sexta-feira, novembro 20, 2009

Portugal 140

Precisamos de refazer a economia interna!

Urinol seco da Waterless
Urinol seco da Waterless

By the end of 2010, most... Western countries will have to significantly raise taxes in order to avoid public finance from going bankrupt. All present speeches and projects about stabilizing or lowering taxes will last what can last unkeepable promises suggested by political cowardice and/or blind ideology: very little time. Instead of that, the State will be back in people’s pockets.

... If companies cannot provide the money that the State needs, then the State will get it into the consumer’s pocket. No ideology there, just a « cold monsters’ » survival reflex. — in Global European Anticipation Bulletin (November)

Com crescimento zero e desemprego a caminhar para os 15% ou 20%, deixará de haver dinheiro para financiar o Estado. Se este persistir na via do terrorismo fiscal (ao som da pandeireta do Bloco de Esquerda), mais empresas fecharão a porta e a bancarrota de Portugal será uma questão de anos — poucos!

O INE acabou de publicar os dados do desemprego relativos ao 3º Trimestre de 2009. E esses dados mostram que a situação é pior do que aquela que o governo e os seus defensores pretendem fazer crer, e que as medidas tomadas pelo governo são claramente insuficientes,

No 3º Trimestre de 2009, o desemprego oficial atingia 547,7 mil portugueses. Mas o desemprego oficial não inclui a totalidade dos desempregados. No número oficial de desemprego, não estão incluídos aqueles, que embora na situação de desemprego, não procuraram emprego no mês em que foi feito o inquérito, por estarem, por ex., desencorajados. E também não estão considerados no número oficial de desempregados, todos os desempregados que, para sobreviveram, fizeram um pequeno “biscate”, por ex. de uma hora. Se somarmos ao desemprego oficial os desempregado que não são considerados no cálculo do número oficial de desempregados, obtemos para o 3º Trimestre de 2009, 696,9 mil desempregados e uma taxa efectiva de desemprego de 12,3% ( a taxa oficial é apenas 9,8%, embora na região Norte a taxa oficial seja 11,6%, em Lisboa e Algarve 10,3%, no Alentejo 10,2%), portanto os valores do desemprego efectivo são bastante superiores aos números oficiais de desemprego que são divulgados pelos media. No fim do 3º Trimestre de 2009, o numero de desempregados a receber o subsidio de desemprego era apenas de 350,8 mil, o que correspondia somente a 64,1% do numero oficial de desempregados, e somente a 50,3% do numero efectivo de desempregados. Isto significa que entre 196,9 mil e 346,1 mil desempregados não recebiam subsídio de desemprego. E daqueles 350,8 mil que estavam a receber o subsídio de desemprego, 112 mil recebiam o subsidio social de desemprego, cujo valor é inferior ao limiar de pobreza (354€ por mês – 14 meses). A medida anunciada pelo 1º ministro na Assembleia da República de redução do prazo de garantia vai apenas permitir a mais 10.000 desempregados receberem subsidio de desemprego. É uma medida claramente insuficiente face à gravidade e à dimensão da situação. É urgente adaptar a lei do subsidio de desemprego à actual situação, o que o governo se tem recusado a fazer. — Eugénio Rosa.

As pessoas não podem aumentar os níveis de consumo porque não conseguem emprego (mesmo as mais qualificadas), ou porque estão desempregadas, ou porque estão ameaçadas de desemprego ou simplesmente sujeitas à congelação ou ameaça de congelação dos seus salários e das suas carreiras profissionais.

As empresas independentes, por sua vez, não podem retomar o investimento pois não vislumbram onde possa estar a procura (a interna debilita-se a passos largos por via do desemprego estrutural e do endividamento geral do Estado e das populações, e a externa deteriora-se pela deterioração global dos termos de troca, cada vez mais desfavoráveis ao endividado e improdutivo Ocidente) e, por outro lado, não encontram quem lhes empreste dinheiro se não a preços usurários (1).

Só os bancos e empresas agarrados ao Estado (entre nós, Mota-Engil, Teixeira Duarte, EDP, BCP, BES, etc.) têm sido, até ver, incessantemente alimentados por uma liquidez especulativa, criada irresponsavelmente por Estados e Uniões de Estados endividados, que através dos respectivos bancos centrais emitem moeda puramente virtual de forma suicida.

No meio de toda esta loucura o capital especulativo aproveita todas as oportunidades, por efémeras que sejam, para drenar ainda mais a pouca seiva genuína da economia para o buraco negro dos derivados e para os criminosos paraísos fiscais que continuam alegremente sugando a poupança mundial.

Estreitando ainda mais o beco sem saída da economia ocidental —desindustrializada, viciada na ideologia e na falsa economia do consumo, especulativa, endividada— temos tido, desde 2008, uma grande depressão e deflação.

Mas no ar paira já o espectro de uma nova vaga de inflação (a começar pelos preços da energia e das principais matérias primas... a que se seguirão os alimentos básicos) e do vampirismo fiscal das cada vez mais autoritárias e burocráticas democracias ocidentais!

Uma tendência que o proteccionismo em ascensão, apesar de dissimulado pelas agências de comunicação, agravará muito para além da nossa imaginação!


Post scriptum
— Não resisto a publicar o que escrevi ao Parlamento pouco depois desta postagem... com mais uma medida drástica, entretanto acrescentada, cuja inspiração vem da esforçada Holanda e de Singapura (ler notícia da AP): abandonar o IA e impor uma imposto s/ Km percorridos!

Caros partidos,

Power utilities maximize profits by spending as much as possible on expansion of supply even though energy saving could much more efficiently accomplish the same result. -- Thomas R. Blakeslee.

Há coisas em que podem estar tranquilamente de acordo! Uma delas é a EFICIÊNCIA ENERGÉTICA:

Se estudarem bem a coisa, verão k é o maior, mais imediato e factível cluster para a actual economia portuguesa, muito mais reprodutivo e manejável por uma pequena economia como a nossa do que o desenvolvimento tecnológico endógeno de novas fontes e tecnologias energéticas.

A primeira aposta, depois de parar com a maioria das barragens previstas, é criar um regime que beneficie concretamente os produtores e distribuidores de energia em função da sua eficiência e sustentabilidade.

A segunda aposta a tomar é suspender imediatamente a lei sobre o uso obrigatório ar condicionado em edifícios públicos, adequando-a em menos de 3 meses a novos padrões de eficiência energética.

A terceira aposta é desenvolver um vasto programa de investigação e desenvolvimento para a melhoria da eficiência energética no sector da produção de máquinas, motores e equipamentos industriais domésticos.

A quarta aposta é lançar um programa nacional de uso eficiente da água na agricultura, com lançamento duma ambiciosa plataforma colaborativa entre universidades, empresas de criatividade e os próprios agricultores.

A quinta aposta é reformular radicalmente os regulamentos de edificações urbanas tendo por objectivo uma poupança energética na ordem dos 30%, reforma esta necessariamente associada a um programa de apoios, incentivos e investigação em todo o vasto sector de construção e obras públicas.

A sexta aposta é adoptar até 2012 a recente decisão holandesa de acabar com o IA e o Imposto de Circulação calculado por cilindrada, substituindo-os por um Imposto de Circulação Progressivo — quanto mais quilómetros percorridos, mais pesado o imposto! Esta medida, no âmbito do paradigma "utilizador-pagador", deveria ainda ser complementada por um sistema de taxas variáveis em função do congestionamento urbano das cidades com mais de 100 mil habitantes, e preços de garagem igualmente indexados aos nível de congestionamento automóvel nas cidades.

Nada disto, porém, poderá ir para a frente sem previamente a AR criar uma verdadeira task force para este efeito, com grande capacidade de acção e adequadas ferramentas conceptuais de mediação interna e externa.

Coragem!

OAM

NOTAS
  1. Os juros de mora cobrados pelos bancos (que obtêm dinheiro nos bancos centrais praticamente de borla), nas contas a descoberto, nas letras e nos créditos acima dos plafonds negociados dos cartões de crédito, sobem hoje a mais 11%, e mesmo a mais de 30% ! É por esta razão que os lucros bancários não param de crescer !!


OAM 652 19-11-2009 12:41 (última actualização: 22-11-2009 15:14)

quinta-feira, novembro 19, 2009

Crise Global 73

Estamos ricos!




É a pior Economia dos 16 países da Zona Euro e a segunda pior entre os 30 considerados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. A OCDE divulgou hoje um relatório que apela a urgentes reformas estruturais. — "OCDE arrasa Economia portuguesa - Expresso.pt".
Só mesmo os nossos economistas é que não sabiam!

Com os turistas depenados do Reino Unido a afastarem-se das costas lusitanas, endividada, agarrada ao petróleo como poucas e estagnada por mais uma década, para que precisa a pior economia da União Europeia, de novo aeroporto e de mais autoestradas?

Quando é que a Assembleia da República se lembra de criar uma Comissão de Energia focada no Pico Petrolífero (1) e na inevitável transição do actual paradigma energético, que se aproxima a passos largos?

Já pensaram os nossos sempre aluados deputados no que vai acontecer por volta dos finais de 2010, quando o petróleo estabilizar num novo patamar entre os 80-100 dólares o barril? Já mediram o impacto deste flagelo energético no serviço da dívida pública e na capacidade de acção do Estado central e autárquico? Mais impostos — é o que querem?! Esqueçam, pois vamos todos fechar para balanço!

Já pensaram os nossos retardados economistas — que perdem demasiado tempo, embora compreensivelmente, em gabinetes de estudo com agendas pré-programadas — no impacto que um Euro a duas velocidades, i.e. com taxas de remuneração diferenciadas a Norte e a Sul da Europa, terá nas sempre eufóricas, mas cada vez mais moribundas, economias latinas do Sul da Europa?

A terceira guerra mundial pelos recursos energéticos, minerais e alimentares do planeta, está em marcha!

Por acaso, já pensou, quem tem que pensar, que se aproxima vertiginosamente o momento de implementar em Portugal uma economia de emergência, a qual implicará inevitavelmente a instauração de um regime de excepção energética e social?

A Islândia está cada vez mais perto de nós! Ou por outra, estamos cada vez mais perto da Islândia...

A Alemanha vai concentrar-se, como sempre, no seu espaço vital, i.e. no centro e leste europeus, na Rússia, nos Balcãs e no Médio Oriente, procurando conter um Obama desesperadamente tentado a dividir o petróleo e o gás iranianos com Pequim!

E nós? E quem somos nós?!


NOTAS
  1. As bolsas americanas e europeias dispararam ao longo de 2009 com o dinheiro lançado nos mercados financeiros pelos bancos centrais norte-americano, britânico e europeu a pretexto de salvar e disciplinar o sistema bancário. O que efectivamente se passou foi uma extorsão colossal da poupança pública mundial em direcção ao buraco negro criado por mais um catastrófico estouro do casino piramidal da economia capitalista global. Hoje os piratas de sempre (Goldman Sachs e Cª) têm-se entretido a empolar a nova bolha chamada Dívida Pública (sim, apostam nos futuros colapsos dos Estados!), ao mesmo tempo que empurram com toda a força as energias renováveis (eólica e solar) para a rampa ascendente de uma nova bolha especulativa, como se tem visto, por exemplo, na dança criminosa da endividada EDP (onde o Estado ainda detém mais de 26% do capital!) Com mais de 14 mil milhões de euros de dívidas acumuladas, anunciou ontem (18 NOV 2009) que a sua lebre, EDP Renováveis, irá investir 4 mil milhões de dólares na produção de energia eólica nos EUA!)

    A exuberância e o optimismo são, porém, puras manobras de circunstância. A verdade nua e crua é esta: a economia mundial caminha para um desastre sem precedentes, pois não soube até hoje desenhar uma escapatória racional para o declínio irreversível do paradigma de desenvolvimento assente no uso e abuso de fontes energéticas e matérias primas baratas, sem ter percebido a tempo que tais recursos eram e são irremediavelmente limitados. As fantasias do petróleo pesado brasileiro, venezuelano, canadiano e até lusitano, não passam de estratagemas de comunicação para empolar as bolsas locais e mundiais. As anunciadas reservas são ridiculamente escassas face ao consumo mundial actual e necessário para manter níveis mínimos de crescimento do PIB mundial (>85 milhões de barris/dia.) Uma vez chamadas a preencher o declínio acelerado das explorações petrolíferas actuais, as lamas, as areias betuminosas e o petróleo pesado que se encontra a 3000-6000 metros de profundidade (debaixo de camadas de sal com centenas de metros de espessura) não serão apenas ridiculamente escassos, como provavelmente inviáveis do ponto de vista comercial. Em suma: por volta de 2050 (se não for antes), o paradigma petrolífero terá chegado ao fim, mas nessa altura o planeta terá mais 2,2 mil milhões de almas do que os actuais 6,8 mil milhões! Como irá o mundo acomodar tão inimaginável transformação, se hoje e amanhã continuarmos alheios ao problema, deixando nomeadamente os políticos em roda livre? A minha filha terá em 2050, 70 anos. E a sua?

OAM 651 18-11-2009 18:30 (última actualização: 19-11-2009 10:12)

segunda-feira, novembro 16, 2009

Portugal 139

"Face Oculta": o xeque-mate?

Cavaco Silva deve dar a Sócrates o mesmo destino que Sampaio deu a Santana Lopes. Nem mais, nem menos. Com cortesia, mas sem hesitar, pois já hesitou demais!


Kill Bill, Queen Of The Crime Counsil (audio legendado)
Q. Tarantino/ U.Thurma



Se as cinco mais recentes gravações de telefonemas entre Armando Vara e José Sócrates envolverem também, e porventura sem margem para dúvidas, o actual primeiro ministro num ou mais presumíveis crimes graves, que farão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça? Voltarão a mandar destruir os registos — i.e. as provas?!

E se os responsáveis titulares do processo "Face Oculta" recusarem fazê-lo, em nome da razão, da lei e da justiça —como é seu dever e acredito que façam—, que acontecerá depois?

Bom, se tal vier a ocorrer, estaremos envolvidos numa grave crise constitucional, de consequências imprevisíveis. Estou pois certo que o senhor Presidente do Supremo Tribunal de Justiça não deixará de explicar isto mesmo ao senhor Presidente da República, para que este proceda preventivamente e assegure, como lhe compete, o normal funcionamento das instituições e a estabilidade do regime constitucional.

Atitude diversa da lógica do direito, que aqui e agora se impõe, com urgência, comprometeria estes dois pilares estruturais da democracia portuguesa —presidência da república e presidência do supremo tribunal de justiça— num impasse constitucional gravíssimo, tornando-os antes de mais suspeitos de compactuar com uma possível subversão e corrupção inaceitáveis do actual sistema político.

O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça não é patrão dos juízes, tal como o Procurador-Geral da República não é patrão dos procuradores. O primeiro ajuíza o que lhe é levado às mãos em última instância por quem apela aos seus bons serviços; o segundo, distribui a tarefa de acusar por agentes do Estado que devem pautar a sua acção exclusivamente pela lei e pela própria ética profissional. Os dois altos responsáveis mencionados não mandam mais do que isto! E sobretudo não têm autoridade para ajuizar a qualidade de certidões emitidas por entidades de direito competentes, independentes e autónomas, como agora pretendem ilegitimamente, levantando-se por isso as maiores suspeitas relativamente aos sucessivos comportamentos de Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento.

A única coisa que o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça pode proibir ou mandar destruir são apenas escutas que contenham matéria sensível para a segurança do Estado. Não lhe cabe pois, nesta competência, ponderar ou deixar de ponderar sobre a eventual natureza criminosa do comportamento de um primeiro ministro se tal comportamento não for justificável por superior interesse do Estado. Ou seja, no limite, a ordem de Noronha do Nascimento, secundada por Pinto Monteiro, de mandar destruir as gravações comprometedoras de José Sócrates no caso "Face Oculta", são inconstitucionais e por conseguinte devem ser rejeitadas por quem tem a responsabilidade de uma investigação criminal como a que já obviamente correlaciona Armando Vara e José Sócrates numa sucessão de telefonemas que presumivelmente indiciam a prática de crimes puníveis com pena de prisão até oito anos!

Tudo o resto, nomeadamente as fugas de informação organizadas a partir de Lisboa, por quem quer que seja (e neste caso só se me afigura ter ocorrido ao mais alto nível), é irrelevante do ponto de vista da forma e substância de um processo que só poderá levar à destituição de José Sócrates do cargo que inopinadamente ocupa.

Ninguém, salvo meia dúzia de almas penadas arregimentadas dentro do PS por Jorge Coelho, votou nesta criatura indecorosa. Poucos votaram, aliás, uma segunda vez, neste PS. E o que temos agora é um desgoverno nado-morto, cada vez mais semelhante ao abortado desgoverno de Santana Lopes e Paulo Portas. Não vejo como se possa atrasar o inevitável golpe de misericórdia que mais cedo ou mais tarde abreviará a estuporada semivida desta falsa maioria.

José Sócrates é um boneco criado por Edite Estrela e Jorge Coelho, tendo servido lindamente para impedir que o inesperado vazio criado por António Guterres (apavorado com a dimensão do polvo parido pela tríade de Macau que o levara ao poder) fosse inadvertidamente preenchido por Ferro Rodrigues, entretanto (oportunamente?) envolvido no processo judicial sobre a rede de pedofilia tecida em volta da Casa Pia.

Com o Pinóquio que nos tem levado triunfalmente à ruína, a tríade de Macau pensou que o PS se tornaria, enfim, um partido orgânico da nova democracia liberal, embrenhado-se nas principais estruturas da nossa eterna burguesia indigente e palaciana: construção civil e obras públicas, rendas de monopólios, sector financeiro e sistemas de comunicação. Daí até lançar um plano de assalto aos principais concursos públicos (estradas, pontes, ferrovia, barragens e aeroportos), sector das comunicações (Portugal Telecom, Diário de Notícias, TSF, TVI, SIC/Expresso, etc.) e banca (Caixa Geral de Depósitos, primeiro; BCP, depois), foi um ápice.

Visando supostamente impedir a entrega da banca nacional às garras de Madrid ou de Barcelona (argumento que à época venceu junto de vários patriotas sinceros), formou-se um verdadeiro sindicato clandestino de interesses com o objectivo de tomar de assalto o incapaz BCP. A Caixa Geral de Depósitos, directamente e por interpostos agentes (Manuel Fino, Joe Berardo, Teixeira Duarte, etc.) foi o principal actor desta operação, estando então aos comandos da mesma os hoje presidente e vice-presidente (suspenso, mas bem pago) do BCP, Carlos Santos Ferreira e Armando Vara! Palavras para quê?! São artistas portugueses e adoram caviar! Não esperem, todavia, que angolanos e chineses, depois de tanta merda, vos acudam!!

De tudo isto fomos escrevendo neste blogue inúmeras vezes. O dique onde toda esta porcaria se acumulou acaba de rebentar e não vejo como remediar os estragos sem ir ao miolo do problema, isto é, à tríade de Macau, cuja cabeça é preciso cortar rente, antes que todo o organismo constitucional da frágil democracia portuguesa apodreça atacado pelas finas metástases do cancro da corrupção instalada.

Só vejo uma saída expedita e publicamente aceitável para esta crise: Cavaco Silva deve dar a Sócrates o mesmo destino que Sampaio deu a Santana Lopes. Nem mais, nem menos. Com cortesia, mas sem hesitar, pois já hesitou demais!

Prolongar a agonia do socratintismo deixou de ser uma originalidade lusitana! A partir do processo "Face Oculta", pactuar com o monstro criado pela tríade de Macau será o mesmo que entregar a democracia à imprevisibilidade de uma guerra civil constitucional que o prolongado declínio económico em que estamos e iremos continuar por mais três, cinco, dez anos..., poderá a qualquer momento (e não faltarão oportunidades propiciadas pela profunda crise mundial que não cessa de revelar sinais preocupantes) fazer degenerar num colapso total do regime. É isto que V. Ex.ª, Senhor Presidente da República, quer?


OAM 650 16-11-2009 23:43

quinta-feira, novembro 12, 2009

TAP 8

Iberia e British Airways fundem-se!
E a TAP? Só se Berlim, Brasília e Luanda ajudarem.



Estacionamento às moscas na Portela, antes da crise!
Agora está saturada com aviões parados da... TAP!!

El Consejo de Iberia aprueba la fusión con British Airways · ELPAÍS.com

Iberia se dispara en bolsa tras anunciar su fusión con BA
Las acciones de la compañía suben un 11,78% al cierre de la sesión.- El acuerdo, adoptado en una reunión extraordinaria, fija la sede financiera de la nueva compañía en Londres.- El presidente será Antonio Vázquez.- Se espera la inminente ratificación de la aerolínea británica. -- LARA OTERO - Madrid - 12/11/2009
Aqui se escreveu mais de uma vez sobre esta possibilidade e de como a TAP estaria descalça perante tal desenvolvimento. A TAP está falida e ninguém aparentemente a quer...

As placas da Portela estão saturadas. Sim, senhor: estão saturadas de aviões da TAP vazios.

Para já, despeçam o inútil gaúcho e enviem os aviões sem destino nem passageiros, nomeadamente os que o governo corrupto de José Sócrates comprou ao BES, para o aeromoscas de Beja do genial Augusto Mateus.

E depois corram-me com a corja da tríade de Macau quanto antes. Antes que seja tarde demais!!

Ingleses e espanhóis tentam salvar os gigantes despesistas e cravejados de dívidas que são as respectivas companhias aéreas de bandeira. Para já, dividem o continente americano em dois, numa espécie de Tordesilhas "latitudinário". Depois logo se verá. Alemães e brasileiros vão reagir. No meio da tempestade pode ser que a falida TAP, depois de despedir metade do seu efectivo, acabe por acolher-se sob o chapéu protector da Lufhtansa (Star Alliance).


OAM 649 12-11-2009 20:25

quarta-feira, novembro 11, 2009

Portugal 138



A corrupção do Défice

Acabo de receber notícia do programa televisivo "Nós Por Cá" (SIC), onde é abordado o embuste que rodeia o Plano Nacional de Barragens, que permitiu ao governo de fantoches "socialistas" arrecadar 1 383 milhões de euros do buraco negro das contas da EDP, mesmo antes de os procedimentos legais prévios estarem concluídos. Do que nele é dito e do que eu sei, ficamos todos a saber o seguinte:

  1. o plano não é sustentável;
  2. atenta contra a qualidade dos rios e das águas;
  3. prejudica gravemente a fauna piscícola que se move entre os rios e o mar;
  4. bloqueia o envio de nutrientes essenciais em direcção às fozes dos rios, onde a reprodução das espécies aquáticas ocorre;
  5. traz um acréscimo de produção de energia hídrica desprezível no cômputo geral da produção eléctrica nacional (3%!);
  6. produz quantidades astronómicas de CO2, nomeadamente no betão e aço necessários à construção das mesmas, que não são nem de perto nem de longe compensadas pela produção eléctrica "limpa" previsível;
  7. cria emprego única e exclusivamente durante os períodos de construção, pois como qualquer deputado deveria saber, basta um encarregado local para vigiar em permanência qualquer barragem, sendo o resto da manutenção assegurado por piquetes móveis que se deslocam ao longo da rede em todo o país;
  8. expropria terrenos com valor agrícola e cinegético --no caso do Douro, destrói mesmo vastas áreas de vinhedo e entra ilegalmente em território classificado como Património Mundial da Humanidade!;
  9. monopoliza, em nome de dois oligopólios privados --a EDP e a Iberdrola espanhola--, as margens das albufeiras e o acesso às respectivas águas com grave prejuízo para o país e sobretudo para as populações locais;
  10. arrasa paisagens insubstituíveis cujo valor económico é seguramente superior ao valor económico dos Mega Watts produzidos;
  11. Em suma, delapida o património português, sem vantagens duradouras para ninguém, descontados os trocos que vão parar aos bolsos de alguns particulares indemnizados e aos bolsos de alguns políticos nacionais e locais corruptos;
  12. Em nome de quê? Pois da ganância da super endividada EDP do senhor Mexia (onde a nomenclatura partidária lusitana tem uma dita Golden Share!) e da falsificação das contas públicas!!!

Digo e repito: ou os deputados da presente Legislatura começam a trabalhar seriamente sobre os problemas reais do país (ataque frontal e fulminante à epidemia de corrupção que alastra escandalosamente no Estado, nas empresas públicas e nos partidos políticos com assento parlamentar; e controlo radical do endividamento galopante do Estado e em geral de todos nós), em vez de nos distrair com jogos pueris de retórica populista, ou veremos o actual regime político caminhar rapidamente para um colapso tumultuoso.

Olhem para os períodos que antecederam o assassínio da monarquia, e olhem para o período que antecedeu a queda da corrupta República Jacobina de 1910-1926!


Post scriptum
— Em conexão com este tema leia-se o Manifesto da Linha e Vale do Tua. E hoje às 19:00, na SIC, no programa Nós Por Cá, Jorge Pelicano será entrevistado sobre o seu premiado documentário Pare, Escute e Olhe. A não perder!


OAM 648 11-11-2009 10:55 (última actualização: 11:09)

terça-feira, novembro 10, 2009

Crise Global 72

Grandes obras para quê?!

Key oil figures were distorted by US pressure, says whistleblower

Exclusive: Watchdog's estimates of reserves inflated says top official

A report by the UK Energy Research Council (UKERC) last month said worldwide production of conventionally extracted oil could "peak" and go into terminal decline before 2020 – but that the government was not facing up to the risk. Steve Sorrell, chief author of the report, said forecasts suggesting oil production will not peak before 2030 were "at best optimistic and at worst implausible". — in guardian.co.uk (09 Nov 2009).

Go-ahead for 10 nuclear stations

The government has approved 10 sites in England and Wales for new nuclear power stations, most of them in locations where there are already plants. — in BBC (09 Nov 2009).

Estas notícias vindas do Reino Unido podem estar combinadas e fazer parte de uma manobra para amaciar a nova opção nuclear inglesa numa altura em que Obama telefona a Medvedev e Sarkozy para saber como impedir o Irão de ter centrais nucleares.

Mas eu inclino-me para algo mais soturno: o lento mas irreversível reconhecimento de que a era petrolífera tem os dias contados, que, em consequência, a subida explosiva dos preços da energia, a começar pelo petróleo e gás natural, vai acontecer muito em breve, e finalmente, que o tempo favorável a uma reconversão do actual paradigma energético já passou, pelo que não resta outra alternativa que não seja uma aterragem de emergência à escala global, com todos os imprevistos e dramatismo inevitável de um abalo civilizacional desta magnitude.

Os dados estão lançados.

Se o desgoverno corrupto de José Sócrates e da tríade de Macau insistir na construção das novas autoestradas, bem como do novo aeroporto da Ota em Alcochete, para o que não poderá deixar de ter a benção atávica e igualmente corrupta da Oposição (do Bloco de Esquerda ao CDS), tal significará que pouco ou nada poderemos esperar do actual regime político, e que outro terá que ser urgentemente congeminado — antes que a democracia colapse por efeito, nomeadamente, de outra mais radical e duradoura paragem energética do país.

O governo que temos é uma ilusão pura e dura. O presidente que temos encontra-se paralisado por meditações inúteis. O parlamento não passa de um bando de imbecis. Só resta o tumulto da multidão e... os militares.

Oxalá esteja redondamente enganado!


OAM 648 10-11-2009 03:30

domingo, novembro 08, 2009

Portugal 137

Um Quadrado Inconfortavel
"Um quadrado desconfortável"


Notas para uma revolução

Steffan Heuer: Are there any positive signs – new technologies or countries pursuing policies that might give you cause for hope?
Dennis L. Meadows -- There are, indeed: for example, the decision by the Spanish government from now on to invest more in the railroad network than in building new roads. The big question is whether these good examples will have a lasting impact. We don’t necessarily need additional technology to tackle our problems. More than likely, it would be enough if we were to use the technology we already have as wisely as possible.

(...)

Steffan Heuer: Can innovative technology – such as increased efficiency in our use of energy or resources, or more economical engines and greater recycling – also provide a solution?
Dennis L. Meadows: Enhanced technology can certainly help, but we need to be clear about the fact that it can’t solve the fundamental problem! Whatever model you base your projections on here, there’s no way we’re going to be able to increase efficiency and introduce new technology fast enough to offset the drastic fall in the availability of fossil fuels. And I’m not just talking about oil here but also natural gas and coal.

in The Expert's View. Dennis L. Meadows. Text: Steffan Heuer. Publisher: Daimler 360 Degrees - magazine on Sustainability, 2008.]

Já não sei onde obtive a versão inglesa do Uncomfortable Square que acima traduzi e redesenhei. Mas o importante agora é chamar a atenção de quem me lê para a produtividade conceptual do mesmo, nomeadamente se quisermos adoptar uma metodologia fundamentada e aberta de abordagem de alguns problemas actuais, incluindo a agonia da economia portuguesa e os perigos que espreitam o actual regime democrático, em grande medida perdido nos meandros de burocracias políticas e sindicais desmioladas e acomodadas, bem como nos corredores intermináveis de uma corrupção entranhada no sistema e pacificamente aceite por uma população envelhecida, ignorante e desamparada. Todos parecem ter telhados de vidro!

Não vou porém insistir na análise da cobardia política que ameaça condenar o país a novo meio século de tristeza e atraso. Prefiro reunir notas rápidas sobre o que deveríamos fazer para sair deste imbróglio —algo a que Medina Carreira deverá dar maior atenção no seu notável esforço de denúncia do reino corrompido da nossa democracia. A crise de que padecemos tem uma forte componente exógena —o colapso do comércio livre e da globalização, a deterioração global dos termos de troca entre o Ocidente e o Oriente, a alta probabilidade de a União Europeia sucumbir às suas gritantes assimetrias internacionais e regionais—, e uma não menos forte componente endógena, ou melhor dito, endogâmica. É frequente vermos estas duas componentes confundidas no debate político-mediático. A origem populista da confusão é óbvia: responsabilizar o mundo "lá fora" pelos erros cretinos de governação, em geral causados pelos efeitos de captura do Estado e dos principais partidos políticos e órgãos de comunicação de massas, pelos interesses económico-financeiros endógenos, que por sua vez mirram no buraco da depressão endogâmica que cavaram ao longo de gerações; ou então, exagerar as responsabilidades internas com imputações que, na realidade, devem ser focadas em quadros de análise e compreensão muito mais amplos.

O principal factor a ter em consideração em qualquer análise séria dos problemas actuais é o do esgotamento do modelo industrial fundado no uso intensivo dos recursos naturais e humanos disponíveis —dos primeiros, através da extracção e consumo/exaustão de recursos energéticos e minerais que a Terra alberga em quantidades limitadas (carvão, petróleo, gás natural, metais ferrosos e metais raros, solos ricos de nutrientes, etc.); e dos segundos, através da exploração salarial intensiva do trabalho humano, que levou à maior deslocação humana de sempre em direcção às cidades e à subsequente hipertrofia destas em nome do crescimento, do progresso e da modernidade. A inconsciência ecológica conduziu a humanidade à adopção de um paradigma energético sem precedentes cujo fim está inesperadamente à vista. A lógica do capitalismo, sobretudo financeiro, colocou-nos perante o cenário mais do que previsível de um suicídio tecnológico colectivo! Muitos milhões de pessoas estarão em breve desempregadas, envelhecidas, desesperadas, vagueando entre sucatas electrónicas inúteis e um tecido cancerígeno de revoltas, guerras civis, guerras militares convencionais e toda a espécie de conflitos assimétricos. Este é o panorama de fundo onde Portugal ocupará, talvez para sua protecção, o lugar de uma periferia insignificante —a menos que o reino de Espanha volte a colapsar em nova guerra civil...

Daqui decorre um corolário simples para a acção política: defendermos o país do que aí vem!

Denis L. Meadows, o coordenador do célebre relatório encomendado pelo Clube de Roma, The Limits to Growth (1972, 2004), na entrevista acima citada alude a duas metáforas empregues na pedagogia que acompanha o seu notável trabalho de análise e simulação de sistemas dinâmicos complexos: overshooting e no return. A primeira é uma metáfora automóvel, referindo-se ao ponto a partir do qual uma travagem, por tardia, já não é capaz de impedir uma colisão; a segunda, é uma metáfora aeronáutica e refere-se ao ponto de não regresso à base de uma aeronave cujo combustível nos depósitos é inferior ao que entretanto foi gasto. No caso do planeta Terra e dos Terráqueos, aplicam-se simultaneamente estas duas metáforas: o crescimento contínuo chegou ao fim e, como consequência, o ajustamento do paradigma energético conduzirá inexoravelmente a um despiste e a uma colisão civilizacional. O mais provável é que, a partir de 2020 ou 2030, estejamos sujeitos a um colapso muito rápido da civilização industrial tal qual a conhecemos. Numa fase intermédia, que já começou a contar, o modelo de crescimento zero ou próximo do zero impor-se-à abruptamente à escala global, decorrendo de tal ajustamento dramático uma mais do que provável diminuição drástica do PIB mundial (poderá cair 30% até 2020-30!) e uma redução trágica da população planetária. Quem observa atentamente estes problemas acredita que Gaia não exigirá menos do que isto pelos estragos causados. Por fim, voltar ao ponto de partida é impossível. Resta à humanidade a esperança de encontrar outro e muito diferente caldo de cultura!

Que fazer em Portugal nestas circunstâncias, que pesarão tanto mais sobre o nosso destino quanto mais frágeis forem as nossas defesas internas? O que sabemos da nossa tripla dívida —défice orçamental do Estado, dívida pública e dívida externa—; dos cada vez mais ameaçados e rarefeitos tecidos empresarial e financeiro locais; da insustentável intensidade energética do nosso modelo produtivo, de transportes e de sociedade; e por fim, da fragilidade social e moral do país, tem vindo a ser finalmente exibido ao país. O que neste blogue vimos escrevendo desde Outubro de 2004, começou lentamente a ganhar espaço de reflexão entre os nossos economistas e jornalistas: há uma crise de endividamento e esta acabou por conduzir a uma debtonation (como escreve Ann Pettifor).

Prometer crescimento à custa de maior endividamento, nomeadamente prolongando a fraude das taxas de juro negativas (ZIRP) só poderá aproximar o muro onde as economias americana e europeia se irão estatelar em breve. Por fim, a causa subterrânea e cada vez mais profunda e inacessível desta crise sistémica é a indisponibilidade crescente de energia barata e a escassez galopante de recursos de todo o tipo, a começar pela água potável e o simples ar puro! Que fazer?

Que fazer em Portugal agora, sabendo-se que em menos de uma década tudo o que produzimos mal chegará para pagar o serviço de uma dívida colectiva que continuará a crescer exponencialmente se não agirmos desde já? Eu começaria por aqui:
  1. estabelecer um tecto máximo nas pensões de reforma;
  2. estabelecer um tecto máximo no esforço público dedicado à educação e formação, através de uma carta educativa onde cada pessoa passasse a ter um cheque-educação individual assumido pelo Estado e correspondente apenas a 12 anos de educação para a vida, devendo a formação complementar —nomeadamente universitária— passar a ser financiada exclusivamente pela poupança individual e familiar, pelas empresas e por organizações financeiras especializadas na promoção da qualidade profissional, intelectual, tecnológica e científica do país, sem encargos directos para o Estado;
  3. reformular o conceito de saúde pública no sentido de um equilíbrio activo entre prevenção, cura e cuidados paliativos;
  4. restringir drasticamente o peso do Estado às suas funções públicas primordiais, essenciais e inalienáveis: finanças, saúde, educação e formação profissional de base, justiça, segurança interna e defesa nacional;
  5. diminuir o número de cidades;
  6. criar as cidades-regiões autónomas de Lisboa e Porto;
  7. reforçar o poder administrativo e os meios de acção das Juntas de Freguesia em todo o país;
  8. criar uma câmara senatorial, com a missão de avaliar anualmente o estado da democracia, na qual tenham assento todos os ex-titulares vivos dos seguintes cargos: presidência da república, chefe do governo, presidência do parlamento, presidências dos tribunais superiores e procuradores-gerais;
  9. criar um observatório independente —i.e. sem participação dos partidos— para avaliar a qualidade da acção partidária;
  10. eliminar a publicidade e os programas comerciais dos serviços públicos de televisão e rádio, com redução drástica dos seus actuais efectivos humanos e operacionais;
  11. manter no sector público o que deve ser público (recursos materiais estratégicos e infraestruturas essenciais) —renacionalizando para tal o que for preciso—, devolvendo ao mesmo tempo ao sector privado o que deve ser privado —a exploração dos recursos materiais e infraestruturas, assim como a actividade económica, cívica e cultural em geral—, ainda que subordinando a propriedade privada aos princípios da lei, da transparência, da justa concorrência e da solidariedade;
  12. desenhar uma nova política fiscal inteligente, estrategicamente orientada para o uso eficiente dos recursos, para a poupança pública e privada, para a eficiência energética, social, industrial e tecnológica, e para o equilíbrio social.
E também poria imediatamente em prática algumas medidas de acção governativa, tais como:
  1. suspender imediatamente o programa de construção do novo aeroporto;
  2. dar máxima prioridade à electrificação do sistema de transportes;
  3. optimizar a rede ferroviária actual: mudando progressivamente a bitola, electrificando toda a rede, desenhando os percursos mais racionais, mais produtivos e mais baratos; ligando a primeira fase da rede portuguesa de bitola europeia aos portos, cidades e à rede espanhola no maior número de pontos possível;
  4. apostar nos veículos eléctricos tecnologicamente avançados, reconvertendo os actuais sectores automóvel e de máquinas nesta direcção;
  5. insistir nas novas energias renováveis -- sobretudo eólica, solar e das ondas -- e melhorar a eficiência e sustentação das energias renováveis mais antigas -- biomassa, hídrica e geo-térmica;
  6. apostar num regresso inteligente à agricultura e actividades marítimas (tecno e geo-marítimas);
  7. lançar um programa nacional de eficiência energética urbana e suburbana;
  8. promover a formação de agregados científicos, tecnológicos e de actividades complementares em volta dos eixos de desenvolvimento acima mencionados.
O erro fatal de Manuela Ferreira Leite foi ter apontado os males sem propor nada de coerente para enfrentar a crise. O que matará o segundo governo Sócrates é a sua incorrigível cupidez e escandalosa cegueira. Mas antes que o actual regime político caia de podre e corrupção, é preciso mobilizar a sociedade civil para que o poder não volte a cair na rua. A sociedade civil tem o direito e a obrigação de se auto-organizar sempre que o Estado e as instituições ameaçam colapsar por causas externas ou endógenas. É o caso!

E não há muito tempo...


OAM 647 09-11-2009 00:42

Revolution 9



This belongs to my modified genetic code

Twist and Shout
I Saw Her Standing There
Love Me Do
A Hard Day's Night
Help
Yesterday
Michelle
Girl
Eleanor Rigby
Yellow Submarine

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
With a Little Help From My Friends
Lucy in the Sky with Diamonds
Getting Better
Fixing a Hole
She's Leaving Home
Being for the Benefit of Mr. Kite!
When I'm Sixty-Four
Lovely Rita
Good Morning, Good Morning
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)
A Day in the Life

Magical Mystery Tour
The Fool On The Hill
Flying
I am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
All You Need Is Love

While My Guitar Gently Weeps
Happiness is a Warm Gun
I'm so tired
Blackbird
Why don't we do it in the road
Birthday
Yer Blues
Helter Skelter
Revolution 1
Revolution 9



OAM 646 08-11-2009 03:00

sexta-feira, novembro 06, 2009

Crise Global 71

O colapso da era industrial



A produção mundial de petróleo convencional estagnou em 2004. Por sua vez os autores da Teoria de Olduvai (The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan ) defendem que em 1970 terminou o período de crescimento exponencial da produção de energia à escala mundial, daí decorrendo uma estagnação do valor médio da produção de energia per capita, a qual se terá estendido até 2008, ano que marca o princípio do fim da era industrial, bem como do crescimento demográfico, alimentado desde 1830 pelo uso intensivo de energia barata. Esta teoria, secundada por várias previsões desde finais do século 19 (Henry Adams em 1893, Frederick Ackerman em 1932, e King Hubbert em 1949), estima uma quebra da população humana mundial, de 6,9 mil milhões em 2015, para 2,0 mil milhões em 2050.

Segundo a Teoria de Olduvai (1), mais cedo ou mais tarde as redes eléctricas irão colapsar sob a forma de uma cascata global de cortes de energia irreversíveis (2)(3).

Desde 2004 que a produção petrolífera não vai além dos 85 milhões de barris por dia (85 MM bpd). É o chamado "plateau" (planalto) que assinala o fim de um crescimento exponencial. Ao mesmo tempo, 54 dos 65 mais importantes países produtores de petróleo (ou seja, 83%) já ultrapassarem o pico de produção. Em breve (2011...) o planalto em que se encontra actualmente a oferta mundial de petróleo dará passo ao declínio contínuo da produção, a uma taxa estimada entre 4,5% e 8% ao ano (Robert Hirsch.)

Mas se a produção quiser responder à pressão estimada da procura mundial, e atingir em dez anos (2010-2020) os almejados 112 MM bpd, então será necessário compensar o declínio produtivo já instalado com a extracção de mais 75 MM bpd de jazidas que todavia não foram descobertas. Ou seja, seria necessário acrescentar às reservas conhecidas, no decurso da próxima década, novas reservas, por descobrir, equivalentes a 8 Arábias Sauditas — quer dizer, a oito vezes o petróleo explorado e existente em todas as jazidas daquele deserto de excêntricos. Seria pois preciso descobrir e explorar um novo poço gigante em cada 15 meses ao longo dos próximos dez anos. Uma missão claramente impossível! Entre 2000 e 2007 o ritmo de descobertas de poços gigantes decaiu para uma média de 9 poços por década, quando na década de 1980 foi de 24, e nos anos 60, de 120.

Mas o mais aterrador é que, ao contrário do que se pensa, as chamadas energias alternativas jamais poderão restabelecer os extraordinários níveis de produção de energia per capita (e) que permitiram a aceleração histórica da modernidade. De facto, o declínio exponencial da produção petrolífera que começará a sentir-se de forma catastrófica em todo mundo por volta de 2011-2012, arrastará consigo o colapso do paradigma eléctrico desenvolvido entre 1880 e 1930. Não há petróleo sem electricidade... e não haverá electricidade (4) sem petróleo!

De algum modo poderá dizer-se que todos os problemas de sobre-população humana, alterações climáticas e destruição de recursos naturais e formas de vida induzidas pelo homem, serão em breve atalhados por um regresso catastrófico à agricultura e à dispersão corpuscular da humanidade. O sobressalto, até chegar a nova Idade Média, será muito mais drástico, mortal e aterrador do que o que decorreu da queda do Império Romano.

A actual implosão dos sistemas político-partidários (com o respectivo cortejo de corrupção, traições e populismo geral), o ciclo de depressão económica duradoura em que o mundo acaba de entrar e as guerras regionais, mundiais e civis que espreitam no horizonte, quando não estão já em curso, permitem-nos confirmar que a hora da nossa querida e louca civilização de prazer e consumo chegou ao fim.

É possível pensar em cenários e estratégias de mitigação da tragédia. Mas quererá alguém pô-los em prática?


POST SCRIPTUM
  • A propósito do desmiolado debate parlamentar em volta do surrealista programa de governo de José Sócrates (ainda sob o império corrupto e obtuso da Tríade de Macau), duas observações:
    1. o lamentável espectáculo oferecido a todos nós pela Oposição (salvaguardando, diga-se em abono da verdade, a inflexibilidade lúcida de Manuela Ferreira Leite) é o exemplo acabado da exaustão do actual sistema partidário; desconhece o que se passa no mundo real, compraz-se com jogos florais populistas e não propõe uma única medida séria de mitigação para a actual crise sistémica;
    2. não se podendo esperar nada de bom do actual regime político, teremos que começar urgentemente a estimular uma reorganização social a partir do zero. Ou melhor, a partir dos agrupamentos sociais elementares: famílias genéticas, profissionais e culturais, bairros, freguesias, aldeias, vilas e redes electrónicas de cidadania e inteligência colectiva (as grandes cidades terão que ser reestruturadas em redes de freguesias e bairros, e em redes electrónicas, enquanto puderem...) O exercício proposto é este: que precisa Portugal para aguentar o impacto do colapso energético em curso; que infraestrutura técnica e que tipo de organização do território precisará o país num cenário demográfico reduzido a 6 milhões de habitantes, com um PIB equivalente a 40-50% dos actuais 170 mil milhões de euros, num contexto internacional marcado pelo colapso sucessivo da Globalização e da União Europeia, e de uma mais do que provável e violenta fragmentação do reino de Espanha. Se não formos capazes de realizar este exercício de prospectiva estaremos certamente condenados a um triste fim.


2009 Commemorative Lecture : Dr. Dennis L. Meadows



NOTAS
  1. A designação desta teoria provém da Garganta de Olduvai, uma região de desfiladeiros no Norte da Tanzânia, onde se crê que os primeiros hominídeos, antecedentes do homem actual, surgiram. Ver imagem da Olduvai Gorge.

  2. "Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty" (iTulip)

    ...Gasoline and diesel, distillates of crude oil, are unique as a liquid fuel. The amount of work a gallon of these fuels can do when by volume burned simply defies imagination. Consider the most mundane act of the automobile owner, stopping off at a gasoline station to refuel. A mere ten gallons of gasoline propels a two-ton vehicle hundreds of miles up and down hills at speed in excess of 60 miles per hour. Try pushing your car ten feet on a flat driveway and you will begin to appreciate how much work the gasoline in your tank is doing. The amount of work a liquid fuel can do by volume is referred to as its energy density. Liquid hydrogen, by comparison, has less than one third of the energy density of gasoline. That means that you need three times as much by volume to travel the same distance, assuming both the gasoline and hydrogen powered engines deliver the same number of miles per gallon.

    You can pour the gasoline into your tank on a hot summer’s day or in winter when the temperature is well below zero. Crude oil can be shipped through pipes over long distances in a wide range of temperatures and climates.

    Crude oil, and its distillates, is the one and only substance like this. No other liquid that humans can dig out of the ground, refine, and pour into a tank at any climate on earth even comes close. Every other liquid fuel, such as liquid hydrogen, has to be manufactured out of something else, then compressed, and if stored as a liquid kept at temperatures hundreds of degrees below zero. You cannot transport any other fuel through hundreds of miles of pipelines. Crude oil and its distillates can be piped over long distances at a wide range of naturally occurring temperatures, and stored cheaply in unpressurized tanks.

    We are using up this unique and irreplaceable liquid fuel source several million times faster than it was created by nature hundreds of millions of years ago. In a little more than two human life spans can we have used up half of all of the oil that took several million human life spans to accumulate.

    ... [Robert] Hirsh says that the only practical solutions [for oil depletion mitigation] are: conservation and rationing, wider use of heavy oils, more intensive oil recovery from existing fields, and conversion of natural gas to liquids and coal to liquids.

    Yet by Hirsh’s calculations, even if all of these methods of oil depletion mitigation are applied, assuming the optimistic 5% median annual global oil production decline rate, the world will still experience an oil shortage of 30% compared to current consumption rates.

    ...

    In economic terms, higher oil prices means that the global economy will shrink.

    Hirsh’s 2008 analysis of the impact of rising oil prices on economic growth revealed an approximate 1% decline in GDP per 1% decline in the oil supply. The 30% decline in oil supply in ten years following the end of the plateau in oil production at 5% per year, implies a 30% drop in GDP in a decade. During the first three years of The Great Depression, between 1930 and 1934, U.S. GDP declined 24%. Peak Oil implies a per-capita economic decline even more severe than The Great Depression, although the economic decline may be more gradual. -- in Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty.

  3. Hirsch (2008) quantified how historic declines in world oil supply caused proportionate declines in world GDP. He provides a framework for mitigation planning including:

    "(1) a Best Case where maximum world oil production is followed by a multi-year plateau before the onset of a monatomic decline rate of 2-5% per year; (2) A Middling Case, where world oil production reaches a maximum, after which it drops into a long-term, 2-5% monotonic annual decline; and finally (3) a Worst Case, where the sharp peak of the Middling Case is degraded by oil exporter withholding, leading to world oil shortages growing potentially more rapidly than 2-5% per year, creating the most dire world economic impacts." -- in Wikipedia.

  4. The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan (PDF)

    [...] The International Energy Agency (lEA, 2004) estimates that the cumulative worldwide energy investment funds required from 2003 to 2030 would be about $15.32 trillion (T, US 2000 $) allocated as follows: 1. Coal: $0.29T (1.9% of the total), 2. Oil: $2.69T (17.6%), 3. Gas: $2.69T (17.6%), 4. Electricity: $9.66T (63.1%). Thus the lEA projects that the worldwide investment funds essential for electricity will be 3.7 times the amount needed for oil alone, and much greater than all of that required for oil, gas, and coal combined. The OT says that the already debt-ridden nations, cities, and corporations will not be able to raise the $15.32 trillion in investment funds required by 2030 for world energy. (Not to mention the vastly greater investment funds required for agriculture, roads, streets, schools, railroads, water resources, sewer systems, and so forth.)

    --

    During the last two centuries we have known nothing but exponential growth and in parallel we have evolved what amounts to an exponential-growth culture, a culture so heavily dependent upon the continuance of exponential growth for its stability that it is incapable of reckoning with problems of no growth. (M. King Hubbert, 1976, p. 84)

    1. Coal grew exponentially for 209 years: 1700- 1909. 2. Oil grew exponentially for 137 years: 1833-1970. 3. Natural gas grew exponentially for 90 years: 1880-1970. 4. Hydroelectric energy grew exponentially for 82 years: 1890-1972. 5. Nuclear-electric energy grew exponentially for 20 years: 1955-1975. Note well that none of the five sources of primary energy production grew exponentially after 1975.

    World total energy production grew exponentially at about 4.6%/y from 1700 to 1909. Next it grew linearly at 2.2%/y from 1909 to 1930 and 1.5%/y from 1930 to 1945. Subsequently it surged exponentially at 5.5%/y from 1945 to 1970. This was followed by linear growth at 3.5%/y from 1970 to 1979. Thereafter world total energy production slowed to linear growth of about 1.5%/y from 1979 to 2003.

    World population grew linearly at an average of 0.5%/y from 1850 to 1909; 0.8%/y from 1909 to 1930; 1.0%/y from 1930 to 1945; 1.7%/y from 1945 to 1970; 1.8%/y from 1970 to 1979; and 1.5%/y from 1979 to 2003 (UN, 2004; USCB, 2004).

    Comparing the foregoing numbers: World total energy production easily outpaced world population growth from 1700 to 1979, but then from 1979 through 2003 total energy production and population growth went dead even at 1.5%/y each. World total energy production per capita, e, grew exponentially at 3.9%/y from 1700 to 1909. Thereafter it grew at linear rates of 1.4%/y from 1909 to 1930; 0.5%/y from 1930 to 1945; 3.7%/y from 1945 to 1970; 1.7%/y from 1970 to 1979; and 0.0%/y (i.e., zero net growth, called the ‘Plateau') from 1979 to 2003.

OAM 645 06-11-2009 01:22 (última actualização: 10:19)

sexta-feira, outubro 30, 2009

Portugal 136

O PSD precisa de sumo novo!



Pedro Passos Coelho (1964-) parece ter crescido que nem um feijão verde desde o ciclo eleitoral que arrasou (contra as minhas expectativas iniciais) o PSD. As duas últimas eleições atiraram de facto este partido para uma rampa declinante, por onde acabará por escorregar até à segunda divisão parlamentar se nada de novo acontecer depois da saída de Manuela Ferreira Leite. Se o opinativo Marcelo Rebelo de Sousa (1948-), político e governante manifestamente incapaz, por infelicidade, voltar à direcção máxima dos laranjas, nada de bom espera à segunda força partidária do país. Mas o pior é que, sem alternativa à máfia que tomou de assalto o PS (cuja procissão de escândalos não há meio de terminar), teremos um inevitável processo de mexicanizagem bolivariana do regime — ou o seu colapso violento!

Marcelo Rebelo de Sousa nem sequer um bom presidente da república dava. Quanto mais um primeiro-ministro! Além do mais, qual Elisa Ferreira de calças, pretende manter em aberto a possibilidade de ser candidato a primeiro ministro, mas também a inquilino do Palácio de Belém, caso o amante de tabus e recentemente mui desastrado, Aníbal Cavaco Silva, pretenda concorrer a mais um mandato. Que filme bera!

Vale a pena rever a entrevista, como sempre bem conduzida por José Gomes Ferreira, a Pedro Passos Coelho, na SIC. O rapaz de Vila Real perdeu as borbulhas — ipso facto. Já não é neoliberal, nem quer privatizar a Caixa. Pelo contrário, deseja um Estado eficiente e inteligente (onde é que eu já escrevi isto?!), e um regime onde se adopte a regra protestante —ao Estado o que é do Estado, aos Privados o que é dos Privados. Nem mais, nem menos!

Caso assinalável: Pedro Passos Coelho estudou razoavelmente bem o dossier dos grandes investimentos, sendo crítico em matéria de mais auto-estradas, crítico em matéria de Alta Velocidade (300Km/h) fora do corredor Lisboa-Madrid, defensor de uma rede de Velocidade Elevada (220Km/h) nas demais ligações previstas e sugerindo —bem!— que o dinheiro necessário ao deboche do TGV em 5 linhas de Alta Velocidade (defendidas com unhas, dentes e sacos de notas por debaixo da mesa, pela tríade de Macau) seja usado na implementação da bitola internacional (dita "europeia") para comboios de Velocidade Elevada entre todas as capitais de distrito.

O que vemos nesta entrevista são vários sinais importantes: um líder jovem para um partido súbita e dramaticamente envelhecido (1), que só poderá recuperar da sua já longa agonia se for capaz de se dirigir de forma séria e comprometida às novas gerações. Refiro-me em particular à Geração Milénio, nascida depois de 1980, e que começa agora a entrar em força na economia e na vida pública e cultural do país. Como referi em artigo anterior, a geração que fez o PSD está a morrer, e a que poderá salvá-lo da mesquinhez, da corrupção endémica, da inutilidade política e do colapso anunciado, só agora começou a despertar estrategicamente. Manuela Ferreira Leite, ao contrário do que cheguei a pensar e defender, foi um passo em falso, e sobretudo —vemo-lo agora claramente— um tampão à subida das novas gerações no interior do partido fundado por Sá Carneiro.

Mas será Passos Coelho a pessoa de que o PSD precisa? Não sei. Creio, porém, que os dados foram lançados e que o jogo já não está nas mãos dos barões da Linha onde moro, nem sequer dos autarcas que em breve terão que descalçar as botas. De uma maneira ou de outra a cadeira do poder laranja já está a caminho de um mais do que provável sucessor de Sócrates. Plantei há duas semanas um feijão verde no meu jardim. Não imaginam a velocidade a que cresce!

NOTAS
  1. Sobre o problema generativo, que afecta gravemente o futuro incerto do PSD —mais do que qualquer outro partido, incluindo o PCP—, ler o que escrevi a propósito neste blog. Marcelo Rebelo de Sousa (1948-) e José Pedro Aguiar Branco (1957-) são baby boomers de utilidade diminuta na grande viragem generativa de que o PSD precisa absolutamente para inverter o seu manifesto declínio demográfico. É na geração seguinte que este partido terá que encontrar a seiva necessária para uma renovação seminal do partido. Quer Pedro Passos Coelho (1964-), quer Paulo Rangel (1968-), e num plano mais recuado Marco António (1967-), são de facto os protagonistas certos para a necessária metamorfose do PSD. Paulo Rangel está bem onde está, ganhando experiência que lhe será fundamental num futuro próximo. Passos Coelho demonstrou nesta entrevista que está preparado para disputar o poder ao lamaçal criado pela tríade de Macau.


OAM 643 29-10-2009 01:34 (última actualização: 11:36)

segunda-feira, outubro 26, 2009

TAP 7

Ryanair:
Porto-Faro: 1 milhão de voos a €6!



Os criadores de aeromoscas deveriam meditar bem neste quadro,
que passei a manhã a desenhar. OAM.



Porto-Faro por €30! Bilhetes esgotados.
  • A TAP cobra pelo mesmo voo €179 :-(
  • O turismo algarvio está em pulgas :-)
  • Menos carros para o Algarve :-)
  • Menos emissões de CO2 :-)
  • Menos negócio para a Brisa :-(
  • Um grande empurrão para as economias regionais do Norte e do Algarve :-)
  • 30% do mercado da TAP já passou para as Low Cost :-(
  • A TAP caminha rapidamente para o precipício — como há muito a blogosfera avisou :-(
  • Um xeque-mate às ideias peregrinas da Tríade de Macau e do Bloco Central do Betão!
O aeroporto Sá Carneiro transforma-se paulatinamente no Hub Low Cost do Noroeste Peninsular. Entretanto, se os otários da Mota-Engil-BES-Stanley Ho-Governo Sócrates continuarem a confiar no gaúcho da TAP —em vez de consultarem o horóscopo do António Maria e a sua imbatível assessoria técnica e estratégica—, o mais provável é que o golpe de misericórdia que levará à quebra irreversível da TAP venha de Badajoz! Sim, da transformação do aeroporto de Badajoz, que tem uma pista com 2805 metros, num novo Hub Low Cost!

A futura Eurocidade de Elvas-Badajoz, depois de ver construída a estação ferroviária do Caia (2013? 2015?), destinada ao serviço de Alta Velocidade /Velocidade Elevada (1), que levará pessoas e mercadorias até ao Pinhal Novo, para dali seguirem para o Campo Grande (via Fertagus e Ponte 25 de Abril) ou para Sines e Setúbal (via linhas complementares em bitola europeia), poderá muito bem ser a futura base para voos de Baixo Custo que, como se compreende, deixarão Lisboa no dia em que ficarem sem a Portela e forem convidados a pagar altas taxas aeroportuárias no prometido aeromoscas intercontinental da Ota-em-Alcochete. O aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus está aí para nos ensinar o preço da ignorância, da leviandade, da irresponsabilidade, da ganância e da... corrupção!

As novas prospectivas relativas ao comércio mundial, ao transporte aéreo e ao turismo aconselham o máximo de prudência (2). O endividamento do Ocidente (EUA e Europa), por sua vez, não recomenda outra coisa! Daí, não nos cansamos de insistir, que a decisão prudente em matéria de aeroportos, até que o estado crítico global da economia dê lugar a novos paradigmas, passe por:
  1. manter operacional o aeroporto da Portela, fazendo as obras que nunca foram feitas —prolongamento do taxyway, modernização radical do sistema de gestão e transporte de bagagens e utilização pela TAP das inúmeras mangas disponíveis (3);
  2. substituir os seus incompetentes gestores por gente nova, profissional e séria;
  3. melhorar o aeroporto de Tires para os voos executivos;
  4. adaptar a Base Aérea do Montijo para servir as companhias Low Cost;
  5. fechar a TAP e criar uma nova companhia, numa lógica de reforço da Star Alliance, e porventura sob administração da Lufthansa (numa lógica semelhante à que presidiu à passagem da KLM para uma companhia nova chamada Air France-KLM), ainda que previamente a TAP possa ter que engordar por via de uma fusão intercontinental qualquer (Angola+Brasil+China?)
Há coisas simples que é preciso não ignorar na hora de pensar o futuro dos aviões no nosso país:
  • 86% do mercado aeroportuário de Lisboa está circunscrito ao espaço comunitário (tal como 60-70% das nossas trocas comerciais se fazem também com a União Europeia) e esta realidade não vai mudar nas próximas décadas. Antes pelo contrário...
  • É por isso que 92% dos aviões da TAP são da classe Narrow Body — i.e. não transportam mais de 200 passageiros.
  • Não se troca de aeronaves como quem troca de camisa, até porque as da TAP estão, em boa medida, por pagar!
  • O grupo TAP tem cerca de 10 mil trabalhadores, tantos como a easyJet, a Ryanair e a Air Berlin juntas!
  • Nenhum angolano, nem mesmo brasileiro, estará na disposição de alimentar este inacreditável grau de ineficiência e desperdício a Pão de Ló.
  • Só mesmo o Estado mafioso que temos pode fazê-lo. Ou melhor, podia, até que o peso acumulado e incontrolado da dívida externa, dívida pública, défice orçamental e défice comercial chegou ao ponto a que chegou.
  • A margem de manobra da tríade de Macau e do Bloco Central da Corrupção chegou ao fim!
Acordemos, pois, para as duras realidades.


Post scriptum — ouvi, horas depois de publicar este post, o Prof. Luís Campos e Cunha no Jornal das Nove (SIC) comentando com a sua sensatez e sobriedade habituais as expectativas que rodeiam o governo Sócrates 2. Retive dois pontos que interessam ao conteúdo do que aqui escrevo. 1 — Adiar o novo aeroporto até ver foi, se bem entendi, a sua posição. Se entendi bem, aplaudo. 2 — Depois, pareceu-me ouvi-lo dizer que era contra o TGV. Assim, sem mais, invocando o péssimo exemplo norte-americano nesta matéria. Defendeu, no entanto, o comboio pendular (uma variante optimizada do "nosso" enviesado Alfa Pendular —da FIAT/Alstom, do Pendolino italiano e do muito eficiente Talgo espanhol), sobretudo por uma questão de eficiência energética e de custos, e por cumprir expectativas razoáveis de velocidade numa economia cuja performance não é propriamente supersónica.

Estou de acordo que a velocidade não precisa de ir além dos 250Km/h, que os 350Km/h deixaram de fazer qualquer sentido, quanto mais não seja porque Espanha reduziu recentemente o limite máximo da AV para 300Km/h. Mas o ponto essencial não é este! A opção não é entre comboios, mas entre manter a actual rede de bitola ibérica ou substitui-la progressivamente por uma rede de bitola internacional. O que importa ressaltar é a necessidade absoluta de meter Portugal na rede europeia de bitola internacional (dita europeia), substituindo de forma planeada e faseada toda a sua a actual rede de bitola ibérica, a qual, a partir de 2020, deixará pura e simplesmente de poder ligar-se à rede AV/VE nacional, bem como a qualquer ponto da rede ferroviária espanhola — e portanto ao resto da União Europeia!

É isto que está em causa. E se virmos bem, a dimensão gigantesca deste desafio daria para colocar a economia portuguesa num ritmo completamente diverso do actual marasmo especulativo das actividades de import/export, de subsídio-dependência canina e de assalto nepotista e partidário às Finanças Públicas. Diferente para melhor, sobretudo se regressasse a Portugal a indústria ferroviária (como propõe Gabriel Órfão Gonçalves). Uma indústria não apenas focada no hardware, mas também no software, no desenho e nas ideias!

O mais recente livro de Jeff Rubin, Why Your World Is About to Get a Whole Lot Smaller, fala de um virar da esquina energética. O petróleo acima dos 100 euros regressará em breve (2011-12), e com esse regresso, sem comboios eléctricos ficaremos muito provavelmente atolados no betão que enriqueceu os bolsos dos crápulas que nos têm governado nos últimos 30 anos.
"We will see triple digit oil prices very early into an economic recovery"

"I expect we will be there within 12 months."

"By 2012, we will either be in a world of $200 per barrel oil or we will be back in another oil-induced recession."

"West Texas Intermediate (the North American benchmark crude) is trading over $70 per barrel in the shadow of the American economy's deepest post-war recession when there is little evidence yet of a concrete economic recovery; yet only two and a half years ago, today's post-recession oil price was an all-time record high."


NOTAS
  1. AV: Governo avança com mais duas linhas

    Afinal, não serão três mas cinco as linhas de Alta Velocidade que o novo Governo se proporá concretizar. Aveiro-Vilar Formoso e Évora-Faro-Huelva também deverão avançar. [...]

    O Aveiro – Viseu – Vilar Formoso é defendido por todos quantos entendem que essa será a forma mais directa de chegar à Europa trans-pirenaica sem passar por Madrid. E também em função de ser o corredor da actual A25 a principal via para o tráfego de mercadorias à saída de Portugal. Transportes&Negócios.

    AV: Privados “obrigados” a reduzir riscos do Estado

    As propostas concorrentes à concessão do troço Poceirão-Caia da linha de AV Lisboa-Madrid implicavam demasiados riscos para o Estado, considerou a comissão de avaliação. Os privados corrigiram-nas e em meados de Novembro deverá ser confirmado o vencedor anunciado: o consórcio Elos (Brisa/Soares da Costa).

    “Medíocres” terá dito a comissão de avaliação das propostas apresentadas pelos concorrentes à primeira PPP da Alta Velocidade nacional, quanto aos riscos técnico-financeiros, avança hoje o “JdN”. Em causa condições que aumentariam “o risco do Estado de forma que o júri entende ser inaceitável na contratação da parceria, não podendo ser recomendado ao Governo que as aceite, quaisquer que sejam as circunstâncias”.

    Um exemplo: ambos os concorrentes finalistas pretenderiam que o Estado avalizasse por 20 anos o empréstimo de 300 milhões de euros que será contratado pelo futuro concessionário junto do BEI. O júri entende que essa exposição só será aceitável durante o tempo de construção, e não pelo período de manutenção da linha.

    Ao que o “JdN” avança, ambos os consórcios terão aceite emendar as suas propostas até à passada sexta-feira, último dia possível. E assim tudo se encaminha para que a concessão seja entregue ao consórcio Elos.

    O agrupamento liderado pela Brisa e Soares da Costa propõe um custo de construção de 1 359 milhões de euros e um encargo anual de manutenção de 12,2 milhões de euros. Já o consórcio Altavia, liderado pela Mota-Engil, propõe 1 334,2 milhões e 18,8 milhões de euros, respectivamente. Transportes&Negócios.

  2. Aeroportos perdem 1 milhão de passageiros em 2009

    Dados da ANA mostram que os aeroportos portugueses continuam a sentir os efeitos da crise. Nos primeiros nove meses do ano passaram por Lisboa, Faro, Porto e Açores menos 1 milhão de passageiros. Económico (26-10-2009)

  3. O não uso pela TAP das mangas disponíveis (que ligam directamente os aviões, passageiros e bagagens aos terminais) é um dos maiores e mais incompreensíveis constrangimentos à boa gestão do aeroporto da Portela. A verdadeira razão da não utilização das mangas na Portela deve-se ao conflito de interesses entre a ANA, a Groundforce e a TAP! E o grave deste bloqueio é que tem trazido água ao moinho mentiroso dos defensores da Ota em Alcochete, em nome do falacioso, ou melhor, completamente falso argumento do esgotamento da Portela. Ler a propósito este elucidativo PDF de Rui Rodrigues.


OAM 642 26-10-2009 18:33 (última actualização: 28-10-2009 11:31)

sexta-feira, outubro 23, 2009

Alta Velocidade 5

Hoje querem implodir os estádios do Euro, amanhã será a vez do aeromoscas de Beja e do elefante branco da Ota em Alcochete

Comboios

Cavaco que se prepare para o que o Rei de Espanha lhe vai dizer sobre o AVE Madrid-Lisboa. Vai ouvir das boas!

Obrigar o comboio de Alta Velocidade Madrid-Lisboa a transferir mercadorias para comboios de bitola ibérica (1) no Poceirão é como impor a Espanha uma portagem extraordinária no fluxo de mercadorias de e para os portos de Setúbal, Lisboa e Sines, ao mesmo tempo que se mata à nascença a Plataforma Logística do Caia (Elvas-Badajoz). O resultado pode ser este: a Espanha desiste de ligar a sua rede de Alta Velocidade/Velocidade Elevada a Portugal, por óbvia inviabilidade económica, apostando tudo nos seus próprios portos atlânticos: a Norte, Vigo, Corunha, Ferrol, Bilbau, e a Sul, Cádis e Huelva.

Aviões

O fiasco, aqui anunciado até à exaustão, do aeromoscas de Beja, que nunca mais inaugura..., é o mesmo fantasma que paira sobre o aeroporto da Ota em Alcochete. Despertem!!

Construir o aeroporto da Ota em Alcochete com a TAP falida é o mesmo que fazer estádios de futebol para equipas que depois falem... Hoje querem destruir os estádios de Leiria, Aveiro e Faro. Amanhã, se a Mota-Engil e o BES conseguirem —como tudo leva a crer— levar por diante a loucura da Ota em Alcochete, a Terceira Travessia Chelas-Barreiro e o encerramento do aeroporto da Portela, cá estaremos para admirar o grande fiasco da governação "socialista" — que ficará conhecida por ter parido estádios de futebol que afundam municípios e dois grandes desertos aeroportuários: o de Beja e o da Ota em Alcochete.

84% do tráfego no aeroporto de Portela tem origem no perímetro da União Europeia, cujo modelo de exploração tem vindo a evoluir para as chamadas companhias Low Cost. Não há pois alternativa à falência da TAP (o petróleo voltou a subir!) e à sua eventual substituição por uma nova companhia profundamente remodelada e necessariamente com menos 50% ou mesmo 2/3 da sua actual força de trabalho.

A miragem de uma fusão com a TAG e com a TAM, ou seja, a miragem de uma acção de salvamento in extremis da inviável TAP, com petro-euros angolanos e brasileiros, não passa disso mesmo: duma miragem gaúcha, que o lóbi da especulação financeira e do betão —verdadeiros sanguessugas da poupança nacional— aproveita para fazer avançar os dossiês e os decretos-lei que mais lhe convêm.

Dentro em breve as Low Cost terão comido literalmente o mercado europeu à TAP (i.e. 84% do mercado efectivamente disponível). Por outro lado, os voos intercontinentais estão em queda e o respectivo modelo de exploração evoluirá muito rapidamente — assim que o Dreamliner da Boeing entre em operação (2010-2012) — para ligações ponto-a-ponto, à semelhança das estratégias Low Cost. Ou seja, Lisboa não poderá ter se não um aeroporto cada vez mais orientado para as ligações ponto-a-ponto e para os voos Low Cost. O resto, isto é, as companhias de bandeira gordas e arregimentadas às nomenclaturas político-partidárias, bem como os famosos "hubs", morreram! O funeral segue dentro de meses...

Eu se fosse o Stanley Ho abandonava de vez a Alta de Lisboa e começava a pensar em licitar quanto antes o lombo da TAP, i.e. o seu qualificado pessoal de voo. O fruto está a cair de maduro!


NOTAS
  1. Algo que o novo ministro da obras do Bloco Central do Betão (MOPTC) —António Mendonça—ainda não sabe o que é! Ver tb. bitola europeia ou bitola internacional.

OAM 641 23-10-2009 14:30

quinta-feira, outubro 22, 2009

Portugal 135

Novela sórdida da TVI
Prisa nos eixos depois de adiar colapso financeiro com a venda de 35% da Media Capital.

In Illo Tempore: quem deu emprego a Fernanda Câncio no DN? Resposta: Henrique Granadeiro. Quem depois pôs o Granadeiro na PT: José Sócrates! Quem deu o primeiro passo, a pedido de Sócrates (claro!), para calar a Manuela Moura Guedes? Henrique Granadeiro. Quem deu o segundo (porque o primeiro foi em falso)? O franquista recauchutado que dirige o grupo Prisa! Quem insistiu e acaba de conseguir controlar a TVI? A PT superiormente comandada pelo boy socratino: Henrique Granadeiro. Que grande zurrapa!!

Com o estado de falência suspensa da Impresa (para se manter à tona viu-se forçada a dar o Expresso e a SIC como garantia aos bancos!), com o controlo crítico dos conteúdos da TSF e a transformação da RTP num reedição proto-fascista do Secretariado da Propaganda Nacional, só faltava mesmo à máfia que domina o PS controlar a TVI e monopolizar até ao limite a Internet e as comunicações telefónicas fixas, móveis e de dados. Estamos quase lá, ou estou enganado?!

Os meus amigos democratas já pensaram bem no que estão a tolerar?

O caldo de cultura para uma súbita desconstrução do Estado democrático está aí. De um dia para outro, deixaremos de ter democracia, e em seu lugar estará, sem que sequer disso nos tenhamos apercebido, um NOVO FASCISMO, suave como o anterior, mais corrupto do que o anterior, de seringas e tribunais fantoches em punho, capaz de nos esmagar com eficácia bem maior do que Salazar alguma vez imaginou.

Se abandonarmos os princípios, se os trocarmos pelo mísero prato de lentilhas que as eleições dá a alguns, não tenho dúvidas que o colapso acabará por ocorrer. De momento, só deposito esperança em duas coisas: no voto inteligente dos eleitores, e sobretudo no potencial de uma crítica social auto-organizativa que, com palavras e actos, denuncie sistematicamente o desastre que se prepara em múltiplos domínios, e se prepare para exercer de forma proporcional, mas sem hesitação, o seu inalienável direito à liberdade, à justiça, à democracia, à solidariedade e ao bom governo.

LER noticia no Público


OAM 640 22-10-2009 14:15

quarta-feira, outubro 21, 2009

O fim dos EUA e da Europa?

Poderia ter sido escrito por Álvaro Cunhal!

While Americans are sacrificing the future for the present, China is sacrificing the present for the future. — Patrick J. Buchanan.

Transcrevo abaixo parte de um lancinante artigo do conservador Patrick J. Buchanan, escrito em 2003, sobre as causas do colapso iminente dos Estados Unidos da América. A leviana Direita que temos devia estudar com muita atenção cada palavra desta confissão descarnada sobre o que correu muito mal na América, nomeadamente a partir da era Clinton e da sua alegre globalização. E a Esquerda lunática que temos deveria aplicar algum do seu tempo livre a pensar na realidade de chumbo que temos diante de nós — começando por fazer tábua rasa de muitas das convenções e preconceitos ideológicos e analíticos que há décadas entorpecem a sua capacidade de pensar de forma límpida e necessária.

O que está em causa e pode colocar em causa o futuro de Portugal, apesar de fazermos parte da União Europeia, é muito mais amplo e dramático do que se tem pretendido fazer crer. Trata-se de um processo de reversão e translação estrutural do Capitalismo —de facto em curso— em nome da sua sobrevivência desesperada num qualquer outro corpo capaz de o aceitar na sua incurável e descarnada bestialidade inumana, especulativa e gananciosa. A terceiro-mundialização do nosso pais, que não anda muito longe do que se passa noutros países outrora orgulhosos do seu desenvolvimento, a começar pelos Estados Unidos e a Inglaterra, é o cerne de uma súbita e possivelmente fatal doença da modernidade, que a simples administração de melhor justiça, melhor educação ou ética política será insuficiente para salvar.

Teremos, seja como for, de regressar ao trabalho. Isto é, à produção local e regional daquilo que comemos, usamos e amamos. Significa esta decisão rejeitar o Outro? O novo Outro? Não necessariamente, mesmo se tivermos que voltar a traçar uma linha divisória, uma linha de osmose, entre os competidores estratégicos do planeta. Um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez entre a Ásia dum lado e a Euro-América do outro.


Death of Manufacturing
The rise of free trade has eroded America’s industrial base and with it our sovereignity.

By Patrick J. Buchanan (August 11, 2003) — in The American Conservative.

(...)

Thirty years have elapsed since our free-trade era began and 30 months since George W. Bush became president. It’s time to measure the promise of global free trade against the performance.

Undeniably, free trade has delivered for consumers. A trip to the mall, where the variety of suits, shoes, shirts, toys, gadgets, games, TVs, and appliances abounds, makes the case. But what has it cost our country?

Every month George Bush has been in office, America has lost manufacturing jobs. One in seven has vanished since his inauguration. In 1950, a third of our labor force was in manufacturing. Now, it is 12.5 percent. U.S. manufacturing is in a death spiral, and it is not a natural death. This is a homicide. Open-borders free trade is killing American manufacturing.

(...) In 1860, Britain abandoned its Britain First trade policy for the free-trade faith of David Ricardo, John Stuart Mill, and Richard Cobden. By World War I, Britain, which produced twice what America did in 1860, produced less than half and had been surpassed by a Germany that did not even exist in 1860.

Free trade does to a nation what alcohol does to a man: saps him first of his vitality, then his energy, then his independence, then his life.

America today exhibits the symptoms of a nation passing into late middle age. We spend more than we earn. We consume more than we produce.

(...)

Manufacturing is the key to national power. Not only does it pay more than service industries, the rates of productivity growth are higher and the potential of new industries arising is far greater. From radio came television, VCRs, and flat-panel screens. From adding machines came calculators and computers. From the electric typewriter came the word processors. Research and development follow manufacturing.

Alexander Hamilton, the architect of the U.S. economy, knew this. He had served in the Revolution as aide to Washington and lived through the British blockades. He had led the bayonet charge at Yorktown. And he had resolved that never again would his country’s survival depend upon French muskets or French ships.

(...)

For 12 decades, America followed Hamilton’s vision. On the eve of World War I, the 13 agricultural colonies on the eastern seaboard had become the richest nation on earth with the highest standard of living, a republic that produced 96 percent of all it consumed while exporting 8 percent of its GNP, an industrial colossus that manufactured more than Britain, France, and Germany combined.

The self-sufficiency and industrial power Hamiltonian policies created enabled us to rearm in security, crush the Axis in four years, rebuild Europe and Japan, and outlast the Soviet empire in a Cold War, while meeting all the needs of our people.

But in the Clinton-Bush free-trade era, Alexander Hamilton is derided as a “protectionist.” Woodrow Wilson’s free-trade dogma is gospel. Result: our trade surpluses have vanished, our deficits have exploded, our self-sufficiency has been lost, our sovereignty has been diminished, and an industrial base that was the envy of mankind has been gutted.

And for what? All that junk down at the mall? What do we have now that we did not have before we submitted to this cult of free trade?

(...)

As a former Friedmanite free trader, let me say it: free trade is a bright shining lie. Free trade is the Trojan Horse of world government. Free trade is the murderer of manufacturing and the primrose path to the loss of national sovereignty and the end of our independence.

(...)

While Americans are sacrificing the future for the present, China is sacrificing the present for the future.

Beijing’s boom began after it devalued its currency in 1994. While a blow to Chinese consumers, devaluation gave Beijing a competitive edge over the other “Asian tigers.” Beijing then invited Western companies to locate new factories there to tap its pool of low-wage labor. As the price of access, Beijing demanded that Western companies transfer technology to Chinese partners. What the companies do not transfer, the Chinese extort or steal.

By offering excellent workers at $2 a day, guaranteeing no union trouble, allowing levels of pollution we would not tolerate, and ignoring health and safety standards, China has become the factory floor of the Global Economy and surpassed the United States as the world’s first choice for foreign investment.

(...)

In 2002, China ran up its largest trade surpluses with us in electrical machinery, computers, toys, games, footwear, furniture, clothing, plastics, articles of iron and steel, vehicles, optical and photographic equipment, and other manufactures. Among the 23 items where we had a surplus with China were soybeans, corn, wheat, animal feeds, meat, cotton, metal ores, scrap, hides and skins, pulp and waste paper, cigarettes, gold, coal, mineral fuels, rice, tobacco, fertilizers, glass. Beijing uses us as George III used his Jamestown colony.

in The American Conservative.


OAM 639 21-10-2009 02:10

terça-feira, outubro 20, 2009

Linha do Tua

Pare, Escute e Olhe !
Alexandre Melo: o mercado já não é a vanguarda!



Um excepcional documentário de Jorge Pelicano. Recordou-me —num registo obviamente mais subtil e informacional, o incendiário filme de Buñuel, "Las Hurdes". Este regresso do cinema verdade e da arte militante não poderia ser mais bem-vindo.

Impedir o fecho da Linha do Tua e a construção da criminosa barragem que a EDP, o senhor Sócrates e a restante pandilha do Bloco Central da Corrupção querem levar por diante, não é uma questão apenas crítica para os habitantes daquele vale belíssimo, para os cidadãos de Mirandela, Bragança e em geral da região transmontana e alto duriense — é uma questão crítica da maior importância para todos nós, portugueses!

O que está em causa é um plano de barragens irrelevante para a produção de energia, pois as 12 barragens previstas satisfariam apenas 3% das nossas actuais ineficientes e mal-geridas necessidades. Os objectivos escondidos da EDP têm que ser revelados. E na minha opinião são dois:
  1. colocar a EDP, depois de estabilizar a sua posição hegemónica no sector da produção de energia, à cabeça do controlo privado de um bem público escasso: a água! Este objectivo estender-se-à a prazo ao completo domínio privado das bacias hidrográficas do país, dos sistemas de abastecimento público de água e dos próprios off-shores marítimos!
  2. gerar activos capazes de mitigar a extrema fragilidade financeira da empresa gerida pelo pirata António Mexia, a qual, como se sabe, tem uma dívida acumulada de mais de 13 mil milhões de euros. Ou seja, mais de que quatro vezes o custo estimado do novo aeroporto da Ota em Alcochete!
Grandes empresas de construção e energéticas, bancos e sociedades financeiras obscuras, empresas de comunicação e o próprio Estado estão endividados até aos cabelos. Enquanto os banqueiros e alguns empresários falidos insistem diariamente, com a cumplicidade neo-fascista dos canais televisisvos controlados pelo governo, na necessidade de cortar a eito na despesa pública social, gritam ao mesmo tempo, como passarinhos esfomeados, por empreitadas e subsídios estatais (i.e. mais dinheiro dos contribuintes, sobretudo pela via da destruição do Estado Social) para salvar as suas empresas. É neste contexto que devemos olhar para a Linha do Tua (353 vídeos no YouTube). O que lá deixarmos morrer poderá ser o boomerang que em breve nos atingirá fatalmente na nuca.


OAM 638 20-10-2009 13:12