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terça-feira, setembro 23, 2008

Crise Global 24

O colapso da América V

Dollar May Get `Crushed' as Traders Weigh Up Bailout

Sept. 22 (Bloomberg) -- Treasury Secretary Henry Paulson's plan to end the rout in U.S. financial markets may derail the dollar's three-month rally as investors weigh the costs of the rescue.

The combination of spending $700 billion on soured mortgage-related assets and providing $400 billion to guarantee money-market mutual funds will boost U.S. borrowing as much as $1 trillion, according to Barclays Capital interest-rate strategist Michael Pond in New York. While the rescue may restore investor confidence to battered financial markets, traders will again focus on the twin budget and current-account deficits and negative real U.S. interest rates.

"As we get to the other side of this, the dollar will get crushed," said John Taylor, chairman of New York-based International Foreign Exchange Concepts Inc., the world's biggest currency hedge-fund firm, which manages about $15 billion.

A tentativa de tomada de assalto do Congresso americano por parte dos comandos de Wall Street, Henry Paulson, secretário do tesouro do governo de George W. Bush, e Ben Bernanke, presidente do FED (cartel bancário dos Estados Unidos), está a fracassar:
  • Obama, Pelosi e McCain pediram tempo para pensar e querem matizar os contornos mais escandalosos da cedência de soberania exigida por Bush, Paulson e Bernanke, retirando deste modo o efeito de surpresa pretendido;
  • a percepção da monumental burla em preparação despertou grande desconfiança junto do povo americano e de segmentos importantes dos seus protagonistas económicos e financeiros;
  • a noção dos custos que teria para o mercado e para a economia uma operação de tão descomunal endividamento e intervencionismo económico-financeiro, fez cair de novo e a pique Wall Street e o dólar, provocando ao mesmo tempo a maior subida de sempre, num só dia, do preço do petróleo;
  • a chanceler alemã, Angela Merkel, rejeitou de forma cortante as pressões de Paulson no sentido de obter uma ajuda financeira internacional imediata na ordem do bilião de dólares (10E12), e de levar a Europa e o Japão, pelo menos, a adoptar planos semelhantes ao seu
  • o Japão, através do Mitsubishi UFJ Financial Group Inc., não se importa de comprar 20% do Morgan Stanley, mas o governo japonês não está na disposição de esmifrar ainda mais a sua população para salvar aventureiros americanos;
  • o espectro de uma Grande Recessão está às portas da América, havendo as maiores expectativas quanto ao filme dos acontecimento até à próxima Sexta Feira, data-limite para uma resposta atempada ao Ultimatum do Governo e do FED.
  • na ordem político-militar as coisas também são cada vez mais inquietantes: enquanto os agressores do Pentágono se preparam para intensificar as provocações ao Paquistão, navios de guerra topo de gama russos, entre eles o cruzador nuclear Pedro O Grande, largaram hoje (22-09) do porto de Severomorsk, no Árctico, em direcção à Venezuela.
Como pano de fundo de toda este desconforto mundial relativamente à crise está a consciência crescente de que o cerne do problema não foi, nem é a crise hipotecária, i.e. o tristemente célebre Subprime, mas sim, por um lado, a descomunal dívida americana, e por outro, a "iliquidez" cada vez mais visível e irremediável da monstruosa dívida acumulada nos chamados mercados de derivados, de que os obscuros veículos de titularização de dívidas, a que se deu o nome de CDS (Credit Default Swaps), corresponde já ao impensável valor de 64 biliões de dólares (64 000 000 000 000). Qualquer coisa parecida com duas vezes o valor do mercado bolsista americano, ou o valor do PIB mundial: 65 610 000 000 000 USD (2007.) Este buraco negro da globalização está prestes a sugar uma boa parte da economia mundial. A implosão já começou. E começou nos Estados Unidos. As sereias que sopram diariamente a ilusão de que a coisa ficará por lá, não afectando a Europa e o resto do planeta, não passam de mentirosas compulsivas enviadas pelos deuses para nos arruinar.

Mortgages are the least of our problems. Think CDSs

This post suggests that Hank Paulson’s wrong analysis of the crisis has led him to a wrong solution: bailing out the mortgage-related securities of banks, when the debt crisis for banks is a much, much bigger one. Instead he should ban housing evictions and bail out homeowners and small businesses. Banks’ real problems lie with the $60 trillion market of so-called Credit Default Swaps.

Neo-liberal, conservative economists are fond of blaming this crisis on ‘the housing market’. This way they avoid blame being laid at the door of financial de-regulators (central bank governors, finance ministry officials and elected politicians) or indeed of the finance sector. Instead the blame can be laid on those that took out mortgages, in particular those poor, desperate people in the ’sub-prime’ sector, for this crisis. We must not internalise this propaganda. It was not the housing bubble that caused this crisis, it was the credit bubble. And the private finance sector, encouraged by politicians and central bankers, created the credit bubble.

... A much bigger problem are their other ‘deriviatives’ notably Credit Default Swaps or CDSs.

Credit Default Swaps are not swaps at all, but a form of insurance that has escaped the regulatory radar, and which we understand is not properly underwritten or guaranteed, or collateralised. Banks used this dodgy insurance, to insure their borrowing - and then had that borrowing (or debts) Triple A-rated by rating agencies such as Standard and Poor’s. These then became ‘assets’ and were sold to e.g. pension funds as very safe investments. This spread the leveraged borrowing and the vast liabilities far and wide. Such is the mess these banks, hedge funds and other financial institutions - and pension funds - are in.

... “The CDS market exploded over the past decade to more than $45 trillion in mid-2007, according to the International Swaps and Derivatives Association. This is roughly twice the size of the U.S. stock market (which is valued at about $22 trillion and falling) and far exceeds the $7.1 trillion mortgage market and $4.4 trillion U.S. treasuries market, notes Harvey Miller, senior partner at Weil, Gotshal & Manges. “It could be another — I hate to use the expression — nail in the coffin,” said Miller, when referring to how this troubled CDS market could impact the country’s credit crisis.” (March Time Magazine)

Nowadays, the value of this CDS market is reckoned to be much higher: in the region of $64 trillion plus. Compared to the $700 billion he is demanding to bail out the banks, this is truly ‘funny money’. America would be much better off if Paulson and Bush banned housing evictions and used the $700 billion to write off the debts of ordinary homeowners and small businessmen and women in the real, productive economy. -- Debtonation.

As autoridades portuguesas e os políticos do Bloco Central têm vindo a reiterar que Portugal está fora do círculo de fogo do actual colapso financeiro internacional, pois não andaram, nem andam metidos com produtos tóxicos oriundos do casino global da especulação financeira. É falso! Leiam com atenção o que retirei do sítio do Millennium BCP e ficarão a saber que tanto o Estado português, como os sectores bancário e financeiro não regulamentado (as ditas Sociedades de Titularização de Créditos) portugueses têm os ossos encharcados de operações de milhares de milhões de euros, cujo paradeiro e saúde desconhecemos em absoluto. Pelo caminho, lendo atentamente as explicações da operação "Caravela", ficarão a saber um pouco mais sobre um veneno financeiro 100 vezes mais perigoso do que o Subprime. Chama-se CDS!

"O Millennium investment banking tem mantido uma participação activa em operações de securitização em Portugal e no estrangeiro.

"Em Novembro de 2006, o Millennium investment banking foi Lead Manager, conjuntamente com a UBS Limited e o Deusche Bank, da Kion Mortgage Finance plc, a primeira operação de securitização de crédito hipotecário (Residential mortgage-backed securities) lançada pelo Millennium Bank, na Grécia (então NovaBank). A operação, no montante de 600 milhões de euros, constituiu a primeira operação do género realizada por uma subsidiária de um banco português na Grécia.

"Em Julho de 2006, o Millennium investment banking liderou, conjuntamente com o ABN AMRO e a Merrill Lynch International, a Magellan Mortgages No4, uma operação de securitização de crédito hipotecário, no montante de 1500 milhões de euros.

"Em 2005, o Millennium investment banking (então Millennium bcp investimento) foi Líder Conjunto da Magellan Mortgages nº 3, a terceira securitização de créditos hipotecários originados pelo Millennium bcp.

"Em 2004, o Millennium investment banking (então Millennium bcp investimento) foi responsável por duas operações inovadoras: Explorer 2004, a primeira titularização do Estado Português, e Promise Caravela 2004, a primeira titularizaçãoo sintética realizada em Portugal." -- in BCP Investimento.


Explorer 2004: A primeira Titularização do Estado Português


Em Abril de 2004, o Millennium bcp investimento foi Líder Conjunto da transacção Explorer 2004 - Sagres Sociedade de Titularização de Créditos, S.A., que consistiu na titularizaçãoo de dívidas em incumprimento, à Segurança Social e ao Fisco.

O Explorer 2004 foi a primeira operação de titularização de créditos originada pela República Portuguesa, com o montante total da emissão a ascender a 1 663 milhões [euros].

As obrigações foram distribuídas por um vasto e diferenciado leque de investidores internacionais.

Esta foi também a primeira titularização de créditos vencidos (Non Performing Loans - NPLs) originada em Portugal, e tratou-se ainda da primeira operação originada em Portugal, em que se utilizou uma Sociedade de Titularização de Créditos (STC).

Nesta transacção, a cedência do portfolio de créditos relativos a dívidas ao fisco é efectuada através da Direcção Geral de Impostos, enquanto que a entidade cedente dos créditos respeitantes a dívidas à Segurança Social é o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social. -- in BCP Investimento.


Promise Caravela 2004: A primeira titularização sintética realizada em Portugal

Tratou-se da primeira securitização sintética realizada em Portugal, consistindo na venda, pelo Banco Comercial Português, S.A., do risco de crédito associado a uma carteira de empréstimos de curto e de médio/longo prazo, concedidos a empresas (na sua grande maioria Pequenas e Médias Empresas à luz dos critérios internacionais), no montante total de 3,5 biliões [de euros].

A operação foi efectuada no âmbito do Programa PROMISE, desenvolvido pela Kreditanstalt fur Wiederaufbau (KfW) com o objectivo de promover em conjunto com Instituições de Crédito locais o desenvolvimento do segmento das Pequenas e Médias Empresas. Saliente-se que foi a primeira vez que esta plataforma foi utilizada fora da Alemanha e Áustria.

A transferência de risco foi efectuada em termos finais para investidores especializados, através do mercado de capitais e do mercado de credit default swaps sendo maioritariamente suportada pela contratação pelo Millennium bcp de um credit default swap (CDS) com a KfW. Acresce que uma parte do risco não coberto por este CDS foi transferida pelo Banco, ao abrigo de um outro CDS negociado com uma outra entidade.

A KfW, por seu lado, fez a cobertura do risco que assumiu (i) contratando com outras entidades, especializadas neste tipo de operações, um conjunto de CDSs de diferentes níveis de risco/senioridade e (ii) emitindo Credit Linked Notes, que, por sua vez, foram adquiridas por um Special Purpose Vehicle (SPV) - o Promise Caravela, Plc que, para financiar a compra deste activo e assegurar a pretendida transferência do respectivo risco de crédito, emitiu várias classes de obrigações com rating, que foram colocadas, no mercado internacional, junto de investidores institucionais [leia-se fundos de investimento, fundos de pensões, etc.]

Esta transacção, liderada conjuntamente pelo Millennium bcp investimento, pelo seu carácter inovador e pela sua dimensão, demonstrou uma vez mais o papel pioneiro, a nível europeu, do Grupo Banco Comercial Português em operações de titularização de créditos.

Post scriptum
-- As autoridades americanas anunciaram entretanto (após a publicação deste post), a sua intenção de regular o monstro quase desconhecido e virtualmente incontrolável que é o mercado dos CDS. O desastre financeiro prossegue, porém, como um terramoto: as bolsas continuam a cair, o petróleo e os alimentos voltam a subir, fazendo disparar a inflação. Esta comerá, nomeadamente, parte significativa dos rendimentos dos pensionistas, cujos investimentos em acções e programas de poupança-reforma estão seriamente ameaçados pela actual crise.

Ouvi Cavaco Silva esta noite, em declarações à TSF (creio), referir o impacto negativo que os produtos tóxicos da especulação financeira desregrada irão ter ainda nas economias mundiais, incluindo obviamente a portuguesa. Os distribuidores de torradeiras (perdão, computadores) "Magalhães", que andaram ontem pelo país, numa autêntica orgia de populismo autárquico, devem ter ficado com as orelhas a arder!

Credit Swaps Must Be Regulated Now, SEC's Cox Says
By Jesse Westbrook and David Scheer

Sept. 23 (Bloomberg) -- U.S. Securities and Exchange Commission Chairman Christopher Cox said Congress should ``immediately'' grant authority to regulate credit-default swaps amid concern the bets are fueling the global financial crisis.

``Neither the SEC nor any regulator has authority over the CDS market, even to require minimal disclosure,'' Cox told the Senate Banking Committee today at a hearing on the government's $700 billion financial rescue plan. Lawmakers should provide the authority ``to enhance investor protection and ensure the operation of fair and orderly markets,'' he said.

Calls for greater regulation of the $62 trillion market have grown since the U.S. took over American International Group Inc. Sept. 16 and gave the New York-based insurer an $85 billion loan to cover obligations at a unit that sold protection on securities through credit-default swaps. The AIG subsidiary was required to post collateral against more than $400 billion of contracts after its credit rating was downgraded.

Credit-Default Swaps Move Closer to Regulation With N.Y. Plan

(Bloomberg) -- New York State's proposal to start regulating part of the credit-default swaps market may accelerate oversight of an industry blamed for helping to almost bring down the U.S. financial system.

OAM 441 23-09-2008 02:27 (última actualização: 24-09-2008, 02:23)

quarta-feira, setembro 28, 2011

Biomassa em vez de barragens

A floresta sustentável é uma alternativa

A EDP tem uma dívida acumulada 3x maior do que a da Madeira e igual ou superior à dívida conjunta de todo o sector público de transportes!!!


A gestão sustentável do Pinheiro Bravo é uma alternativa ao descalabro barragista

Out of the woods? Rural Europe (re)turns to forests as main energy source

Wood is already the most widely-used source of renewable energy in Europe, but the European Commission is looking at additional measures to help rural regions seize their potential for power from biomass.

Forests cover more than 155 million hectares (37%) of the EU27's land area and a further 21 million hectares is covered by other wooded land.

However, the Commission believes there is a clear potential to intensify forests' energy utilisation as only up to 70 % of the annual forest growth being harvested, with some 42% being used for energy.

In addition, wood burning is considered to be largely carbon neutral if forests are cultivated in a sustainable way, making it an environmentally-welcome alternative to oil and coal in rural areas.

Another advantage of biomass is that it may be directly stored and drawn upon for use at any time, unlike wind or solar electricity that need to be consumed directly or converted in order to be stored.

in EurActiv, 22.09.2011.

É por causa do descomunal endividamento da EDP que o pirata Mexia gasta milhões de euros em publicidade e falsas acções de responsabilidade social (green washing). A verdade é que boa parte da factura energética que todos pagamos se deve ao enorme embuste energético fabricado durante o consulado do pirata Sócrates, o qual terá que ser necessariamente desfeito sob pena de os aumentos anunciados em sede de IVA e de preço ajustado ao custo real da energia se tornarem socialmente incomportáveis.

Há um crime público neste sector que tem que ser desvendado e tratado como tal. Os responsáveis políticos pelo colapso financeiro do país têm que ser levados a tribunal e responsabilizados pelas patifarias que fizeram, ajudaram a fazer ou criminosamente autorizaram.

O Plano Nacional de Barragens é um embuste e um crime que tem que ser desfeito quanto antes.

Podemos aumentar a capacidade produtiva das nossas maiores barragens, mas não faz qualquer sentido construir novas barragens. As que se encontram em início de obra (Sabor e Tua) devem parar já!

A hipótese nuclear é outro embuste. Enquanto os japoneses, franceses, alemães e americanos não demonstrarem que o nuclear é mais seguro do que Fukushima, Portugal não pode, sob nenhum pretexto, servir de cobaia à nova geração de reactores supostamente seguros.

Temos, pois, que recorrer às alternativas mais óbvias, seguras e baratas:
  • baixar drasticamente a intensidade e o custo energéticos da nossa economia, lançando um cluster nacional de eficiência energética (que aposte na nova rede ferroviária de bitola europeia, na requalificação dos portos, numa nova indústria naval especializada —por exemplo em navegação de cabotagem, científica e de recreio— no transporte colectivo eléctrico, na eficiência energética dos edifícios e das cidades, na agricultura biodinâmica, na investigação científica focada nestes domínios, etc.);
  • libertar as renováveis eólicas e solar das ligações forçadas à REN e da canibalização burocrática, clientelar e fiscal das facturas do consumo energético;
  • apostar, com a UE, decidida e rapidamente, na biomassa florestal e na exploração sustentável da nossa vasta floresta de Pinheiro Atlântico.
O governo tem que tomar a iniciativa!

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 28-09-2011 18:16

sábado, março 28, 2009

G20-London 2

Lula é menos racista do que parece
O presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva disse que a crise económica foi causada por "brancos de olhos azuis" e que é errado pensar que negros pobres ou povos indígenas devam pagar pelos seus erros. — BBC.



Lula da Silva, presidente do emergente Brasil, arrasa a diligência oportunista de Gordon Brown para levar a Cimeira de Londres do G20 a deixar tudo na mesma — isto é, a facturar às classes médias e sobretudo a milhares de milhões de pobres em todo o planeta 64 anos de capitalismo de casino (desde Bretton Woods), à conta do qual a maior nação do mundo —os EUA—, mas também o Reino Unido e uma boa fatia da Europa, se endividaram alegremente à conta do saque colonial e neo-colonial dos países com recursos energéticos e matérias primas essenciais, como se a sorte da humanidade fosse um Jogo do Monópolio onde os bancos centrais se entretêm a imprimir papel de cada vez que precisam de mais dinheiro, os vampiros da especulação se divertem a destruir empresas e a fabricar quimeras bolsistas, e os governos e nomenclaturas partidárias se deixam avidamente corromper até à medula.

O ponto a que chegámos é este: há uma inimaginável dívida acumulada no buraco negro dos mercados de derivados que é impossível pagar! Mas como o que caracteriza uma dívida é que ela sempre se paga —ou por quem deve, ou por quem emprestou— estamos metidos num sarilho de proporções trágicas. Centenas de milhar de empresas, centenas de bancos e fundos de pensões, milhões de famílias e dezenas de estados irão à falência na sequência do grande crash bolsista que ainda não ocorreu mas irá ocorrer, este ano ou até 2012. A cimeira de Londres é uma tentativa desesperada, sobretudo das elites americanas e inglesas (os tais brancos de olhos azuis), de evitar ir para onde a sua irresponsável e criminosa pirataria os levou: à falência! Querem como sempre continuar a beber os mais caros Champagne (Dom Perignon, Diadema Diamante e Heidsieck ), a snifar coca Colombiana em notas de 500 euros, a degustar ovas de Beluga em salvas de prata, a conduzir Bugattis forrados a couro de vitela, e a dispor de carne adolescente em bacanais exclusivos. Ou seja, querem, como sempre, que sejam os outros, nomeadamente os pobres, pretos, asiáticos e índios a sofrer e pagar!

Eu sou branco, mas como boa parte dos portugueses tenho sangue de várias cores. Do Brasil veio um bisavô alemão, loiro e de olhos muito azuis, e uma bisavó princesa índia — de Belém do Pará. De Portugal veio seguramente muito sangue celta, judeu e algum negro dos idos tempos da escravatura, quando muito escravo se miscigenou com a já então antiga miscelânea galaico-lusitana. Lula não fez uma afirmação racista. Falou sim através de uma poderosa metáfora, em defesa da esmagadora maioria da população mundial, que não é de facto responsável —mas está a pagar as favas— pela luxúria e pirataria assassina que nos conduziu a todos para esta dramática e perigosa situação.

Ou metemos na ordem o sistema internacional e regressamos ao padrão confiável do ouro e da prata, abandonando definitivamente a especulação cambial (FOREX) e a falsificação monetária legalizada (fiat money, money out of thin air) que vigoram desde 1914 e são literalmente responsáveis pela destruição em curso do planeta e da civilização, ou caminharemos muito rapidamente para o colapso. É preciso explicar isto às pessoas. E de caminho, é preciso meter isto nas cabeças obtusas dos economistas e das nomenclaturas político-partidárias deste mundo.

A estes últimos recomendo a leitura urgente de um livro: Gold Wars, de Fernidand Lips.

OAM 564 28-03-2009 11:34

sexta-feira, outubro 25, 2019

Estará a Binter interessada na SATA?



Interessada está. Resta saber em que condições.



  • SATA com salários em atraso ou pagos em prestações, pela 3.ª vez este ano.
  • Situação de falência da transportadora aérea açoriana e os problemas de tesouraria agravaram-se nos últimos seis meses.
  • A SATA está à beira da falência e acumula prejuízos todos os anos. O sindicato do pessoal de voo acusa a empresa de má gestão, duplicação de despesas, compadrio e desvio de fundos para os cofres e as ações patrocinadas pelo Governo regional. 
  • Dívida acumulada pela SATA chega aos 300 milhões de euros.
(lido na da imprensa)


A situação da SATA é semelhante à da TAP: duas empresas falidas alimentadas com impostos que tanta falta fazem ao investimento produtivo que o país deixou de ter, já para não falar da manutenção de algumas infra-estruturas sociais essenciais: na saúde, como nos transportes terrestres.

O modelo de exploração do negócio aéreo civil mudou radicalmente, e mudou há já mais de duas décadas! Desde então os sucessivos governos e as empresas aéreas indígenas nada mais fizeram do que mentir aos portugueses e engordar a dívida pública. Pelo meio foram pagando acima das possibilidades aos pilotos e pornograficamente aos seus administradores e assessores.

Quando os prejuízos saltam à vista, a culpa é invariavelmente do preço do Jet Fuel, como se os aviões da concorrência que prospera se movessem a água!

É muito simples perceber porque razão TAP e SATA terão que ser despachadas para o setor privado (dados de 2018-2019):

  • Ryanair —Número de passageiros transportados por trabalhador: 8114
  • TAP—Número de passageiros transportados por trabalhador: 1462
  • SATA—Número de passageiros transportados por trabalhador: 769

Os sucessivos governos, em vez de engordarem estes porcos antes de os venderem, forçaram as duas empresas a caminhar sobre pedras e a emagrecerem, deixando ainda assim atrás de si passivos monstruosos. Vender nestas condições será sempre um mau negócio. Mas é melhor um mau negócio (a continuidade das empresas), do que nada (acabar por ter que encerrá-las).

A SATA poderá ter um pretendente. Chama-se Binter, uma companhia em crescimento contínuo da empresa privada canarina Apoyo y Logistica Industrial Canarias SL. Este operador, que tem hoje o monopólio dos voos inter-ilhas das Canárias e Cabo-Verde, e opera a totalidade dos voos entre o Funchal e Porto Santo, parece ser o parceiro lógico da exaurida SATA.

O Governo dos Açores poderia ficar, à semelhança do que ocorreu em Cabo Verde, com 49% do capital, sendo os restante 51% repartidos entre a Binter e, eventualmente, um grupo de empresários açorianos. O importante mesmo é retirar da gestão e administração da futura SATA, as mãos e mentes devoristas e incompetentes do Estado a que isto chegou.

sábado, agosto 01, 2009

Portugal 117

É preciso castigar o Bloco Central da Corrupção



Estamos em plena safra eleitoral. Sementeira séria, não houve. O actual sistema partidário, atacado até à medula pela ignorância, pelo nepotismo, pelo partidismo, pela insolência da nomenclatura dominante, pela corrupção impregnada a que os partidos se tornaram aliás insensíveis, e sobretudo pela falta de audácia e visão de futuro, pagará inevitavelmente um preço elevado por tanta irresponsabilidade. O ciclo de instabilidade política que se avizinha, ao contrário do que já berram os arautos bem instalados da desgraça, virá não dos pequenos partidos e movimentos de cidadania que felizmente crescem, mas dos mesmos energúmenos que há décadas deterioram a democracia portuguesa em nome de um verdadeiro Bloco Central da Corrupção.

Temos assistido nas últimas semanas a uma verdadeira feira de saldos eleitorais. Sobretudo o PS e o seu impagável papagaio, na habitual pose de vendedor de cobertores da Covilhã, isto é, de megafone ao peito e teleponto sempre em riste, prometem tudo: um cheque de 200 euros aos recém-nascidos (que na realidade, para além da demagogia, se destina a aumentar os activos do sector bancário); a electrificação da Linha do Douro; a extensão da linha de Metro até Loures (que bom que seria!); transformar o Seixal numa nova Expo e, claro está, um novo choque fiscal, desta vez dirigido ao património rústico e urbano, com a finalidade de continuar a financiar o festim da nomenclatura inconsciente que se apropriou do país, alimentar hipoteticamente o pseudo programa de expansão keynesiana das luminárias que escrevem o teleponto de José Sócrates, e sobretudo promover por intermédio de uma inaudita violência fiscal a ainda escassa concentração capitalista das propriedades rústica e urbana. Os corruptos bancos que temos, e o sibilino Victor Constâncio, agradecem a anunciada pilhagem "socialista". E o Bloco de Esquerda, que diz sobre isto? Somará os seus votos aos do PS e PSD quando as leis espoliadoras subirem ao néscio parlamento?

Precisamos de reactivar o caminho de ferro (comboios, metros subterrâneos e de superfície) para transportar mais pessoas mais rapidamente entre os principais centros urbanos e suburbanos do país, e entre Portugal e o resto da Europa (1). Precisamos, aliás, de um verdadeiro renascimento do transporte ferroviário no nosso país (em linhas de bitola europeia e em linhas de bitola estreita), tal como vem sucedendo em Espanha, para dar força ao sector exportador da nossa economia, seja para transportar o que produzimos por cá, seja para escoar nos dois sentidos as mercadorias que elegem a nossa rede de portos marítimos e fluviais como uma opção de futuro.

Mas para tal, não podemos alimentar as propostas assassinas do aventureiro que há anos dirige a EDP —António Mexia.

A EDP é hoje a empresa mais endividada de Portugal. A sua dívida ultrapassa os 13 mil milhões de euros! Bastará uma pequena subida nas taxas de juro em 2010, para que o resultado do logro expansionista do senhor Mexia possa colocar a principal empresa energética do país à beira dum processo de alienação a favor de uma qualquer ave de rapina interessada nesta bela presa. Os voos altos de uma possível OPA sobre a EDP adivinham-se nas borras da dívida acumulada por António Mexia.

A EDP comprou ao governo "socialista" a ideia assassina de construir uma dúzia de novas barragens hidroeléctricas, com o argumento espúrio de que fazem falta para guardar água potável e produzir energia limpa (aqui anda Pimenta...)

Mas a verdade é que, no seu conjunto, tais centrais não poderão acrescentar mais do que 3% à energia eléctrica produzida actualmente em Portugal. A verdade é que tal construção serve apenas para cumprir três objectivos que, devidamente escrutinados, chegariam não só para demitir o actual CEO da EDP, mas talvez mesmo para metê-lo na cadeia — por administração dolosa e tentativa de violação do direito público da água.

Os objectivos criminais que presumo são estes:
  1. disfarçar o prejuízo estrutural de exploração do sector eólico nacional;
  2. aumentar artificialmente os activos desta empresa privada com participação minoritária do Estado e de outras entidades públicas portuguesas;
  3. criar condições para um futuro monopólio da água!
Será que os nossos políticos indolentes já se deram conta da manobra? Ou já só temos corruptos no baralho da actual partidocracia?

A rede de envolvimento e tráfico de influências lançada pela EDP sobre as autarquias do Alto Douro —uma região que deveria cobrar ao resto do país, e sobretudo das empresas energéticas, um clara percentagem pela exploração da sua maior riqueza, ali produzida diariamente, i.e., quase 80% da energia hidroeléctrica produzida em Portugal, e que consumimos maioritariamente nas regiões de Lisboa e Porto — é um crime e visa um crime ainda maior.

É pois urgente impedir o plano de barragens em curso — sobretudo aquelas que ameaçam destruir o rio Sabor, a linha férrea e o vale do Tua, ou submergir, em caso de desastre (a zona onde querem construir a barragem do Fridão poderá ser fortemente afectada num sismo futuro), a cidade de Amarante!

Não nos iludamos com a propaganda de Verão.

Nas próximas eleições legislativas vou votar no Bloco de Esquerda, única e exclusivamente para diminuir a influência excessiva do PS na vida portuguesa. Vou depois votar na coligação disfarçada actualmente em curso entre o PS de António Costa, Cidadãos por Lisboa, e Independentes (onde me incluo), para derrotar simultaneamente o pesadelo Santanista e o entrismo governamental nos assuntos da capital.

Post scriptum: como outros, tive absoluta razão na denúncia que fiz da tentativa partidário-oportunista de perverter o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores.

Radar: a causa da Linha do Tua na blogosfera (a propósito da reportagem da SIC, "Fim de Linha") cresce dia a dia. Ainda bem. A blogosfera acabará por acordar este adorável país!

Última hora!A quem pertence o grupo Lena? A José Sócrates?!

Acaba de chegar à minha caixa de correio informação fidedigna sobre a LENA Construções S.A.: pertence, ao que parece, a José Sócrates! Tem, naturalmente, um testa de ferro à frente.

O Grupo LENA tem a encomenda da barragem do Baixo Sabor nas unhas, e é proprietária dos jornais "i", "Grande Porto" e vária imprensa regional...

O "i", embora não tenha leitores, consegue, sabe-se lá como, obter à borla tempo de antena diário nas principais televisões do Bloco Central: SIC e RTP.

Um país a saque!!


NOTAS
  1. Erro Estratégico na Nova Rede Ferroviária, Por Rui Rodrigues. Ler PDF certeiro e ilustrativo da leviandade governamental portuguesa. Vale a pena conhecer também o ponto de vista espanhol sobre o assunto...


OAM 610 01-08-2009 16:39

domingo, maio 06, 2007

Por Lisboa

Carmona RodriguesA oportunidade de Carmona

Há gente a quem não compraria um carro em segunda mão, por mais que mo aconselhassem: Fátima Felgueiras, Isaltino de Morais, Valentim Loureiro, Pinto da Costa, Jorge Coelho, Santana Lopes, Mário Lino, Mariano Gago e José Sócrates. Pelo contrário, apesar de todas as paixões negativas em volta de Manuel Maria Carrilho, comprei e li o livro que escreveu a propósito da fogueira que o consumiu nas últimas eleições autárquicas, tendo ficado convencido que é, no essencial, um homem bem formado, sério e determinado. Também creio em António Costa. E apesar do que escrevi em Janeiro, no preciso momento em que assisto à queda de Carmona Rodrigues, perante a exposição indecorosa do calculismo rasteiro de todos os partidos com assento autárquico, seria bem capaz de lhe comprar uma mota em segunda mão!

Como toda a gente sabe, as relações pouco claras com a Bragaparques (concessionária de vários estacionamentos pagos da capital) não são uma criação de Carmona Rodrigues, nem sequer de Santana Lopes, pois vêm já do tempo dos mandatos de Jorge Sampaio e João Soares. Por outro lado, o problema central da autarquia lisboeta, i.e. a sua dívida de mais de mil milhões de euros, também foi gerada sobretudo durante os mandatos de esquerda (900 milhões de euros é o montante da dívida acumulada até ao fim do mandato de João Soares), e não durante os consulados de Santana Lopes e Carmona Rodrigues. Em suma, o modelo de promiscuidade entre partidos políticos, autarquias, futebol, construtores civis e especulação imobiliária, de que são responsáveis todos os partidos do arco parlamentar, com especial responsabilidades para o PS, PSD-CDS e PCP, chegou ao fim, entre outras causas, porque o boom imobiliário já deu o que tinha a dar e nada será como dantes daqui para a frente. Por outro lado, à medida que o modelo implode e as dívidas se acumulam sem fontes de financiamento alternativas à vista, multiplicam-se os cadáveres no pântano da corrupção. O modelo partidocrata e clientelar que conduziu à actual hipertrofia orgânica das câmaras municipais terá que ser inevitavelmente discutido e revisto. Não sei se os 11 mil funcionários da CML (que custam 80 milhões de euros/ano) são demais, ou não. O que sei é que boa parte deles está sub-aproveitada, mal preparada, desempenhando funções inúteis e sem motivação para servir, como deve, a cidade. Como se isto não fosse por si só desastroso, vereações e vereadores adquirem serviços a centenas de contratados a prazo e empresas para fazerem aquilo que os funcionários não fazem, ou por não saberem fazê-lo, ou por serem pouco fiáveis nos resultados e praticamente impunes.

E no entanto, com tanto gasto e desperdício, Lisboa continua a cair aos bocados e sem serviços de qualidade. As crianças, os jovens, mas também os idosos e os doentes não encontram os necessários apoios sociais, desportivos e culturais de bairro. Os sistemas de informação, quase sempre de auto-propaganda do alcaide de turno, são miseráveis. Os transportes colectivos, que deveriam potenciar a vida diurna e nocturna da capital, não obedecem a nenhuma visão integrada. Os carros continuam em cima dos passeios e nas esquinas, como em nenhum outro país europeu. Os buracos multiplicam-se nas rodovias. Continuamos todos, enfim, à espera de uma verdadeira estrutura metropolitana que pense a Grande Lisboa e a respectiva região como um verdadeiro organismo vivo e interdependente. Só Lisboa poderá tomar uma tal iniciativa, firmemente e sem hesitações, pois só a capital dispõe dos argumentos e ferramentas necessários para desencadear esta imprescindível dinâmica.

Olhando, porém, para o comportamento dos actuais partidos representados na autarquia da capital portuguesa, dificilmente poderemos imaginar que algo possa mudar. Estão todos, sem excepção, agarrados ao décimo quarto mês. Os que se reclamam da "esquerda" (PS, PCP e BE) continuam a pensar que o dinheiro cai do céu e que portanto a solução passa sempre por aumentar taxas e impostos e ainda por deixar a especulação imobiliária à solta, sem perceberem que a suburbanização massiva um dia refluirá catastroficamente em direcção à cidade -- pensem em São Paulo e no Rio de Janeiro! Os de "direita" (PSD, PP), julgam que a única forma de contrariar a insensatez e a esclerose múltipla da "esquerda", é multiplicar e acelerar a lógica da privatização pura e dura, sem perceber que a maioria da população residente é pobre e está demasiado velha para mudar. Falta obviamente um ponto de equilíbrio, que só um terceiro actor em rede poderá proporcionar. Este terceiro protagonista tem, porém, que ser construído conscientemente. Não é uma pessoa, mas tem que começar por uma cara credível, disposta a partir a loiça, a colocar a carruagem nos eixos e a empunhar a bandeira da cidadania participativa e da defesa da cidade. Com um programa justo e que faça claramente sentido, por cujas causas os lisboetas sintam valer a pena mobilizar-se.

Para que tal ocorra, é necessário olhar para os residentes da capital. Só conhecendo os seus problemas e dando prioridade absoluta à sua solução, se ganhará a necessária energia eleitoral para desenhar uma visão pragmática, transparente e criativa da Lisboa sustentável e apetecível por que muitos anseiam. A minha dúvida, neste momento, chama-se Carmona Rodrigues...

Estará ele em condições de desafiar a actual nomenclatura partidária e arrancar a capital do lodaçal em que a fizeram cair? Se aquilo de que é suspeito for coisa de somenos (como consta, mas só ele, melhor do que ninguém, saberá), então, sim, creio que poderá mesmo avançar e surpreender. Muitos entrarão certamente na sua caravana. E se isso acontecer, desta vez por bons motivos, então muita coisa começará a mexer no exangue regime partidário que temos. Algo de fundamental tem que mudar, e rapidamente, sob pena de vermos a democracia portuguesa definhar entre o cabotinismo, a endogamia galopante, a mentira compulsiva e a mancha mafiosa da corrupção.

OAM #198 06 MAI 07

sexta-feira, abril 30, 2010

Portugal 187

Obras públicas: a explicação do ping-pong


Basta ver os gráficos deste estudo de 2009 do departamento americano de energia (PDF) (1), para se perceber que em 2017 autoestradas e aviões não serão certamente as melhores opções de transporte!

Cavaco quer reponderar grandes obras

"Eu entendo que faz sentido reponderar todos aqueles investimentos, públicos ou privados, na área dos bens não transaccionáveis, que tenham uma grande componente importada, isto é, que utilizem pouca produção nacional e que sejam capital intensivo, ou seja, que utilizem pouca mão de obra portuguesa" (2), sustentou. — Cavaco Silva dixit in DN, 30-04-2010.

O professor de finanças do ISEG, Cantigas Esteves, disse hoje à SIC-N que 25% do crédito bancário nacional está afectado ao sector das obras públicas, ou seja, há uma espécie de simbiose oportunista entre bancos (BES, BCP, Caixa Geral de depósitos, etc.), grandes construtoras (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Somague, etc.) e Estado, cujo invólucro se chama Bloco Central.

Quer isto dizer que, se se anunciar o corte liminar do programa de obras públicas em curso, os construtores ficarão sem argumentos para voltarem a endividar-se —em primeiro lugar, para pagar dívidas vencidas ou a vencer proximamente, e em segundo, para preencherem e validarem a sua carteira de obras. O resultado de semelhante paralisia seria, como foi e voltará a ser, a destruição do seu valor em Bolsa e o aumento exponencial dos juros em futuros empréstimos, bem como dos prémios de risco a pagar a quem segurar operações de investimento nestas circunstâncias.

Por outro lado, se o tal programa de obras públicas for interrompido, os bancos ver-se-ão na contingência de não cobrar os créditos vencidos e a vencer proximamente dos seus clientes empreiteiros (nomeadamente da Mota-Engil).

Ora como o volume em causa é descomunal, as notações dos bancos envolvidos (nomeadamente do BES e do BCP) seriam gravemente afectadas — como aliás já foram. Por sua vez, a degradação do rating dos bancos pode ser fatal para o incesto económico-financeiro existente entre o Estado capturado pelo Bloco Central, os empreiteiros do Bloco Central e os bancos do Bloco Central, que entre si decidem, desenham e validam todo o tipo de negócios e tropelias ao interesse comum, à natureza e à própria racionalidade económica.

A drástica revisão em baixa da notação do BCP, que desde o assalto de que foi vítima pela tropa de choque da tríade de Macau, vive de sucessivos apoios financeiros dissimulados por parte do banco público (CGD), produziu entretanto um efeito indesejável para a nomenclatura que há anos arruína o país, i.e., deixou de poder avalizar operações de outros bancos! Ou seja, o que a crise bolsista e a decisão do Standard & Poor's já conseguiram foi cortar um dos cordões umbilicais da hidra tribal que há anos manipula o nosso regime político. Fizeram pois mais numa semana do que o PCP e o Bloco de Esquerda fizeram nas suas dogmáticas e imprestáveis vidas partidárias.

Percebe-se agora a dificuldade, e o comportamento das araras governamentais, a catatonia presidencial e as contradições entre Passos Coelho e Paulo Rangel. Se anunciam o fim das "grandes obras", sem mais, os mercados atiram com as construtoras para o lixo, ou comem-nas ao pequeno-almoço (como sucedeu à Cimpor — uma cimenteira do mesmo ninho de interesses.) Se, por outro lado, insistem que vamos ter TGV, aeroporto, autoestradas e barragens, os detentores estrangeiros de 74% a 85% nossa dívida pública (!) fazem disparar os juros da mesma e ameaçam bloquear o acesso de Portugal a novos empréstimos soberanos, com isso arrastando imediatamente a banca portuguesa para a falência, e o país para o caos social.

Este é o dilema que temos vindo a viver, que a polémica em volta das "grandes obras" traduz sem revelar, e que obriga os distintos actores do drama em curso —banqueiros, construtores, governantes e partidos políticos— a rodopiarem como baratas tontas numa sertã com azeite a escaldar.

É claro que a EDP, dirigida pelo petulante Mexia, com os seus mais de 18 mil milhões de euros de dívida acumulada, no fim da presente crise será tudo menos portuguesa. Nessa altura chamá-lo-emos a devolver os prémios e as mordomias, com juros!

Já pouco depende de nós. Mas o pouco ainda assim é importante. É preciso rejeitar e depois substituir o actual regime político. Por outro regime democrático, certamente. Mas prendendo primeiro o bando de ladrões e de incompetentes que até agora nos tem arruinado.


NOTAS
  1.  US military warns oil output may dip causing massive shortages by 2015
    By Terry Macalister, guardian.co.uk, Sunday 11 April 2010 18.47 BST

    • Shortfall could reach 10m barrels a day, report says
    • Cost of crude oil is predicted to top $100 a barrel

    "By 2012, surplus oil production capacity could entirely disappear, and as early as 2015, the shortfall in output could reach nearly 10 million barrels per day," says the report, which has a foreword by a senior commander, General James N Mattis.

    Energy minister will hold summit to calm rising fears over peak oil
    guardian.co.uk, Sunday 21 March 2010 19.36 GMT

    Amrita Sen, an oil analyst at Barclays Capital, believes the price of crude could pass $100 this year and reach nearly $140 by 2015. Francisco Blanch, of Bank of America Merrill Lynch, has speculated it could hit $150 within four years.

    2010 Oil Crunch Report
    By Industry Task force on Peak Oil & Energy Security

    The credit crunch of 2008 foreshadowed major economic, political and social upheaval. It stress- tested the responses of governments, policy-makers and businesses to the extreme. If only there had been greater time to prepare for its impact and a greater level of understanding about the issues. The next five years will see us face another crunch - the oil crunch. This time, we do have the chance to prepare. The challenge is to use that time well. (LINK)

  2. Cavaco Silva prefere o novo aeroporto e até uma ou outra estrada mais (para completar a rede nacional de autoestradas e respectivas ligações à rede de estradas nacionais e principais localidades do país) ao plano ferroviário de alta velocidade.

    Do ponto de vista económico, não faz sentido algum.

    Em primeiro lugar, porque os transportes rodoviário e aéreo dependem de uma fonte energética em declínio (ver notícia sobre a catástrofe ambiental no Golfo do México), cada vez mais cara, e geradora da nossa maior dependência económico-diplomática externa.

    Em segundo lugar, porque a introdução crescente de portagens rodoviárias e de taxas aeroportuárias a la carte (na Ryanair paga-se por cada embrulho transportado, e em breve até para ir à casa de banho — só falta exigir dos passageiros que limpem o avião antes de abandonarem a cabine!) revelam claramente o encarecimento objectivo destas opções de mobilidade.

    E em terceiro lugar, porque este género de aposta no emprego local reflecte uma visão medíocre da nossa economia, na medida em que destaca o trabalho não qualificado e promove um tipo de efeito reprodutor na economia pobre e transitório.

    Pelo contrário, uma aposta na rede ferroviária de bitola europeia, para transporte ferroviário de passageiros, em alta velocidade ou velocidade elevada, e de mercadorias, em velocidade moderada, além de integrar Portugal na rede comunitária de transporte ferroviário, permitiria, se bem negociado com Espanha, França, Alemanha, Canadá e Suíça (países cujas tecnologias servem à partida o mix tecnológico do paradigma de transporte ferroviário internacional, interurbano, suburbano e citadino), a criação dum novo cluster industrial e pós-industrial no nosso país, com pontes possíveis ao novo cluster da economia do mar (a criar urgentemente!)

    O transporte automóvel individual movido a petróleo e gás natural, ou a biodiesel, está condenado, ou pelo menos vai reduzir-se drasticamente no prazo de uma década ou menos. A ferrovia, o teletrabalho e a substituição das economias de crescimento intensivo por economias e cidades sustentáveis, são os novos paradigmas em formação. Iremos muito em breve mudar o nosso estilo de vida, quer queiramos quer não. Aos políticos cumpre ver o futuro próximo e agir em conformidade, sob pena de condenarem os povos que dirigem ao insucesso.

    Resta, pois, uma explicação para a aposta de Cavaco Silva, e de muitos outros estrategos domésticos: travar os planos da Espanha relativamente ao nosso país, com o argumento, aliás certeiro, de que o transporte de mercadorias em bitola europeia não chegará a França antes de 2020 —pelo que o principal beneficiado da estratégia ferroviária ibérica seria, no imediato, a Espanha, continuando Portugal longe da Europa além Pirinéus. Como não podemos investir em tudo ao mesmo tempo, a prioridade portuguesa transitaria, por assim dizer, da nova ferrovia para os portos marítimos e os aeroportos. Dada a histórica e persistente resistência (cultural e estratégica) da Espanha ao consumo dos nossos produtos, e o previsível retorno a Portugal de dezenas/centenas de milhar de emigrantes portugueses que permanente ou intermitentemente trabalham em Espanha, não vejo como rejeitar a posição presidencial, cujos contornos são de natureza sobretudo política.

    Quando a Espanha estiver efectivamente ligada ao resto da Europa por vias ferroviárias em bitola europeia, continuará certamente interessada em chegar aos portos de mar portugueses. Então, também nós teremos o maior interesse em fazer parte da nova rede ferroviária ibérica. Trata-se, pois, no fundo, de uma correcção na ordem de prioridades. Não de abandonar uma coisa por outra!

OAM 694—30 Abril 2010 22:56 (última actualização 4 Maio 2010 17:06)

quarta-feira, março 12, 2014

China desfaz-se de ativos tóxicos da EDP

China aproveita maré financeira favorável a Portugal para diminuir buraco financeiro da EDP


A EDP do cabotino Mexia desfaz-se de ativos cada vez mais tóxicos, a preços de saldo, tal é o buraco que não para de crescer na dívida acumulada do grupo. O chamado défice tarifário é um embuste montado pelos piratas organizados do regime, com o apoio canino dos partidos do Bloco Central da Corrupção. Como tal, deve ser escalpelizado, denunciado e considerado uma tentativa de extorsão aos contribuintes, que por isso deve ser rejeitado categoricamente como responsabilidade imputável ao estado ou aos consumidores, em todas as instâncias jurídicas, indígenas e internacionais.

PS, PSD e CDS estão de tal modo envolvidos neste embuste que só mesmo a proximidade ativa da Troika e os movimentos cívicos indígenas poderão mitigar as consequências desastrosas deste e doutros exemplos da ruína programada do país. A corja dos 70, em vez de escrever manifestos desmiolados, deveria ter vergonha da sua caricata desonestidade intelectual, e calar-se de uma vez por todas. Ou então, dispor-se a prestar contas por décadas de distração.

EDP lança operação de titularização do défice tarifário

A EDP anunciou um roadshow para lançar uma operação de titularização do défice tarifário. A informação foi enviada pela eléctrica à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). No documento enviado ao regulador pode ler-se que “a StormHarbour foi mandatada para actuar como 'sole arranger' e 'joint lead manager' e o Banco Santander Totta S.A. e o J.P. Morgan foram mandatados como 'joint lead managers', da transacção Volta II, uma operação de titularização de créditos detidos pela EDP Serviço Universal, S.A. relativos ao diferimento, pelo período de 5 anos, da recuperação do sobrecusto de 2013 com a aquisição de energia aos produtores em regime especial (incluindo os ajustamentos de 2011 e 2012)”.

[...]
A EDP esclarece ainda que “o montante em dívida”  relativo aos sobrecustos é “actualmente de cerca de 1,1 mil milhões de euros”.

EDP lança operação de titularização do défice tarifário - Jornal de Negócios

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

TAP (ou TAL) prejuízos e encomendas



Há dívida registada, há dívidas por aí, e há responsabilidades. Tudo somado, quanto é?


TAP com prejuízo superior a 120 milhões em 2015
A TAP aposta nos EUA para compensar a quebra da atividade no Brasil e Angola que levou a companhia a registar o pior resultado de 15 anos. A culpa é da degradação económica naqueles dois países, um pouco à boleia da queda dos preços do petróleo e para a qual a companhia foi arrastada. Não se sabe ainda ao certo o resultado final das contas da TAP, mas em 2014, o último com resultados divulgados, o negócio da aviação perdeu 46 milhões de euros; em 2000 a perda foi de 120 milhões – agora será pior. “O prejuízo que sofremos no ano passado foi o maior dos últimos 15 anos. Sabemos que em outubro foi o maior prejuízo em 15 anos”, completou. - Veja mais em Dinheiro Vivo.

A TAP encomendou 88 aeronaves à Airbus. Tudo somado, mais de 12 mil milhões de dólares.

Já agora valeria a pena saber qual é realmente a dívida acumulada da TAP (1), a visível nos relatórios, e a invisível, por estar escondida, sei lá, na Parpública, no Novo Banco, na Caixa Geral de Depósitos, etc.

E também seria útil contabilizar as responsabilidades contraídas, em milhares de milhões de euros, com a Airbus. Neste momento a TAP tem encomendadas 88 novas aeronaves. Disse bem: 88! Por alto, é uma encomenda que supera os doze mil milhões de dólares. E como se sabe, quanto mais cai o petróleo, mais sobe o dólar relativamente ao euro.

Com a reversão promovida pelo Costa Concórdia II, quem irá assumir estas responsabilidades se, por acaso, um dia destes, o mórmon Neeleman e o Barraqueiro atirarem a toalha ao Costa e devolverem os 50% da empresa aos posicionistas de esquerda que agora governam ao país?

Só se for o gaúcho Pinto, o homem "que salvou a TAP" (podcast ; vídeo).

NOTAS

  1. Segundo o Relatório Anual do Grupo TAP, de 2014, o passivo total no fim de 2014 superou os 2.070 milhões de euros, e os compromissos c/ dívidas remunerada superou os 633 M€.

sábado, março 13, 2010

Portugal 172

Quando se revoltará a classe média?

O enviado especial das Nações Unidas para a Luta Contra a Tuberculose, Jorge Sampaio, afirmou hoje, no Porto, que "faltam quatro milhões de profissionais de saúde no mundo", principalmente nos países que mais necessitam deles.

…Jorge Sampaio disse ainda que os portugueses devem "relativizar" os problemas que estão a viver com a actual crise, porque muitos outros povos estão a enfrentar situações bastante piores. — in Público (12.03.2010)

Só faltou ao antigo presidente da república acrescentar que os actuais e futuros desempregados do Serviço Nacional de Saúde português têm um emprego à sua espera no Malawi, na Etiópia, no Ruanda, no Zimbabwe, no Haiti, e noutras paragens semelhantes. O devaneio do "enviado especial" não poderia ser mais inoportuno e sujeito às piores interpretações. Se o "enviado" acredita que a receita de sempre —expulsar os portugueses da sua terra e dos seus empregos, pondo-os a render no ultramar ou nos aviários da Irlanda— voltará a dar patacas que cheguem para alimentar o bordel lusitano, desengane-se! A nomenclatura indecorosa que depois de 35 anos de democracia populista levou Portugal à ruína, colocando-o de novo à beira de um colapso de regime, tem que começar a contar pelos dedos —já que há muito perdeu a faculdade de usar o intelecto.

Aquilo a que estamos neste momento a assistir, com a colaboração dissimulada de todas as seitas do actual sistema partidário, é a um endividamento sem precedentes do Estado, ao roubo sem limites do património nacional, e à sangria assassina da escassa poupança acumulada de milhões de portugueses, pela via fiscal directa e indirecta. As receitas da emigração fazem ainda parte desta expropriação sem precedentes da riqueza produzida por muitos de nós.

"Porque é que o Banco de Portugal vende o ouro da República?" — pergunta Jorge J. Landeiro de Vaz, Professor do ISEG/UTL, num artigo publicado pelo Expresso em 5 de Junho de 2009.

Em 1971 as reservas de ouro do Banco de Portugal ascendiam a 818,3 toneladas; em 2001, ou seja 30 anos depois, ainda eram 606,7 tons. mas em Março de 2009 já só existem à guarda do Banco de Portugal 382,5 tons. Porquê?

Será que alguém explica aos Portugueses porque é que em 38 anos a democracia fez voar 435,8 tons de ouro, herdadas do "fascismo" e do "colonialismo", ou seja  53%  daquelas  reservas.

Alguém explica aos Portugueses porque é que nos últimos 8 anos foram vendidas 224,2 tons de ouro; ou seja nos últimos 8 anos, o Portugal da zona euro vende alegremente, em média 28 tons de ouro por ano. A  este ritmo, dentro de 14 anos não haverá ouro no Banco de Portugal.

... Num contexto de empobrecimento económico e endividamento público e privado, o ouro do Banco de Portugal não pode ser visto como activo de liquidação, mas como reserva de soberania. Há uma responsabilidade intergeracional que o exige. Deixemos esse património aos nossos filhos e teremos feito alguma coisa por eles, pelo menos como penhor dos passivos que airosamente lhes vamos legar.

Ainda que admitamos que valor total das reservas de ouro sejam ligeiramente mais elevadas —407,5 toneladas— o resultado assustador não deixa de ser este: aos preços de hoje (805,72 euros a onça troy), uma tal reserva de ouro, que valerá qualquer coisa como 10 556 082 233 euros, não chega a 7% da nossa dívida pública: 164 879 600 000 (OE2010).

Resumindo a grosso modo, a situação portuguesa, que nos aproxima efectivamente da Grécia, apesar dos protestos de quem quer sacudir a água do capote (Teixeira dos Santos, Sócrates, Cavaco Silva...), é esta:
  • PIB previsto para 2010 (OE2010) = 167 367 100 000
  • endividamento das famílias em % do rendimento disponível (2001) = ~96
  • défice externo (anual) em % do PIB (2008) = -10,6
  • divida externa líquida em % do PIB = >100
  • dívida externa bruta em % do PIB (2008) = >200
  • dívida pública em % do PIB (2008) = >108
  • divida pública + divida privada em % do PIB (2007) = ~300
  • dívida externa em % das exportações = ~700
  • taxa de crescimento do PIB (previsão para 2010-2013) = <1%
  • taxa de desemprego oficial (dez. 2009) = 10,2% (567,7 mil desempregados/ procura de emprego)
  • taxa efectiva de desemprego (dez. 2009) = 12,7% (716,9 mil desempregados/ procura de emprego)
  • emigração (1992-2003) = 330 741
Entretanto, o PEC prevê alienar bens públicos —TAP, ANA, CTT, REN, seguradora da CGD, e participações accionistas minoritárias na EDP, Galp e Cahora Bassa— no valor de 6 mil milhões de euros. Se a privatização de certas actividades de exploração (CTT, TAP, CP e Metro) são no limite toleráveis, o mesmo não sucede com a privatização de monopólios e quase monopólios estratégicos, como sejam a ANA, EDP e REN. Alienar o único banco de Estado, ainda que apenas e para já o seu ramo de seguros, é de uma irresponsabilidade bestial! O que está em curso, e não vai parar, a menos que a classe média resolva revoltar-se (e tem meios para tal), é o saque sistemático e inglório da riqueza nacional pública e privada — pela via das privatizações, pela via da punção fiscal, e ainda por via da inflação que não tardará a chegar. Que seja o Partido Socialista a dar este derradeiro passo no longo e fracassado programa neoliberal de privatização do Estado, inaugurado por Reagan e Thatcher, não deixa de ser um epílogo no mínimo obsceno.

O país está falido, é certo. Mas então façamos uma desvalorização criativa da moeda! Como? É simples: reduzamos em 10% os vencimentos da Função Pública e do sector empresarial do Estado, acima dos 1000 euros, até 2013. Os salários do sector empresarial seguiriam naturalmente uma tal medida. Aliás, se tivéssemos moeda própria, a alternativa seria inevitavelmente proceder à sua desvalorização, o que teria os mesmos resultados práticos. Porém, se nada fizermos, corremos o risco de passar por uma quarentena fora do euro, o que provavelmente implicaria uma queda abrupta instantânea do nosso poder de compra na ordem dos 30%. O problema é pois mais de linguagem e de persuasão criativa, do que de substância. Até porque as duvidosas receitas de privatizações inscritas no PEC —6 mil milhões de euros— apenas taparão, se forem integralmente obtidas (o que duvido muitíssimo), quatro meses do nosso endividamento público galopante, ao mesmo tempo que reduzem a nada os poucos anéis que ainda temos no dedo mindinho.

O Capitalismo falido do Ocidente, que desde meados da década de 70 resolveu apostar na destruição das suas capacidades produtivas, exportando os respectivos negócios para as antigas colónias, e inventando ao mesmo tempo uma fórmula de crescimento económico baseada no endividamento dos estados, das empresas e das pessoas, começou agora a roer as unhas, ou pior ainda, a comer os seus próprios filhos, como Urano! Em contraponto, o capitalismo de estado de países como a China, Japão, Rússia, Arábia Saudita, etc., faz exactamente o contrário: protege as riquezas nacionais da voragem ruinosa e assassina dos especuladores individuais.

O problema de Portugal é pois muito grave, ao contrário do que a propaganda do sistema pretende fazer crer. A nossa dívida global cresce a um ritmo exponencial, correndo o sério risco de se tornar incontrolável. Vender os anéis e os dedos é como ir a uma casa de penhores dirigida por sádicos, sabendo que não recuperaremos as jóias de família. Confiar na emigração, como o discurso inconsciente de Jorge Sampaio claramente induz a pensar, é uma ilusão pura, que não compreende um facto histórico essencial: as mesadas coloniais que começaram em 1415, com a conquista de Ceuta, morreram definitivamente!

A partir de agora teremos que começar a trabalhar. Mas para isso teremos primeiro que correr com a corja que se governa em nosso nome.


OAM 699—13 Mar 2010 4:03 (última actualização 17:30)

terça-feira, julho 22, 2014

ANA—Pink Flamingo Terminal


Lisbon Airport - Pink Flamingo Terminal


Voos comerciais aterram no Montijo em 2017

Expresso, 8:27 Sábado, 19 de julho de 2014

A Ana - Aeroportos de Portugal está a trabalhar no projeto da utilização da Base Aérea do Montijo como complemento à atividade do aeroporto da Portela. O Expresso sabe que há interesse em ter a pista do Montijo operacional para voos comerciais em 2017.

A ANA tem mantido conversas com a TAP sobre o Montijo e o Expresso sabe que o presidente da companhia, Fernando Pinto, vêm com bons olhos a utilização do Montijo para desenvolver a atividade das companhias de baixo custo.

Sobre a privatização da TAP, o ministro da Economia, Pires de Lima, defende a venda parcial da empresa, mas considera que esta operação não deve ser feita a poucos meses das eleições. E diz que, para já, não estão reunidas as condições para a privatização avançar.

O Lobby da Ota e o velho eixo Norte-Sul
O António Maria, sábado, julho 02, 2005
Em O Grande Estuário [01-05-2005], projecto dinâmico e aberto de reflexão pública sobre Lisboa, a Grande Área Metropolitana de Lisboa e a Região de Lisboa e Vale do Tejo, continuamos a pensar que será possível manter o aeroporto da Portela, com duas extensões próximas (Montijo e Tires).

Pink Flamingos Airport (Lisboa-Montijo)
O António Maria, quarta-feira, Outubro 12, 2011

Portela+Montijo tem asas para voar!

Os aviões civis podem aterrar hoje mesmo no Montijo, sem qualquer problema, nem quaisquer custos acrescidos. No entanto, uma metamorfose mais elaborada do aeródromo militar do Montijo e a sua transformação no aeroporto Low Cost de Lisboa seria da máxima conveniência, até para almofadar as vibrações negativas decorrentes da improvável privatização da TAP, ou, como é opinião minha e de muita gente, de um spin-off da empresa, que a mantenha nas mãos do Estado, mas sob um regime de administração mais inteligente, eticamente irrepreensível e espartano!

Manobras desesperadas do lóbi cavaquista do embuste imobiliário da Ota em Alcochete montaram uma verdadeira barragem de tiro ao Álvaro (como alguém escrevia com graça) em volta deste tema e de outros que muito incomodam a nomenclatura que nos conduziu à bancarrota. Não nos esqueçamos, porém, que um tal Fantasia, da SLN/BPN, vizinho da rainha de Belém na urbanização da Coelha, adquiriu 250 milhões de euros de terrenos à volta do prometido NAL de Alcochete, quinze dias antes de Sócrates anunciar o abandono do NAL na Ota!

Basta pesquisar a palavra Montijo neste blogue para constatar que desde 2005 a extensão do aeroporto internacional de Lisboa, da Portela para o Montijo (que tem um perímetro e uma área bem maiores do que os da Portela) tem sido a solução por nós proposta.

Desde então a corja cor-de-rosa, a corja de avental branco e a corja da Urbanização da Coelha, a soldo da Dona Branca Espírito Santos e Piramidal de Lisboa, delapidaram centenas de milhões de euros dos contribuintes em estudos e mais estudos realizados por adiantados mentais sempre às ordens, especialistas e instituições indigentes, sobre a excelência de um aeroporto debaixo de água na Ota, depois sobre absoluta necessidade de entregar os terrenos da Portela ao senhor Ho, com quem o PS do famoso cardeal Pina Moura fez negócios ainda hoje por esclarecer e consequentemente construir uma cidade aeroportuária em Rio Frio-Canha-Alcochete, unida a Lisboa pela famosa TTT Chelas-Barreiro, beatificamente incensada pelo sargento-ajudante do Pinóquio, o culto António Costa, mas que deixou de ser interessante assim que a Mota-Engil perdeu o concurso ganho pelos espanhois. Foi preciso Portugal entrar em completa bancarrota, e as nossas finanças passarem para a alçada do BCE-FMI, e a ANA ser entregue aos árabes da francesa Vinci, para que uma ideia simples, óbvia, aqui proposta em 2005, fosse finalmente adotada. Convém sublinhar que não cobrámos um cêntimo pelas dezenas largas de artigos dedicados a este tema. Mas gostaríamos que os piratas fossem investigados, julgados e punidos.

O colapso da banca rendeira do país, aqui anunciado há muito —Banif, BPN, BPP, BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos, veio finalmente acabar com o saque sem limites a que se dedicou a cleptocracia indígena durante décadas, em plena comunhão de interesses com o corrupto sistema partidário que deixámos medrar sob os auspícios de instituições extrativas e burocracias indigentes de todo o género, passado e feitio. Os bancos que ainda não cairam estão em unidades de suporte de vida pagos pela dívida pública, e portanto pela austeridade que tanto criticamos, sem perguntarmos de onde vem.

O efeito dominó está em curso. Resta esperar pelas próximas vítimas. A primeira delas, depois do BES e da Portugal Telecom, poderá ser a TAP e os transportes públicos em geral. Mas a EDP, com os seus 17,4 MIL MILHÕES DE EUROS DE DÍVIDA ACUMULADA, parte dela encalhada nos Estados Unidos, é uma vítima anunciada que um dia terá que renunciar ao embuste do chamado Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (cujo sítio oficial se encontra inacessível...) acordado entre 2005 e 2007 com o Pinóquio Sócrates, nomeadamente para 'ajudar' o falido governo de então com umas largas centenas de milhões de euros de adiantamentos por rendas futuras.




A TAP sem o BES é como um avião atingido numa asa

Teme-se pelo pior. Como sempre sugerimos, o único caminho disponível passa por desmembrar a companhia e reestruturá-la (spin-off), criar um segmento Low Cost dedicado ao médio curso (Europa-Norte de África), e um segmento de longo curso, porque não também Low Cost, agora que o boom brasileiro acabou, e em breve ocorrerá o mesmo a Angola, China e África do Sul? Depois disto, então, a privatização da TAP poderá, enfim, encontrar o seu caminho. Claro que para quem usou e usa a TAP como uma mala diplomática inconfessável, e/ou como um correio de dinheiro sujo, esta privatização será sempre condenável, em nome do interesse nacional, claro!


POST SCRIPTUM

Publicamos a esta propósito um email recebido esta manhã.

No fim da passada semana, em vários jornais sobre esta polémica do NAL, Sérgio Monteiro veio defender a solução da Portela + 1, sendo o "+1" uma base aérea militar, depreendendo-se tratar-se do Montijo.

A questão dos "PRIVADOS" do NAL leva-nos ao BES.... e à TAP.

Ultimamente a TAP tem sido alvo de notícias sobre o cancelamento dos seus voos, e a opção dos clientes pelas Low Cost. Pelos vistos não tem sido opção da TAP encaminhar os passageiros dos voos cancelados para as Low Cost, mas sim deixar os clientes "reféns" da própria TAP, nos hotéis. Foi assim em Milão e quem quiser alinhar pelos critérios TAP vai ter que ficar em Milão até amanhã. É claro que os clientes, vendo nos placards voos com destino a Portugal de uma easyJet ou Ryanair, não aceitam as desculpas gaúchas de que a culpa é do "tremennnnndo cresssscimento da TAP".

Curiosamente, ainda há uns anos, a TAP sonhava todos os dias com a Ota na Ota, ou com a Ota em Alcochete, ao mesmo tempo que o sapo do BES (já falido) defendia um NAL (em Alcochete) para ali aterrarem os A380. Este fim de semana, e apenas por causa de uma avaria, aterraram 2 B747 da BAirways. Um avariado e outro para transportar os passageiros que tiveram que deixar a aeronave avariada. Como nos próximos tempos a Portela vai ser, basicamente, um aeroporto regional, não estou a ver nenhum A380 a aterrar onde quer que seja em Portugal.

Salvo melhor percepção, os problemas da TAP são de capital, o que se reflecte na libertação de "novos" aviões. Não há caroço, logo nada de aviões, e como a TAP anda desesperada a tentar fazer dinheiro, vende lugares que não existem. Uma das fontes de financiamento da TAP secou, ou seja o BES, que durante este tempo todo tem apoiado o Gaúcho desde que o Gaúcho "defenda" os interesses da TAP, ..., foi assim com a compra da Portugália, foi assim com a assessoria técnica para a venda da TAP.

No mínimo, a TAP deveria fazer como a Malasia Airlines, que resolveu devolver integralmente o dinheiro aos clientes caso estes não pretendam viajar com a companhia malaia. A TAP, como não tem dinheiro para devolver aos clientes apeados que prefiram optar por outro voo, oferece-lhes como única alternativa estadias forçadas em hotéis.

No médio curso, a TAP transfigurou-se numa empresa que passou a vender estadias de hotel em vez de viagens de avião. Quando um dia pensar em ir novamente a Milão, nada melhor do que ir a um balcão da TAP e comprar uma estadia. A TAP gaúcha está, na verdade, a piorar a sua imagem a cada dia que passa.
Aquando da compra dos 12 A350 da TAP, esta tinha ainda na sua carteira de encomendas seis (!) A320. O que se passou foi que a TAP, sem"caroço", teve que abdicar da compra dos A320 e "vender" a sua posição nos A350, tentando ganhar tempo para ganhar dinheiro.

Mas sem o BES a TAP é uma companhia cada vez mais exposta e vítima da sua equipa de gestão. Onde está Luis Mor(mente) que em Setembro de 2008 anunciava "n+1" novas rotas de Lisboa e Porto, tentando esgotar os slots da Portela e Porto? O buraco foi o que foi e tiveram que bater em retirada.

As Low Cost, easyJet e Ryanair, entre outras, apesar de estratégias não coincidentes, estão claramente a conquistar o chamado segmento "corporate". No Porto, com a nova base da easyJet, é exactamente isso que está a acontecer, tudo debaixo do nariz do Gaúcho e da ParPública. Só não vê quem não quer. Disse Parpública? O que é? Quem são? O que fazem?

Entretanto, todos calados... ¡"No passa nada"!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Baixa Chiado


Plano Baixa-Chiado põe fim à coligação PSD-CDS na Câmara Municipal de Lisboa


Os erros fatais de Maria José Nogueira Pinto

I
Começar pela velha associação entre sector público (falido) e sector privado (quase sempre clientelar e especulativo), em vez de apostar por uma relação transparente entre o sector público, o sector privado inovador e a cidadania (freguesias, bairros, associações de vizinhos, comunidades profissionais, económicas, culturais, etc.)

solução errada: sector público+sector privado
solução certa: sector público inovador+sector privado+cidadania

II
A dita visão, a que chamou nova atractividade, assente em 4 idiotias conceptuais pseudo- estruturantes:

1) “UMA CENTRALIDADE POLÍTICA E INSTITUCIONAL COM FUTURO NA GLOBALIZAÇÃO: UM NOVO ‘TERREIRO DO PAÇO’”

Erro de base: centralidade e globalização são duas ideias antitéticas e por isso não fazem sentido. Metade dos ministérios deveriam ir para Almada...

2) “UM MOTOR DE CRIAÇÃO DE EMPREGO QUALIFICADO: UM PÓLO ESPECIALIZADO DE SERVIÇOS NA ECONOMIA BASEADA NO CONHECIMENTO”

Erro de base: a nova economia do conhecimento é por definição descentralizada (deslocalizada), multipolar, rizomática e em rede, alimentando-se de uma miríade de motores micrológicos, com baixa intensidade energética e uma muito ligeira pegada ecológica. A economia electrónica é subterrãnea e ubíqua...

3) “UMA CENTRALIDADE EMPRESARIAL ESPECÍFICA: UM ESPAÇO DIFERENCIADO DE ACTIVIDADES FINANCEIRAS”

Erro de base: a globalização económica e financeira actual (embora ameaçada a curto prazo) é uma realidade caracteristicamente imaterial e ubíqua, pelo que mais esta asneira conceptual deixa de fazer qualquer sentido. Além disso, a haver um novo centro financeiro, deveria ir para o buraco da Lisnave.

4) “UMA PROPOSTA INOVADORA DE ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E DO TEMPO: UM ESPAÇO DE EFICIÊNCIA COLECTIVA, ORDENADO E ORGANIZADO, SUJEITO A MULTIUTILIZAÇÕES COM HORÁRIOS ALARGADOS E CAPAZ DE GERIR O SEU CICLO DE VIDA”

Erro de base: aqui nada se propõe que não já exista (excesso de regulamentação, nenhuma fiscalização, nenhuma penalização). Por outro lado, expandir a actual tendência de alargamento e diversificação dos horários comerciais a toda rede comercial da zona (o tal grande centro comercial aberto) não vai resolver coisa alguma, pois o busílis da questão está em saber como seria possível tornar a mobilidade e convivialidade na Baixa-Chiado mais confortável e segura do que a mobilidade e convivialidade, por exemplo, no CC Vasco da Gama. Como se sabe, isto depende de uma recuperação radical do espaço público, entretanto rendido e vendido à circulação automóvel e à especulação imobiliária.

III
O famoso Plano Baixa-Chiado não tem pés nem cabeça. Faz seguramente sentido para capitais inquietos, empresas de obras públicas, construtores civis preocupados e empresários de arquitectura mais ou menos vorazes.

Em primeiro lugar, pela sua crassa debilidade conceptual. Não contém um grama de sutentabilidade pós-carbónica!

Em segundo lugar, por ser um monte de palha retórica do qual podemos extrair quase tudo e o seu contrário. Por exemplo: transformar a Baixa-Chiado num lugar inviável para 90% dos pequenos negócios ali instalados.

Em terceiro lugar, pela sua óbvia discricionariedade. Porquê a Baixa Chiado, e não o eixo Martim Moniz-Areeiro-Aeroporto?

Em quarto lugar, por ser uma visão medíocre e tacanha dos graves problemas que afectam a cidade-região de Lisboa.

IV
Um Plano Baixa-Chiado não faz qualquer sentido. O que faz falta, e muito, é um pensamento integrado sobre a região de Lisboa e Vale do Tejo, do qual decorram medidas urgentes e drásticas de mitigação dos graves problemas económicos, energéticos e de mobilidade que aí vêm.

O elemento essencial de qualquer política urbana destinada à cidade-região de Lisboa terá que decorrer necessariamente do entendimento profundo da actual matriz de mobilidade regional, e do que teremos que fazer (muito rapidamente) para inverter a lógica de sub-urbanização que, há mais de 40 anos e sobretudo nos últimos 20 anos, conduziu à falência económica, demográfica e social da capital do país.

A crise sistémica global, que já começou e será progressivamente piorada pelas crises energética, climática e dos principais recursos (nomeadamente alimentares), permite antever um panorama de agravamento acelerado da actual crise orçamental e institucional dos municípios (1) das duas principais regiões urbanas do país. Daqui decorre que nada poderá ser feito sem o concurso activo dos cidadãos, e que para isto, fará falta um enorme esforço político democrático, conhecimentos actualizados (não o bolor conceptual que infesta o estudo da senhora vereadora, por boas que sejam as suas intenções), muita transparência (mão pesada sobre os corruptos) e grande imaginação.

Se tivessem lido bem os principia d'o Grande Estuário, apresentados como plataforma aberta de trabalho em 1 de Maio de 2005, teriam evitado esta espécie de Ota à escala municipal; teriam poupado tempo e dinheiro e Lisboa não estaria, como está, sem governo municipal digno desse nome. Na verdade, só eleições antecipadas poderão trazer alguma esperança à capital. O falanstério partidocrata que rege a actual desbunda autárquica da principal cidade do país tem que ser travado quanto antes, para bem dos alfacinhas e da cidade-região de Lisboa.



Notas
1 — A dívida acumulada da Câmara Municipal de Lisboa é de 1000 milhões de euros, sendo a dívida de curto prazo a fornecedores da ordem dos 200 milhões de euros. Se os consultores recomendam a venda de património (em vez duma inadiável racionalização dos serviços) para sanear esta situação, tal como o Estado central tem vindo a alienar boa parte dos sectores estratégicos do país, talvez fosse bom apressarem-se. É que o crash imobiliário nos EUA e o melting down do dólar vão provocar um autêntico maremoto financeiro mundial, de que a economia portuguesa dificilmente escapará. Vender terrenos e imóveis em 2007? Um sonho que não passará de ilusão. Como vai Lisboa então pagar as suas dívidas? Alienando os terrenos da Portela a Stanley Ho?! Apostar numa Baixa-Chiado de luxo não passa de ilusão pindérica.
2 — O programa da RTP 1, Prós e Contras, de 2006/12/11, sobre a crise no município de Lisboa mostrou cinco coisas: que Carmona Rodrigues é um pau mandado do PSD — sem estilo, sem estratégia e desconhecendo escandalosamente os seus próprios dossiês; que Maria José Nogueira Pinto precisa de melhores consultores; que Ruben de Carvalho deveria ceder o seu lugar a um militante jovem e mais bem preparado; que Sá Fernandes precisa de tomar um Valium antes de ir à televisão (mas também de melhores consultores); que Manuel Maria Carrilho poderia regressar como uma boa solução para Lisboa e, finalmente, que as clientelas partidárias andam cada vez mais preocupadas com o futuro. [2006/12/12]

Referências
Documento Plano Baixa Chiado (zip 5,7 Mb)

OAM #152 17 NOV 2006

terça-feira, outubro 06, 2009

TAP 5

A TAP acabou!

Que tal criar uma nova companhia transcontinental, com capitais lusos, brasileiros, angolanos, moçambicanos e caboverdianos?


A blogosgfera tem vindo a fazer avisos à navegação sobre este assunto há quase 3 anos. Os corruptos, os incompetentes, os néscios, os distraídos e os protestantes tardo-marxistas, tardo-leninistas e tardo-trotsquistas não nos ligaram nenhuma. O resultado está à vista!

A TAP tem mais pessoal que a Air Berlin, easyJet e Ryanair juntas —escrevemos isto uma boa dúzia de vezes.

Há coisas que não têm solução, a não ser que seja radical. Por exemplo, como é que um putativo grupo como a TAP+PGA pode aguentar-se na competição europeia pela concentração do sector aéreo transportador, quando os três maiores operadores de Low Cost europeus - Ryanair, Easy Jet e Air Berlin -, que movimentam conjuntamente mais de 87 milhões de passageiros/ano, têm menos assalariados ao seu serviço do que a TAP+PGA (9.945 contra 10.110), que, por sua vez, movimenta menos de um décimo daquele número de passageiros?! — in OAM, 8 JAN 2007.

TAP
Dívida acumulada: 2 467 milhões de euros (activos: 2 261 M€);
Défice em 2008: 320 milhões de euros;
Custo da inviável PGA (Grupo BES), impingida politicamente à TAP: 140 milhões de euros;
Número de trabalhadores por avião: 156,3 (Alitalia: 122,9; média da Ryanair, easyJet e Air Berlin: 37,5);
Load factor: 2005 = 72,3%; 2008 = 63,8% (easyJet = 85%)
Origem do tráfego aéreo nacional: Europa: 80% (Península Ibérica: 30%); Brasil, Venezuela, Angola e Cabo Verde: 14,5%
Futuro da TAP: falência e possível incorporação, com menos 3 a 5 mil trabalhadores, na Lufthansa ou na Air France. As hipóteses angolana e chinesa estão cada vez mais longínquas (apesar dos correios que não param de viajar entre cá e lá...) — in OAM, Abril, 2009.

Como qualquer ferida com pus deve ser lancetada quanto antes. Por profissionais, com atenção e cuidados extremos, para não ferir para além do inevitável.

Notícia no Económico


OAM 632 06-10-2009 18:38

sexta-feira, maio 27, 2011

Ao virar da esquina

O pacifismo da Geração à Rasca e do Movimento 15M pode mudar num ápice para algo mais criativo e revolucionário!



O mundo ocidental está cada vez mais endividado. Na realidade tem uma dupla dívida: aquela que contraiu consigo mesmo, nos últimos quarenta anos, substituindo progressivamente o trabalho criativo e a produção dos bens essenciais pelo consumo conspícuo, pelo hedonismo pueril, pelo egoísmo atroz, pelo esvaziamento da sensibilidade, e por uma crescente tendência para o suicídio demográfico; e aquela enorme dívida, de mais de dez gerações de europeus, ao resto do mundo, que colonizaram, parcialmente destruíram e de onde hoje os últimos herdeiros (nós!) começam, finalmente, a ouvir a voz, o clamor e a resposta. Não é só Portugal que está enredado no buraco da sua inconsciência colectiva, mas também a Espanha, a Grécia, a Itália, a Bélgica, o Reino Unido, os Estados Unidos e o Canadá, e em breve a França e a Alemanha. Pois nem a China, nem a China e todas as ditaduras do petróleo juntas poderão, mesmo que quisessem, por precisarem muito, salvar-nos do buraco infinito da nossa dívida entranhada e acumulada ao longo dos últimos seiscentos anos. Vamos empobrecer. Vamos sofrer. Mas saberemos aceitar com dignidade este destino inexorável?

Quem está no poder na Europa perde as eleições, independentemente do quadrante partidário. Foi assim na Grécia, na Irlanda, em Espanha, na Alemanha, e será assim em Portugal no próximo dia 5. O populismo rotativista, interesseiro, sem ideologia, demagogo, mediático, domina a Europa há pelo menos duas décadas. Resta saber se vai continuar a ser assim, tão pacífico e envernizado, quando cresce por todo o continente o número daqueles que não suportam mais os resultados desta hipocrisia aparentemente eterna e desta mentira diária. Um novo populismo, inorgânico, por enquanto sem líder, já despontou no horizonte do desespero colectivo.

As manifestações instantâneas que responderam ao apelo lançado pela Geração à Rasca, os acampamentos urbanos que como um enxame frenético responderam, também através das redes sociais, ao apelo do Movimento 15M, são a face pacífica de uma rejeição monumental dos actuais regimes democráticos, ou, para ser mais preciso, das suas práticas desastrosas e contaminadas por uma verdadeira pandemia de incompetência e corrupção. Passado o ciclo eleitoral, que terminará em 2013, ou mesmo em 2012, na Alemanha, veremos onde irá parar na Europa o pacifismo e a indecisão destes fluxos de inquietação e agitação sociais — pós-democráticas, se os tomarmos na perspectiva dos formatos institucionais da política; pós-contemporâneos, se os analisarmos numa perspectiva cultural mais ampla.

Há um ponto de ruptura que podemos antever com alguma precisão no pacifismo algo patético dos acampamentos de jovens e desempregados que crescem na Ibéria. Esse ponto verificar-se-à na intersecção entre um limiar de desemprego estrutural na ordem dos 15-25%, a estagnação económica, a inevitável e objectiva desvalorização fiscal, e o colapso dos sistemas de segurança social na sequência da praticamente inevitável reestruturação das dívidas soberanas actualmente alinhadas por essa Europa fora. Sem casa, as pessoas vão para a rua. Sem pão, nem leite, as pessoas revoltam-se. A violência anda por aí, contida, segregada no espaço concentracionário das subclasses sem identidade nem horizonte. Mas se a revolta colectiva explodir num voo orientado de vontades, então a violência desesperada dos egos ofendidos e humilhados dessa multitude crescentemente avisada terá encontrado um caminho de libertação psicológica e sobretudo cultural. O que será, ninguém sabe. Mas que será algo, será. Todos começámos já a pressenti-lo.

“subcomandante insurgente Marcos”, do Ejército Zapatista de Liberación Nacional
Esta manhã, quando percorria a avenida Jorge V a caminho da praia, indagava: de onde raio vieram estes novos enxames sociais carregados de energia, para já contida? Serão um mero reflexo educado do grande levantamento cultural que varre a margem sul do Mediterrâneo? E se assim for, tendo em conta o envelhecimento da Europa, conseguirão estes enxames forçar efectivamente alterações profundas nas execráveis partidocracias que temos? Que futuro se pode esperar? Que futuro podemos desejar?

Lembrei-me então do Exército Zapatista de Libertação Nacional, um movimento extraordinário de autodefesa dos índios mexicanos de Chiapas, que em 2005 decidiu renunciar à luta armada, mas que se tornou conhecido mundialmente pelos seus famosos acampamentos, nomeadamente electrónicos, e pelo seu lendário “subcomandante insurgente Marcos” — um filósofo, um esteta e um guerrilheiro que, à falta de melhor, chamaria pós-dadaísta. As semelhanças iniciáticas, sobretudo do M15M, com o mundo onírico-revolucionário dos novos Zapatistas, parecem-me óbvias.

As soluções eleitorais que teremos ou não teremos pela frente serão, não tenhamos ilusões, estádios de uma grande crise em desenvolvimento. A violência privada dos adolescentes do asfalto, e o pacifismo patético da Geração à Rasca são, também, momentos efémeros de um processo cultural que em breve sofrerá alterações bruscas, imprevisíveis e radicais. Uma recomendação aos inquietos: leiam e ouçam a prosódia humanista do “subcomandante insurgente Marcos”. É preciso reinventar e treinar uma nova narrativa sobre a metamorfose.


ÚLTIMA HORA: Barcelona: 120 feridos após confrontos entre “indignados” e polícia na Praça Catalunha. Público, 27-05-2011 15:45 



Comentário: as polícias europeias têm que aprender rapidamente novas tácticas de confronto urbano com manifestantes desarmados. O que este vídeo mostra é uma triste sobrevivência de comportamentos policiais próprios de ditaduras imbecis. O gozo sádico das bastonadas policiais tem que ser substituído por regras de contacto físico próprias de democracias adultas.

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 27.05.2011 20:05