German Efromovich quer TAP de borla, para colocar a Avianca na Europa |
Como aqui se antecipou, governo tentado a vender a TAP pelos prejuízos!
Proposta de Efromovich pela TAP ficou aquém das expectativas do Governo
Público, Raquel Almeida Correia, 07/12/2012 - 19:02
Milionário entregou esta sexta-feira oferta definitiva para comprar a transportadora aérea, com um encaixe residual para o Estado.
A proposta que Germán Efromovich fez chegar às mãos da Parpública, a gestora de participações empresariais do Estado, ficou aquém das expectativas do Governo. O milionário colombiano-brasileiro terá oferecido 1,5 mil milhões de euros, dos quais apenas 20 milhões vão entrar como receita para o Estado, já que a grande fatia servirá para recapitalizar a empresa e pagar o passivo.
A fama de Efromovich vem de longe. É conhecido por comprar empresas em dificuldades sem gastar um cêntimo. Confirma-se! E como escrevemos há tempo suficiente, a má gestão do dossier TAP/ANA pode ser o precipício que encurtará drasticamente o período de vida deste governo. Uma má decisão sobre a TAP/ANA pode fazer com que o coelho deste governo se metamorfoseie em peru.... de Natal.
O boliviano brasileiro-colombiano, e polaco de última hora, German Efromovich, oferece 20 milhões de euros pela TAP. Ou seja, não oferece nada. Limita-se, portanto, a receber sem custos uma empresa falida e insolvente em troca da promessa de preservação da respetiva marca, e de manutenção do hub da Portela durante 10 anos, cobrando seguramente ao governo português, i.e. a nós todos, o prestimável serviço aéreo para os arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Nesta circunstância seria bem melhor o governo reestruturar a TAP, doesse a quem doesse, e depois de saneada a empresa, relançar o processo de privatização sem incorrer no perigo de estar a dar de mão beijada uma empresa a um empresário de méritos duvidosos, ainda por cima com negócios envolvendo a Israel Aerospace Industries (ler este post d'OAM).
O estado de Israel foi isolado a semana passada de forma vergonhosa na ONU, sem poder contar sequer com o apoio de Portugal, nem da... Alemanha. Deixar entrar a maior e mais importante empresa militar israelita, ainda que pela porta do cavalo, neste negócio, coloca questões de segurança da maior importância que não podem ser descuradas de ânimo leve. É tempo de avançarmos de uma vez por todas para sistemas coerentes em matéria de estrutura e supervisão financeira, orçamentos nacionais, fiscalidade e segurança na União Europeia!
A privatização anunciada, além de não ter termo de comparação vai render zero euros ao erário público, e até custar dinheiro ainda não declarado. Nada adianta, portanto, para os objetivos do Memorando assinado com a Troika. Na realidade, a dádiva da TAP é tão só uma lebre coxa para aumentar o valor da ANA e uma maneira cobarde de o governo fugir ás suas responsabilidades sociais.
O valor da ANA tem vindo, no entanto, a cair à medida que a situação das duas privatizações começou a degradar-se, ainda por cima num cenário europeu que antevê uma recessão para 2013.
Como me escrevia há pouco um leitor atento:
Não é possível garantir dez anos de fidelidade à TAP, como prometeu António Borges numa entrevista televisiva.
Basta desnatar a empresa:
Os nossos privatizadores apenas têm em mente um objectivo: encaixe imediato para tapar o buraco orçamental. Se o preço e as condições são ou não são boas, pouco importa… a melhor prova disto mesmo é que se vai em diante apenas com um comprador que sabe que o governo está desesperado por dinheiro. Há em tudo isto um conflito de interesses entre o interesse público e os que estão no poder e que deveriam defender o interesse público…
- Transferir o sistema de reservas para a plataforma da Avianca.
- Passar as rotas entre a América do Sul e a Europa para a Avianca.
- Renegociar o pacote de leasings.
- Cobrar um valente management fee pela gestão da TAP (equivalente ao pagamento de dividendos à Avianca).
- Carregar a TAP com dívida (a da compra da TAP e ainda de outros negócios de aviação do acionista).
- Cobrar à TAP preços de transferência pelos passageiros da América do Sul.
- Vender os direitos de transporte entre Europa e Africa a uma offshore.
- E por aqui aí adiante….
NOTA IMPORTANTE
Reparem nas contas que fizemos no post que leva o título Bestap, de 25 de outubro passado:
Quem comprar a TAP terá ou não que comprar os ativos, mas também as dívidas e as responsabilidades? Terá! E quais são?Estes valores, salvo as estimativas (preço dos novos Airbus, valor dos slots, indemnizações por despedimentos) foram retirados de relatórios e comunicados da TAP. Reparem agora neste passe de magia:
Estimativa
Nesta perspetiva otimista, a TAP vale -2.592 milhões de euros! Ou seja, é daquelas situações em que vendendo o grupo por 1€, significaria entregar ao comprador uma companhia a funcionar, mas com um buraco efetivo de mais de 2.500 milhões de euros :(
- +950 milhões de euros: ativos tangíveis (aviões, etc.)
- +2.250 milhões de euros: cerca de 4.500 pares de Slots (2250 voos semanais = ~ 9000 Slots)
- -500 milhões de euros: capitais próprios negativos
- -140 milhões de euros: prejuízos em 31 de agosto de 2012 (Sol)
- -2.325 milhões de euros: passivo acumulado (consultar o relatório e contas do grupo TAP)
- -2.573 milhões de euros (12x215M-6,802M): encomendas firmes de 12 Airbus A350-900
- -127 milhões de euros: indemnizações para despedimentos.
Total estimado: +3.200-5.792 = -2.592 milhões de euros
— em vez de considerar a encomenda dos 12 Airbus A350-900 como um prejuízo, ou como uma responsabilidade irreversível (as encomendas são firmes e constam da folha de entregas da Airbus publicada em 31 de agosto passado), vamos considerá-la como um ativo. Que acontece? O valor negativo potencial do grupo TAP passa de menos 2.592 milhões de euros para menos 19 milhões de euros. Ou seja, o boliviano brasileiro-colombiano, e polaco de última hora, German Efromovich oferece 1 milhão de euros pela empresa! Até parece que andaram a ler O António Maria ;)
Última atualização: 8 dez 2012 - 11:32 WET