A exploração do petróleo de xisto é uma trajetória desesperada e muito perigosa. Além do mais economicamente inviável. Artigo/foto: Green Prophet.
Enquanto os piratas sonham com novos aeroportos e autoestradas, a fatura das importações de energia revela bem o beco sem saída onde nos encontramos :(
JdN: “É o valor mais alto dos últimos três anos: 7,1 mil milhões de euros foi o preço pago por Portugal em 2011 pela necessidade de importar energia do exterior. Uma factura que representa um agravamento de 27,7% face ao ano anterior, segundo os mais recentes números da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG).”
Quando baixarmos a nossa circulação automóvel individual para metade ou menos de metade da atual, que farão as concessionárias das autoestradas e das SCUT? Continuarão a exigir indemnizações compensatórias aos contribuintes? Em nome de que contratos leoninos? Em nome de que negócios ruinosos para o Estado? Está na altura de levar esta gente e os seus gabinetes de advogados a tribunal.
Não há soluções milagrosas para um problema tão grave quanto o Pico do Petróleo e o sobre endividamento público e privado (que já é uma consequência invisível do dito pico) da maioria dos países não produtores líquidos de energia e de matérias primas fundamentais.
Pico do Petróleo: os cenários são todos desastrosos (The Oil Drum)
Temos que começar por algum lado a promover a transição!
Pontos cruciais:
substituir o transporte privado individual pelo transporte coletivo;
substituir os sistemas de transporte assentes no petróleo/gasolina por sistemas de transporte elétricos e em todo o caso menos dependentes de hidrocarbonetos;
apostar na ferrovia e no transporte por mar e rio;
associar a desmaterialização de uma parte dos sistemas produtivos a tecnologias avançadas de telepresença e teletrabalho, com a penalização das deslocações físicas desnecessárias (desde logo acabando com os subsídios às viagens dos executivos pagos pelo erário público);
promover a transição das cidades sobreaquecidas e ineficientes do ponto de vista energético (a começar pelos edifícios e instalações públicas) para cidades mais ecológicas e libertas da captura especulativa de que foram alvo pelas lógicas de especulação e pirataria capitalistas;
desconstruir o subúrbio urbano, seja recuperando os centros urbanos e as cidades, seja transformando os subúrbios em unidades urbanas auto-sustentáveis (quer dizer, com atividades produtivas próprias, e reagrupamentos democráticos de governança local)
retirar o Estado de onde a sua presença não é estratégica, nem essencial (no caso português, o número de funcionários públicos terá que ser reduzido para não mais do que 1% da população, ou seja, para cerca de 110 mil funcionários, em vez dos atuais 512 mil...)
O tempo para evitar uma enorme catástrofe está a esgotar-se :(
Aceitará o BCE como colateral de próximos empréstimos o revolucionário papel higiénico preto da RENOVA? É resistente, e dura, dura, dura...
Enquanto não expusermos e enquanto não expulsarmos do sistema a nomenclatura que nos conduziu até este colapso não sairemos do buraco
ECB accepts Portugal Bonds due Dec. 31, 9999
“No joke: the European Central Bank accepts a Portuguese bond from the year 1943 as collateral due for repayment on Dec. 31, 9999. The ECB has turned into the dumping ground for European banks’ junk bonds. The practice could harm the central bank’s reputation as well as the Euro. The ECB issues Euros for almost everything.”
Paul Krugman propõe alegremente que a dívida pública americana chegue até aos 130% do PIB, ou seja, mais do dobro do limite imposto pela Alemanha aos seus parceiros comunitários. Para este neo-freak-neo-keynesiano não há nada melhor para tirar a América do pântano do que copiar o destino trágico do Japão, cuja depressão, que dura há mais de vinte anos, está a conduzir o país, literalmente, ao suicídio demográfico. O Japão conseguiu aguentar até hoje tamanho período de adversidade económica, por um lado, porque se manteve durante décadas como um dos maiores exportadores mundiais, privilégio que começou entretanto a perder, sobretudo depois de os países emergentes terem começado a copiar a sua receita de sucesso (1), e em segundo lugar, porque a sua economia assenta num modelo político inaceitável nas democracias ocidentais. Krugman receita, pois, o desastre tanto para o país que Obama prometeu mudar, como para os incautos e oportunistas da Europa.
O Quantitative Easing da FED e as LTRO (Long Term Refinancing Operations) promovidas pelo BCE, que têm vindo a alimentar sem limite nem vergonha os sistemas bancários e financeiros americano e europeu, têm conseguido até agora adiar o colapso das instituições financeiras e dos governos que se lançaram ao longo das últimas décadas numa fuga em frente, tipicamente especulativa no que toca aos piratas financeiros, e tipicamente populista, corrupta e keynesiana, no que respeita ao deficit spending da esmagadora maioria dos governos europeus. A previsível eleição de François Hollande aponta, infelizmente, para a continuação desta tendência para o abismo.
É que como todos sabemos, milhões de pessoas em todo o mundo estão a pagar com desemprego, falta de emprego, perdas de salário, quebras contratuais de direitos sociais, e falências empresariais e pessoais que não param de aumentar, uma receita que consiste basicamente em continuar a alimentar um buraco negro sem fim, cavado criminosamente pelos chamados derivados financeiros dos mercados paralelos (OTC derivatives). Ou seja, os criminosos estão a ser recompensados pelos seus crimes.
O BCE empresta com base em garantias, diz Mario Draghi. Mas que garantias são essas? Papel higiénico de boa qualidade, serve? Não valerá certamente menos do que os tais títulos emitidos pelo Estado português entre 1940 e 1943, e que constam de documento oficial do BCE (2) como vencendo no ano 9999, sendo, salvo gralha não denunciada, para garantir empréstimos recentes!
A culpa também é da Matemática, mas recai sobretudo em quem contrata os matemáticos da especulação.
Investment Banks & Financial Maths
“Are financial mathematicians responsible?
Incredibly, the ‘blame’ is limited to losing trillions. The debate focussed on whether the mathematical models or data they used as input were good enough; the question of whether it is ethical to provide the mathematical instruments for creating credits out of repackaged debts and to gamble with people’s live savings and livelihoods never entered into consideration. As one investment banker was quoted saying: “Banks need high level maths skills because that is how the bank makes money.” Those deals that spiralled so badly out of control would not have been possible in the first place without the collusion of financial maths and financial mathematicians, known affectionately and awe-inspiringly as “quants” in the trade, commanding salaries typically in millions and above.”
(...)
Tim Johnson, Academic Fellow in Financial Mathematics based at Heriot-Watt University and the Maxwell Institute for Mathematical Sciences in Edinburgh, said in his own defence [10]: “I was drawn into financial maths not because I was interested in finance, but because I was interested in making good decisions in the face of uncertainty...One of the key objectives of financial maths is to understand how to construct the best investment strategies that minimise risks in the real world.” But he has not asked himself: minimise risks for whom and for what purpose that would serve humanity, or at least do them no harm.
O debate ideológico destas questões é essencial para evitarmos o pior. Mas o silêncio sobre Ron Paul, entre muitos outros silêncios —como, por exemplo, sobre a confissão de um suposto co-autor do assassínio de um primeiro-ministro e de um ministro da defesa portugueses (3)—, é mais uma prova da clara insuficiência e falta de independência de um dos principais instrumentos do diálogo democrático: a nossa imprensa.
NOTAS
O Japão descobriu uma fórmula para tornar-se um dos maiores exportadores mundiais ao longo das últimas décadas: manter a sua moeda escandalosamente subavaliada, emprestar ao exterior a juros próximos de zero (promovendo por esta via o célebre yen carry-trade), deslocalizar as suas indústrias para países com mão-de-obra muito barata, quase sem direitos sociais e com fraca ou nenhuma legislação ambiental e sanitária, boicotar pela via burocrática as importações (apesar de subscrever todas as regras do livre comércio), e manter uma economia de emprego muito paternalista, apoiada basicamente em dois pilares: o Estado, que alberga 1% da população (em Portugal, convém lembrar, a burocracia estatal corresponde a mais de 5% da população, 512 424 em Dezembro de 2011 — um dos pecados originais do nosso subdesenvolvimento endémico) e as corporações familiares que dominam o país, o sistema partidário rotativo e o aparelho estatal. As grandes obras públicas (que servem para substituir os empregos exportados para países baratos) e a fuga fiscal das corporações são os principais responsáveis pela gigantesca dívida pública do Japão, a maior do mundo, per capita, e em percentagem do PIB. Não deixa se ser curioso e trágico assistirmos à réplica deste modelo de capitalismo simultaneamente paternalista, autoritário e suicida nos Estados Unidos da América, e mais recentemente, na Europa!
É impressionante o número de operações realizadas com o Banco Santander Totta, SA. (ver mapa do BCE)
"Volto a Portugal, cerca de 5 ou 6 dias antes do atentado. É marcado por Oliver North um jantar no hotel Sheraton. Necesse jantar aparece e participa um indivíduo que não conhecia e que me é apresentado por Oliver North, chamado Penaguião. Penaguião afirma ser segurança pessoal de Sá Carneiro. Oliver North refere que Penaguião faz parte da segurança pessoal de Sá Carneiro e que é o homem que conseguirá meter Sá Carneiro no Avião. Penaguião afirma, de forma fria e directa que sá Carneiro também iria no avião, "pois dessa forma matavam dois coelhos de uma cajadada!" Afirma que a sua eliminação era necessária, uma vez que Sá Carneiro era anti-americano, e apoiava incondicionalmente Adelino Amaro da Costa na denúncia do trático de armas, e na descoberta do chamado saco azul do Fundo de Defesa do Ultramar, pelo que tudo estava, desde o início, preparado para incluir as duas pessoas. Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Fico muito receoso, pois só nesse momento fiquei a conhecer a inclusão de Sá Carneiro no atentado. Pergunto a Penaguião como é que ele pode ter a certeza de que Sá Carneiro irá no avião, ao que Penaguião responde de que eu não me preocupasse pois que ele, com mais alguém, se encarregaria de colocar Sá Carneiro naquele avião naquele dia e naquela hora, pois ele coordenava a segurança e a sua palavra era sempre escutadda. No final do jantar, juntam-se a nós três o General Diogo Neto e o Coronel Vinhas.
Fico estarrecido com esta nova informação sobre Sá Carneiro, e decido ir, nessa mesma noite, à residência do embaixador dos EUA, na Lapa, onde estava Frank Carlucci, a quem conto o que ouvi. Frank Carlucci responde que não me preocupasse, pois este plano já estava determinado há muito tempo. Disse-me que o homem dos EUA era Mário Soares, e que Sá Carneiro, devido à sua maneira de ser, teimoso e anti-americano, não servia os interesses estratégicos dos EUA. Mário Soares seria o futuro apoio da política americana em Portugal, junto com outros lideres do PSD e do PS. Aceito então esta situação, uma vez que Frank Carlucci já me havia dito antes que tudo estava assegurado, inclusivamente se algo corresse mal, como a minha saída de Portugal, a cobertura total para mim e para mais alguém que eu indicasse, e que pudesse vir a estar em perigo. Isto é a usual "realpolitik" dos Estados Unidos, e suspeito que sempre será."
(...)
"A este respeito gostaria de acrescentar que numa reunião que tive, a sós, em 1986, com Lencastre Bernardo, num restaurante ao pé do edifício da PJ na Rua Gomes Freire, ele garantiu-me que Pinto Balsemão estava a par do que se ia passar em 4 de Dezembro. No restaurante Fouchet's, em Paris, Kissinger tinha-me dito, “por alto”, que o futuro Primeiro Ministro de Portugal seria pinto Balsemão. E importante referir que tanto Henry Kissinger como Pinto Balsemão eram já, em 1980, membros destacados do grupo Bilderberg, sendo certo que estas duas pessoas levavam convidados às reuniões anuais desta organização."
Comentário: se a confissão é um delírio, a
Embaixada dos EUA e o nosso governo devem desmentir. Se não podem
desmentir, então é o maior escândalo imaginável nas relações entre dois
aliados. Terá a CIA encomendado o assassínio de um primeiro-ministro e de um ministro da
defesa de Portugal? Como classificariam os EUA tal ação se os alvos fossem o seu presidente e o seu secretário de estado da defesa? Terrorismo, certo?
Os milhares de milhões de euros de prejuízo da TAP devem-se aos altos preços do combustível — diz Fernando Pinto. O sucesso da Ryanair deve-se, então, ao combustível secreto usado por Michael O'Leary!
Imagem da campanha do calendário da Ryanair para 2012 Foto: derivativo by OAM
Creio que o país ficaria muito mais rico se empresas como esta transportadora aérea irlandesa, a Ryanair, os fabricantes de automóveis alemães e os novos TGV italianos da Ferrari tomassem o lugar das nossas desaparecidas ou falidas empresas privadas e público-privadas, enquanto os nossos usurários falidos eram todos, incluindo a Caixa, engolidos por bancos espanhóis, alemães, ingleses, suíços, brasileiros, japoneses, árabes e chineses.
Depois de semelhante lavagem, a cereja no bolo da inevitável metamorfose que nos espera deveria ser o fim do imprestável regime partidário que temos. Numa primeira fase, reduziam-se o número de autarquias para metade, fundiam-se todas as câmaras municipais das regiões metropolitanas de Lisboa e do Porto, reduziam-se drasticamente os poderes do indígena que está em Belém, e encolhia-se para um terço o número de deputados que pastam pela Assembleia da República. Numa segunda fase, que poderia ser desde já agendada para 2020, acabava-se mesmo com os partidos, substituindo a partidocracia corrupta e incapaz que levou o país à bancarrota por uma democracia sem partidos.
Sim, sem partidos! Não estamos todos fartos deles? É que é perfeitamente possível imaginar democracias sem partidos, baseadas no que o canadiano Jean Laliberté chama reagrupamentos democráticos. Além do mais, as grandes organizações deste mundo deixaram há muito de reger-se por sistema de representação facilmente manipuláveis e sujeitos ao assalto insidioso dos poderes financeiros. Querem um exemplo de uma democracia global que funciona? Pois aí está, chama-se Wikipédia! Tal como esta verdadeira sociedade global existe e funciona com graus inovadores de liberdade, responsabilidade e democracia (já para não mencionar os casos de estudo que não param de afluir à tecnosfera: Facebook, Tumblr, Twitter, Blogger, YouTube, etc.), também as velhas sociedades históricas herdeiras das monarquias absolutas e das repúblicas populistas que se lhe seguiram podem e devem mudar os seus exaustos e corrompidos regimes democráticos.
O colapso dos falidos países ocidentais só não será um morticínio inaudito se rapidamente soubermos pensar e agir em prol de uma grande metamorfose técnica e cultural da nossa civilização industrial suja, a qual ameaça engolir-nos através de agentes patogénicos, da escassez de recursos e do efeito devastador de intermináveis guerras.
A situação, mais particular e próxima, dos sistemas de mobilidade e transporte em Portugal entra pelos olhos dentro. Só não vê quem não quiser ver. E de nada valerá não agir, por medo do que está, ou do que possa vir. Os dois exemplos que se seguem são duas respostas típicas para um tempo de mudança.
O primeiro chama-se Low Cost, e o segundo corresponde às novas redes de mobilidade rápida e de interoperabilidade de meios de transporte para pessoas e mercadorias. Curiosamente, estas soluções aproximam-se de nós pelo lado da imaginação criativa e à velocidade de um Ferrari!
Nuovo Trasporto Viaggiatori (NTV), by Ferrari. Uma resposta criativa aos tempos difíceis. O transporte coletivo de Alta Velocidade é o futuro! O carro individual será em breve um insulto. Os centros das cidades vão recuperar a sua vivacidade em menos de duas décadas!
A apresentação recentemente realizada em Lisboa pela Ryanair sobre a situação do transporte aéreo no nosso país é demolidora para a TAP e para a corja que a tem dirigido e desfalcado ao longo das últimas décadas.
A solução para o impasse é óbvia: ou se reestrutura a TAP, criando uma TAP Low Cost para a Europa, e uma TAP intercontinental, e depois se vende a empresa, ou as empresas, ou então, como está o moribundo, com buracos financeiros por toda a parte, ninguém o poderá querer de boa fé, a menos que o Estado, isto é, os contribuintes, fiquem a pagar as dívidas, como ocorreu com o BPN, com os fundos de pensões da banca (1) e se prepara para ser também o caso da EDP.
O que os rendeiros do regime, papagueados pelos seus mordomos, querem é simples: não pagar as dívidas da TAP e ficar com a TAP, ficando também com a rentável ANA, com os terrenos da Portela, claro, e prometendo dar em troca um novo aeroporto e uma "cidade aeroportuária", por "fases", em Alcochete. Se esta burguesia de piratas conseguisse uma vez mais instruir os seus mordomos em mais um embuste e roubo descarado, os seus testas de ferro começariam de imediato, com a colaboração dos desmiolados e corruptos autarcas da desgraçada margem esquerda do Tejo, claro, a expropriar e especular com tudo o que mexa, ou não mexa, à volta do campo de tiro de Alcochete.
Estou, porém, tranquilo quanto a mais esta aventura borregada do embuste do NAL da Ota em Alcochete: nem os credores representados pela Troika permitirão tamanho assalto ao nosso desfalcado país, nem a vontade que apesar de tudo ainda existe, se não nos passos perdidos da nossa inerte democracia, pelo menos nas ruas indignadas, deixará que tal aconteça. O governo do Gaspar, do Passos de Coelho e do simpático Catroga, que não se atreva!
As máquinas de propaganda dos piratas indígenas têm atacado o "TGV" como se o problema fosse de comboios e não de linhas.
As linhas férreas estão para os comboios como os aeroportos estão para os aviões. Em Faro já praticamente não pousam aeronaves portuguesas. No entanto, o movimento do aeroporto nunca foi tão intenso. É que as pessoas preferem autocarros aéreos, mochilas e havaianas para ir até às praias do Algarve, em vez de serviços de aparente qualidade mas que apenas representam rombos incomportáveis nos orçamentos de quem viaja e não é deputado, nem empresário subsidiado pelo Estado, nem governante.
O futuro do transporte ferroviário, para mercadorias e pessoas, vai passar pela mesma metamorfose: as linhas e os sistemas de sinalização e controlo de tráfego são ou deveriam ser públicos, mas os comboios e a exploração dos serviços podem e devem ser privados (embora sujeitos a regulação estrita e transparente), retirando aos sindicatos e aos corruptos governantes, e aos não menos corruptos partidos, a gerência ruinosa que conduziu a esmagadora maioria das empresas públicas portuguesas de transporte ao colapso financeiro, com dívidas gigantescas e verdadeiramente criminosas por pagar!
Esperemos que o saneamento das finanças públicas europeias leve a verdadeiras políticas europeias de transportes, de energia e de competitividade económica e tecnológica, sem abandonar o precioso património de direitos e solidariedade social existente, expurgando obviamente deste património os abusos e a exploração oportunistas destes bens pelos piratas institucionais, partidários, sindicais e da burguesia rendeira há muito acoplada à pilhagem fiscal em curso.
1 Maio 2012.
NOTAS
Os bancos livraram-se dum pesadelo ao passarem os seus fundos de pensões para o Estado — que vai ser a entidade que terá que responder daqui a alguns anos pelos milhões a pagar a figurões como Jardim Gonçalves e muitos outros. Não é por acaso que não vimos os sindicatos a protestar sobre esta matéria!
Sem procurarmos a causa eficiente das coisas não as entendemos
por ANTÓNIO CERVEIRA PINTO
“What are the fundamental causes of the large differences in income per capita across countries? Although there is still little consensus on the answer to this question, differences in institutions and property rights have received considerable attention in recent years. Countries with better “institutions”, more secure property rights, and less distortionary policies will invest more in physical and human capital, and will use these factors more efficiently to achieve a greater level of income...” — in The Colonial Origins of Comparative Development: An Empirical Investigation, by Daron Acemoglu, Simon Johnson, James A. Robinson. June 2000 (pdf).
Daron Acemoglu & James Robinson, autores de Why Nations Fail, defendem uma abordagem muito oportuna sobre as origens da democracia económica e do papel que esta teve (pelo menos até 2008!) no desenvolvimento e enriquecimento extraordinário de uma parte do mundo, por contraposição ao marasmo da outra. Este mais recente livro inspirado pelo brilhante economista Daron Acemoglu desenvolve a ideia que a democracia económica foi a principal responsável pelo enriquecimento estrutural, estruturante e sustentado de países como o Reino Unido, a França, a Alemanha ou os Estados Unidos, por contraposição ao enriquecimento autoritário e/ou especulativo e momentâneo, isto é, insustentável, de países como a Rússia imperial, a Argentina, ou, digo eu, o Japão.
O ponto interessante e polémico da origem destas afluentes democracias económicas modernas reside, segundo Acemoglu, na prevalência daquilo que o autor qualifica de instituições inclusivas, sobre as instituições extrativas. Enquanto as instituições extrativas promovem a perpetuação de poderes centralizados, rendeiros, mais ou menos absolutos, hierarquizados, burocráticos e castradores da iniciativa individual, as instituições inclusivas, pelo contrário, socavam a inércia e perpetuação dos regimes tribais, monárquicos e cesaristas (em sentido lato), em nome da libertação económica, social e cultural das sociedades. E claro: esta libertação é, em primeiro lugar, um fenómeno político e não o resultado afinado de qualquer omnisciência económica!
A presente decadência dos EUA parece desmentir a tese central deste brilhante economista sobre a origem política da prosperidade social. Mas não nos apressemos a tirar conclusões!
Agradeço ao Mário Ribeiro o envio deste oportuno link, que me meteu aliás em despesas, pois já encomendei Why Nations Fail ;)
Depois de o ler voltarei a este debate, dada a sua relevância para a discussão em curso sobre a necessidade urgente de reformar boa parte das democracias europeias, e em particular a grega, a espanhola e a portuguesa.
This morning, a vastly expansive essay by Lew Spellman of the University of Texas in Austin titled "Warren Buffett and the New Calculus of Gold" is making the rounds, and while the narrative is largely defensive of gold, and its role as the only true safe collateral in a world rapidly depleted of the latter (as we have been arguing for the past 2 years) as proven over and over by the fact that the entire modern system now relies more on re-re-re-rehypothection of existing collateral than on spending money for CapEx purposes and to replace an aging asset base, we wonder: is this realization really just now being grasped by the world? Are the forward thinkers of the world only now understanding that in a world with hundreds of trillions of imaginary collateral whose ultimate owner will never be tracked down, and a daisy-chained bankrupt domino collapse will come before anyone finds out who owns what (much in the same was as MF Global is a symptom of the entire modern financial system), only that which is tangible, undilutible and real will have value?
Que acontecerá quando a curva ascensional da expropriação fiscal em curso atingir o seu pico?
Uma de duas coisas: multidões em fúria, revoluções violentas e guerras, ou então, uma aceleração do processo de expropriação de valor através da hiperinflação — isto é, da criação infinita de dinheiro puramente virtual, sem nenhuma contrapartida durável— que acabará por desembocar na tragédia da primeira hipótese. As eleições francesas de ontem e a queda do governo holandês hoje apontam para um abrandamento da austeridade, que a Alemanha acabará por aceitar, abrindo-se deste modo caminho à nova Dona Branca do Quantitative Easing, embrulhada com a designação: apoio ao crescimento e ao emprego! Deste embuste piedoso, que contará com a fanfarra dos escribas da "Esquerda", sairá, porém, o monstro da hiperinflação e as suas revoltas, revoluções e guerras.
O Joker deste jogo chama-se regresso da marco alemão e colapso do euro!
A hiperinflação é um processo acelerado e concentrado de expropriação maciça de valor através da desvalorização da moeda e de todos os ativos fiduciários, com a consequente apropriação especulativa das poupanças. O excesso de liquidez criado artificialmente pelos bancos centrais faz desaparecer o valor da moeda até ao ponto em que está terá que ser substituída por outra.
Os mais ricos dos mais ricos (os tais 1%), com o apoio dos governos corruptos, falidos e apavorados, resolvem, de um momento para o outro, que é chegado o momento de forçar a concentração da propriedade dos bens materiais e culturais através do empobrecimento instantâneo das classes médias profissionais e empresariais, usando para tal, numa primeira fase, a tenaz dos impostos, e numa segunda, se a primeira não resultar completamente (nunca resulta!), a inflação acelerada dos preços de todos os bens essenciais, sobretudo alimentos, água, energia e transportes.
As classes médias, sem emprego ou com os seus negócios inviabilizados pela usura bancária e pelos impostos, são forçadas a desfazerem-se de quase tudo e entram num processo de empobrecimento drástico e acelerado, quando não mesmo de miséria. Deste modo a economia descapitalizada, ou melhor dito, os bancos insolventes, depois de terem especulado até à exaustão com as poupanças alheias, recuperam as suas bases de ativos, reiniciando em seguida a estabilização do sistema financeiro. Pelo caminho, 99% da população ficou muito mais pobre, a classe média foi saqueada pelos bancos e destruída pelos políticos corruptos. Lentamente, depois da catástrofe, o processo de formação de valor recomeça num novo patamar de exploração capitalista.
Uma nota de 10 euros, ou um clique de rato numa operação de pagamento eletrónico, são promessas de troca justa de um bem (por ex.: uma pizza) por um crédito (uma nota, ou um registo na coluna de créditos do meu extrato bancário), o qual dará mais tarde para trocar por outro bem idêntico (outra pizza), ou por outro bem com o mesmo valor comercial (por ex.: um CD da Lady Gaga). No entanto, se entre a compra da primeira pizza e a compra da segunda, um ou dois dias depois, eu passar a precisar de duas, três, dez, cem, mil, um milhão, um milhar de milhões de notas de 5 euros para adquirir a mesma pizza, o que aconteceu foi que todas as minhas poupanças foram derretidas por esta corrida atrás de ativos cujo preço sobe exponencialmente. É isto a hiperinflação. E o mais grave é que semelhante fenómeno pode estar em encubar no interior da presente crise de especulação e endividamento mundiais :(
A corrida aos ativos já começou, aliás, à escala global.
A China, por exemplo, está a tentar trocar, o mais rapidamente possível, a sua gigantesca pirâmide de IOU ("I owe you"), isto é, de dólares americanos, por ativos sólidos, em todo o mundo. Os chineses sabem que a era do dólar tem os dias contados desde o momento em que a pirâmide de Ponzi formada por uma moeda que deixou de estar indexada a qualquer valor tangível (ouro, balança comercial, cesto de moedas mundiais, etc.) começou a perder interessados em comprar mais dólares, ou sequer a aceitá-los em troca de petróleo, metais raros, bicicletas, computadores ou guarda-chuvas. Esta corrida inflacionará rapidamente os preços da energia e das matérias primas, sobretudo se for acompanhada por outro países.
Não parece, porém, que a China e os países produtores de petróleo possam via a fazer aos países industrializados e urbanizados do Ocidente o mesmo que os bancos do Ocidente estão neste momento a fazer aos povos europeus e dos Estados Unidos e Canadá, com a colaboração dos governos corruptos que têm nos bolsos. Assim como a Europa e os Estados Unidos correm sérios riscos de verem brotar revoltas, revoluções e guerras civis, também os países ditos emergentes correm o risco, se não abrandarem a sua corrida aos ativos ocidentais, que são sobretudo monopólios e oligopólios de serviços associados a bens naturais e às tecnologias, de se depararem com uma brusca interrupção do livre comércio mundial, ou mesmo com a ameaça de uma nova guerra mundial.
Os tempos não podiam ser mais incertos e perigosos :(
A pirâmide invertida de Exter
Pirâmide investida de Exter
Mr. Denninger and Gold – Part Deux or: A Rebuttal to All Fiat Money Apologists
As the higher layers are liquidated – indeed, evaporate (h/t Trace) as the market for them simply stops existing - in search of the “most marketable good” or the most liquid asset, initially everything will fall against the dollar and Gold. In fact, as I’ve said before, this pyramid is the reason why - as capital accelerates its flow down the pyramid - we can expect more and more instances of the dollar and Gold going up together. Indeed, a final spectacular rise in the dollar – lulling many dollar-deflationists into a false sense of complacency - will be our signal that the show is about to end. It is this collapse of the second-last layer – the dollar or the “Federal Reserve Note” layer - that will manifest as hyperinflation. Many dollar deflationists who realize the truth about Gold think they can time this, trade around it and switch to Gold when the time comes. However, there is no guarantee that Gold will be available at anywhere near today’s prices – or indeed available at all – at that point. Much of it will happen too quickly for many people to even comprehend what hit them.
Many people will go through the different layers of the pyramid losing chunks of their capital along the way, before they come to the conclusion that Gold is the ultimate “go to” asset – at which point they may not have anything left to preserve. Trading in the rigged paper markets casino will virtually assure that outcome. But those who know what’s really happening will go directly to Gold. They will be the ones who really hit it out of the park. — in ZeroHedge .
A emergência de um Novo Partido Democrata seria um estímulo positivo à necessária metamorfose de um regime insolvente que só não explodiu ainda porque tem contado com o cinto de segurança da União Europeia.
Parece cada vez mais evidente que os partidos a quem temos vindo a dar reiteradamente o nosso voto ao longo das últimas três décadas não cumpriram. Pior: os que estiveram rotativamente no poder conduziram o país à bancarrota, de que apenas nos poderemos salvar se, em primeiro lugar, contarmos com um período de carência por parte dos nossos principais credores e parceiros comunitários (que aliás coincidem) e, em segundo, formos capazes de provocar uma verdadeira metamorfose na democracia que deixámos infiltrar de ervas daninhas até ao ponto de estas terem capturado e envenenado todo o sistema.
Foi preciso bater no fundo da insolvência para acordarmos. Mas será que acordámos, ou continuamos a vaguear como mortos-vivos à míngua de mais paternalismo, mais ilusões e mais indolência? Queremos mudar, ou queremos esperar pela retoma da imprestável democracia burocrática, populista e corrupta que temos escancarada diante de todos nós e do mundo?
É certo que todos os partidos com assento parlamentar estão e estarão ainda mais no futuro próximo sujeitos a tensões internas e desejos manifestos de mudança. É notória a vontade de muitos militantes socialistas expiarem as suas culpas no cartório da insolvência do país e na má memória deixada por José Sócrates e pela turma de serviçais que o acompanharam sem hesitação, dúvida, ou remorso. Mas será que vão conseguir mudar alguma coisa dentro do PS, a tempo de fazerem a diferença sonhada? Uma provável vitória de François Hollande poderá dar uma ajuda, mas também poderá levar a uma colagem imediata de António José Seguro ao "novo paradigma", deixando a hipótese de uma renovação estrutural do partido em águas de bacalhau. Em breve, diria mesmo, até ao fim deste ano, e não mais, as personalidades críticas e os jovens turcos do PS terão que decidir se avançam internamente, se hibernam, ou se partem para outra. Os partidos deixaram de ser sacos azuis de onde se retira e paga o bodo aos pobres de pão e espírito. Vão ter que provar muito mais, daqui para a frente, se quiserem merecer a atenção e o sim dos cidadãos.
No PSD as tensões são por enquanto surdas mas podem rebentar quando menos esperarmos. Marques Mendes é uma espécie de ponto deste turbilhão que acabará por fazer caminho num partido que é governo insustentável de uma situação insustentável. Nunca nenhum governo, desde 25 de Abril de 1974 —o dia em que a ditadura tombou sob o peso da demolição interna, da rejeição pública manifesta e de um golpe militar largamente alimentado por reivindicações corporativas— sobreviveu uma legislatura completa com taxas de crescimento abaixo dos 2%. Quando os portugueses perceberem que a austeridade brutal que lhes está a ser imposta de forma assimétrica veio para ficar durante muitos anos, e que pende sobre toda a classe média uma real ameaça de destruição, haverá uma revolta que varrerá o presente governo, se não mesmo o regime inteiro, do mapa!
Os privilégios da famílias de rendeiros ricos e preguiçosos, e os privilégios da
nomenclatura partidária existente, continuam tão protegidos como sempre. Mas por quanto tempo mais?
A pilhagem fiscal em curso, que visa expropriar quem trabalha, poupou ou herdou, em benefício das burocracias instaladas (que por sua vez irão ser as próximas vítimas) e sobretudo para proteger e enriquecer ainda mais os bancos e os seus poucos donos, quando for percebida no seu inteiro escândalo e crime, acordará as classes médias portuguesas, das mais baixas às mais confortadas, como as indulgência denunciadas por Lutero varreram Roma de boa parte da Europa —até hoje!
A grande questão que se coloca, porém, a todos os portugueses fartos deste regime, descrentes de um sistema partidário e parlamentar corrompido até à medula e largamente imbecilizado, é a de saber que outra realidade poderá, com vantagem, substitui-lo.
Outro partido?!
Não há ainda alternativa à democracia que não seja, no fundo, melhorar a democracia!
Acontece, porém, que desta vez não bastam pequenas emendas. É preciso uma ruptura vertical, de alto a baixo, que abane e mude radicalmente os partidos existentes e porventura faça brotar na paisagem pública novos partidos e agrupamentos de governo democrático não necessariamente constituídos segundo as mesmas cartilhas institucionais, formais e procedimentais que estão na base do vigente e desgastado edifício constitucional. Precisamos de dar força e legitimidade próprias às novas formas de pensamento, deliberação democrática e acção pública dos cidadãos.
Ao contrário da desculpa idealista, que acaba por justificar a corrupção em nome de um ideal em mente, moralmente imperativo, que um dia será alcançado, mas que enquanto não for, terá que ser desculpado na sua imperfeição, em nome do relativismo e das fraquezas humanas de sempre, a exigência democrática radical, que demanda a liberdade como veículo irrenunciável, faz-se em nome do que um filósofo distinto de Platão, Aristóteles, chamou uma enteléquia — ou seja, de uma exigência interna irredutível à vulgaridade do oportunismo quotidiano. A corrupção não pode nunca ser o caminho da virtude, da cultura, ou da civilização. E é por isto que a corrupção é o inimigo número um da democracia e da liberdade!
Mas se esta é uma diferença de fundo, que justifica uma nova revolução democrática no seio das democracias que temos, outro ponto igualmente importante diz respeito ao modus operandi desta necessária revolução.
Os partidos convencionais tiveram uma génese invariavelmente conspirativa, de pequenas seitas de interesses e convicções que depois foram dando lugar a grupos de pressão e finalmente emergiram como instituições partidárias. Hoje esta forma de nascer não faz sentido. O mundo ganhou nas últimas duas décadas uma extensão de realidade aumentada a que chamamos Internet, de onde saíram coisas como o email, a Web, o Google, o Skype, o YouTube, o Linkedin, o Scribd., o MySpace, o Facebook, o Tumblr, etc.
Tal com o Partido Pirata, que nasceu na Suécia em 2006, motivado por uma revolta contra a pata pesada e corporativa dos chamados direitos de autor, e hoje conta com mais de dezanove réplicas em vários países e promete tornar-se a terceira força partidária da Alemanha já nas próximas eleições, também o Novo Partido Democrata (NPD) que poderá em breve nascer em Portugal (com esta ou com outra designação), deverá brotar do interior desta nova realidade que é a extensão virtual da cidadania desperta e militante!
O NPD poderá assim tornar-se no primeiro partido português de génese imaterial, digital, em rede, mas com o propósito de intervir e disputar os terrenos tradicionais da representação e da ação democráticas materiais.
Nascer, neste caso, não significa simplesmente proclamar uma sigla, nem o resultado de uma corrida de protagonistas. O nascimento do NPD deve começar por ser original da sua própria génese e ulterior maturação. O pdf que se segue é um diagrama do que poderia ser, a partir de hoje, um acelerador de partículas criativas associado ao lançamento das bases teóricas e práticas no novo partido que, preferencialmente, deveria estar preparado e pronto para agir na precária conjuntura política, social e cultural portuguesa, tão cedo quanto possível. No entanto, a prontidão desejável implica começar por debater este diagrama e avançar com uma estratégia inovadora de produção da nova organização disposta a servir de alternativa num país aparentemente esgotado e sem alternativas.
NPD-lab-1.1
Dez pontos resumem, nesta fase de reflexão, as bases programáticas do partido que poderá em pouco tempo configurar uma alternativa real ao desnorte, aflição e decadência em curso no nosso país:
mais Europa
mais Democracia
mais Responsabilidade
melhor Justiça
mais Transparência
mais Equilíbrio
mais Conhecimento
mais Criatividade
menos Burocracia
menos Impostos
O ponto de partida é este. Falta agora debatê-lo, desdobrar as suas possibilidades, comparar com experiências inovadoras em curso noutros países desenvolvidos, afinar conceitos, apurar estratégias, angariar pessoas, promover círculos de conversa virtual e ao vivo, ajudas materiais de diversa índole e obter recursos financeiros.
A organização ainda não existe. O objetivo desta manifestação de vontade é que comece a emergir a partir de hoje!
20 de Abril de 2012
António Cerveira Pinto
(primeiro subscritor da plataforma para o Novo Partido Democrata)
Rita Andrade: a ex-aeromoça que fez um boleiro terminar o casamento de dez anos (UOL Esporte)
O primeiro-ministro disse hoje querer evitar pelo menos "na próxima década" a construção de um novo aeroporto, admitindo que a Base Aérea do Montijo é uma das hipóteses para funcionar como "pista de apoio" à Portela.
(…) "Para não alimentar qualquer especulação direi apenas que sim, que estamos a equacionar todos os cenários que nos permitam utilizar o aeroporto da Portela durante um maior número de anos, de modo a evitar que o país tenha de despender uma soma demasiado avultada para um novo aeroporto, que esperemos não venha a ser necessário sobretudo na próxima década" — Jornal de Negócios online.
Não há nada como ir aos sítios para ver a realidade. Passos Coelho foi a Sines e decidiu certo sobre o estuporado "TGV": não haverá nenhum "TGV" (nunca houve!), mas sim a ligação de Portugal às novas redes ferroviárias de bitola europeia, para uma mobilidade de pessoas e mercadorias capaz de enfrentar os tremendos desafios da escassez e consequente carestia do petróleo que faz mover os automóveis e as intermináveis frotas de TIR que entopem as autoestradas e estradas de boa parte da Europa industrializada. Foi ao aeródromo militar do Montijo, cujo perímetro (~14Km) é maior do que o do aeroporto da Portela (~11Km), e cuja área quase duplica a da Portela (877ha a somar aos 520ha da Portela) viu, ouviu e percebeu: por uma módica quantia em obras o Lisbon Airport poderá em menos de um ano contar com mais uma pista sensivelmente paralela à pista principal da Portela, e mais do que duplicar a área atual do Lisbon Airport (L.A.) Os passageiros que aí desembarcarem tem duas opções impecáveis para chegar ao centro da capital: a Ponte Vasco da Gama, ou um desembarque esplendoroso no Terreiro do Paço depois de uma memorável travessia do Mar da Palha a bordo de um catamarã. Qualquer das alternativas tomará menos de 30 minutos.
Tal como a estratégica base militar das Lajes sempre serviu a aeronáutica civil, estranho seria que a base militar do Montijo não pudesse prestar o mesmo serviço, sobretudo em tempos de vacas tão magras que é inevitável o adiamento para as calendas gregas do estafado e sempre imaginário esgotamento da Portela —ver esta reportagem TVI s/ a disponibilidade de slots na Portela. Entre Fevereiro de 2011 e o mesmo mês deste ano o número de voos em Lisboa, segundo a ANA aeroportos, aumentou a extraordinária percentagem de 0,4%!
Do ponto de vista técnico também estamos conversados há muito tempo, mais precisamente desde 1994, quando a própria ANA aeroportos concluiu positivamente pela compatibilidade do uso simultâneo das pistas da Portela e do Montijo:
Montijo A (Orientação de pistas Norte/Sul) - Apesar da maior proximidade à Portela a orientação de pista paralela à actual pista principal, permite operar como um único aeroporto, não se prevendo que existam restrições ao tráfego com significado, embora exija um maior esforço de articulação e coordenação.
O único inconveniente da opção Montijo é não ser suficientemente interessante, nem para os especuladores, nem para o Bloco Central da Construção. Daí terem-se entretido, à força de muita lagosta suada, coitados, a fazer estudos milionários sobre as novas árvores das patacas urbanas a que chamaram cidades aeroportuárias. Estas iriam transformar a grande Lisboa, incluindo o novo braço Beja-Alcochete, na nova Xangai da Europa. A realidade é, porém, outra: o aeromoscas de Beja, sobre o qual nunca mais ouvimos falar o seu brilhante teórico (Augusto Mateus), vai servir para estacionar sucata da TAP, da PGA e da SATA, e para testes de automóveis. O senhor Cravinho anda muito nervoso a dar explicações sobre tudo isto e mais alguma coisa (as PPP e as SCUT, obviamente). É mesmo uma pesada herança, meus senhores!
Privatização da ANA, porquê e para quê ?
Vender ativos ao desbarato, como foi o caso do BPN, não se pode repetir. Por outro lado, a moda das privatizações vai passar rapidamente, agora que americanos e alemães perceberam que o Ocidente entrou numa prolongada temporada de saldos! A expropriação hoje realizada pelo governo argentino da petrolífera YPF, da espanhola Repsol, é um verdadeiro sinal de mudança a este respeito: o capitalismo começou a nacionalizar e renacionalizar os recursos nacionais estratégicos, quanto mais não seja, em nome da sobrevivência das cabeças dos políticos!
Os aeroportos de Portugal não poderão assim ser entregues a potenciais inimigos da Aliança Atlântica. Creio que os americanos, depois daquele suspiro do senhor Wolfgang Schauble, já terão explicado isto mesmo ao nosso aluado governo, que manifestamente confundiu a defensiva diversificação das dependências e dos graus de liberdade com abrir as pernas à ameaça chinesa no Atlântico!
Nota de reflexão
Portugal tem potencial estratégico, mas deixou de ter autonomia. Logo, não pode entregar ativos estratégicos aos angolanos e aos chineses sem a devida e acautelada ponderação, como se os nossos credores, ou seja aqueles que em última instância têm direito aos nossos anéis —os espanhóis, os alemães e os próprios americanos—, não existissem! É uma questão de medida que não foi manifestamente acautelada.
Estou convencido de que Vítor Gaspar foi chamado a Washington por Geithner e Bernanke, para receber instruções. Já antes Paulo Portas terá ouvido das boas, sobre a Velha Aliança, no almoço ou encontro que teve com Kissinger. O nosso António de Oliveira Gaspar sem colónias terá, em suma, que ouvir com mais atenção o que pensa Carlos Moedas (um boy da Goldman Sachs) sobre as prioridades estratégicas do Capitalismo ainda dominante. Não vejo outra explicação para as contradições recentes entre as declarações do PM e as do seu MF.
Uma Europa e um euro fracos deixaram de ser uma aposta de Washington, como até há meses acreditei ser o caso. Há demasiado dinheiro americano enfiado na City londrina e nos bancos alemães. Por outro lado, enfraquecer a Europa agora seria o mesmo que enfraquecer o flanco oriental da América, ou seja o Atlântico, num cenário em que o Pacífico pode transformar-se a qualquer momento num mar de fogo :(
A penetração da China em Moçambique, Angola, Brasil-Argentina e Portugal (já para não falar no Canadá!) deve estar a preocupar gravemente Washington, Londres e Berlim. É todo o Atlântico que está em causa, porra!
Volto sempre ao mesmo: sem um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez entre a China-Japão de um lado, e os EUA-Europa Ocidental do outro (o prémio a repartir chama-se petróleo, gás natural, minérios vitais e recursos alimentares estratégicos) resta-nos um cenário mais do que bad, MAD!
Vender a TAP a quem e como?
Depende, mas o melhor mesmo é submetê-la a um spin-off — já lá vamos.
Vender a TAP em bundle, com a ANA, terrenos (chineses) da Portela e o embuste do futuro aeroporto da Ota em Alcochete, como querem os piratas falidos deste país, para tal comprando às agências de comunicação, aos bastonários do betão e aos fala-barato da televisão a necessária e intensiva propaganda, seria elevar até à náusea o desvio cleptocrata em que há muito caiu a democracia populista, rendeira e burocrática que temos. Por dois motivos principais esta solução é inviável: o Estado, as empresas de construção e os bancos estão todos igualmente falidos; e a autonomia estratégica do país passou literalmente para as mãos dos nossos credores europeus.
Mais uma vez a ideia de que a China, compradora recente da dívida soberana portuguesa, ou os angolanos, cuja nomenclatura tem promovido uma expatriação, de legalidade duvidosa (ver o escândalo Kopeliga) e nenhuma legitimidade, dos lucros petrolíferos do país, poderão salvar as principais famílias de rendeiros de um país, Portugal, cuja insolvência está à vista, é inaceitável por parte dos credores de longa data. A concentração de capital e de comando da economia europeia resultante do colapso em curso não poderá ser alienada em forma de presente aos chamados países emergentes. Era o que faltava, pensam os espanhois; era o que faltava, pensam os alemães; era o que faltava, pensam os franceses, etc.
Spin-off significa reestruturar antes de privatizar.
A TAP dá dinheiro naquilo que sabe fazer: voar! Tudo o resto dá prejuízo: o serviço de handling (que felizmente irá parar à Urbanos), o serviço de manutenção aeronáutica sediado no Brasil (ex-VEM), as compras políticas de sucata tecnológica (exemplo: a PGA que o grupo BES, através do ministro com chifres, impingiu a Sócrates), o peso da burocracia que opera em terra e, por fim, o ruinoso conselho de administração que conduziu a TAP à insolvência.
O spin-off do grupo TAP poderia ser feito, por exemplo, assim:
venda da Groundforce (em curso);
venda da TAP Maintenance&Engineering (ex-VEM) aos brasileiros ou a quem quiser comprá-la, com a obrigatoriedade de a venda incluir o próprio presidente da TAP;
criação de uma empresa de serviços comerciais TAP, com possível redução dos eventuais excedentes de pessoal;
conservar as oficinas e o serviço de manutenção de aeronaves;
proceder à venda da SATA e subsidiar individualmente os passageiros das ilhas, de acordo com plafonds individuais razoáveis;
criar duas companhias autónomas dentro do grupo TAP, uma dedicada a voos de baixo custo na Europa (TAP Europa) e outra dedicada ao longo curso (TAP Intercontinental).
A TAP Europa deveria passar a operar apenas no Terminal 2 (para já, na Portela, e daqui a um ou dois anos, no Montijo), com todas as Low Cost, Low Fare e Charters. O Terminal 1, por sua vez, deveria ser reservado exclusivamente às companhias de bandeira e aos voos regulares não incluídos no segmento de baixo custo.
Eliminada a poeira sistematicamente levantada pelos interesses ilegítimos, instalados e insaciáveis, aeroportos e companhia aérea nacionais poderiam enfim dar lugar a uma nova paisagem empresarial e de serviços, arejada, competitiva e até sexy ;)
POST SCRIPTUM
O Expresso leu seguramente este post, e fez o seu trabalho, apresentando de novo uma infografia bem realizada sobre as alternativas teóricas do Portela+1. Teóricas, pois como se pode perceber dos relatórios realizados pela ANA, a base aérea do Montijo não só está a 15-30mn do Terreiro do Paço (consoante se tome o barco ou o automóvel), como tem uma área (877ha) muito superior à da Portela (520ha) e à de qualquer dos concorrentes que moram mais longe: Beja (781ha), Monte-Real (482ha), Alverca (172,2ha) e Sintra (191,5ha). Acresce que Alverca é incompatível com a Portela por questões de segurança aeronáutica; Beja está a mais de 200 Km de Lisboa, sem estrada decente ou caminho de ferro recomendável; Monte Real está a milhas e é uma base militar estratégica que assim deve continuar; e finalmente Sintra não tem nem área de serviços, nem pista que chegue para as encomendas.
As agências de comunicação pagas pelas tríades falidas da Alta de Lisboa e de Alcochete ainda encomendaram hoje, depois das afirmações de Passos Coelho, a notícia de que os militares estariam a colocar reservas à utilização do Montijo. Aldrabice pegada, pois a única coisa com que os nossos militares se preocupam é com os seus vencimentos. Só se forem, portanto, os comandos do Montijo e da placa de cimento pomposamente conhecida por aeroporto de Figo Maduro, que estão a queixar-se!
Finalmente, o gaúcho apareceu subitamente a defender o Montijo, como se o que foi debitando paulatinamente durante estes anos todos de propaganda a favor do embuste da Ota em Alcochete não estivesse ao alcance de um clique de rato. Coloquem este gaúcho no pacote da privatização da ex-VEM, por favor!