se lhe faltar lucidez e coragem, será apenas um dos muitos peões maltratados no perigoso movimento desta espécie peculiar de placas tectónicas actualmente em rota de colisão. Pelo contrário, se souber abrir as suas portas à China, como outrora a China nos presenteou com a concessão de Macau, e se souber ainda triangular eficazmente com o Brasil, Angola, Venezuela, Guiné-Bissau e Cabo Verde, no sentido de fazer do Atlântico um mar aberto ao novo ciclo de expansão civilizacional que se avizinha, Portugal poderá readquirir uma importância europeia e mundial como não tem desde as invasões napoleónicas. O que está em jogo é pois da maior importância!

Apesar de os meios utilizados serem criticáveis, a verdade é que devo reconhecer o acerto estratégico da tríade de Macau quando comparada com a inércia cobarde de quem vem consciente ou inconscientemente alimentando as manobras dos serviços secretos ingleses e americanos, porventura responsáveis pela actual desestabilização do nosso país, única e exclusivamente em nome da estratégia conjunta de dois aliados nossos que não olham a meios para preservar um status quo insustentável. O objectivo claro da manobra Freeport é impedir que Portugal possa vir a tornar-se para a China o que a China (Macau) foi para Portugal. Alucino? Veremos, se sim ou não, muito em breve.

O caso Freeport pode ser olhado segundo, pelo menos, três perspectivas distintas:
  1. Alguém vendeu um produto de má qualidade (o Freeport está tecnicamente falido) aos ingleses, família real incluída, cujos prejuízos esta última não desiste de colmatar, tendo para tal, por decoro próprio —está claro—, encomendado à Carlyle, uma famosa empresa estratégica americana, a recuperação da massa perdida, incluindo, já agora, o dinheiro usado para corromper as autoridades políticas portuguesas que intervieram no negócio.

    A Carlyle tenta (?) sem êxito recuperar a massa. Os ingleses, face ao impasse, desencadeiam uma investigação policial que não pode deixar de ter contornos políticos, dados os protagonistas supostamente envolvidos. Assim como o pagamento de luvas à família real saudita pelo governo de Tony Blair, para garantir a aquisição de umas dezenas de aviões militares ingleses de última geração, foi abafado em nome dos superiores interesses do Reino Unido, o caso Freeport foi aberto em nome desses mesmos interesses. Falta saber quais, exactamente.
  2. A Carlyle concerta com a diplomacia inglesa usar o processo Freeport para proceder a uma penetração em profundidade no sistema financeiro português, cuja fragilidade evidente o torna presa fácil de interesses potencialmente hostis à Inglaterra e aos Estados Unidos, com origem na China, Angola, Rússia e Brasil. O financiamento dos grandes projectos anunciados —novo aeroporto intercontinental de Lisboa, rede ferroviária de alta velocidade e expansão da rede de autoestradas do país (que poderão elevar rapidamente Portugal e o seu vasto território marítimo à condição de importante placa giratória entre a Ásia, a África, a Europa e a América Central e do Sul— é um aspecto crucial para o futuro das relações geo-estratégicas de Portugal. Se a Inglaterra e os Estados Unidos ficarem para trás no leilão das parcerias que viabilizarão as grandes obras públicas anunciadas pelo governo de Sócrates, nada impedirá a progressão estratégica da China no Atlântico, através da ajuda preciosa de um país civilizado europeu chamado Portugal! Explosivo, não é?

    Nesta perspectiva, a aparente recusa de Sócrates em viabilizar a pretendida entrada da Carlyle no BPN, que permitiria desde logo recuperar a massa perdida no Freeport, mas sobretudo colocar os aliados Anglo-saxões na linha da frente da alavancagem financeira do grande dispositivo estratégico gizado pelos socialistas, sofreu um sério contratempo, mas confirmou a presença efectiva de um novo desígnio estratégico na diplomacia portuguesa: triangular com as potências emergentes da lusofonia e aceitar a China como um novo aliado para o século 21. Mais uma acha para fogueira do Freeport, não acham?
  3. O caso BPN faz parte do imbróglio Freeport, e na realidade trata-se do travão de segurança activado pela tríade de Macau com o objectivo de placar os principais beneficiários do colapso praticamente irreversível da actual maioria governamental.

    Este colapso levará ao inevitável recuo da estratégia diplomática que tem vindo a ser pacientemente montada pela tríade de Macau, caso o PSD de Manuela Ferreira Leite, i.e. de Cavaco Silva, venha a triunfar nas sucessivas eleições que se avizinham. Se tal ocorrer, a perseguição à tríade de Macau será implacável. Daqui a perigosidade da actual conjuntura política. E é por isso mesmo que há muito venho recomendando a remoção cirúrgica de José Sócrates, em nome da sobrevivência de um projecto estratégico cuja oportunidade me parece óbvia e que deve ser levado a cabo, independentemente dos protagonistas políticos de momento. Mas para lá chegar é preciso abrir esta caixa de Pandora dialéctica quanto antes. O secretismo actual e o teatro de sombras não servem a ninguém.

    Portugal tem potencialmente um lugar privilegiado no ajustamento tectónico dos impérios actualmente em curso. Sem trair as suas velhas alianças, deve exigir completa autonomia de acção diplomática nos múltiplos processos de mediação necessários a uma transição pacífica para os novos equilíbrios mundiais. O novo Tratado de Tordesilhas a que a China e os EUA não escaparão vai ter uma geometria tipicamente fractal. Portugal não quer ser o pião das nicas neste grande jogo, mas antes, um confiável honest broker. E para isso nada melhor do que transformar o país numa verdadeira Suíça diplomática do Atlântico.


Post Scriptum — Se a minha hipótese de conspiração for mais do que uma fantasia, ficaremos a saber em breve quem tem andado a comprar os milhões de acções do BCP que diariamente são postos à venda na Bolsa; ficaremos a saber quem irá salvar a TAP, e ficaremos a saber de onde virá o grosso do dinheiro para as grandes obras públicas anunciadas e reiteradas por este governo.

Se nada disto soubermos até às eleições europeias, ou como muito até ao fim Verão, no caso de o PS ganhar este primeiro round eleitoral, será porque o actual primeiro ministro deixou de estar em condições de poder contribuir para a redefinição estratégica promovida pela tríade de Macau. Neste caso, o ataque final a José Sócrates por causa do denunciado envolvimento da sua pessoa no caso Freeport será desencadeado sem dó nem piedade, por todos: a opinião pública, os adversários do PS, os adversários socialistas de José Sócrates, e até aqueles mesmos que o educaram e colocaram onde está, produzindo-se então uma derrota estrondosa do PS nas eleições autárquicas e legislativas.

A Cavaco Silva, mas também aos serviços secretos ingleses e americanos, interessa assar José Sócrates em lume brando, para que sue as estopinhas a caminho da sua anunciada desgraça. O PS tem pois apenas uma possibilidade de não deitar tudo a perder: forçar a demissão de José Sócrates quanto antes, antes mesmo das eleições europeias, provocando assim uma reviravolta completa na actual situação política. Se o fizer, colocando António Costa onde hoje se encontra José Sócrates, terá grandes possibilidades de derrotar Manuela Ferreira Leite. Doutro modo, resta-lhe uma longa agonia. Para a China o resultado desta encruzilhada não é indiferente. Mas pode esperar...


REFERÊNCIAS

  • China’s $1.7 Trillion Bet: China’s External Portfolio and Dollar Reserves
    A CGS Working Paper - Council of Foreign Relations

    Authors: Brad W. Setser, Fellow for Geoeconomics

    China reported $1.95 trillion in foreign exchange reserves at the end of 2008. This is by far the largest stockpile of foreign exchange in the world: China holds roughly two times more reserves than Japan, and four times more than either Russia or Saudi Arabia. Moreover, China’s true foreign portfolio exceeds its disclosed foreign exchange reserves. At the end of December, the State Administration of Foreign Exchange (SAFE)—part of the People’s Bank of China (PBoC) managed close to $2.1 trillion: $1.95 trillion in formal reserves and between $108 and $158 billion in “other foreign assets.” China’s state banks and the China Investment Corporation (CIC), China’s sovereign wealth fund, together manage another $250 billion or so. This puts China’s total holdings of foreign assets at over $2.3 trillion. That is over 50 percent of China’s gross domestic product (GDP), or roughly $2,000 per Chinese inhabitant.

    If 70 percent of this has been invested in dollar-denominated financial assets, China’s dollar portfolio tops $1.7 trillion—a bit under 40 percent of China’s GDP. The authors estimate that China held close to $900 billion of Treasury bonds (including short-term bills) at the end of the fourth quarter, another $550 billion to $600 billion of agency (Fannie Mae, Freddie Mac, and Ginnie Mae) bonds, $150 billion of U.S. corporate bonds, and $40 billion of U.S. equities, as well as $40 billion in shortterm deposits. These estimates are significantly larger than the numbers reported in the U.S. Treasury data, as those data tend to understate recent Chinese purchases and thus total holdings of U.S. assets.

    The pace of growth of China’s foreign assets clearly slowed in the fourth quarter of 2008. But it slowed after a period of unprecedented foreign asset growth. From the fourth quarter of 2007 to the third quarter of 2008, China likely added over $700 billion to its foreign portfolio (more than implied by the increase in its formal reserves). One fact illustrates just how rapid the growth in China’s foreign assets exceeded the rise in combined foreign assets of the world’s oil-exporting countries. As a result, China’s government is now by far the largest creditor of the United States: during the period of its peak growth, it likely lent about $475 billion (roughly $40 billion a month) to the United States. Never before has a relatively poor country lent out so much money to a relatively rich country. And never before has the United States relied on a single country’s government for so much financing.
  • Summer 2009: The international monetary system’s breakdown is underway
    The next stage of the crisis will result from a Chinese dream. Indeed, what on earth can China be dreaming of, caught – if we listen to Washington – in the “dollar trap” of its 1,400-billion worth of USD- denominated debt1? If we believe US leaders and their scores of media experts, China is only dreaming of remaining a prisoner, and even of intensifying the severity of its prison conditions by buying always more US T-Bonds and Dollars.

    In fact, everyone knows what prisoners dream of? They dream of escaping of course, of getting out of prison. LEAP/E2020 has therefore no doubt that Beijing is now3 constantly striving to find the means of disposing of, as early as possible, the mountain of « toxic » assets which US Treasuries and Dollars have become, keeping the wealth of 1,300 billion Chinese citizens4 prisoner. In this issue of the GEAB (N°34), our team describes the “tunnels and galleries” Beijing has secretively begun to dig in the global financial and economic system in order to escape the « dollar trap » by the end of summer 2009. Once the US has defaulted on its debt, it will be time for the « everyman for himself » rule to prevail in the international system, in line with the final statement of the London G20 Summit which reads as a « chronicle of a geopolitical dislocation », as explained by LEAP/E2020 in this issue of the Global Europe Anticipation Bulletin. ...

    ... Very logically, Beijing is now disposing of these huge surplus exchange reserves which keep Chinese leaders prisoners of US decisions with no further advantage for their country, as remarkably described by Rachel Zembia in an article published by RGE Monitor on 02/21/2009: loan credits to ASEAN countries28, swap agreements, green light for 400 Chinese enterprises to trade in Yuan with Asian countries29, loan credits to African states and Russia, long-term special oil rates negotiated with Persian Gulf states, loan credits to oil companies in Brazil and Abu Dhabi, purchase of European and Japanese company shares (no US shares, strangely...), etc. The author emphasizes the fact that these agreements would include guarantees for Chinese companies to have access to these resources. Contrary to appearances, what is really at stake in these deals is Beijing’s discreet disposal of its US Treasuries and Dollars in exchange for assets that the country needs, moreover available at record-low prices at a time when US Treasuries and Dollars still have some value.

    With regard to US Treasuries, China has largely stopped buying them (purchases decreased by USD 146 billion in the first quarter of 2009 compared to the same period last year, representing an increase of only USD 7.7 billion30!) and only then purchasing short term (three month) Treasuries!

    Between the fact that it has nearly put a complete end to its purchase of US Treasuries and that it is accelerating the pace of its« global shopping » for more than USD 50 billion per month (swap agreements included), it appears that, between the end of 2008 and the end of summer 2009, China will have disposed of nearly 600 billion worth of USD-denominated assets, and it will have failed to purchase between USD 500 and USD 1,000 billion worth of US Treasuries that the Obama administration has begun to issue to finance its extravagant borrowings. LEAP/E2020 estimates that these two amounts added together give a clear idea of Beijing’s impact on the « Dollar-era » at the end of summer 2009, at the end of the US fiscal year. China’s disposals and failed purchases of US Treasuries alone will then represent a shortfall of between USD 1,100 billion and USD 1,600 billion in the United States’ financial needs. Ben Bernanke will be compelled to print Dollars in a (vain) effort to prevent his country from defaulting on its debt.

    In the knowledge that each time Bernanke declares that the Fed will purchase its own US Treasuries, they lose 10 percent in one day, i.e. USD 140 billion compared to other international currencies, Chinese leaders will certainly find it acceptable to sacrifice USD 400 or 500 billion.

    LEAP/E2020 believes that, at this stage, they will consider that they made the best « possible » use of their USD-denominated assets. Then, they would better be among those who push the « button » - or who do not try to prevent it. The second phase of China’s “Great Escape” out of the Dollar will then begin, depending on the behavior of the other key players. Either the Yuan takes its place as international reserve currency along with the Euro, Yen, Ruble, Real, or a process creating a new international reserve currency based on a basket of these currencies will begin. The Dollar will then be out of the race and the G20 reduced to a G18 (without the United States and the United Kingdom, but with Japan no longer able to escape the Chinese sphere of influence). Otherwise, the process of global geopolitical dislocation, described in GEAB N°32, will be underway, based on economic blocks, each of them trading in their own specific reserve currency. -- in GEAB #34, May 2009.

  • HK's RMB pilot plan covers 400 mainland enterprises
    (Xinhua) Updated: 2009-04-12 15:21

    HONG KONG - About 400 enterprises in the Chinese mainland have been selected to participate in the Renminbi cross-border trade settlement pilot program, Under Secretary for Financial Services and the Treasury of Hong Kong Julia Leung said here Saturday.

    Speaking on a radio talk show here Saturday, Leung said enterprises in Hong Kong will soon be able to settle trades in Renminbi through the banks with the selected companies in the Chinese mainland.

    Noting the program can reduce the risks and cost arising from fluctuations in exchange rates, she said Hong Kong banks can expand extensively their Renminbi services from individual clients to enterprises.

    When asked whether the scheme includes trade financing, Leung said authorities in the Chinese mainland will announce the details soon.

  • China’s resource buys
    Rachel Ziemba | Feb 21, 2009 (RGE Monitor)

    China development bank must be busy.... Over the last few weeks deals worth over $50 billion have been confirmed with the oil companies of Russia, Brazil and the Australian mining company Rio Tinto, all of which have found themselves with financing issues in light of the collapse in commodity prices and credit crunch. While $50 billion is a relatively small in terms of China’s foreign exchange liquidity, this is a significant investment on China’s part in the resource sector, and shows that it is trying to get higher returns on its capital – while coming to the rescue of those who cannot tap the still relatively frozen international capital markets. And given some of the dire predictions for energy sector investment (including warnings from the IEA) might avoid a severe drop off in investment, allowing some of these countries and China to get more bang for the buck as global deflationary trends lower costs. Most significantly, it increases the share of oil supplies that are pre-contracted, perhaps a desire from both China and its suppliers to have a somewhat more predictable price environment for at least some of its supplies. ...

    ... Most of the Chinese oil production abroad was sold on global markets with the profits used to cross subsidize losses on domestic refining segments given fixed prices. In fact only about 10% of Chinese oil imports are supplied through the equity stakes that China has in oil projects abroad. Instead China imported oil from a range of countries in Africa which supplies 1/4th of China’s oil (especially Angola) and the middle east, which supplies 50% (mostly Saudi Arabia, Iran and to a lesser extent Oman.)

  • India and China want IMF to sell its $100b gold
    Apr 15 2009, New Delhi (mydigitalfc.com)
    By KA Badarinath

    India and China may press for the sale of the entire gold reserves of the International Monetary Fund (IMF) to raise money for the least developed countries.

    The IMF holds 103.4 million ounces (3,217 tonnes) of gold that, if sold, can fetch about $100 billion. A draft paper exchanged between New Delhi and Beijing proposes that the gold be sold in bullion markets over a period of two to three years. The money thus raised must be used in tackling poverty in the poorest nations.

    “We have been discussing with China a common position on the subject,” a senior finance ministry official told Financial Chronicle.

    Both prime minister Manmohan Singh and Chinese president Hu Jintao will have to clear the proposal before the representatives of the two countries can take it up at the IMF spring meeting in June in Washington.

    The G20 heads of state meeting in London earlier this month agreed to sell a part of the IMF gold to raise $6 billion for poor countries during 2009-11. This was a component of a $1.1 trillion package worked out by G20. The World Bank has estimated that over 90 million people may be pushed into poverty in the global economic turmoil.

    “We are working on a more ambitious proposal of selling the entire gold as it is an idle asset with the IMF,” said the official.

    India and China are looking at three ways of using the money so raised. 1) The $100 billion be invested to improve IMF’s liquidity. 2) The money be committed to improving incomes of the poorest countries. 3) A mix of the first two options be considered.

  • A 'Copper Standard' for the world's currency system?
    By Ambrose Evans-Pritchard
    Last Updated: 2:41PM BST 16 Apr 2009 (Telegraph.co.uk)

    Hard money enthusiasts have long watched for signs that China is switching its foreign reserves from US Treasury bonds into gold bullion. They may have been eyeing the wrong metal.

    China's State Reserves Bureau (SRB) has instead been buying copper and other industrial metals over recent months on a scale that appears to go beyond the usual rebuilding of stocks for commercial reasons.

    Nobu Su, head of Taiwan's TMT group, which ships commodities to China, said Beijing is trying to extricate itself from dollar dependency as fast as it can.

    "China has woken up. The West is a black hole with all this money being printed. The Chinese are buying raw materials because it is a much better way to use their $1.9 trillion of reserves. They get ten times the impact, and can cover their infrastructure for 50 years."

    "The next industrial revolution is going to be led by hybrid cars, and that needs copper. You can see the subtle way that China is moving into 30 or 40 countries with resources," he said.

    The SRB has also been accumulating aluminium, zinc, nickel, and rarer metals such as titanium, indium (thin-film technology), rhodium (catalytic converters) and praseodymium (glass).

    While it makes sense for China to take advantage of last year's commodity crash to restock cheaply, there is clearly more behind the move. "They are definitely buying metals to diversify out of US Treasuries and dollar holdings," said Jim Lennon, head of commodities at Macquarie Bank.

    John Reade, metals chief at UBS, said Beijing may have a made strategic decision to stockpile metal as an alternative to foreign bonds. "We're very surprised by Chinese demand. They are buying much more copper than they will need this year. If this is strategic, there may be no effective limit on the purchases as China's pockets are deep."

    Zhou Xiaochuan, the central bank governor, piqued the interest of metal buffs last month by calling for a world currency modelled on the "Bancor", floated by John Maynard Keynes at Bretton Woods in 1944.

OAM 575 18-04-2009 03:25 (última actualização: 19-04-2009 01:48)

quinta-feira, abril 16, 2009

Zeitgeist

Zeitgeist: Addendum (2008), by Peter Joseph



Esta adenda ao conhecido ensaio videográfico de Peter Joseph, Zeitgeist (artigo na Wikipedia) é uma apologia utópica da tecnologia ao serviço de uma sociedade orientada pela consciência simbiótica da cooperação. Um manifesto contra o monetarismo, a corporacracia e as vulgatas darwinianas e respectivos genes egoístas.

Zeitgeist
- Official Release (Portuguese) — versão legendada em português

The Zeitgeist Movement: Orientation Presentation — o manual de acção do movimento Vénus.


OAM 574 17-04-2009

quarta-feira, abril 15, 2009

Portugal 97

A esquerda envergonhada

De repente acordaram: o Santana pode mesmo voltar a ganhar o governo da capital!

Petição por uma "convergência de esquerda" para a Câmara de Lisboa

13.04.2009 - 08h30 Lusa/ Público — Personalidades ligadas ao socialismo, ao comunismo e ao BE lançam hoje uma petição a defender uma convergência de esquerda nas eleições autárquicas em Lisboa, já subscrita por cerca de 170 nomes.

A petição "Apelo à Convergência de Esquerda nas Eleições para Lisboa" poderá ser subscrita através da Internet e será entregue aos partidos políticos e movimentos de cidadãos que concorrem às eleições autárquicas.


Eu nutro uma profunda antipatia por Santana Lopes. Mas se ele ganhar Lisboa não fico envergonhado. Envergonhado estou há muito por ter votado no papagaio trapalhão e possivelmente corrupto que actualmente nos governa! Mas pelos vistos, a velha esquerda comunista, socialista, maoista e trotskista, não. O que esta teme é o desastre eleitoral autárquico que se avizinha. Acordou estremunhada para a possibilidade e resolveu tocar a rebate.

Querem, dizem candidamente, derrotar a direita que os envergonha! É a mais confrangedora confissão de fracasso por parte de uma nomenclatura sem préstimo que em 35 anos de serviço pouco mais fez do que coadjuvar a direita, de que diz ter vergonha, no progressivo aprisionamento pardidocrático da democracia, servindo-se do voto popular como se de um maná inesgotável se tratasse. O país vai a pique, mas a única coisa que preocupa Jorge Sampaio e Carlos do Carmo é, pelos vistos, manter o status quo. Alguma ideia nova? Nada. Vontade de decidir? Nem pensar! Então que sentido faz a sua mal amanhada e caricata frente popular autárquica? Nenhum.

Comecemos pelo princípio: António Costa e o Partido Socialista não têm nada que ver com as litanias de esquerda, pois não têm feito nem dito nos últimos quatro anos coisa diversa do reiterar à bruta da praxis neoliberal pregada pela criatura blairiana durante a sua conversão ao legado thatcheriano. Por outro lado, nem o PCP nem os ex-extremistas confederados no Bloco de Esquerda conseguiram até hoje modificar os respectivos códigos genéticos, incompatíveis ambos, como todos sabemos, com a pragmática e o ideal da governação. Ou seja, o PS é um partido plenamente burguês e sem princípios, o PCP é uma gerontocracia síndico-municipal sem liderança, e os bloquistas dificilmente serão mais do que uma turbamulta simpática de funcionários públicos, urbanitas e pequeno-burgueses. Algum político astuto pensaria alguma vez erguer uma frente popular com esta massa informe e contraditória? Só se fosse num jogo a feijões!

Se os inspiradores deste fogo fátuo tinham alguma esperança, desiludam-se. Não vai funcionar em Lisboa, não vai funcionar no Porto e não vai funcionar em São Bento. Este ciclo constitucional chegou irremediavelmente ao fim. Donde que, das duas uma: ou se regenera, com a necessária reestruturação do sistema partidário, o nascimento de novos partidos e a emergência de formas de democracia directa e solidária, ou então implode miseravelmente, deixando espaço e oportunidade a todo o tipo de aventuras populistas, incluindo regimes policiais estruturados a partir das novas tecnologias cibernéticas e biopolíticas.

Eu defendo a metamorfose do actual regime constitucional.

Defendo um presidente da república mais forte ou mesmo uma monarquia constitucional democrática. Defendo uma democracia autárquica com mais autonomia, poder e responsabilidade. Defendo a regionalização autonomista dos Açores e da Madeira, mas também das cidades-região de Lisboa e Porto. Defendo a emergência de partidos regionais e locais, além das formações partidárias nacionais. Defendo o fim dos governos civis e a diminuição drástica das burocracias. Defendo, em suma, uma democracia mais barata, mas ainda assim com mais partidos e novas formas de participação democrática no exercício da vontade colectiva.

No caso das próximas eleições autárquicas, defendo a proliferação das candidaturas independentes de cidadãos por oposição às exangues listas partidárias. Para as europeias e legislativas que se avizinham proponho tacticamente o voto activo nos pequenos partidos parlamentares (PCP-PEV, BE, CDS/PP), não por acreditar que possam governar, mas pura e simplesmente porque reforçando-os eleitoralmente se garante a inadiável desarticulação do Bloco Central que há mais de 30 anos governa este país, com os resultados de todos conhecidos. Estamos como estávamos em 1910!


OAM 573 15-04-2009 01:49