terça-feira, outubro 15, 2013

A farsa da ponte

Símbolo registado do RFB, grupo paramilitar comunista alemão durante a República de Weimar

O senhor Arménio é uma criatura perigosa
Karl Marx: “A história repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.”  

Ministro da Administração Interna vai hoje ao Parlamento explicar por que razão não autorizou manifestação que CGTP não desiste

A CGTP sabe desde 6.ª feira que o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Economia não autorizam a realização da manifestação na ponte 25 de Abril no próximo dia 19 de Outubro. O ministro Miguel Macedo informou nesse dia Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, da decisão tomada em conjunto com o ministro da Economia (que tutela a Estradas de Portugal, responsável pela gestão da ponte), fundamentando-a com três pareceres de segurança que recebeu do Conselho de Segurança da ponte 25 de Abril, da PSP e da Lusoponte. A mesma informação foi repetida ontem a Arménio Carlos numa reunião pedida por aquela central sindical afecta ao PCP — in Jornal i, 15/10/2013, 00:05 WET.

Arménio Carlos, o membro do comité central do PCP e dirigente máximo nomeado pelo PCP para chefiar a CGTP assim que o anterior chefe se afastou um milímetro dos ideais estalinistas, a sonhar com Belém (o pobre), acha que uma manifestação de rua em cima de uma ponte, onde qualquer incidente seria dificilmente contido, e mesmo prevenido, é o mesmo que uma maratona. O direito ao disparate é, como o direito à greve e o direito à manifestação, livre, mas dentro de certos limites.

I—o direito à manifestação não dá o direito ao PCP-CGTP de escolher, como quer, o lugar e o percurso da manifestação; assim como o direito à greve não dá direito a perturbar sistemática e várias vezes ao ano a vida de quem trabalha e se desloca, substituindo-se uma medida de luta excecional por uma mau hábito de negociação salarial invariavelmente levada a cabo na mesa de negociações e na rua (veja-se mais uma greve sazonal anunciada pelos sindicatos do Metro de Lisboa);

II—o direito de manifestação, pelo braço de ferro levado a cabo pelo PCP-CGTP contra o governo, demonstra à saciedade tratar-se de uma típica ação política partidária complementar das negociações e debates parlamentares em curso, nomeadamente sobre a aplicação do programa de austeridade aos setores até agora privilegiados pelo estado e pelas burocracias instaladas — e não de uma manifestação popular.

O PCP tem que decidir se aceita as regras democráticas, nomeadamente se aceita os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas, e os procedimentos institucionais consagrados na Constituição para dirimir as diferenças políticas em sociedade, ou não. Se sim, não pode usar a rua como meio de derrube de um governo legitimado pelas eleições. Se, pelo contrário, contesta as eleições, os processos democráticos e as suas instituições, e prefere a rua como compensação dos votos que não tem, então deverá ter a coragem de abandonar o parlamento e enveredar pelas formas de luta que entender sujeitando-se às consequências que a democracia vigente determinar.

As críticas aqui reiteradas ao governo em funções, bem como aos responsáveis por aqui termos chegado, onde incluo o PS, o PCP e o Bloco, para além do PSD e do CDS/PP, fazem parte do debate democrático. Não me passa pela cabeça convocar meia dúzia de amigos para irmos até à praça das portagens da Ponte 25A boicotar as ações provocatórias do PCP-CGTP. Mas já pensaram os comunistas que basta um só pessoa para lançar o caos na ponte?

Dito isto, aprovo 100% a decisão do governo: proibir, pura e simplesmente, a manif do PCP-CGTP na Ponte 25A, convocada para o próximo Sábado, dia 19 de outubro.


ÚLTIMA HORA
: CGTP desconvoca manifestação na Ponte 25A, e convoca concentração para Alcântara no mesmo dia. Alguém teve juízo no PCP.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÂO: 15/12/2013 21:31 WET

segunda-feira, outubro 14, 2013

Governo de palhaços

Beatriz de Jesus, Viúva, três filhos - dois sobrevivos -, 22 sobrinhos-netos.
Foto © Augusto Baptista

Afinal, matar as viúvas era uma brincadeira

Governo de pulhas passa a governo de palhaços, cortesia do menino Paulo Portas!

Corte nas pensões de sobrevivência oscila entre 12% e 35%
Medida só afecta quem receber um total de pensões acima de 2000 euros. Mais de 96% dos beneficiários de pensões de sobrevivência não serão abrangidos (1).

Another of history’s many lessons is that governments under pressure become thieves. And today’s governments are under a lot of pressure. (2)

Sob a pressão do endividamento irresponsável de décadas (lembram-se das palavras de Jorge Sampaio dobre a 'obsessão do défice') os governos, sejam de que cor forem, são tentados a assaltar a propriedade alheia, nomeadamente através  do fascismo fiscal.

O episódio caricato em volta da TSU das viúvas, na semana que passou, é a prova evidente disto mesmo. A solução simples, aplicada na Suíça, na Suécia, e em muito outros países democratas é a imposição de um teto para as pensões pagas pelo estado. 1700 euros na Suíça, ou 2500 euros na Suécia são apenas dois exemplos do que há muito deveria ter sido estabelecido em Portugal. Ninguém deverá ter uma pensão de reforma, de invalidez ou de viuvez inferior ao salário mínimo nacional, nem superior a cinco vezes este valor. Simples, não é? Então porque anda este governo a brincar com os portugueses, encenando folhetins de mau gosto?

A tentação de legalizar o roubo dos cidadãos pelo estado é um mau hábito antigo, como o artigo “They’re Coming For Your Savings” (2), que traduzimos parcial e livremente, acrescentando o caso português, ilustra...

Na Antiga Roma, depois da morte de Júlio César, e para financiar as guerras intestinas pela posse do império, a ‘proscrição’ dos cidadãos por crimes contra o estado levava à execução das suas propriedades, que eram depois confiscadas.

Em meados do séc. XVI, Henrique VIII confiscou os mosteiros de província e as suas, por vezes, vastas propriedades, incluindo as terras, as baixelas de prata, ouro e jóias, para depois tudo vender. O que não foi vendido foi posto a render, e o dinheiro obtido com este saque foi rapidamente gasto.

Os governos jacobinos que se seguiram à Revolução Francesa confiscaram vastas propriedades à Igreja Católica, que serviram de garantia para a criação de dinheiro e inflação, caldo propício ao aparecimento de Napoleão.

Durante a Guerra Civil Americana houve confisco de propriedades em larga escala.

O Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas e confiscou os seus bens. E em 1834 o governo saído da guerra civil entre 'liberais' e 'absolutistas' extinguiu as ordens religiosas masculinas em todo o país e colónias, confiscando os seus bens ('à excepção dos vasos sagrados e paramentos'), e vendendo tudo o que conseguiu para assim voltar a encher, por algum tempo, os cofres vazios do reino.

Durante a Grande Depressão americana, em 1933, Roosevelt baniu a posse privada de ouro e forçou todos os cidadãos americanos a entregarem os objetos de ouro ao governo, contra uma compensação de $26.67 por onça. Uma vez o ouro confiscado, o dólar desvalorizou para $35 por onça. Ou seja, o governo roubou 70% da riqueza daqueles que entregaram o seu metal precioso.

Em 1942, depois de entrar na II Guerra Mundial, o governo americano moveu a maioria dos cidadãos japoneses residentes nos Estados Unidos para campos de concentração, expropriando e vendendo todas as suas propriedades. Em 1945 os detidos japoneses foram soltos, deram-lhes $25 dólares e um bilhete de comboio para regressarem às suas terras, mas sem qualquer reembolso das perdas.

Desde que a crise de 2008 começou, vários formas de controlo de capitais e de execução e apropriação de bens privados foram implementadas. Alguns exemplos:

Na Islândia, os investimentos fora do país e a compra de moeda estrangeira, assim como as viagens ao estrangeiro ficaram sujeitas a autorização governamental prévia.

Na Grécia foram confiscados fundos de contas bancárias e de carteiras de investimentos pertencentes a pessoas e entidades suspeitas de evasão fiscal, sem aviso, nem processo judicial.

A Argentina baniu as compras de dólares americanos para contas de poupança pessoal e exigiu aos bancos que fizessem empréstimos apenas em pesos, a taxas consideravelmente abaixo da inflação.

O Fed americano propôs que os fundos do mercado monetário pudessem limitar os levantamentos de dinheiro dos seus clientes em caso de perturbação financeira.

Chipre confiscou 47,5% dos fundos das contas bancárias do país acima dos €100.000.

A Polónia respondeu a um dos picos da sua crise orçamental confiscando os ativos dos fundos privados de pensões sem qualquer compensação.

Em Espanha, 97% dos fundos da segurança social foram comprometidos na compra de dívida pública espanhola.

Em Espanha, leia-se todo o artigo (3), que vale a pena:       

“Antes del robo del rescate de los 100.000 millones de euros que se utilizaría como excusa para crear Sareb, se había puesto en marcha la reestructuración bancaria más desastrosa de Occidente: se ha ocultado, se ha engañado, se han falsificado balances, todo con la ayuda del BdE, se ha mentido sin límite a los ciudadanos y, lo peor, a día de hoy la factura es la mayor del mundo occidental, ¡271.539 millones de euros* o el 26,3% del PIB! Además, se han perdido de momento 45.000 millones de euros, 9.000 en CCM y FAAF y 36.000 reconocidos por FROB, algo que no ha sucedido en ningún otro país. Las pérdidas finales van a superar de largo los 100.000 millones. El mayor expolio a un pueblo en toda la historia de Europa.”
Em Portugal, Vítor Gaspar, no mesmo dia em que se demitiu, despachou uma portaria que força o fundo de reserva da Segurança Social a comprar até cerca de quatro mil milhões de euros de dívida pública portuguesa nos próximos dois anos e meio, até final de 2015. Atendendo a que já dez mil milhões haviam sido previamente aplicados no mesmo produto de risco, conclui-se que 90% do fundo de reserva das pensões públicas foram desviados, sem qualquer debate parlamentar, para sustentar a crise orçamental do regime.

Mais recentemente, o FMI divulgou um estudo interno sobre a gravidade das dívidas públicas japonesa, americana e europeia, as quais subiram em média 37% relativamente a 2007, sugerindo uma supertaxa de 10%, a aplicar uma só vez, a todos os detentores de ativos superiores a 250 mil euros.

A situação não está para brincadeiras. A palhaçada de Paulo Portas, ao deixar escapar um balão de ar quente sobre as pensões de viuvez, para depois fazer um número de magia e de demagogia barata, recuando na medida, mostra até que ponto o governo em funções navega à vista, sem bússola, nem comandante, e sobretudo sem um pingo de inspiração.


NOTAS
  1. Público, Raquel Martins, 13/10/2013 - 20:45 (actualizado às 23:59)
  2. “They’re Coming For Your Savings”
    by John Rubino on October 12, 2013 (Dollar Collapse)
  3. “Sareb: fraude de ley, expolio y caos”, por Roberto Centeno, El Confidencial, 14/10/2013.

Última atualização: 14/10/2013 - 17:59 WET

sábado, outubro 12, 2013

Partidos atrás do prejuízo

Álvaro Beleza tira sangue ao ministro Paulo Macedo. Foto LUSA

Partidocracia: fragmentação ou evolução?

“Amid the government shutdown, 60% of Americans say the Democratic and Republicans parties do such a poor job of representing the American people that a third major party is needed. That is the highest Gallup has measured in the 10-year history of this question. A new low of 26% believe the two major parties adequately represent Americans.” in ZH

A partir de um certo limiar, mais dívida já só produz crescimento negativo :(

É por estas e por outras que também na América as pessoas condenam cada vez mais o rotativismo partidário com dois partidos, e começa a perceber-se a necessidade de um terceiro grande partido.

Se há certezas que possamos retirar dos resultados das últimas eleições, parcialmente alinhadas com a sondagem de algibeira realizada no blogue do Partido Democrata, e contrariando a matilha zarolha das sondagens encomendadas, é que houve uma clara abstenção de protesto, uma subida dos votos brancos e nulos de protesto, e a eleição de inúmeros autarcas sem filiação partidária, independentes ou em rotura com os partidos de origem, um dos quais retirou a segunda cidade do país ao controlo rotativista da partidocracia que conduziu o país à bancarrota.

Também assinalada no inquérito que fizemos entre usuários do Facebook, esteve a subida empinada do PCP. Ao contrário do que esta micro-sondagem permitiu concluir, a queda dos partidos do governo foi bem mais acentuada, e o PS beneficiou de uma clara transferência de votos do PSD e do Bloco.

Por junto, estes resultados colocaram os partidos rotativistas em pânico:

— o PCP, que tendo vindo a rejuvenescer paulatinamente o seu pessoal político, desatou a crescer como não se via há décadas, contrariando os vaticínios mais otimistas (ou pessimistas, depende da perspetiva) sobre este cadáver adiado;

— as perdas dos municípios de Sintra (segundo em população), de Gaia (terceiro em população) e do Porto (quarto em população), respetivamente para o PS, para um candidato sem filiação partidária, e para o PS, acrescido ao facto de em Lisboa o PSD ter perdido quase tudo, pois ficou não só atrás do PS, como do PCP, é um rastilho imparável para a  inexorável fragmentação, ou, na melhor das hipóteses, refundação do PSD;

— O Bloco de Esquerda vai a caminho da extinção (1);

—  Finalmente, o PS, apesar da sua clara vitória, e de ter afastado a corja socratina do caminho, perdeu, como todos os partidos, à exceção do PCP, muitos votos: -272.834 (mais do dobro dos votos obtidos pelo Bloco). Nada garante que a esta tendência de perda não continue, sobretudo se o PS continuar na mesma.

A entrevista de Álvaro Beleza ao jornal i é uma novidade, e mostra de forma clara que António José Seguro pediu a alguém para a explorar a vitória das Autárquicas, atacando a extrema fragilidade em que se encontra o PSD neste momento. A ameaça latente de uma fragmentação do PSD depois das eleições europeias é uma excelente oportunidade para o PS ir buscar a maioria orgânica de que precisa para disputar as legislativas de 2015 com força suficiente para pedir e obter uma maioria absoluta, ou, se esta não for alcançada, poder promover uma coligação com o CDS pós Portas e com o PSD pós Coelho, numa espécie de grande coligação sem comunistas, nem o exangue Bloco.

Aos meus amigos socialistas que não desesperaram dou um conselho: arregacem as mangas no interior do PS, promovendo a abertura desta agremiação doente à sociedade em geral, e aos espíritos livres e ansiosos por ajudar o país a sair desta enorme crise, em particular.

Temo que não chegue, e por isso insisto na necessidade de promover uma Plataforma Eleitoral Independente (formalmente e por necessidade legal, um partido) capaz de andar mais depressa na formulação de ideias e na promoção de consensos e bom senso entre os setores ativos da sociedade.

No entanto, e para já, anotar estas declarações de Álvaro Beleza:

AB: "No PS já introduzimos eleições primárias para escolher o líder. O fenómeno dos independentes, que eu prefiro chamar de não filiados, tem a ver com o fechamento dos partidos. É preciso primárias nos partidos, limite de mandatos não só para os presidentes de câmara e reformas do sistema eleitoral. Temos de introduzir em Portugal círculos uninominais com limite de mandatos, um círculo nacional que permita a representatividade dos pequenos partidos e a obrigatoriedade de os membros do governo serem deputados. E é preciso transparência no exercício dos cargos."

AB: "O IRC é um imposto estúpido. Temos de ser competitivos com a Irlanda e Espanha. E para podermos baixar a carga fiscal, temos de ter um Estado mais eficaz, que gaste o que tem para gastar, e aí é essencial a reforma estrutural do Estado."

AB: "...para que é que existe um Ministério da Justiça? Tem de haver separação de poderes. Devia ter um orçamento à parte do orçamento legislativo e do governo - é assim nos EUA. E devia ser gerido pelo Conselho Superior de Magistratura. Têm de ter autonomia total, não é o governo a passar os cheques dos magistrados."

AB:  "...o Orçamento do Estado não pode financiar grupos privados que vivem dele, em grande medida, de forma indirecta. Isso é moralmente inaceitável quando não há meios financeiros para os hospitais públicos. Mas terá de ser gradual para não prejudicar funcionários públicos e não liquidar os grupos e hospitais privados. O PS tem defendido essa separação, e também nesta questão da ADSE não voltámos atrás."

AB: "Não valemos só pelo que somos neste rectângulo e temos de jogar esse peso todo. Tem de haver mais articulação com o mundo da lusofonia, temos de apostar como a Inglaterra faz com a Commonwealth. Portugal tem muitas semelhanças com a Inglaterra. A Alemanha nunca foi nossa aliada, nunca tivemos nada a ver com a Alemanha. A Europa está a ser comandada por uma potência continental fechada que não tem a visão alargada de outros, como Portugal e Inglaterra, que já foram impérios marítimos. Infelizmente, temos uma chanceler alemã que é muito tacanha, muito dona de casa. Dentro da União Europeia, temos de buscar aliados para falar de outra maneira com os alemães. Mas para isso é preciso outro governo, com outra credibilidade."

AB: "Portugal é um país periférico na Europa, mas central no Atlântico. Temos um porto de águas profundas, como o de Sines, que é a cara da Europa. Temos de apostar nas Américas, África, na lusofonia (que é a nossa área natural de influência), e ter aqui uma estratégia de crescimento nas exportações através da indústria. No porto de Sines só falta a ligação à Europa por via ferroviária, que este governo suspendeu, mas é estratégica.

i: Um país sob assistência deve fazer esse investimento?

AB: “Podia não se fazer tudo, mas fazer devagar. Custa imenso ver o TGV em Espanha; na Europa, só este rectângulo é que não vai ficar dentro da linha de alta velocidade. Foram mais troikistas que a troika. Não tinham de interromper as obras, tinham de fazer mais devagar, podiam alterar o projecto para ser mais barato."

Sim, a estratégia de proteção e projeção política e económica da nossa soberania passa pelo regresso ao Atlântico, pela Lusofonia, pelas relações com a China, com a Índia e com o Japão, e pela força da diáspora portuguesa no mundo. Portugal deve posicionar-se como uma uma plataforma diplomática e como uma zona frana europeia aberta ao mundo, queira a tia Merkel ou não1

Num ponto mais Álvaro Beleza tem razão: "...hoje a geração do Sérgio Sousa Pinto, Pedro Nuno Santos e João Galamba é mais representativa do eleitorado jovem do que o BE. Entramos bem nesse eleitorado."


NOTAS
  1. “Seguro escolheu o lado direito do poder”, diz Semedo (Público, Teresa Camarão 12/10/2013 - 22:22)

    O Bloco, imprestável para o PS, e imprestável para o PCP, na realidade já não existe. A tarefa do PS agora é atrair para a sua órbita os melhores quadros (que são poucos) da balbúrdia que sempre foi o Bloco resultante de uma turma quadrada de revisionistas do estalinismo soviético, do estalinismo chinês e do trotsquismo mandeliano. Francisco Louçã lá se reformará como professor emérito de uma economia que desconheço.

Última atualização: 13 out 2013, 09:04 WET

sexta-feira, outubro 11, 2013

O embuste do novo aeroporto (epílogo)

Imagem publicada em 2005 ilustrando uma das nossas muitas denúncias do embuste chamado NAL

Quem faliu Portugal foi quem o roubou

A Vinci deu esta semana indiretamente razão a um documento entregue na Associação Comercial do Porto ao então ministro das obras públicas e transportes, Mário Lino. O ministro e muita da imprensa e televisão à época não levaram a sério o documento, nem o que a Blogosfera foi incessantemente escrevendo e avisando sobre este assunto. Foi no entanto possível manter o poder político sob uma chuva de argumentos de tal modo ponderada e ao mesmo tempo cáustica que o resultado acabaria por ser um bloqueio eficaz ao embuste que ameaçou aumentar ainda mais a catastrófica dívida pública portuguesa, e o desastre monumental que teria sido deixar Lisboa sem um aeroporto de proximidade.

A Vinci anunciou, oito anos depois daquela data, que só irá pensar 'na possibilidade' de um Novo Aeroporto em Lisboa lá para 2025, pois a Portela ainda tem capacidade para receber 25 milhões de passageiros.

A pergunta sacramental é esta: quem foi responsável por tamanha incompetência e delapidação de dinheiro público? Foram gastos centenas de milhões de euros em estudos! De que estamos à espera para investigar os responsáveis e levá-los a julgamento?

Segue, para memória futura, o resumo do documento elaborado por Rui Rodrigues para a Associação Comercial do Porto, entregue a Mário Lino em maio de 2006.


ARGUMENTOS EM DESFAVOR DA OTA

  1. O Governo pretende construir um novo aeroporto sem que exista uma política aeronáutica.
  2. Condicionou-se o traçado da nova rede de AV e VE à localização da Ota. Daqui resultou uma má opção, porque a Ota não se concilia com essa rede.
  3. Projecta-se construir um aeroporto sem saber como efectuar as ligações ferroviárias de bitola europeia a Lisboa e ao Porto nem como o TGV vai entrar em Lisboa e atravessar o Porto.
  4. A Ota é uma escolha errada do ponto vista da logística, pois fica longe de Lisboa e dos portos marítimos e não se coordena com a restante rede de infra-estruturas.
  5. Para construir o aeroporto vai ser necessário executar terraplanagens de 50 milhões de metros cúbicos, o que corresponde ao volume de um paralelepípedo com uma base igual à área de um estádio de futebol e altura de 5000 metros.
  6. Por razões de geotecnia e topografia muito desfavoráveis, a construção do aeroporto na Ota será mais onerosa do que numa região plana. Este aumento vai implicar que as taxas aeroportuárias cobradas sejam mais elevadas para recuperar o investimento inicial, o que tornará o aeroporto pouco competitivo.
  7. O argumento invocado, segundo o qual o projecto tem que avançar desde já para aproveitar os fundos comunitários, não tem sentido, pois o aumento dos gastos, devido à localização em causa, é muito superior ao que iria ocorrer comparativamente ao de uma região plana.
  8. O Governo vai ficar só com os aeroportos que serão um encargo para o Orçamento do Estado, agravando ainda mais o défice.
  9. Se for aplicada à Ota a mesma taxa de crescimento que justifica a saturação da Portela, também o aeroporto da Ota estará condicionado à saturação ao fim de apenas 12 anos.
  10. Na escolha da localização do novo aeroporto deu-se prioridade a razões ambientais em detrimento da navegação aérea e fiabilidade. Se os critérios ambientais fossem os prioritários, então a melhor opção seria manter a Portela e nada construir.

ARGUMENTOS A FAVOR DA PORTELA

  1. A Portela funciona desde 1942 e a experiência demonstra que as condições meteorológicas e de navegação aérea são muito favoráveis, pois permitem que seja utilizado durante os 365 dias do ano.
  2. A Portela tem excelente fiabilidade, pois é raro encerrar. Segundo a Association of European Airlines, ocupa o 5º lugar da tabela dos aeroportos europeus em pontualidade.
  3. A Portela tem muito melhores condições meteorológicas e de navegação aérea que um hipotético aeroporto na Ota.
  4. A Portela permite receber todo o tipo de aviões e garante uma capacidade de 40 movimentos/hora (aterragens + descolagens) enquanto que a Ota só terá capacidade para 44 a 72 movimentos, mas em condições mais desfavoráveis que a Portela.
  5. O Turismo de Lisboa depende da fiabilidade da Portela e da sua proximidade do centro da Capital e da maioria dos hotéis ali existentes.
  6. Na região da Grande Lisboa existem poucos locais para construir um novo aeroporto. Fechar a Portela seria o mesmo que encerrar definitivamente o porto de Lisboa.
  7. A Portela é rentável e, actualmente, os seus lucros financiam outros aeroportos nacionais que dão prejuízo.
  8. O elevado custo do petróleo e os baixos crescimentos do PIB em Portugal e na U.E vão implicar um menor crescimento do tráfego na Portela.
  9. Relativamente ao transporte de carga, a Portela regrediu para valores de há 10 anos, devido à crise económica.
  10. A prioridade para Portugal nos próximos 10 anos é a construção de uma nova rede de bitola europeia e não um novo aeroporto. A transferência de passageiros para a rede de bitola europeia, irá retardar a saturação da Portela em vários anos.

quinta-feira, outubro 10, 2013

E depois do TGV?


Steam Train from Misha Werder on Vimeo.

Como evitar que Portugal se transforme numa ilha ferroviária

Paris pressiona transportadores a registarem-se para pagarem a ecotaxa

O Governo francês já terá avisado os seus congéneres europeus para a necessidade de os transportadores rodoviários que circulem em França se registarem a tempo de pagarem a ecotaxa, a partir de 1 de Janeiro de 2014. Transportes e Negócios, 10/10/2013.

Enquanto os cães ladram e as cagarras grunhem, no parlamento, nos ministérios e nas televisões, a nova rede ferroviária europeia de bitola UIC avança em Espanha. No Portugal dos Pequenitos, como se sabe, o governo do Jota Passos de Coelho entregou a massa do QREN, reservada para a ligação Poceirão-Caia, à TAP (via Parpública). Agora nem conseguem impingir a TAP (que não souberam reestruturar a tempo, como sempre defendemos neste blogue), nem terão em breve comboios que cheguem a Espanha e à Europa. Ao contrário do que certamente pensa o adiantado mental que inventou o aeromoscas de Beja, os contentores não viajam de avião! E é claro também que com piratas destes, só há uma solução: levar as viúvas para a Ponte 25 Abril, com a segurança do PCP à frente, e esperar que se atirem da ponte abaixo :(

El Corredor Mediterráneo avanza, tras veinte meses de trabajo y 3.438 millones de inversión

La ministra de Fomento, Ana Pastor, afirmó ayer en el Congreso que el Corredor Mediterráneo ha pasado de ser un proyecto a ser una realidad en marcha, tras veinte meses de trabajo y un presupuesto de 3.438 millones de euros. Pastor repasó las principales actuaciones que se han desarrollado y que se están desarrollando en el corredor ferroviario, que se han centrado en la implantación de ancho estándar internacional y en los accesos a los puertos. Via Libre, 10/10/2013.


Portugal: linha da Beira Alta

Transcrevo, a propósito da rápida evolução em curso dos cenários do transporte aéreo e ferroviário, ambos assustadoramente letais para a corrompida e desmiolada política de transportes do Bloco Central da Corrupção, três mensagens inteligentes que me chegaram à caixa de correio há algumas horas atrás.

Faço-o com a melhor intenção de ajudar o imprestável Sérgio das PPP a fazer alguma coisa de jeito.

Email n.1

Caro Engenheiro,

Não sendo necessário a organização de nenhum Congresso, ora ai está a prova mais do que evidente de que Sines foi relegada para 3º plano. Na prática, em termos europeus, Sines simplesmente não existe, sendo eclipsado por Cadiz, Algeciras e Huelva, portos ligados entre si através de bitola UIC a Madrid e à Europa.

Anda a Refer do Soldador a aplicar travessa de dupla fixação na modernização da linha entre Tavira e Vila Real de Santo António, quando já devia de estar a fazer o mesmo na linha da Beira Alta, pois se a linha Poceirão-Caia foi adiada para as Calendas Gregas, a alternativa sofrível será a linha da Beira Alta, voltando mesmo à sua configuração de origem, ou seja, Figueira da Foz - Cantanhede - Pampilhosa - Guarda - Vilar Formoso.

Em termos do transporte de passageiros de e para a linha da Beira Alta, a melhor alternativa será o transbordo em Pampilhosa, situação que dado o estado de degradação a que se assiste ao nível do material circulante, é um cenário mais do que provável para os próximos tempos: tráfegos de passageiros a rebaterem sobre a linha do Norte.

Outras mercadorias em bitola ibérica têm como alternativa (enquanto houver bitola ibérica do lado de Espanha) a linha do Leste.

Se a nível das responsabilidades a ADFER é o que todos sabemos, já o mesmo não se pode esperar do "governo". Contudo são deliciosas (e criminosas) as entrevistas do Soldador. Pessoalmente essas entrevistas são inspiradores-. Lembram-me aquele filme: As sandálias do soldador.

Que diacho de valor acrescentado tem a linha do Algarve! Será que vão fazer uma ponte ferroviária entre Vila Real de Santo António e Ayamonte, e malta nem sonha? será que os espanhóis vão reabilitar a linha de Ayamonte a Huelva? É bem capaz de ser exactamente isso. Como Espanha vai, em sonhos do lado de cá, reabilitar esse troço de via, então toca de aplicar travessas de dupla fixação em linhas onde nem existe electrificação e as velocidades não excedem os estonteantes 60 km/h.

Conhecerão os entendidos outra alternativa que não esta? Desculpe fazer de si quase a "reserva da nação", pois eu estou mais virado para aviação.

Email n.2

Caro Engenheiro,

Na verdade e dado o estado em que se encontra o assunto do lado de cá, e tendo presente os desenvolvimentos em Espanha, que tem vindo a dar prioridade absoluta a todas as ligações em UIC salvo a de Badajoz-Poceirão (por causa dos malucos portugueses), a única solução expedita que nos resta para mitigar este enorme problema, é mesmo reconverter a linha da Beira Alta para a bitola UIC. O traçado da via é "moderno" e pode ser inclusivamente melhorado para nele circularem comboios de pendulação activa, com velocidade máxima potencial até 250Km/h.

Do mal ou menos, fica-se com uma linha até ao mar (Figueira da Foz), aproveitando-se os vários feixos de linhas para comboios de mercadorias,  criando-se entretanto "portos secos" em vários pontos da linha da Beira Alta. 
A linha da Beira Alta poderá, aliás, ser duplicada, favorecendo assim a segurança e aumentando a capacidade do número de comboios.

No estado de subdesenvolvimento em que tudo isto se encontra, esta alternativa é perfeitamente executável para além de económica (peanuts). Para mais, a linha da Beira Alta está considerada nos corredores europeus para efeitos de financiamento. Em vez das pessoas mudarem de comboio na Pampilhosa, poderão fazê-lo em Coimbra-B, sendo necessário para isso a construção de apenas 21 km de linha em bitola UIC.

Quanto ao transporte de passageiros, a maioria da malta dirige-se a Coimbra e não a Lisboa. Serão assim muito poucos aqueles que terão que fazer a mudança de comboio na Pampilhosa ou eventualmente em Coimbra-B.

É igualmente claro que, puxando a linha para norte, fica numa segunda fase servido o porto de Aveiro com bitola UIC.

Relativamente à manutenção do material ferroviário em bitola UIC, a CP ainda dispõe (apesar de encerradas) oficinas na Figueira da Foz.

É o que há!

Email n.3

Caro Engenheiro,

[...] com os governos dos vários países a penalizarem fortemente o transporte rodoviário de mercadorias, os países periféricos têm, a muito curto prazo, que encontrar soluções e no mínimo lançar mão de soluções expeditas, evitando que as mesmas comprometam a segurança.

No caso concreto, a linha da Beira Alta está a precisar de uma intervenção pesada, pois em zonas de difícil drenagem de águas a plataforma da via começa a apresentar alguns problemas com implicação na regularidade das circulações.

Por outro lado, quando ficou terminada a sua modernização, apenas por falta da montagem de algumas balizas para o CONVEL é que essa linha não ficou apta para a circulação de CPA.

Por muitas voltas que se dêem não me parece que existam outras alternativas. Assim, a opção de modernizar a linha do Minho não se me afigura de grande retorno para o país. Mais cedo ou mais tarde a linha da Beira Alta terá de ser modernizada para UIC. A sua duplicação poderá realizar-se numa segunda fase.

A tão propalada falta de recursos financeiros não poderá, quanto a mim, ser argumento suficiente para que não sejam estudadas soluções.

Agora que a questão da Ota na Ota ou da Ota em Alcochete está adiada lá para 2030 ou mais, é tempo de o caminho de ferro fazer lóbi inteligente no sentido de iniciar a sua reconversão.

Uma linha da Beira Alta em UIC implica novo material circulante (poderá ser da Renfe), dando outra folga à circulação do vetusto material em bitola ibérica. Ligações entre Coimbra - Salamanca - Paris (Madrid) serão pois possíveis, isto claro, desde que se estude um cronograma sério.

Havendo fundos comunitários disponíveis, os quais já foram certamente negociados e atribuídos, os custos desta modernização são peanuts. Na sua configuração inicial (Figueira da Foz - Vilar Formoso) esta linha tem 252km. A electrificação está feita, o CONVEL pode ser mudado para RTMS, crie-se, pois, espaço para cruzamento de comboios com 750m, e estenda-se a linha em 21km até Coimbra-B.

Com o máximo de 4 unidades de passageiros (a 160 km/h) fica garantido todo o tráfego de passageiros, mas não para se atrapalharem umas às outras, deixando-se pois espaço canal para os comboios de mercadorias.

É claro que tal acção não será bem vista por Espanha, dado colocar em causa a rentabilização do porto seco de Salamanca. Espanha espera que Portugal contribua para a rentabilização deste seu investimento...

Modernização da linha da Beira Alta.

Na rodovia que rodeia essa linha, como a carga de passageiros é o que é (exígua), as obras poderão ser realizadas durante o dia. O transporte de mercadorias é canalizado para a Linha do Leste enquanto os espanhóis não encerram a bitola ibérica em Badajoz. Este último facto é determinante em termos de tempo disponível para a realização da obra.

Do acima, gostava de conhecer a sua avalizada opinião, nomeadamente no que diz respeito à volta que ainda nos é dada na linha do Leste, pois caso contrário lá teremos que andar a pensar em vias algaliadas pela linha da Beira Alta, o que representa mais custos e o risco de se passar o que se passou com o Alvia em Santiago de Compostela (duas bitolas, 2 ou 3 sistemas de sinalização/ cantonamento...)

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Última atualização: 11 out 2013, 10:44 WET

O atavismo deste regime

Marine Le Pen não é a velha extrema direita. É a nova!
O Bloco Central da Corrupção, no poder em Portugal há décadas, é uma ponte sem obstáculos para um regresso a novas formas de ditadura.

Marine Le Pen: “Sim, estou pronta para o Eliseu.” ANSAmed

O que está a ocorrer em França, isto é, o colapso financeiro, económico, social e cultural de uma democracia burguesa demasiado distraída, 'politicamente correta' e laxista, cuja tradução política é a vantagem nas sondagens do partido de extrema direita de Marine Le Pen nas próximas eleições europeias, vai seguramente ocorrer em Portugal assim que os efeitos da inevitável reestruturação da nossa imparável dívida pública começarem a rebentar sem cerimónias o tecido social do país.

As iniciativas aventureiras do falso operário Arménio Carlos e do PCP, infelizmente, irão acelerar, e não atrasar, a emergência de propostas populistas para sairmos de uma crise que até as viúvas ameaça atirar ao lixo.

A criação em Portugal de uma Plataforma Eleitoral Independente, unida em volta de um programa básico de refundação constitucional da nossa democracia, evitará a emergência de perigosos e incontroláveis populismos, de esquerda, primeiro, e de direita, depois, ao virar da esquina da inevitável reestruturação da nossa dívida pública.

Mais liberdade, melhor representatividade democrática, introdução de referendos locais, regionais e nacionais sobre um conjunto de matérias claramente explicitadas na nova Constituição, menos burocracia, fim da partidocracia vigente, fim do rentismo económico, são algumas das traves mestres da Plataforma Eleitoral Independente (PEI) que é preciso criar quanto antes entre todos os democratas que já concluíram que o regime falido que temos não tem emenda se não mudarmos os protagonistas.

Muitos perguntarão onde está a base social de um novo movimento de massas nacionalista em Portugal. A minha resposta é clara: nos partidos instalados no parlamento, nas administrações e empresas públicas, nos desempregados sem qualificações, nas centenas de milhar de cidadãos atirados ao lixo por este imprestável regime.

Quem poderá financiar tal movimento? Os de sempre, a começar pela banca portuguesa e pelas velhas e novas famílias rentistas e devoristas ameaçadas pela lógica intrínseca da União Europeia.

O meu apelo é claro: formemos uma Plataforma Eleitoral Independente, já!

quarta-feira, outubro 09, 2013

Camarada Arménio

foto: JOSE MANUEL RIBEIRO/Reuters

Afinal o que o Arménio Carlos quer é negociar!

Ou seja, fazer um número para a plateia em vésperas da discussão do Orçamento. Sendo assim, porque não convoca a manif para fora e para dentro da Assembleia da República? Não cabem todos? A Assunção manda evacuar? Da última vez a coisa escapou-se-lhe das mãos porque havia sindicalistas a apedrejar o parlamento? Pois, isto não é tudo nosso!

Imagine o senhor Arménio que um manifestante exaltado resolve atirar-se da ponte abaixo. Está preparado para isso?

Você passa a pé na Ponte 25A no dia a dia? Não. Porque será? Você anda a pé pela linha do Metro? Não. Porque será? Você passeia-se pelas pistas do aeroporto de Lisboa? Não. Porque será? Você calcorreia a A1 com a família ? Não. Porque será?

Uma coisa é o direito à manifestação, outra muito diferente é passar a ideia ao país de que os sindicatos mandam no que querem, o que querem, como querem e quando querem. Não é assim!

Além do mais a sua demonstração sindical não tem nada de sindical, nem tem que ver com os interesses dos trabalhadores, dos desempregados e muito menos da mais de uma centena de milhar de portugueses que emigraram desde 2008.

A sua manifestação, quer dizer, a demonstração de força do PCP por intermédio da CGTP, é puramente política. E é muito corporativa, destinando-se a defender uma aristocracia e uma burocracia que trabalham essencialmente para o Estado. Pouco mais é do que isto, meu caro Arménio.

Tenha, pois, juízo e comece a pensar nos trabalhadores. Mas a sério!

O argumento da maratona

Nas maratonas não costuma haver incidentes violentos, nem provocadores, como aquele que ocorreu junto à Assembleia da República numa manifestação da CGTP, lembram-se?

Mas depois do que ocorreu na Maratona de Washington, seria da mais elementar prudência que não se fizessem mais maratonas com travessias sobre as grandes pontes do país...

Além do mais não me agrada nada a conversa sobre a segurança que a CGTP promete entre portas, num estado de direito!

Supostamente a CGTP e o PCP garantem às suas manifs 'segurança'. Viu-se o que aconteceu junto à Assembleia da República em novembro de 2011! Será que a CGTP pagou os prejuízos causados por esta manif que lhe foi autorizada? Os seus gorilas estão autorizados a fazerem segurança? Sob que regime jurídico? Nada disto faz sentido, e é tempo de acabarmos com a ideia de que a rua é do PCP e do Bloco de Esquerda!

ÚLTIMA HORA!

Câmara de Lisboa diz-se incompetente para autorizar a manifestação da CGTP
Jornal de Negócios, 09 Outubro 2013, 17:50.

António Costa (não disse, mas podia ter pensado): Porra! Eu quero é ir para Belém! E se o António Maria tem razão e alguma viúva desesperada se atira da ponte abaixo?!!!

Última atualização: 9 out 2013, 20:35 WET