quinta-feira, janeiro 30, 2014

O embuste das barragens

Jorge Moreira da Silva diz-se 'verde'. Falta provar!

Cherchez la femme, c'est-à-dire Goldman Sachs

Plano nacional de barragens vai custar 16 mil milhões

O presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) afirmou, na quinta-feira, que o plano nacional de barragens vai custar "16 mil milhões de euros", [...] mais de 20 % do resgate a Portugal.

Sol, 14 de Dezembro, 2012

Plano Nacional de Barragens «seria outro» para o atual Governo

O ministro do Ambiente afirmou esta quarta-feira que o Plano Nacional de Barragens «seria necessariamente outro», se o atual Executivo o tivesse desenhado e escusou-se a avançar qual a eventual indemnização pela interrupção da construção da barragem do Tua.

Na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas, Jorge Moreira da Silva respondia à questão de Heloísa Apolónia, deputada do partido ecologista Os Verdes, sobre se a barragem do Tua era um erro.

O responsável lembrou que o plano foi elaborado pelo anterior Governo e que «depois de uma decisão, de um concurso e de uma contratualização» reabrir o processo «podia contribuir para um risco para os contribuintes».

TVI24, 29 de Janeiro, 2014

Ai sim, Jorge Moreira da Silva? Você faria diferente, se pudesse? Então aqui vai a minha teoria para o ajudar a fazer o que deve, isto é, suspender a construção da barragem do Tua e abrir um inquérito!

Eu não posso aqui e agora provar a minha teoria. Por falta de meios e de tempo. Mas, em última análise, compete à PGR, ao DCIAP, ao Tribunal de Contas, à ERSE, ao Tribunal Constitucional, e aos deputados e partidos políticos instalados tomar boa nota desta teoria e investigar. Para isso lhes pagamos.

A história é simples de contar.

A Goldman Sachs, em 2007, quando percebeu no que a bolha do Subprime iria dar, e quando percebeu o fim dos generosos subsídios do Obama às eólicas, nomeadamente por causa do 'boom' que estava a começar no 'fracking', resolveu desfazer-se da empresa Horizon Wind Energy, provocando uma subida momentânea e artificial das cotações da EDP (ver artigo aqui publicado em agosto de 2012), e negociando (secretamente, presumo) a venda da Horizon à EDP,  que assim se tornava um player mundial das energias renováveis, bla, bla, bla, bla, bla....

O financiamento de que a EDP precisaria para comprar a Horizon (2,15 mil milhões de dólares) foi obviamente garantido nos mercados financeiros pela mão, uma vez mais, presumo, da Goldman Sachs (pela mão de quem haveria de ser?), e de caminho, para ajudar a segurar este embuste, a EDP sacou em outubro de 2007 o Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) ao senhor Sócrates Pinto de Sousa que, por sua vez, já então precisava desesperadamente de dinheiro que o défice público não visse, nem contabilizasse. Foram muitas centenas de milhões de euros que a EDP, a Iberdrola e a Endesa adiantaram por conta... das famosas barragens, inúteis, caríssimas e que os portugueses foram condenados, sem consulta prévia, a pagar durante 75 anos, mas pior, por conta também de uma ainda não ventilada mas completamente inconstitucional alienação dos direitos de exploração privada das águas das bacias hidrográficas e albufeiras abrangidas pelas novas barragens!

Impugnar todo este embuste é só uma questão de seriedade, de vontade política, e de coragem, claro!

Para complemento dos gráficos, publicados no texto acima citado, e que demonstram a sincronia entre as ações da Goldman Sachs, da EDP e de José Sócrates no ano 2007, aqui vão mais dois de hoje, onde se revela até que ponto os chineses também caíram na esparrela da Goldman! Por algum motivo alguém colocou o Carlos Moedas à cabeceira do barítono Pedro Passos Coelho.

A queda continuada das ações da EDP só foi travada depois da entrada das Três Gargantas.

Repare-se como as renováveis da EDP também foram salvas in extremis por Pequim.



quarta-feira, janeiro 29, 2014

Tia Merkel, cuidado!



Olhe bem para a geografia histórica da Europa!

A chanceler alemã quer um novo impulso no sentido da criação de uma “verdadeira união económica” e volta a insistir na necessidade de se reverem os Tratados europeus. A crise da dívida soberana não está ainda superada, frisou — Jornal de Negócios, 29/1/2014.

União económica europeia sem hegemonia alemã, união bancária sem hegemonia alemã, disciplina orçamental na Europa e nos países que a compõem, tudo bem. Mas se a ideia é confiscar as terras e as casas dos portugueses para encher o cu aos banqueiros alemães de Frankfurt, como fizeram na Alemanha depois de duas pesadas derrotas militares, esqueça! Se for por aí, a Alemanha só poderá esperar mais uma grande tragédia :(

Esta animação explica tudo...

POST SCRIPTUM

Passaram só 69 anos desde a libertação de Auschwitz, e por boa fé tendemos por vezes a esquecer o que a Alemanha nazi foi capaz de fazer ao seu país, na Europa e no mundo, há tão pouco tempo e em tão pouco tempo. Também tendemos a esquecer que metade da Alemanha viveu, depois da guerra, quase meio século sob um regime de ditadura comunista-estalinista, e que a a senhora Merkel é um produto genuíno da Alemanha de Leste. Em suma, voltamos a ter que despertar para a obsessão germânica pelo Lebensraum. A propósito, uma reportagem premiada sobre Auschwitz —Pretérito Mais do que Presente— realizada por Joana Sousa Dias.

domingo, janeiro 26, 2014

Sérgio Monteiro manda no ministro do CDS

O comboio-foguete chinês (Trans-Eurasian Railroad) prevê chegar à Europa em 2025

Bruxelas avisa Portugal
—Não existem verbas comunitárias, pelo menos até 2020, para a nova travessia do Tejo (TTT), nem para o novo aeroporto em Alcochete (NAL).
E eu acrescento: com a depressão demográfica em curso —até 2060 Portugal perderá o equivalente à população do Porto em 2011, ou seja, mais de 250 mil habitantes— e com crescimentos anuais do PIB que dificilmente ultrapassarão os 2% ao longo das próximas, muitas, décadas, o NAL e a TTT jamais serão economicamente rentáveis e por isso financeiramente viáveis. A menos que o BCE e os eleitores indígenas voltem a dar carta-branca ao Bloco Central da Corrupção para afundar Portugal em mais dívida pública assassina, não haverá nenhum novo aeroporto em Alcochete, Rio Frio ou Canha, mas terá que haver duas novas linhas ferroviárias a ligar o centro-norte do país e a região de Lisboa a Espanha e ao centro da Europa, sob pena de Portugal se tornar uma ilha ferroviária!

A ferrovia é o caminho mais rentável para diminuir as importações de petróleo. Segundo rezam os relatórios,
  • a mobilidade rodoviária é o maior consumidor de petróleo, com cerca de 6.000.000 tep por ano, pelo que uma redução de 20% deste consumo no transporte rodoviário representaria uma poupança em petróleo maior  do que toda a produção renovável de eletricidade (dados de 2011), convertida em petróleo (tep).
  • por outro lado, a entrada de uma pessoa numa cidade utilizando o seu automóvel individual custa à cidade cerca de 90 vezes mais do que se a mesma pessoa vier de comboio, e cerca de 20 vezes mais do que se entrar de autocarro.
  • já hoje, em média, os portugueses gastam mais em mobilidade automóvel do que em habitação!
E é por isto que Bruxelas colocou à disposição de Portugal verbas comunitárias avultadas para que o país não se transforme abruptamente numa ilha ferroviária, ou seja, logo que a Espanha acabe de mudar as suas principais linhas ferroviárias de bitola ibérica para linhas e sistemas de alimentação e sinalização UIC (norma internacional).

Esperemos, pois, que os portugueses, a começar pelos deputados, acordem!

Bruxelas disponibiliza 1,6 mil milhões para Portugal construir ligação ferroviária a Espanha
24-01-2014 por Daniel Rosário, em Bruxelas

Comissário europeu responsável pelos transportes sublinha que o orçamento português terá que co-financiar apenas 15% dos projectos, mas avisa que o dinheiro não utilizado tem que ser devolvido ao fim de dois anos.

Portugal vai ter à sua disposição pelo menos 1.600 milhões de euros do novo orçamento da União Europeia para construir a parte que lhe cabe das redes transeuropeias de transportes: ligar os portos nacionais às redes ferroviárias de carga e passageiros com ligação a Espanha e ao resto do continente e converter a rede nacional para a bitola europeia.

Os números são avançados pelo comissário europeu responsável pelos transportes, que explica estas contas do orçamento comunitário para o período entre 2014 e 2020: 1.100 milhões de euros do fundo de coesão já previsto para Portugal são para aplicar em transportes; 500 milhões é o que cabe ao país no âmbito do novo MIE -Mecanismo Interligar a Europa (CEF - Connecting European Facility), que financia as redes transeuropeias.

Caso o dinheiro seja bem aplicado, estes montantes até podem acabar por ser mais elevados. Siim Kallas sublinha que o orçamento nacional terá que co-financiar apenas 15% dos projectos, mas deixa igualmente um aviso: de acordo com as novas regras, o dinheiro do fundo de coesão que não seja utilizado tem que ser devolvido ao fim de dois anos.

“O pressuposto geral é que no decorrer de 2014 aprovaremos os projectos, decidiremos o que financiar, como financiar e com quanto dinheiro para que os trabalhos, com base neste financiamento das redes transeuropeias, possam arrancar em 2015. Este é o pressuposto geral, mas tudo depende de projectos concretos. E é importante sublinhar que de acordo com as novas regras para o fundo de coesão, caso os países que recorram a estas verbas se atrasem ou adiem em demasia, podem perder o dinheiro em 2016”, explica Siim Kallas.

O comissário estónio desvaloriza as polémicas que envolveram a versão inicial do TGV e diz que as mesmas acontecem em todos os países cada vez que se discutem grandes obras, sobretudo em tempo de vacas gordas. E defende que caso o projecto apresentado pelo novo Governo avance, Portugal ficará bem servido na mesma.

“Tanto quanto sei, o básico está lá, isto é, a ligação entre os portos portugueses e a Europa será estabelecida, tal como a ligação do comboio de passageiros, que levará metade do tempo entre Lisboa e Madrid. Estas ideias básicas não são tão mínimas, são boas ideias. Talvez alguém quisesse ir a Madrid numa hora, mas pode-se sempre ser muito entusiasta quando há dinheiro, mas quando não há dinheiro começa a calcular-se o que é razoável e penso que esses projectos são muito importantes. O projecto não é assim tão minimalista, é razoável e se for implementado penso que os portugueses podem estar bastante satisfeitos”, sublinhou ainda.

A Comissão Europeia espera que os trabalhos arranquem no decorrer de 2015. E diz que ideias antigas, como o novo aeroporto ou a terceira travessia do Tejo, têm que ser definitivamente enterradas ou pelo menos congeladas durante vários anos. Porque do lado europeu este é o dinheiro que há até 2020 e não servirá para financiar outras ideias que possam entretanto surgir.

Esta notícia hoje veiculada pela imprensa é um sério aviso ao governo de Pedro Passos Coelho, ao PSD, ao PS, ao CDS e até ao PCP, todos vergonhosamente comprometidos com o embuste do novo aeroporto da Ota e com a tentativa, entretanto gorada, de destruir o Aeroporto da Portela, para o entregar aos sonhos urbanísticos do senhor Ho, da tríade de Macau e do senhor Costa!

A bem da verdade, devemos realçar o relatório que a seguir se transcreve, como uma das peças importantes no esclarecimento da Troika, invariavelmente vítima das barragens de contra-informação da nossa indigente imprensa a soldo dos rendeiros e cleptocratas desmiolados do regime.

sábado, janeiro 25, 2014

Draghi 2

Draghi é dragão, o símbolo máximo do poder na China. Capice?

O euro venceu a sua primeira grande batalha

Mario Draghi: “Give a different composition to this fiscal consolidation!”

A intervenção de Mario Draghi em Davos, além do reconhecimento de uma batalha ganha contra quem quis destruir a moeda única europeia, e foram muitos, é antes de mais uma pauta completa para o que aí vem: continuação dos processos de consolidação das contas nacionais na zona euro, união bancária através da instituição de um único regulador e de um único supervisor bancário (atenção ao AQR —Asset Quality Review— banquinhos indígenas...), e deslocação do esforço da austeridade, dos cortes, da recessão e do desemprego jovem para o emagrecimento dos estados e a retoma do investimento em infraestruturas de acordo com os programas estratégicos comunitários e não segundo as prioridades dos rendeiros que prejudicam o crescimento saudável. Os bancos em demasiado mau estado deixarão de contar com dinheiro público e irão por água abaixo. Ponto final.

Vale a pena ouvir toda a entrevista (ver coluna à direita/ ou esta nota do Zero Hedge), mas sobretudo estes pouco mais de cinco minutos: 8'10''-14'50''.

Já agora, ainda a propósito da falência completa do cenário de resposta à crise, supostamente alternativo, montado no partido que conduziu o país à bancarrota, o PS, aqui vai uma sugestão de leitura igualmente instrutiva, da qual concluo o seguinte:

— a austeridade, que na realidade corresponde a uma desvalorização interna da moeda, está a ser aplicada em Portugal para diminuir o peso astronómico das dívidas, recorrendo a 3 dos 7 cenários sucintamente descritos por Philipp Bagus. É esta a combinação da AUSTERIDADE PORTUGUESA: 2+4+5.

O resto é ruído de araras para entreter o povo.

2. Default on Entitlements. Governments can improve their financial positions by simply not fulfilling their promises. Governments may, for instance, drastically cut public pensions, social security and unemployment benefits to eliminate deficits and pay down accumulated debts. Many entitlements, that people have planned upon, will prove to be worthless.

[...]

4. Financial Repression. Another way to get out of the debt trap is financial repression. Financial repression is a way of channeling more funds to the government thereby facilitating public debt liquidation. Financial repression may consist of legislation making investment alternatives less attractive or more directly in regulation inducing investors to buy government bonds. Together with real growth and spending cuts, financial repression may work to actually reduce government debt loads.

5. Pay Off Debt. The problem of overindebtedness can also be solved through fiscal measures. The idea is to eliminate debts of governments and recapitalize banks through taxation. By reducing overindebtedness, the need for the central bank to keep interest low and to continue printing money is alleviated. The currency could be put on a sounder base again. To achieve this purpose, the government expropriates wealth on a massive scale to pay back government debts. The government simply increases existing tax rates or may employ one-time confiscatory expropriations of wealth. It uses these receipts to pay down its debts and recapitalize banks. Indeed the IMF has recently proposed a one-time 10-percent wealth tax in Europe in order to reduce the high levels of public debts. Large scale cuts in spending could also be employed to pay off debts. After WWII, the US managed to reduce its debt-to-GDP ratio from 130 percent in 1946 to 80 percent in 1952. However, it seems unlikely that such a debt reduction through spending cuts could work again. This time the US does not stand at the end of a successful war. Government spending was cut in half from $118 billion in 1945 to $58 billion in 1947, mostly through cuts in military spending. Similar spending cuts today do not seem likely without leading to massive political resistance and bankruptcies of overindebted agents depending on government spending.

 “How the Paper Money Experiment Will End”. Philipp Bagus, Mises Daily, December 13, 2013.

POST SCRIPTUM

O meu sentimento face a 2014 é oscilante e parecido com o dos mercados, ou seja, um misto de otimismo reservado e de ansiedade pelo que poderá acontecer se a inércia partidária das democracias populistas europeias continuar a resistir à necessária racionalização e transparência das instituições, e continuar a preferir o fascismo fiscal e a repressão social da juventude a um renascimento da economia. O mundo terá que aprender a viver com crescimentos médios na ordem dos 1-2%, sem que tal signifique perda de qualidade de vida mas antes o início de uma nova era de equilíbrio e criatividade, como lhe chama David Hackett Fischer em The Great Wave—Price Revolution and the Rhythm of History. De momento, porém, parece que estamos todos numa corrida de lémures em direção ao precipício: buraco negro dos derivados tóxicos, explosão de bolhas especulativas por toda a parte, falsificação sistemática dos balanços e das estatísticas, endividamento público insustentável, colapso empresarial maciço, por efeito da repressão do crédito bancário, desemprego em massa, perda generalizada de rendimentos, sobretudo entre as classes médias, sobre-exploração do trabalho intelectual e criativo, guerras vicariantes (proxy wars) pelos recursos naturais em declínio, capitalismo de estado e reforço das guardas pretorianas dos regimes. O futuro imediato não parece brilhante.

Última atualização: 26/1/2014 11:20 WET

terça-feira, janeiro 21, 2014

2014: mais austeridade

A divergência entre a Alemanha e a periferia, incluindo França, é evidente.

Portugal e Espanha irão perder 40-50% do poder de compra salarial.

União Europeia prometeu, mas não cumpriu. O pior vem aí.

Comissário do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão reconhece que as promessas da União Monetária Europeia não foram cumpridas e que há o sério risco de todo o projeto descarrilar!

Commissioner for Employment, Social Affairs and Inclusion, László Andor:

Social dimension of the EMU

The still growing macroeconomic, employment and social divergences threaten the core objectives of the EU as set out in the Treaties, namely to benefit all its members by promoting economic convergence and to improve the lives of citizens in the Member States. The latest review shows how the seeds of the current divergence were already sown in the early years of the euro, as unbalanced growth in some Member States, based on accumulating debt fuelled by low interest rates and strong capital inflows, was often associated with disappointing productivity developments and competitiveness issues.

In the absence of the currency devaluation option, euro area countries attempting to regain cost competitiveness have to rely on internal devaluation (wage and price containment). This policy, however, has its limitations and downsides not least in terms of increased unemployment and social hardship, and its effectiveness depends on many factors such as the openness of the economy, the strength of external demand, and the presence of policies and investments enhancing non-cost competitiveness.

Declaração integral hoje publicada (21/1/2014) 

Segundo o observador atento ZeroHedge,

Most European countries (including France) face a desperate need for external devaluation, which is impossible under a monetary union, leaving only internal devaluation as an option. This is where the much maligned concept of austerity comes in:  from a macroeconomic perspective, austerity is not so much an exercise at moderating the pace of debt increase (as neither Spain nor Italy have reduced their rate of debt issuance), but of gradually becoming more price competitive with Germany: a key outcome that will be needed for the Eurozone to have any chance of survival, i.e., lowering sticky unemployment rates from levels that virtually assure social "disturbances" in the months and years ahead.
ZeroHedge: Europe Finally Admits A Monetary Union Leads To "Increased Unemployment And Social Hardship".

Para agravar este panorama sombrio, veja-se a antevisão dos pagamentos da dívida pública constante do Relatório do Orçamento de Estado:

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Epílogo: quando dizem que 'as exportações' (na realidade, trata-se da balança corrente) estão a portar-se bem, isso deve-se não só às exportações, mas também e até em grande parte à quebra brutal do consumo, à diminuição dos salários, ao aumento das remessas dos emigrantes e ainda, pontualmente, ao elevado preço dos refinados de petróleo exportados. A recente decisão do governo de isentar de taxas portuárias os exportadores é um sinal do esgotamento da solução pela via do saldo da balança corrente. O aumento das remessas dos emigrantes estabilizou, a procura de refinados petrolíferos estabilizou ou diminuiu, o consumo aumentou ligeiramente, o investimento externo (que é dívida perante o exterior) diminui abruptamente, e o aumento das exportações de bens materiais e serviços está a abrandar.

Pergunta ao governo: onde vai arranjar os mais de 20 mil milhões de euros necessários ainda este ano e no ano que vem para pagar dívida pública contraída?

E senhor Seguro, onde pensa ir buscar os mais de 17 mil milhões necessários para corresponder aos compromissos assumidos para 2016?

Não haverá resgate, nem programa cautelar. Mas haverá seguramente um empobrecimento brutal das pessoas, em particular das classes médias, virtualmente em extinção. É por esta razão, aliás, que Cavaco Silva anda desesperadamente à procura de uma nova União Nacional. Desta vez com o PS, PSD e CDS.

Cuidado, pois, com o que escreve a imprensa e dizem as televisões indigentes deste pobre país sobre a recuperação económica e outras fantasias.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Portugal diplomático

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Há no país um consenso valioso sobre política externa. Será o único, mas é fundamental para o nosso futuro.

Este é o mapa mais importante da atualidade, tendo em conta que o Pico do Petróleo Chinês já ocorreu e que, portanto, em 2015 a China importará 2/3 do petróleo de que necessita, e em 2030, 3/4.

As duas passagens mais críticas do planeta são o Estreito de Ormuz e o Estreito de Malaca. Já foi assim quando Portugal era o maior império à face da Terra!

Reparem na importância do caminho de ferro entre Nacala e Luanda a esta luz... e no valor estratégico de Moçambique e Angola neste contexto de guerra global pelos principais recursos energéticos do planeta: petróleo, gás natural e carvão. Já para não falar de metais, de cereais e de grandes extensões de terra arável disponível.

Pesem todas as asneiras indígenas, a estratégia diplomática portuguesa (reforço das relações com o Brasil, Venezuela, Angola, Moçambique e China) tem sido absolutamente correta!

Where Does China Import Its Energy From (And What This Means For The Petroyuan)
ZeroHedge, 20/1/2014

Before the “shale revolution” many considered that the biggest gating factor for US economic growth is access to cheap, abundant energy abroad - indeed, US foreign policy around the world and especially in oil rich regions was largely dictated by the simple prerogative of acquiring and securing oil exposure from “friendly” regimes. And while domestic US crude production has soared in recent years, making US reliance on foreign sources a secondary issue (yes, the US is still a major net importer of crude) at least as long as the existing stores of oil at domestic shale sites are not depleted, marginal energy watchers have shifted their attention elsewhere, namely China.

Recall that as we reported in October, a historic event took place late in the year, when China (with 6.3MMbpd) officially surpassed the US (at 6.24MMbpd) as the world’s largest importer of oil. China’s reliance on imports is likely only to grow: “In 2011, China imported approximately 58 percent of its oil; conservative estimates project that China will import almost two-thirds of its oil by 2015 and three-quarters by 2030.”

Eleições europeias... 1... 2... 3 !



Marinho Pinto, ouça o que diz Farage...

Nigel Farage; "We are run now by big business, big banks and in the shape of Mr Barroso, big bureaucrats..." (ZeroHedge)

A campanha para as Europeias começou! E Nigel Farage vai à frente. Defende a democracia, defende a Europa, mas está radicalmente contra as grandes negociatas, os grandes bancos e os grandes burocratas (não eleitos). Ora aqui está um bom ponto de partida para a sua campanha, António Marinho Pinto.

E depois da Troika?

G1—General government debt (% GDP)
Source: Eurostat (2012)
G2—Total government tax revenue (% GDP)
Source: Eurostat (2012)

Previsivelmente as coisas vão piorar. Defendam o que é vosso!

Vem aí mais inflação e impostos sobre a poupança e a propriedade, vem aí maior degradação da administração pública e do estado social, vem aí um ataque furioso à poupança e à riqueza acumulada de cada um. Um governo 'socialista' em 2015 seria, nesta ótica, um desastre completo. Só há, no entender de muitos, uma saída, embora estreita, para evitar o pior, isto é, para evitar uma convulsão social grave e a resposta autoritária que inevitavelmente provocará: diminuir o tamanho e o preço do estado. E de caminho, alterar o sistema político e reformar a democracia.

Europe’s Future: Inflation and Wealth Taxes
January 14th, 2014 by David Howden — Ludwig von Mises, Institute of Canada.

Tax burdens are so high that it might not be possible to pay off the high levels of indebtedness in most of the Western world. At least, that is the conclusion of a new IMF paper from Carmen Reinhart and Kenneth Rogoff.

Ao contrário do que a propaganda vem repetindo (reabriu a caça ao voto!), aquilo que realmente parece evidente na Europa é o efeito de contágio das crises de endividamento, da periferia sobre o centro (G1).

Os dois mapas do sucinto e claro artigo de David Howden mostram duas tendências em sentido contrário: G1—o endividamento alastra da periferia para o centro e G2—a pressão fiscal alastra do centro para a periferia.

Comum a toda a Europa é a destruição da poupança e a destruição das classes médias pela via da diarreia monetária, da destruição das taxas de juro, e da inflação escondida sob estatísticas cozinhadas que, em vão, tentaram manter artificialmente uma economia cada vez mais artificial e cada vez mais endividada.

Isto vai acabar mal :(

terça-feira, janeiro 14, 2014

O motoqueiro presidencial


Julie Gayet, a namorada secreta do motoqueiro presidencial François Hollande.

Hollande copia austeridade portuguesa. E agora Seguro? 

Não tenho nada contra os pobres diabos que querem ser ricos ou políticos de topo e sonham com gajas ou meninos bem apetrechados sob proteção policial, ou contra os fundamentalistas que se fazem explodir sonhando com virgens no paraíso. O que é insuportável é elevar estas pulsões eróticas legítimas à categoria de mentiras de estado. Os 'socialistes' franceses quando chegam a presidentes querem todos um harém? Pois então ponham a coisa na Constituição!

O Pacto de Responsabilidade proposto por Hollande contempla as mesmas panaceias do pacto que o PSD e o CDS têm tentado vender ao PS indígena. A ausência de imaginação dos políticos é geral. Mandam os banqueiros de Wall Street, da City, de Tóquio, de Frankfurt e de Pequim. Em Paris não se passa rigorosamente nada de relevante, a não ser as amantes e concubinas do cobarde motoqueiro presidencial. Eleger esta corja, para quê?

À pergunta de um jornalista sobre se ainda seria 'socialiste', Hollande respondeu com as mesmas mentirazinhas e boquinhas com que engana as amantes. Os homens assim são considerados machos, as mulheres que procedem da mesma forma, putas. É o que temos.

A conferência de imprensa que revela o novo neoliberal e mais recente libertino presidencial francês.

POST SCRIPTUM

Soares sai em defesa de Hollande

Sem se referir concretamente ao caso de infidelidade que tem assombrado, nos últimos dias, a união de François Hollande, o antigo chefe de Estado português, Mário Soares, dedica esta terça-feira parte do artigo que assina no Diário de Notícias ao Presidente francês e às “histórias desagradáveis – e quase sempre falsas” de que tem sido alvo. Apesar disso, avisa Soares, “Hollande está bem acordado e sabe o que faz”. DN, 14/1/2014.

O figurão bem sabe do que fala. Azar tremendo, no entanto, publicar esta crónica senil no dia em que Hollande anuncia uma colagem completa à austeridade alemã e à lógica de emagrecimento do aparelho de estado que pautou a ação do governo português atual. O António José Seguro bem faria retirar-se para um convento, ou sendo 'socialiste', para um harém, até que o senhor Hollande volte a ser 'socialiste', pois por agora, e do que anunciou na conferência de imprensa de hoje, nada o distingue do Passos de Coelho e do falso Portas.


François Hollande não esclareceu quem irá consigo a Nova Iorque, se a amante, se a concubina oficial, ou se uma surpresa ainda por revelar.

Última atualização: 14/1/2014, 17:46 WET

terça-feira, janeiro 07, 2014

Avaliar a Troika

Angela Merkel, até de muletas manda!
Foto: Reuters

Ordem para reduzir a emissão de dívida pública

Juros da dívida de Portugal a descer em todos os prazos para mínimos desde Maio

Cerca das 08:50 de hoje, os juros a dez anos estavam a ser negociados a 5,535%, um mínimo desde maio de 2013 e abaixo dos 5,566% do encerramento de segunda-feira. i online, 7/1/2014.
Q&A: What is tapering?

Since late 2012, the US central bank, the Federal Reserve (or simply the Fed), has been spending $85bn a month to boost the US economy.

That is the most recent phase of quantitative easing (QE), a policy that began as a response to the financial crisis that struck in 2007.

Under the plan, the Fed has been buying assets - a mixture of US government debt and mortgage bonds. This has the effect of driving down US interest rates, including the cost of mortgages, car loans and financing for business.

But on Wednesday, the Fed announced that it was scaling back - or tapering - that support to $75bn a month.

So what is tapering anyway?

It is a gradual phasing out of the Fed's bond-buying programme. BBC, 19/12/2013.

A redução das taxas de juros e das rendibilidades dos títulos de dívida pública (yields) são sinais bons para o governo e para o país. O ideal seria que a taxa de juro da dívida pública a 10 anos nunca ultrapassasse os 4% — a taxa de juro máxima a que qualquer agiota deveria estar limitado quando empresta dinheiro, considerando uma inflação abaixo dos 2%.

Estes sinais são, porém, uma campainha pavloviana para a indigente verborreia partidária.

Para a 'esquerda', e para a direita devorista, o resultado do esforço dramático dos portugueses e a melhoria tímida e porventura ilusória da conjuntura financeira e económica internacional, será um pretexto para exigirem, uma vez mais, que parem as reformas por fazer. Assim , o número de parasitas do regime poderia continuar a aumentar e poderia continuar a engordar. Os rendeiros do regime e as suas protegidas coutadas continuariam, graças nomeadamente aos mais de 300 mil portugueses que foram forçados a emigrar desde 2003, a paralisar e a corromper o país. É isto que queremos?

Felizmente, a rainha Merkel manda, mesmo com a bacia estalada e na cama. Felizmente a União Bancária avança. Felizmente, o princípio da avaliação institucional começa a funcionar ao mais alto nível. O exame aos trabalhos da Troika em Portugal, ao contrário do que a corja partidária quer fazer crer, é uma prática hoje comum em todas as indústrias, serviços e profissões competitivas, que vai finalmente entrar no léxico da avaliação das instituições burocráticas do estado e dos políticos!

Se a canga partidária pensa que vai continuar confortavelmente protegida pelo simulacro eleitoral, desengane-se. As democracias reais, isto é, os contribuintes vão mesmo exigir que os políticos e governantes passem a ser regularmente avaliados e auto-avaliados. E vão começar a responder política, civil e criminalmente pelas suas ações, para além dos ciclos eleitorais.

Idem para a ação sindical da aristocracia laboral. Os prejuízos económicos e sociais que frequentemente causam com as suas ações egoístas serão objeto de escrutínio público e institucional cada vez mais fino!

segunda-feira, janeiro 06, 2014

Somos os maiores!


Portugal precisa, tão só, de livrar-se dos parasitas

Li esta manhã a entrevista multifacetada do Económico (versão impressa) a António Simões. Vale a pena lê-la e meditar no que está mal em Portugal.

António Simões é, aos 38 anos, o líder do HSBC no Reino Unido e um dos vice-presidentes daquele que é o segundo maior banco do planeta, Horta Osório dirige e transformou o resgatado, mas mítico, Lloyds num caso de sucesso mundial, Constâncio é vice-governador do BCE, Barroso preside à Comissão Europeia, Carlos Tavares é o CEO da Peugeot, Miguel Fonseca é o vice-presidente da Toyota Europa, Mourinho é quem todos sabemos, idem para Cristiano Ronaldo, quem não conhece Maria João Pires, ou Siza Vieira? Fly London é sinómino de vanguarda no calçado que pisa as ruas de Londres, Lisboa e Copenhagen, e a menina Sara Sampaio é a primeira 'supermodel' portuguesa.

A falência do país não é, pois, consequência da falta de qualidade dos seus cidadãos individualmente considerados, mas de um sistema social indigente capturado há séculos por elites rendeiras, devoristas, corruptas e preguiçosas, de que a partidocracia que se apoderou da democracia é a mais recente expressão.

Última atualização: 7/12/2014, 12:23

domingo, janeiro 05, 2014

Eusébio

Eusébio no ar.
Foto: ?

Um jogador incrível e uma lenda de Portugal. Que descanse em paz.

sábado, janeiro 04, 2014

A próxima revolução industrial


A tecnologia e a cultura low cost vieram para ficar

The Nearly Free University and The Emerging Economy:
The Revolution in Higher Education (Of Two Minds)

Reconnecting higher education, livelihoods and the real economy

[...] modern colleges and universities have collectively become a rent-seeking cartel, an alliance of nominally competitive institutions that maintains a highly profitable monopoly of accreditation. To grasp the power of the cartel, consider a typical Physics I course even at MIT is almost entirely based on Newtonian mechanics, and the subject matter entirely in the public domain. Only a cartel could arrange to charge $1,500 and more per student for tuition and texts, in the face of far lower cost and superior quality materials, for subject matter that is no more recent than the 19th Century.

Charles Hugh Smith

A próxima revolução industrial já começou e poderia chamar-se Low Cost. Um exemplo do efeito low cost na economia é bem conhecido em Portugal. Toda a gente se lembra dos preços caros da TAP e das demais companhias de bandeira que pousavam em Lisboa, no Porto e em Faro. Toda a gente se lembra ainda da falta de ligações aéreas do Porto para fora do país, obrigando os cidadãos e a gente de negócios do Norte a viajarem de carro ou de comboio até Lisboa para poderem ir até Milão e muitas outras cidades europeias trabalhar, ou do preço exorbitante dos voos Porto-Lisboa, cujos passageiros eram frequentemente, para não dizer invariavelmente, subsidiados pelo estado e empresas públicas, pelas fundações, ou por grandes empresas.

No entanto, foi a concorrência dos voos low cost, sistematicamente ignorados ou criticados pelos lordes da TAP e dos governos de turno, que mudou o panorama da mobilidade aérea do país, permitindo um autêntico boom no turismo de fim-de-semana e nos negócios em plena crise financeira, ao mesmo tempo que demonstrava a insanidade e a corrupção que rodearam o embuste do novo aeroporto da Ota, primeiro no leito de cheia do rio Ota, depois na várzea de sobreiros e em cima do lençol freático da bacia do Tejo na zona de Alcochete-Rio Frio-Canha. Basta passear hoje pelo Aeroporto da Portela para ver as centenas de metros de balcões de check-in permanentemente vazios. Já não servem para nada. O mundo low cost, que envolve viagens incomparavelmente mais baratas do que as oferecidas pelas companhias públicas subsidiadas e pelos antigos oligopólios de slots, implica ligações ponto-a-ponto sem pernoita das tripulações fora de casa, implica uma penalização do excesso de bagagem individual, implica o fim dos aperitivos, refeições e refrescos de borla em viagens de médio curso, implica check-in online, implica tripulações menos numerosas e com algum acréscimo de funções, implica estadias nas placas dos aeroportos de menos de uma hora... implica o desenvolvimento paralelo da hotelaria e dos transportes citadinos em conformidade, ou seja, práticos, transparentes, baratos e disponíveis online. Resumindo, o fim da energia barata e a entrada do Médio e Extremo Oriente, Brasil e partes de África na partilha do bolo do desenvolvimento decretou, sem apelo nem agravo, o início de uma economia mais eficiente, mas também uma dieta sem precedentes em todos os setores parasitários ou pouco produtivos da sociedade. O colapso do sistema financeiro associado à acumulação insustentável do endividamento dos estados e suas empresas perdulárias veio apenas acelerar uma tendência anunciada e sem retorno.

Estado low cost, saúde low cost, educação low cost, mobilidade low cost 

Enganam-se, porém, aqueles que julgam que low cost é sinónimo apenas de voos baratos. A mesma lei que forçou o transporte aéreo a um gigantesco esforço de adaptação à energia cara (apesar de ainda beneficiarem de combustíveis altamente subsidiados, ao contrário do transporte rodoviário), está neste momento a forçar os governos a assumirem as suas gigantescas dívidas. Para já, os governos populistas enveredaram por atacar o problema pela linha de menor resistência, ou seja, os velhos e a classe média, usando o fascismo fiscal e a propaganda como armas. Mas esta via é claramente insuficiente!

Como a Troika, e bem, se tem fartado de avisar, sem uma clara e estrutural diminuição do peso do estado na economia e na vida das pessoas, o défice continuará a subir, a dívida não descerá significativamente, e o peso dos juros continuará a somar, ameaçando destruir literalmente os países que não reagirem a tempo à teimosia das elites corruptas que tomaram de assalto as democracias falidas e falhadas, como Portugal, Espanha, a Grécia, ou Chipre.

Em vez da caricata, hipócrita e destrutiva 'luta de classes' que os esqueletos da 'esquerda' pretendem retomar, como se estivéssemos no início da era do carvão, ou no início da era do petróleo, precisamos, sim, de uma visão estratégica para ultrapassar a evidente metamorfose do Capitalismo (mais uma) em curso.

Por razões acumuladas —o fim da energia barata, a deslocação de uma parte significativa do trabalho produtivo ocidental para o Oriente e em geral para os países atrasados, o envelhecimento e a quebra demográfica dos países industriais avançados, o endividamento geral das sociedades e o empobrecimento das classes médias ocidentais— o chamado 'estado social' ruiu. Morreu na forma até agora conhecida e não vai reviver, salvo se houver uma transformação radical alimentada por uma visão semelhante à filosofia low cost que um dia Alfred E Khan teve para atacar o problema do entorpecimento da aviação americana e que Jimmy Carter viria a colocar no papel e nas pistas em 1978. Então o gigante Pan Am faliu, e a Southwest Airlines adaptou-se.

Sem entrar em mais pormenores, que deixarei para outros escritos, diria o seguinte:

— ou, tal como as companhias de aviação, os sistemas sociais, educativos e de saúde que fazem parte do 'estado social' são capazes de caminhar rapidamente para uma transformação profunda, e sobrevivem, ou deixam-se enredar pelos trocadilhos baratos da chicana partidária que entope diariamente os canais da propaganda mediática, e acabam por falir... como a Pan Am faliu, e como a TAP faliu.

Não será por falta de certidões de óbito que as realidades serão diferentes do que são.


sexta-feira, janeiro 03, 2014

Novo elefante branco?

Afaconsult: Hospital de Lisboa Oriental (projeto: Souto Moura)

Foi Você que pediu mais um hospital?

A abertura do futuro Hospital de Lisboa Oriental — planeado para receber serviços dos hospitais de São José, Santa Marta, Curry Cabral, Estefânia, Capuchos e a Maternidade Alfredo da Costa (MAC) — estava prevista para 2016 e é um dos pontos centrais da reforma hospitalar, já que permitirá reunir num único espaço vários hospitais espalhados por edifícios da cidade que pela sua idade geram constrangimentos. O investimento total previsto do também conhecido como Hospital de Todos-os-Santos é de 600 milhões de euros. A tutela reconhece que com os prazos para o novo concurso o hospital só deverá afinal estar pronto em 2017.

O acordo de princípio para a construção do hospital foi assinado em Dezembro de 2007 pelo então ministro da Saúde, Correia de Campos. Em Setembro de 2010, o do Banco Europeu de Investimento aprovou o pedido português de financiamento até 300 milhões de euros para a construção do novo hospital, mas com garantias públicas (Público, 24/10/2013).

Entre 2003 e 2012 (Banco Mundial/Sol) o saldo migratório nacional (negativo) andou acima dos 300 mil pessoas, e só nos últimos dois anos a população ativa portuguesa sofreu uma sangria migratória na ordem das 130 mil pessoas (Público). Portugal já entrou, pois, no cenário de decrescimento acelerado previsto nas projeções estatísticas. Em 2060 poderemos ter menos 2 milhões de residentes do que hoje temos!

Todos sabemos que os doentes já hoje são postos à porta dos hospitais horas depois das intervenções cirúrgicas, que os serviços hospitalares, mesmo públicos, encarecem dia a dia, que o futuro passa por regressar aos partos em casa (assistidos por equipas médicas móveis) e por uma nova era de médicos de proximidade tecnologicamente apetrechados, e ainda pela telemedicina. Para quê então um do novo hospital gigantesco, se não para alimentar o Bloco Central da Corrupção? A era do Pinóquio Sócrates acabou, ou há ainda quem pense que o petróleo volta aos 25 dólares o barril?!

OBS: a ideia de edificar um novo complexo hospitalar num vale de cheias (quando chove a cântaros as tampas dos coletores saltam e os bombeiros são invariavelmente chamados pelas populações atingidas — TSF), ainda por cima colado a uma via rápida é mesmo de gente doida e irresponsável. É certo que o local previsto para a implantação do novo complexo é uma plataforma elevada, mas como ficarão os acessos quando chove muito e há inundações. É certo que podemos isolar os quartos do ruído exterior, mas quanto custa? Quem pagará tudo isto? Pois é, seremos todos nós se a coisa se concretizar.



Última atualização: 5/12/2014 13:54

terça-feira, dezembro 31, 2013

Borbulhas para 2014



Falta uma boa promoção ao método champanhês Made in Portugal

2013 foi para esquecer, brindemos com muitas borbulhas a 2014!

17 opções para encher uma banheira de borbulhas rodeada de ostras de Setúbal e charutos da Casa Havaneza

  1. Vértice Douro Espumante Millésime Super Reserva
  2. Vértice Bruto Gouveio, 2005
  3. Vertice Reserva Cuvée 2009
  4. Vértice Super Reserva Bruto 2005
  5. Vértice Rosé 2010
  1. Murganheira Grande Reserva Bruto Assemblage
  2. Murganheira Touriga Nacional Espumante Bruto Távora-Varosa DOC 2007
  3. Murganheira Vintage Pinot
  4. Murganheira Czar Cuvée Rosé Bruto
  5. Murganheira Millésime Távora Varosa Espumante branco 2004
  6. Murganheira Grande Reserva Bruto 1995
  7. Murganheira Velha Reserva Bruto 1999
  • Cartuxa Reserva, 2008
  • Soalheiro Alvarinho 2011
  • Soalheiro Espumante 2007
  • Terras do Demo Bruto, 2011, 2012
  • Ermelinda de Freitas Reserva Bruto, 2009

Os mais lidos de 2013



Os mais lidos de sempre
  1. Ainda a Manif do 15-S
  2. Pastel de Nata 
  3. TAP: abençoada lingerie!
  4. Mário Soares morreu
  5. Os piratas da energia
Os mais lidos deste mês
  1. Barragem da Foz Tua: uma PPP inconstitucional 
  2. Boa Nova, Má Nova 
  3. Onze prioridades para 2014 
  4. Nem comboios, nem navios 
  5. E agora Sérgio?
Os mais lidos desta semana
  1. Onze prioridades para 2014 
  2. Protetorado? 
  3. Boa Nova, Má Nova 
  4. Certificados do Tesouro +
  5. Catalunha, independência ou bluff?

segunda-feira, dezembro 30, 2013

Lixeiras sindicais

Quando os sindicatos andavam à solta no reino do sua Majestade

Antes de Thatcher, a lixeira também cobria as ruas de Londres...

PSD quer esclarecimentos sobre lixo em Lisboa

Os cantoneiros do município de Lisboa estão em greve desde terça-feira. A paralisação, em protesto contra a transferência de competências da Câmara para as juntas de freguesia, prolonga-se até 5 de janeiro — in Jornal de Notícias, 30/12/2013, 14:51.

No Reino Unido, antes de Margaret Thatcher ter posto o país nos eixos e acabar com a chantagem sindical, também era assim... Não haverá nenhum candidato indígena a acabar com a lixeira? Em que situação fica o turismo de Lisboa depois desta pessegada? Os alfacinhas, pelos vistos, não se incomodam, nem protestam, por aí além. Sofrem bovinamente, como o resto país, os jogos de guerra entre os beneficiários oportunistas do regime :(

Before Thatcher Came To Power, The UK Was Literally Covered In Gigantic Piles Of Garbage
Margaret Thatcher came to lead the U.K. in 1979 after a series of disputes between the government and Britain's then-powerful trade unions.

The new British Prime Minister set out to wage war on what she saw was the "enemy within" the U.K., and many people supported her in this fight.

To understand why Thatcher had this support, check out these photos of central London from 1979s "Winter of Discontent", which show trash piling up on the streets after U.K.'s dustmen (a.k.a. garbage collectors) went on strike.

It's worth bearing in mind that Leicester Square is pretty much the epicenter of London's glamorous West End — a tourism hot spot where movie premieres are held.

These photos show the incredible effect the unions (and union strikes) had on the average citizen's life, and — amazingly — they occurred under Thatcher's predecessor, Labour Prime Minister James Callaghan, a left-wing leader who relied on the union's support!

Just a few months after these photos were taken, Callaghan lost a confidence vote in the House of Commons and was obliged to call an election. Thatcher was voted in to power in the U.K., and the Conservative Party enjoyed 18 years of government.

Read more: Business Insider.

2014?

ASN—'A Águia e o Porco'

Népias!

Até agora aumentaram as receitas.
  • Cortes na despesa estrutural? Népias. 
  • Imposição de um limite mínimo e máximo nas pensões? Népias. 
  • Renegociação das PPP? Népias. 
  • Eliminação das rendas excessivas (EDP, Mota-Engil, águas, etc.)? Népias. 
  • Diminuição do número de municípios? Népias. 
  • Redução ou eliminação dos subsídios e isenções fiscais às fundações, IPSS, observatórios, institutos e um sem número mais de associações 'sem fins lucrativos'? Népias. 
  • Redução dos consultores e consultorias externas milionárias? Népias. 
  • Redução do número de deputados? Népias. 
  • Redução da corte de Belém? Népias? 
  • Investimento estratégico? Népias. 
  • Revisão extraordinária da Constituição? Népias. 
  • E para 2014? Mais impostos!!! 
O PS não faria pior.

domingo, dezembro 29, 2013

Onze prioridades para 2014

Aeroporto da Portela (20/11/2013): espaços e consolas sem uso exibem instalações sobre dimensionadas e uma gestão desajustada aos novos paradigmas tecnológicos que emergiram no início deste século. A nova ANA Vinci vai ter que rever todos estes pressupostos perdulários de uma administração pública incompetente, irresponsável e corrupta, dominada por comissários políticos mais ou menos disfarçados. Foto: OAM


Não perder tempo com a algazarra partidária é essencial

O ano de 2013 está a chegar ao fim. Mais de cem mil compatriotas, muitos deles nossas filhas e netos, abandonaram o país em busca de trabalho. Centenas de empresas qualificadas, para não morrerem na praia da irresponsabilidade partidária e corrupção entranhada deste regime que conduziu, numa década apenas, Portugal à bancarrota, evitada in extremis por uma troika de credores que naturalmente exige juros, também tiveram que procurar clientes por esse mundo fora.

Tem sido um banho gelado depois de anos de conforto artificial numa democracia imatura que falhou. O preço da irresponsabilidade criminosa dos políticos está a ser pago com o sangue, suor e lágrimas de milhões de portugueses, e continuará infelizmente a ser pago por todos nós durante, pelo menos, duas décadas. O mínimo que devemos exigir de nós mesmos, em nome do futuro, é correr democraticamente com esta corja!

Há duas maneiras: com um golpe de estado, ou pela via eleitoral pressionada por fortes movimentos de cidadania exigindo uma democracia sem ditadura partidária, austera no orçamento e na ética, referendária sempre que puder sê-lo, transparente e responsável, solidária mas não tola.

Eu prefiro a segunda via, e creio que a esmagadora maioria dos meus concidadãos prefere o mesmo. Outra ditadura, de direita, ou mascarada com o ideário enganador da esquerda, só nos faria regredir até ao século 19. No entanto, se tudo piorar na Europa e no mundo, se a tímida recuperação agora anunciada não passar de uma história de Natal que o novo ano fará em fanicos depois de novas bolhas financeiras começarem a explodir por toda a parte, as nossas opções democráticas começarão a desaparecer rapidamente.

Eu defendo a criação de um novo partido democrático cujo principal objetivo é forçar uma limpeza rápida e drástica do regime, retirando o excesso de poder dos partidos, diminuindo o peso tentacular e obtuso da burocracia, e atacando sem tréguas a corrupção entranhada nas leis, nas instituições e nos protagonistas. Não creio na fórmula mágica da democracia direta, mas creio que a introdução e uso regular de referendos nacionais, regionais e locais é um instrumento necessário para corrigir e salvar a democracia portuguesa do cancro partidário e da corrupção. Seria preciso mudar a Constituição? Pois que se mude e quanto antes, melhor!

As várias plataformas, grupos e individualidade que comungam o mesmo diagnóstico sobre a doença terminal que atingiu este regime devem unir-se, e devem unir-se já, pois a nossa democracia corre mesmo perigo de morte. As próximas eleições europeias são uma oportunidade que não devemos perder para dar um sinal claro à maioria que deixou de votar, ou vota em branco, que é possível e que vamos mesmo varrer a casa e salvar a democracia.

A todos deixo onze prioridades para o Novo Ano. Leiam-nas como uma base de discussão a somar ao Programa do Partido Democrata, ideário no qual estou decididamente envolvido.

Onze Prioridades para 2014

  1. Ler os documentos Portugal: Memorando de entendimento sobre condicionalismos específicos de política económica, de 17 de maio de 2011, e Decisão de execução do Conselho da União Europeia de 19 de novembro de 2013.
  2. Diminuir o peso asfixiante do estado, das elites rendeiras, das corporações profissionais e das burocracias na sociedade.
  3. Ligar os portos e as principais cidades portuguesas entre si e à rede europeia de transporte ferroviário para pessoas e mercadorias, incluindo, em primeiro lugar (até 2016), a linha de alta velocidade Pinhal Novo-Caia, seguida das ligações Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca (até 2020) e, finalmente, Porto-Lisboa (até 2030).
  4. Diminuir o preço da energia e aumentar a eficiência energética da economia, das cidades e dos edifícios, começando por todo o vastíssimo parque imobiliário do estado central e autarquias.
  5. Baixar os impostos — todos os impostos, e deixar às empresas a liberdade, o direito, a oportunidade e o benefício social de prosperarem.
  6. Estabelecer um valor mínimo e um valor máximo para as pensões financiadas pelos descontos obrigatórios de quem trabalha, e indexar os valores das pensões de reforma aos anos de desconto e à idade dos aposentados, que deve deixar de ser compulsiva salvo por motivos de saúde ou incapacidade.
  7. Prosseguir as reformas dos sistemas de saúde e educativo, reforçando a eficiência e a avaliação de resultados do que deve permanecer na esfera pública, separando o que deve ser público do que pode ser privado—sem subsídios, nem PPPs.
  8. Levar a cabo as prometidas e desejáveis privatizações da TAP e da RTP/RDP, e impor a renegociação de todas as PPP com a consequente eliminação das rendas excessivas dos oligopólios energéticos e rodoviários.
  9. Acabar com os subsídios, apoios públicos e isenções fiscais às fundações e associações sem fins lucrativos que não sigam boas práticas de gestão e transparência, e que não justifiquem socialmente os benefícios que recebem do estado, ou que não passem de coberturas para uma fuga 'legal' aos impostos.
  10. Criar as cidades-região de Lisboa e do Porto, com a consequente fusão dos municípios e respetivos serviços técnicos e administrativos.
  11. Diminuir para 170 o número de deputados da Assembleia da República, impor regras claras sobre conflitos de interesses ao exercício das funções de deputado, nomeadamente nas comissões parlamentares, e, por fim, definir um limite claro de dois mandatos consecutivos, ou três intercalados, a todos os cargos públicos de eleição.
Bom Ano e muita coragem!

sábado, dezembro 28, 2013

Sete Pecados Mortais

TOYZE — Sete Pecados Capitais, 2013

TOYZE é o autor esfuziante de imaginação e génio do porco circunspecto que representa a independência, truculência e bom humor deste blogue. É também um grande amigo.

No fim de 2013 enviou-nos a sua muito especial e mordaz Árvore de Natal, uma espécie de súmula do projeto Ri-te! (a smile a day) que será apresentado na galeria virtual Puerta Cerrada a partir de 1 de janeiro de 2014. Sete Pecados Capitais está à venda por um preço ajustado à época de vacas escanzeladas em que vivemos. Comprar barato é sempre uma boa decisão ;)

A arte não precisa de subsídios, mas precisa de paixão e de fãs!

LOJA
Convidamo-lo a visitar a loja virtual de Ri-te! (Um Sorriso Por Dia), que começará a publicar um smile original e de autor por cada um dos 365 dias de 2014, desafiando o mau tempo que veio para ficar... até ver.

Catalunha, independência ou bluff?

Ibéria vista do céu e do Atlântico. Foto da NASA

Catalunha quer mais euros, ou ver-se livre de Madrid?

A crise espanhola não é uma crise qualquer. Deixou de ser apenas uma crise financeira e económica grave, para ser também uma crise constitucional e de estado gravíssima. Madrid chama-lhe uma ‘crise territorial’, mas é muito mais do que isso. Parece que os catalães devem mais ao resto de Espanha do que o resto de Espanha lhes deve. Seja como for, os nossos irmãos ibéricos estão, outra vez, numa encruzilhada perigosa.

O chamado 'estado das autonomias' é um eufemismo caríssimo, para o qual não há mais financiamento nem futuro na sua presente formulação e configuração. Foi inventado depois da morte de Franco para lidar com a questão pendente desde o regresso às fronteiras europeias: que unidade querem os povos e as nações históricas da Espanha pós-imperial? Uma monarquia constitucional e um estado uno e indivisível, como a que existe neste momento? Uma confederação de nações sob uma monarquia a quem todos confiam a responsabilidade de defender a honra, a representação e o território? Ou querem uma república federal? Ou querem a completa balcanização de um país que apesar de todas as suas diferenças agiu como um só ao longo de quase seiscentos anos, e com o qual tantas fricções, e até mais do que fricções, tivemos?

É provável que venha a conseguir-se uma solução de compromisso para a crise instalada com a convocação unilateral do referendo sobre a independência da Catalunha para 9 de novembro de 2014. Mas se as posições continuarem a extremar-se, como parece ser o caso nestes últimos dias de 2013, tudo se torna mais imprevisível.

Os excertos que retirei de alguns artigos recentemente publicados na imprensa espanhola dão conta de uma agudização evidente da crise de identidade que voltou a dividir os espanhóis.

La oligarquía catalana contra España: cajas y bancos (2) — por Roberto Centeno, El Confidencial, 23/12/2013.

"Ahora confiesan públicamente que no era la independencia lo que querían, sino prebendas y ventajas fiscales similares a las del País Vasco, algo que saben imposible, porque el País Vasco es el 6% del PIB de España y Cataluña es casi el 20%. Este sistema destruiría económicamente la nación española, por lo que sería mejor que se independizaran y se llevaran su deuda, sus productos y sus empresas, salieran del euro y se buscaran la vida por su cuenta, y que España buscara la formación de un Estado confederado con Portugal con 750 millones de personas hablando español o portugués y unos lazos profundos con decenas de países."

El nuevo pacto fiscal para Catalunya — por Josep Sánchez i Llibre, Diario Crítico, 26/12/2013.

La reivindicación catalana de un pacto fiscal con el Estado que equipare su situación a la del concierto vasco o al pacto navarro suele ser rápidamente desestimada bajo la excusa de no hallar acomodo en la Constitución. Y sorprende esta afirmación sin base alguna, puesto que tampoco la Carta Magna alude en ningún momento a la necesariedad del concierto vasco. Léase del derecho o del revés, la tantas veces invocada Disposición Adicional Primera no menciona el concierto e incluso, a los efectos de su interpretación auténtica, sería oportuno recordar que durante la tramitación de dicha norma fueron rechazadas diversas enmiendas que pretendían garantizar explícitamente tal figura.

[...]

Sin embargo, el Estado no puede mantener de manera indefinida su oposición a un sistema fiscal reivindicado continuamente desde Catalunya y que incluso se configura en su propio Estatuto de Autonomía. El nuevo pacto fiscal, con efectos equiparables al concierto, no sólo es una aspiración política de un territorio con un intenso sentimiento nacional y voluntad de autogobierno, sino que, además, responde a criterios de equidad y de eficiencia económica.

Cuando Pujol le dijo a Garaikoetxea que Cataluña no quería un concierto como el vasco o el navarro — por Manuel Ángel Menéndez, Diario Crítico, 26/12/2013.

En 1978, los nacionalistas Carlos Garaikoetxea y Jordi Pujol mantuvieron una reunión en la que Garaikoetxea le planteó a Pujol que Cataluña también podía reivindicar un Concierto o cupo tal y como iban a obtener Navarra y Euskadi. Garaikoetxea le informó detenidamente a Pujol de las excelencias de ese trato preferencial, pero Pujol desechó tal fórmula por no considerarla conveniente para Cataluña. Luego, muchos años después, eso mismo es lo que reivindicó Artur Mas frente a Mariano Rajoy.

El nacionalismo catalán contra España (1): el caso de Repsol — por Roberto Centeno, El Confidencial, 16/12/2013.

Los Gobiernos sucesivos han confundido la delegación de competencias estatales a las autonomías con la disolución del Estado y actúan como bandas de prebendarios, mafias dedicadas a colocar a los suyos a cientos de miles y al expolio a gran escala, lo que ha arruinado a la sociedad civil. La catástrofe económica, política y social provocada por la Transición no tiene precedentes en la Historia de España ni en la de Europa.

Uno de estos desastres ha sido el desmantelamiento industrial, que del 34% del PIB en 1975 ha pasado a solo el 14% hoy. Los tres principales responsables de esto son tres. El primero, Adolfo Suárez, que dividió España en 17 pedazos contrarios a la realidad objetiva e histórica de nuestra nación: ¡este calamitoso ignorante hasta dividió Castilla en 11 trozos! El segundo, Felipe González, que con tal de “pasar a la Historia” como quien llevó a España a la Unión Europea desmanteló, literalmente, la industria pesada, la pesca y la producción lechera para que nos admitieran, un peaje disparatado que no ha pagado ningún otro país. El tercero, el nacionalismo catalán.


sexta-feira, dezembro 27, 2013

Certificados do Tesouro +

Rafael Bordalo Pinheiro, O António Maria, 1893.

Proteger a poupança da inflação rastejante

As taxas dos CTPM são crescentes, partindo de 2,75% no primeiro ano até 5% no quinto ano, a que pode acrescer ainda um prémio em função do crescimento do produto interno bruto — Público, 25/12/2013.

Cerca das 08:55 de hoje, os juros a dez anos estavam a ser negociados  a 5,855%, abaixo dos 5,862% do encerramento de sexta-feira. 

No prazo de cinco anos, os juros estavam a negociar a 4,777%, abaixo  dos 4,795% do encerramento de sexta-feira. 

Os juros a dois anos estavam hoje a ser negociados a 3,394%, contra  3,400% no encerramento de sexta-feira. 

A 6 de novembro, os juros a cinco e dez anos terminaram respetivamente  abaixo dos 5% e 6% pela primeira vez desde junho deste ano — SIC-N, 2/12/2013

A ideia é esta: se o estado português paga aos bancos e fundos de investimento juros de 3,3 a 6% pela dívida soberana, porque não pagar entre 2,75 e 5% aos titulares dos novos certificados do tesouro poupança mais (CTPM) por essa mesma dívida? Sai mais barato, não é?

Os aforradores podem eventualmente confiar mais nestes papeis do que em depósitos que pouco pagam, nomeadamente de bancos em dificuldades. Em caso de agravamento da crise financeira, é de presumir que à luz da tão propalada união bancária venham a colapsar, em primeiro lugar, os bancos que não recuperam apesar dos resgates com dinheiro público, e só em caso extremo sejam os estados a declarar a bancarrota. Por outro lado, como a exposição da banca germânica à dívida pública portuguesa praticamente se esfumou, não é expectável no horizonte mais próximo uma reestruturação da dívida portuguesa. No entanto, os tempos são incertos, e convém estar atento.

O caso do bailin de Chipre não se aplica à situação financeira portuguesa, embora haja por aí um, dois ou três bancos que poderão ser forçados a desaparecer ou ser absorvidos por entidades maiores, dada a sua sua situação de insolvência e mesmo de falência. O chamado tapering, já iniciado nos EUA, traduzindo-se por uma diminuição das emissões de dívida americana em 10 mil milhões de dólares mensais, traduzir-se-à numa também diminuição das injeções de liquidez made in BCE nos bancos europeus atolados em imparidades, com a consequente ameaça de reestruturação, só que desta vez sem a injeção maciça de dinheiro dos contribuintes. Como o dinheiro está mais caro e vai encarecer ao longo de 2014 e 2015, os défices públicos não poderão continuar a subir. A dívida terá que baixar sobretudo pela via da diminuição da despesa pública e ainda por um novo esticão fiscal. Estes certificados e os sorteios de 'automóveis novos' entre os consumidores conscientes são duas faces da mesma moeda: o desespero da Fazenda Pública!

Assim que a redução do Quantitative Easing foi anunciada pela Fed, os juros e as yields dos bilhetes do tesouro americano a 10 e a 30 anos começaram paulatinamente a subir. É bom para quem quer proteger as poupanças, é mau para quem tem dívidas indexadas à Euribor. A iniciativa dos turbo certificados do tesouro é uma resposta do governo à mudança ainda frágil de conjuntura, nomeadamente no interior das bolhas de dívida soberana, e é também uma forma de angariar o precioso dinheiro que os nossos credores provavelmente não estarão interessados em continuar a investir depois de 17 de maio de 2014, quando o famoso Programa terminar.

Colocar dinheiro nos novos certificados é, ou não, arriscado? Pela resposta da procura, parece que não. A um ano de distância, a probabilidade de as poupanças estarem protegidas é, apesar da conjuntura incerta, elevada. Em 2919 é demasiado longe para prever...

Entretanto, aqui vai um relato rigoroso do que tragicamente ocorreu em Chipre com o ‘bailin’ dos dois maiores bancos da ilha.

The Cyprus Depositor Haircut

In August 2005 a Helios Airways airplane crashed killi ng 121 passengers plus air crew and leaving 33 orphans. Each orphan received about €1mn in compensation which carers mainly placed in bank accounts for when the children grew older. The Cyprus bailout means most of their money is now gone.

Hotels in Cyprus during winter took large advance payments from foreign travel agencies for bulk bookings of rooms over the coming summer. The money they received has now all but been forfeited to the government but they are legally obliged still to provide the accommodation and food services the travel agencies purchased. Losses will be huge.

An amount equivalent to 60% of GDP has been taken from all business and individual depositors in the two biggest banks in Cyprus accounting for over 60% of the banking system. All accounts bar a select few have lost all amounts above €100,000 at the now closed down Laiki Bank, and 60% of amounts over €100,000 at the larger Bank of Cyprus have gone. So if you had €500,000 on deposit at Laiki, or €50mn, you now have €100,000. Families have lost their life savings, potential home buyers have lost funds from their previous house sale, businesses have lost the funds they were going to use for expansion. How did this happen?

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