terça-feira, fevereiro 10, 2015

Grexit? (6)

Chipre, a Chave do Mediterrâneo Oriental

Alemanha, uma vez mais encurralada


Enquanto Merkel e Hollande correm como baratas tontas entre Washington e Moscovo, Putin e Tsipras marcam pontos a cada dia que passa. A Europa precisa mais do gás e do petróleo russos, e já agora do petróleo e do gás do Médio Oriente, e da aproximação à Turquia, do que da Alemanha. Será que as cabeças quadradas de Berlim ainda irão a tempo de perceber o óbvio?

Entretanto Chipre acaba de anunciar publicamente a assinatura de um acordo com Putin para a instalação de uma base militar russa na ilha (1). Capiche?

China Org
Xinhua, February 7, 2015

Cyprus will offer Russia military facilities on its soil, President Nicos Anastasiades said on Friday.

In an interview with a local newspaper, Anastasiades said that a pact strengthening defense relations between the two countries will be signed when he visits Moscow on Feb. 25.

“We want to avoid further deterioration in relations between Russia and Europe,” explained Cyprus’ President Nicos Anastasiades upon reportedly signing an agreement to offer Russia military facilities on its soil (that we noted previously). The air force base at which Russian planes will use is about 40 kilometers from Britain’s sovereign Air Force base at Akrotiri, on the south shores of Cyprus, which provides support to NATO operations in the Middle and Near East regions. As fault lines within the EU widen, Anastasiades said in his interview that Cyprus opposes additional sanctions against Russia by the European Union over Ukraine, “Cyprus and Russia enjoy traditionally good relations and that is not going to change.”

Apesar da imprensa publicar cachas diárias sobre os prós e os contras da austeridade, a verdadeira guerra tem lugar noutro teatro de operações bem mais crucial. O que está em jogo não é a Grécia, mas a reorganização das redes de abastecimento de gás natural à Europa, e o controlo estratégico das principais reservas da principal fonte de energia do século 21.

Estas situam-se, como todos sabemos, na Rússia, na região do Mar Cáspio, na Península Arábica, no Golfo Pérsico, no Irão e no Iraque. E também na Argélia, na Líbia, e na Nigéria. Ou no Canadá, Estados Unidos e Venezuela. A Alemanha deixou-se atolar na intriga ucraniana, hostilizou estupidamente a Turquia e, como se isto não bastasse, engordou a sua balança de trocas com o exterior à conta do emagrecimento do resto dos europeus, da Rússia e da China.

Começando a ser uma vez mais olhada de soslaio por muitos europeus (é o mínimo que se pode dizer), sem força militar organizada, e com dívidas de guerra que não foram inteiramente saldadas, aos alemães resta-lhes engolir as despesas da Grécia, se não quiserem deitar tudo a perder.

Com a Rússia, a Alemanha percebeu nestes dias que não deve brincar aos polícias e ladrões. Putin não vai aceitar outra Perestroika.

O Blue Stream, em projeto (ver mapa seguinte) poderá tornar-se dentro de poucos anos uma alternativa, pelo menos parcial, ao complexo existente na Ucrânia, no fornecimento de gás russo à Europa central e de leste, nomeadamente à Polónia, Hungria, Roménia, Áustria e Alemanha.

O Reino Unido e a Rússia já começaram a construir uma alternativa à cada vez mais problemática passagem ucraniana.


Trans Anatolian Natural Gas Pipeline (TANAP)-TAP-Nabucco

New Russia – Turkey gas pipeline route approved at meeting in Ankara

Gazprom
January 27, 2015, 15:40

Ankara hosted today a working meeting between Alexey Miller, Chairman of the Gazprom Management Committee and Taner Yildiz, Turkish Minister of Energy and Natural Resources. The parties discussed the main issues of constructing a new gas pipeline across the Black Sea towards Turkey.

The meeting considered the preliminary feasibility study on the new gas pipeline and approved its new route. The four strings will have an aggregate capacity of 63 billion cubic meters a year. 660 kilometers of the pipeline’s route will be laid within the old corridor of South Stream and 250 kilometers – within a new corridor towards the European part of Turkey.

Bluestream, o gasoduto russo com entrada europeia pela Grécia

A rede de fornecimento da petróleo e gás natutal russos à Europa revela bem o que está em causa na Ucrãnia, na Grécia e no Médio Oriente

A tomada de posição da Áustria, depois da que foi assumida por Obama, não tardará a atrair mais adeptos entre os afetados pela diplomacia quadrada alemã e pela confusão mental permanente dos franceses.

Entre nós, as recentes tomadas de posição dos intelectuais do cavaquistão, Manuela Ferreira Leite e Vítor Bento, obviamente consonantes com os sinais vindos da Casa Branca, apontam sintomaticamente para um distancimaneto claro da intransigência da Alemanha. Ao contrário do que disse e diz Pedro Passos Coelho, que sofre tipicamente de uma espécie de Síndroma de Estocolmo,

Somos atlânticos, né?

Áustria coloca-se ao lado da Grécia e critica “plano de ‘esperar para ver’” de Merkel
Expresso, Cátia Bruno | 15:00 Segunda feira, 9 de fevereiro de 2015

Primeiro-ministro grego encontrou-se esta segunda-feira com o chanceler austríaco, Werner Faymann, que pediu uma solução que tenha em conta “os esforços do novo Governo [grego]”. Tsipras declarou ter feito “um novo amigo” que pode ajudá-lo nas negociações com os parceiros europeus.

NOTAS
  1. Esta notícia foi entretanto desmentida oficialmente (TASS). Os termos do desmentido deixam, porém, janelas abertas ao uso de portos e aeroportos cipriotas por navios e aviões militares russos—para operações de resgate e apoio a missões russas em África, diz a TASS.

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Atualização: 11/02/2015 01:02 WET

domingo, fevereiro 08, 2015

Espanha: Podemos ou Cidadania?

Albert Rivera, Presidente do Ciudadanos

A velha ordem começa a ruir


Aqueles que levaram Espanha para o buraco não sabem, não querem, e não podem tirá-la desse mesmo buraco. Pelo contrário, tenderão a cavar um buraco cada vez maior, despedaçando aquela que é a quarta economia europeia. 

Em Portugal passa-se exatamente o mesmo. 

Precisamos, pois, como de pão para a boca, de uma alternativa à nomenclatura e aos partidos que atiraram o país ao lixo. Espero que os eleitores entendam rapidamente esta realidade, e que os muitos núcleos de cidadãos e partidos embrionários que pelo país fora discutem e procuram uma saída para a grave crise em que estamos, se unam numa grande Convergência de Ideias e de Gerações capaz de substituir o poder corrupto, ou demasiado incompetente, que nos trouxe até ao desastre.

Em Espanha, até agora, as atenções estiveram sobretudo voltadas para o fenómeno de massas que tem sido o Podemos. Apesar das tentativas de desvalorizar o fenómeno nascido dos Indignados da Puerta del Sol, em Madrid, a verdade é que num estudo de opinião publicado no dia seis deste mês pelo El País, o partido liderado por Pablo Iglesias continua a liderar as intenções de votos, com apreciável vantagem sobre o PP e o PSOE.

Mas o mais interessante desta tomada de pulso à sensibilidade política dos espanhóis é a descoberta da fulgurante subida de notoriedade de um outro partido, nascido na Catalunha em 2006, situado algures na banda do centro-esquerda. Chama-se Ciudadanos-Partido de la Ciudadanía e aparece já como quarta força eleitoral do país, bem à frente, por exemplo, dos partidos nacionalistas catalães.


ENCUESTA DE METROSCOPIA
Clima político y social en España
El País Madrid 6 FEB 2015 - 22:30 CET

O Ciudadanos, que já conta com nove deputados no parlamento catalão, e dois no parlamento europeu, faz parte da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), e tem, curiosamente uma postura radicalmente anti-nacionalista, pró-autonómica e fortemente pró-europeia. Tal como o Podemos, é um partido jovem, protagonizado por líderes jovens, claramente distante do sistema político-burocrático de que a larga maioria dos espanhóis estão fartos. Talvez por isto mesmo serão as estrelas e a esperança das próximas eleições gerais espanholas, que terão lugar em dezembro deste ano.

Portugal, ao contrário da Espanha, tem um problema de renovação geracional da sua democracia. É o preço de termos tido durante tantos anos a extrema-esquerda e um falso partido verde no parlamento. 

Quase tudo o que vemos mexer na cena política portuguesa são, de uma forma ou doutra, tertúlias de reformados insatisfeitos. Quando é que a malta nova, com qualificações e vontade de renovar este país, acorda? É tempo de acabar com endogamia, com o nepotismo e com o oportunismo!

Precisamos dum Convergência de Ideias e de Gerações para desviar Portugal do desastre monumental para o qual a nomenclatura tem conduzido o país.


Grexit (5)



A saída da Grécia custará à Alemanha mais do que manter a zona euro unida. Capiche?


O atual ministro das finanças grego Yanis Varoufakis afirmou recentemente, em resposta ao ultimato alemão e dos zombies que seguem a senhora Merkel: “I’m finance minister of a bankrupt country”. Portanto, Bundesbank e BCE, escusam de lançar mais lenha para a fogueira da fuga de capitais gregos em direção à Alemanha, Suíça, Luxemburgo, etc. Nesta altura do campeonato é patético ameaçarem os gregos com a tragédia de uma bancarrota. Eles já estão a viver essa tragédia!

A Grexit, ou seja, a suspensão de pagamento por parte do governo grego e a saída da Grécia da zona euro, pode estar a menos de dez dias de distância. Tudo depende da habilidade do negociador-sombra de Varoufakis, Matthieu Pigasse (do Lazard Bank), para convencer os cabeçudos alemães de que quem não tinheiro não tem vícios. De que se querem manter o sonho de uma Europa financeira unida, com a Alemanha no papel de locomotiva, então terão que mostrar mais e melhor savoir faire. Além do mais, a Grécia sem gás natural não morre de frio, ao passo que alemães, austríacos, holandeses, polacos e suecos, entre outros, só se forem todos a correr para o Mediterrâneo. Mas neste caso quem lhes disse que não haverá uma taxa especial aplicável aos cabeçudos do norte e do leste?




Feitas as contas, a manutenção da zona euro poderá custar à Alemanha qualquer coisa como 578 mil milhões de euros, mas um dominó de defaults (Grécia, Portugal, Espanha, Itália...) seguido da cisão da zona euro em duas, custar-lhe-à, cálculos feito pela Carmel Asset Management, provavelmente mais do que 1,3 biliões de euros, metade do PIB alemão, que em 2012, ano a que este estudo se refere, era de €2.666.000.000.000.

Em que ficamos?

Greece Gambles On "Catastrophic Armageddon" For Europe, Warns It "Only Has Weeks Of Cash Left"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/07/2015 20:05 -0500

One of the bigger problems facing the new, upstart Greek government, which has set before itself the lofty goal of overturning 6 years of oppressive European policies and countless generations of Greek cronyism, corruption and tax-evasion is not so much the concern about deposit outflows and bank runs - even though it most certainly will be in the next few days unless the Tsipras government finds some resolution to the dramatic standoff with Merkel and the ECB - but something far more trivial: running out of money.

WSJ reports:

“Greece warned it was on course to run out of money within weeks if it doesn’t gain access to additional funds, effectively daring Germany and its other European creditors to let it fail and stumble out of the euro.”

Greece has made no secret of its precarious financial position, but the minister’s comments suggest the country has even less time than many policy makers thought to resolve its standoff with Europe.

Eurozone officials have asked Greece to come up with a specific funding plan by Wednesday, when finance ministers have called a special meeting to discuss the country’s financial situation.

The country needs €4 billion to €5 billion to tide it over until June, by which time it hopes to negotiate a broader deal with creditors, Mr. Stathakis said, adding that he believes “logic will prevail.” If it doesn’t, he warned, Greece “will be the first country to go bankrupt over €5 billion.”

Alan Greenspan afirma que Grexit é inevitável, e o colapso do euro também!

Destruir o euro e manter os europeus divididos e entretidos nas suas pequenas pocilgas nacionais sempre foi, é e será o objetivo estratégico dos EUA, do Reino Unido e de Israel. Estão a um passo de consegui-lo, cortesia das cabeças quadradas da Alemanha, que assim perderão a sua terceira guerra por um lugar central na Europa. Greenspan prevê não só a saída da Grécia do euro, mas a própria morte da Eurolândia. Cairam na armadilha do cerco à Rússia depois da Queda do Muro. A fatura da cobiça, da estupidez e da teimosia chegou!

Greece: Greenspan predicts exit from euro inevitable
BBC. 8 February 2015 Last updated at 14:33 GMT
The former head of the US central bank, Alan Greenspan, has predicted that Greece will have to leave the eurozone.

He told the BBC he could not see who would be willing to put up more loans to bolster Greece’s struggling economy.

Greece wants to re-negotiate its bailout, but Mr Greenspan said “I don’t think it will be resolved without Greece leaving the eurozone”.

[...]

“The problem is that there there is no way that I can conceive of the euro of continuing, unless and until all of the members of eurozone become politically integrated - actually even just fiscally integrated won’t do it.”

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Atualização: 8/2(2015 17:56 WET

sábado, fevereiro 07, 2015

Fiscalidade verde?

Novos sacos de papel reforçado, 100% recicláveis do Pingo Doce

Parte da receita verde já incluída no OE2015 teve o tratamento que merece


O nosso pseudo ministro do ambiente lançou mais um imposto, desta vez, sobre os sacos de plástico dos supermercados, com o apoio tácito dos ecologistas da treta que por sua vez estado e burocracia europeia subsidiam generosamente.

Jorge Moreira da Silva fez as contas e tirou mais um coelho da cartola do primeiro ministro. Em nome do verde lava mais branco, cá está uma maneira de sacar mais uns euros à maralha, em vez de diminuir as rendas excessivas da energia, ou fechar para balanço e leilão empresas como a TAP, a CP, o Metro de Lisboa, ou a inenarrável RTP.

O tiro saiu-lhe, pelos vistos, pela culatra. Num ápice, o Pingo Doce e outras grandes superfícies comerciais lançaram sacos duráveis, recicláveis e sem plástico. O impacto no OE não será, pois, aquele que impingiram à Troika.

E, pelo menos desta vez, o ambiente até ganhou alguma coisa!

RESPOSTA A UM COMENTÁRIO

Pergutam-me o que fazer ao lixo sem os habituais sacos de plástico do supermercado?
Em primero lugar, tal como se faz noutros países, deveríamos usar sacos de lixo apropriados às funções, permitindo a separação dos detritos desde o início, em vez de usarmos sacos de plástico demasiado finos e frequentemente perfurados, obrigando ao uso duplicado (ou triplicado!) de sacos para um mesmo transporte. Mas enquanto não chegarmos aqui, o que posso afirmar é que os sacos de papel são resistentes, permitindo a sua reutilização para o transportes de compras. Quando já não servirem, então poderemos utilizá-los para o transporte de detritos. Os restos de comida, no entanto, devem ser previamente acondicionados naqueles sacos de plástico transparentes mais pequenos que continuamos a usar e que não foram (ainda) abrangidos pela fúria fiscal do governo.

Diarreia financeira e confisco




Juros negativos é um herpes financeiro


Infografia: Como a "bazuca" do BCE chega à economia

07 Fevereiro 2015, 00:01 por Nuno Aguiar | naguiar@negocios.pt, Rui Santos - infografia , Rosa Castelo | Infografia (clicar)

De facto, não vai chegar á economia. Esta é uma conversa fiada que já tem barbas. A realidade é que o esquema QE não funcionou, nem nos EUA, nem no Japão, e portanto o E-QE também não funcionará na Europa.

Basicamente, o dinheiro não chega, nem às empresas, nem ao consumo, porque os critérios do crédito são mais apertados do que nunca para estes segmentos da economia, e assim sendo não se melhora o emprego, nem se trava o desemprego—salvo, em parte, no setor público.

O dinheiro virtual, ou lixo monetário, serve tão só para continuar o 'business as usual' da especulação financeira e para alimentar o cancro burocrático. Sob a patranha do risco sistémico, continuar-se-à a encher os bolsos dos bancos comerciais e dos banksters OTC, endereçando a conta aos contribuintes e ao estado social.

No fundo, isto não passa de um esquema de confisco das poupanças privadas e de expropriação retroativa dos empréstimos de risco, incluindo parte do que foi usado nos casinos bolsistas, em nome das elites financeiras globais.

Os juros negativos poderão aliviar ligeiramente o peso dos empréstimos contraídos, por exemplo, na compra de habitação própria. Mas se o valor do imobiliário continuar a cair (exceto nas propriedades de luxo), e o desemprego a aumentar, estes juros negativos —que, apesar de tudo, deverão ser refletidos o mais depressa possível nos 'spreads' aplicados pelos bancos às taxas LIBOR e EURIBOR— acabarão por ter um impacto muito maior na poupança do que nas dívidas das famílias.

As elites financeiras mundiais, com a cooperação ativa das corrompidas elites partidárias, da direita à esquerda, preparam-se para deixar de emprestar dinheiro, e até para remunerar negativamente os depósitos, ao mesmo tempo que vão buscar liquidez virtual ao BCE, que depois será ensopada por todos nós, nomeadamente sob a forma de uma AUSTERIDADE INFINITA. Ou seja, a corja rendeira e devorista mundial prepara-se para uma expropriação direta das poupanças de 99,9% da população do planeta. Prepara-se, pois, para resgatar as dívidas públicas e especulativas com dinheiro dos contribuintes e aforradores. É o que na gíria anglo-saxónica se chama bail-in.

Max Keiser: uma reportagem que explica quase tudo


Keiser Report en español: Una economía de casino
(E715)
Publicado: 5 feb 2015 14:14 GMT | Última actualización: 5 feb 2015 17:20 GMT

Max y Stacy comentan que no hay nada que haya disuadido a los bancos de cometer fraudes, que el Estado de derecho brilla por su ausencia y que ahora los intereses están en niveles negativos. En la segunda mitad, Max entrevista a la cineasta, bloguera y autora, Kerry-Anne Mendoza, con la que conversará sobre su nuevo libro: ‘Austeridad: la demolición del estado de bienestar y el auge de la economía zombi’.

Novos portos para quem?

Clicar para ampliar

Basta reparar neste gráfico...


Talvez seja altura de deixar de considerar como hipótese realista a construção de novos portos, seja no Barreiro, ou na Trafaria.

Discutir hipoteticamente a coisa não faz mal a ninguém, até faz bem. Mas permitir que as elucubrações sejam colocadas no mercado eleitoral do próximo outono, como se fosse um saco de cenouras para catar votos, é que já não me parece idóneo. Sobretudo porque a manobra apenas serve para disfarçar a maior calinada deste governo: ter deitado ao lixo, ou melhor, ter entregue a Espanha e à França, mais de mil milhões de euros, oriundos de Bruxelas e do BEI, que estavam disponíveis para construir a ligação ferroviária de bitola europeia entre o Pinhal Novo-Poceirão e o Caia, que ligaria duas cidades-região com quase dez milhões de pessoas e uma boa parte do PIB da Península Ibéria: Lisboa e Madrid.

Ao contrário do que diz António Costa, não há nenhum ambiente favorável ao crescimento nos próximos quatros anos, e portanto a sua magia eleitoral em volta do que descreve como 'investimentos estruturantes' não passa de uma mal disfarçada tentativa de vender banha da cobra com o selo de um partido que, além de ser o principal responsável partidário pela ruína do país, ainda não deixou de ser um antro de corrupção e um enorme deserto de ideias.

O que teremos pela frente, o que o próximo governo terá que enfrentar, é a continuação, mais radical se possível, do desendividamento do país. Se no resto do planeta é este o principal problema, como poderia ser de outra forma neste cantinho de apagada e vil tristeza infestado de piratas e maus atores de telenovela?

O gráfico acima republicado, conhecido por Baltic Dry Index (BDI), com uma notação minha sobre as causas da anomalia de crescimento na procura do transporte marítimo das principais matérias da economia mundial, verificada entre 2001 e 2009, diz tudo o que é preciso saber sobre as perspetivas económicas dos próximos anos.

O colapso recente dos preços do petróleo vierem reforçar a força já de si eloquente do BDI.

A economia dos países mais ricos começou a abrandar no início deste século enquanto se assistia ao crescimento muito rápido dos chamados países emergentes, nomeadamente os BRICS. Contudo, depois de 2010-2011, o efeito nas novas economias começou a abrandar,  pois também elas estavam atoladas em dívidas.

O problema explosivo que o mundo tem entre mãos é o problema da Grécia, mas elevado a  uma potência muito elevada, difícil de precisar para além desta ideia: o valor nocional dos contratos especulativos (OTC) de derivados financeiros é, segundo o BIS, da ordem dos 691 biliões de USD, ou seja, quase nove vezes e meia o PIB mundial (72,6 a 75,5 biliões de dólares). Se apenas 10% destes contratos se perderem na bancarrota global, estaremos a falar de um buraco negro na economia e nas finanças da ordem dos $69 biliões.

Por outro lado, a dívida pública grega, na ordem dos 421 mil milhões de USD, não passa de uma pequena parte da dívida mundial: cerca de 200 biliões de dólares!

A dívida mundial calculada no estudo da McKinsey ($199E12), dividida pela população do planeta, corresponde a qualquer coisa como $27.260 por pessoa, para um PIB/capita de aproximadamente $10.178. Só para pagar a dívida mundial são necessários os rendimentos inteiros de mais de dois anos e sete meses. E aproximadamente um ano mais para ensopar 10% do buraco negro dos derivados OTC. Saber quem deve o quê e a quem é, em suma, o pomo da discórdia, a que poderíamos chamar SINDROMA GREGO!
The world economy is still built on debt
Bloomberg. By Simon Kennedy
12:01 AM WET, February 5, 2015

That's the warning today from McKinsey & Co.'s research division which estimates that since 2007, the IOUs of governments, companies, households and financial firms in 47 countries has grown by $57 trillion to $199 trillion, a rise equivalent to 17 percentage points of gross domestic product. 

É por tudo isto que devemos desconfiar das soluções milagrosa, porque, pura e simplesmente, não existem.

Atualização: 7/2/2015 18:30 WET

sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Grexit? (4)

Giovanni Domenico Tiepolo. Procissão do Cavalo de Troia (1773).
National Gallery, Londres.

Em caso de Grexit... 


Atenção: a receita tb pode vir a servir aos valorosos indígenas lusitanos, daqui a um ou dois anos...
  1. Announce that the government can only spend what it collects in taxes and fees. The state will not borrow money, period.
  2. Announce a new, simplified tax structure, with tax rates far below those of other European nations. For example, if the value-added tax (VAT) is 17% elsewhere in Europe, the Greek rate would be set at 7%. (Compare that to the sales tax in California, which is 9%.)
  3. Explain that the future of Greece depends entirely on everyone paying taxes, since the government will no longer borrow-and-spend.
  4. Hire 10,000 currently unemployed accountants (including recent college graduates who have been unable to find jobs in accounting), train them in forensic accounting and auditing and unleash them on the Greek economy, starting with the top 1/10th of 1% (the kleptocracy class) and working their way down to the corner cafe.
  5. Make the pain of cheating and non-compliance higher than the pain of paying relatively low taxes.
  6. Change the social perception that not paying taxes is acceptable behavior. Publicize the list of tax cheats, etc.
  7. Make government spending transparent and auditable by any citizen with an Internet connection.
  8. Enforce strict banking laws where lenders that loan money without regard for risk management are forced to absorb their losses and close their doors. Encourage prudent private lending and borrowing.

    in Greece: Are You Finally Ready to Do the Right Thing and Leave the Euro?
    Charles Hugh Smith. Thursday, February 05, 2015
O melhor mesmo é começarem a preparar a polícia, os juízes e as forças armadas para se colocarem ao lado do Syriza!

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Chicote, conhecem?


Uma espécie de António Maria cultural ;)


Desesperadamente à procura de sexo, ou de dinheiro para pagar a renda e o curso universitário
ANTÓNIO CERVEIRA PINTO

Na Catalunha há muito que lhes chamam Queridas e Queridos. Em Portugal, quando republicanos e franquistas se matavam uns aos outros, ter uma espanhola era sinal de pertença a um clube especial de machos. Esta espécie de prostituição suave —ter alguém por conta—, orientada para um parceiro ou parceira de cada vez, está de volta, está na moda, e substitui nos jornais e revistas de prestígio (The New York Times, Forbes, The Wall Street Journal, CNN, The Huffington Post, ou na Vanity Fair) o lugar ocupado noutros média mais pindéricos pelos classificados da prostituição comum.

Ler mais em CHICOTE!

Dagon prevê nova crise financeira

Foi Você que pediu crescimento e boas notícias ao virar da esquina? 


Vai votar no Costa porque ele prometeu 'investimentos estruturantes"? Então pense duas vezes!

World heading for financial crisis worse than in 2008 — China’s Dagong rating agency head
February 04, 13:34 UTC+3

BEIJING, February 4. /TASS/. The world economy may slip into a new global financial crisis in the next few years, China’s Dagong Rating Agency Head Guan Jianzhong said in an interview with TASS news agency on Wednesday.

"I believe we’ll have to face a new world financial crisis in the next few years. It is difficult to give the exact time but all the signs are present, such as the growing volume of debts and the unsteady development of the economies of the US, the EU, China and some other developing countries," he said, adding the situation is even worse than ahead of 2008."

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quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Grexit? (3)

Topol M ICBM — uma arma nuclear infernal

BCE—0, Grécia—1 


“About 700 units of military equipment, including launchers are deployed in the positioning areas in the Tver, Ivanovo, Kirov, Irkutsk regions, as well as in Altai Territory and the Mari El republic.” 
TASS

Ontem o BCE tentou humilhar a Grécia. Hoje a Rússia forçou o BCE a adiantar 60 mil milhões de euros aos gregos, e de caminho colocou armas nucleares em regime de prontidão em vários pontos do seu território. O casal Merkel-Hollande sai amanhã disparado em direção a Moscovo!

Mais do que uma simples expulsão da Grécia da Eurolândia, o que está em causa é muito maior e muito mais perigoso: trata-se de saber como irá decorrer o braço de ferro entre Moscovo e Washington em volta da magna questão dos corredores do gás natural em direção à Europa.

É hoje evidente que os americanos pretendem isolar a Rússia para tolher a China. E uma das formas de o fazer é atacar as exportações de petróleo e gás natural. Primeiro prepararam um Inferno na Ucrânia, e outro na Síria. Objetivo: cortar ao meio os gasodutos que ligam a Rússia à Europa através do território ucraniano; e depois apoiar o Qatar, a Arába Saudita e Israel a lançarem novos gasodutos em direção à Europa, dificultando ao mesmo tempo a construção do pretendido gasoduto entre a Rússia e a Grécia, com passagem única pela Turquia.

Este garrote, se funcionasse até ao fim, acabaria com Putin e lançaria a Rússia numa nova bancarrota e na agitação social. É este o objetivo da diplomacia levada a cabo pelos emissários de Obama na Arábia Saudita e na Ucrânia—com o apoio óbvio de Israel, que lançou uma ofensiva militar terrorista contra a Palestina. É percebendo esta manobra que se entenderá o aparecimento e ação psicológica global do famoso Estado Islâmico, uma criação, tal como a Al Qaida, dos serviços secretos militares norte-americanos (com a ajuda mais do que provável dos ingleses e dos israelitas).

É possível que Obama tenha um rebuçado para Putin: se deixares cair Bashar al-Assad, essencial à construção dos gasodutos Árabe e Islâmico, deixaremos a Ucrânia em paz e ao teu cuidado.

É neste teatro bélico potencial, a que os dirigentes eurolandeses assistem com ar bovino, que os ortodoxos gregos e os ortodoxos russos se encontram neste momento.

Vladimir Putin, que ameaçou já fechar o fornecimento de gás natural à Europa através da Ucrânia, oferece, porém, uma alternativa: um gasoduto através da Turquia com entrada na União Europeia pela Grécia. Mas se for assim, como poderá a Alemanha deixar cair os ortodoxos gregos?

A Turquia não se oporá, obviamente, à proposta russa.


FILME DO DIA

Rússia avisa EUA que fornecer armas à Ucrânia causará “dano colossal” às relações
Jornal de Notícias
“Nos nossos contactos com representantes da administração norte-americana sempre sublinhámos que as informações sobre a intenção de Washington de entregar a Kiev armas modernas letais nos causam grande preocupação”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Lukashevich.

Merkel, Hollande, Putin to discuss end to Ukraine’s civil war at Moscow talks
RT. Edited time: February 05, 2015 16:26

The French president and the German chancellor are set to visit Moscow on Friday after a trip to Kiev, in order to find a peaceful solution to the escalating violence in Ukraine, the Kremlin has confirmed.

“I can confirm that indeed tomorrow [Friday] Putin, Merkel and Hollande will have talks. The leaders of the three states will discuss what specifically the countries can do to contribute to speedy end of the civil war in the southeast of Ukraine, which has escalated in recent days and resulted in many casualties,” Russian presidential spokesman Dmitry Peskov said.

Putin Invites Tsipras To Visit Russia
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 10:45 -0500

While Greek finance minister Yanis Varoufakis’ comments that “we will never ask for financial assistance in Moscow,” which notably does not deny acceptance of aid if offered, and Greek Minister of Energy Panagiotis Lafazanis adding that Athens opposes the embargo imposed on Moscow, “we have no disagreement with Russia and the Russian people,” it is perhaps not surprising that, as Vedemosti reports, Russian President Vladimir Putin spoke by phone with the new Prime Minister of Greece Alexis Tsipras, congratulated him on taking office, and invited him to Russia.

[ANA]

The situation in Ukraine and other international issues, among them, “the South Stream and Turkish Stream pipeline projects, dominated a telephone call between Russian President Vladimir Putin and Greek Prime Minister Alexis Tsipras earlier on Thursday, the Kremlin announced.

Putin invited Tsipras to visit Moscow on May 9 when celebrations will take place, commemorating the peoples’ victory over fascism. On his part, the Greek prime minister underlined the importance he attributes to the fight against Nazism, expressing his intention to accept the invitation.

The Russian leader’s top foreign policy adviser Yuri Ushakov said that Putin congratulated Tsipras on his victory in last month’s general elections and on the assumption of his duties as the new prime minister of Greece.

The discussion was very warm and constructive, he said, noting that President Putin invited Tsipras to Russia. He also said that the will for a more active development of bilateral relations was reaffirmed.

The Russian ministers of foreign affairs and defence have already invited their Greek counterparts to visit Moscow.

Tsipras talks to Putin while US urges Greece to cooperate with its partners, IMF
ekathimerini, Thursday February 5, 2015 (14:55)

The United States has urged Greece to work closely with its European partners and the International Monetary Fund, a senior American official said late on Wednesday.

“We do believe that in the case of Greece it is very important for the Greek government to work cooperatively with its European colleagues, as well as with the IMF. And we have advised it to do so, and we are hopeful that these conversations are now moving to a place with some cooperation and mutual understanding.” noted the official during a conference call regarding US Vice President Joe Biden’s visit to Belgium and Germany which begins on Thursday.

The comments followed President Obama’s recent remarks with regard to austerity in Greece, in which he argued that countries could not go on being “squeezed.”

Russia Deploys Nuclear ICBM Launchers On Combat Patrol
Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 12:56 -0500

Perhaps it is a coincidence that a day before John Kerry’s arrival in Kiev (a visit which “coincided” with a 35% devaluation of the local currency) where among other things the US statesman discussed the possibility of official (as opposed to unofficial) deliveries of US “lethal support” to the civil war torn and now hyperinflation country, that Russia decided to put its nuclear ICBMs on combat patrol missions in various Russian regions. Specifically, according to Tass, “About 700 units of military equipment, including launchers are deployed in the positioning areas in the Tver, Ivanovo, Kirov, Irkutsk regions, as well as in Altai Territory and the Mari El republic.”

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Quem deve o quê e a quem?

Todos ralham... mas nem gregos, nem troianos têm razão


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Does Anyone Remember 2007? The Global Debt Bubble In 3 Ominous Charts
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 12:08 -0500

Seven years after the bursting of a global credit bubble resulted in the worst financial crisis since the Great Depression, debt continues to grow. In fact, as McKinsey explains in their latest report, rather than reducing indebtedness, or deleveraging, all major economies today have higher levels of borrowing relative to GDP than they did in 2007. They pinpoint three areas of emerging risk: the rise of government debt, which in some countries has reached such high levels that new ways will be needed to reduce it; the continued rise in household debt; and the quadrupling of China’s debt, fueled by real estate and shadow banking, in just seven years... that pose new risks to financial stability and may undermine global economic growth.
Keiser Report — Episode 714

In this episode of the Keiser Report back in London, Max Keiser and Stacy Herbert discuss the Greek situation and that a nation is not what it thinks it is but what others attempt to hide about that nation - like the fact that it is bankrupt. They discuss the role Goldman Sachs played in helping Greece hide its debts and, thus, strapping it to the euro and the mispricing of real risk by well-compensated bond investors lending to Greece at ultra low interest rates. They also discuss that, while deflated footballs was the main headline on the nightly news in America, a memo was delivered to Obama outlining the various ways that brokers defraud American investors of years worth of retirement income.

Keiser Report en español: La verdad sobre Grecia (E714)
Publicado: 3 feb 2015 15:17 GMT | Última actualización: 3 feb 2015 15:17 GMT

Os bancos, os fundos de pensões, o investimento financeiro de poupanças privadas, e os fundos de investimento especulativo ganharam até hoje rios de dinheiro com os governos e as suas dívidas soberanas. Foi assim até que um belo dia estes investimentos, parte dos quais pertencem a fundos de pensões, públicos e privados, de inúmeros países, começaram a dar cada vez menos retorno, nomeadamente por efeito das políticas monetárias expansionistas dos governos dos países mais ricos do mundo, por sua vez, cada vez mais ávidos de recursos financeiros.

Os estados cresceram desmesuramente depois da Segunda Guerra Mundial, em número de funcionários, em responsabilidades sociais, em despesas de capital e consumos intermédios, muito para além das receitas fiscais que é razoável extrair dos rendimentos da riqueza efetivamente produzida. Daí o endividamento sistémico que atinge hoje, como uma espécie de peste negra, cerca de cinquenta países, e algumas das maiores economias mundiais: Japão, Itália, Reino Unido, Espanha, França, Estados Unidos, Alemanha, etc. O mundo inteito tem hoje uma dívida pública na ordem dos 64%, acima, portanto, do limite estabelecido pela União Europeia para a dívida pública de cada um dos seus membros.

Como resultado desta degradação orçamental dos estados subiu o apetite soberano pelo endividamento, mas as aplicações em dívidas soberanas foram sendo, apesar desta procura maciça, remuneradas com taxas de juro cada vez menores, partindo-se do princípio que os governos não iam à falência. Este contrasenso foi o resultado de uma montagem cuidadosa das chamadas agências de notação financeira. Na realidade, à degradação orçamental dos países correspondia, de facto, um risco cada vez maior, escondido, porém, debaixo das famosas notações triplo A.

O facto de este risco, após os colapsos do Subprime, e do banco Lehman Brothers, ter passado rapidamente a ser compensado pela exigência de dividendos (yields) mais elevados, com repercussões diretas nos juros a pagar pelos devedores, não resolveu todos os problemas.

Quando os juros implícitos das dívidas soberanas disparam para valores de 7% ou mais, é o próprio sistema financeiro que entra em terra incognita.

Os principais dirigentes mundiais sabem disto, mas alimentaram o conúbio entre poder político e poder financeiro durante mais de 30 anos. Basicamente, desde 2000, ou 2006, estamos no fim dum ciclo longo de crescimento inflacionista, o qual durou mais ou menos 120 anos—desde 1886, ano do jubileu da Rainha Victoria, até 200, início da crise do Subprime.


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The Death Cross Of American Society
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 15:26 -0500

As BofAML warns, if Main St. doesn’t recover this year on the back of the powerful cyclical combo of lower oil/rates/currencies then the specter of “policy failure” will haunt investors, and currency wars, debt default and deficit financing will become macro realities.

Os sintomas desta crise anunciada começaram a revelar-se claramete durante a primeira grande crise petrolífera, em 1973.

Desde o tempo de Ronald Reagan que os governos americano e europeus começaram a endividar-se, em conúbio com os bancos e as elites financeiras, garantindo desta forma que as economias cresceriam, ainda que artificialmente, nomeadamente através de várias estratégias conjugadas:

  • expansão do mercado de capitais;
  • endividamento público e privado através de crédito barato e aumento da massa monetária em circulação;
  • privatização progressiva dos setores públicos das economias;
  • controlo artifical da inflação—abaixo dos 2%, como repete até à exaustão o BCE;
  • criação de emprego não produtivo, nomeadamente nas áreas da educação e serviços;
  • assalto aos principais países produtores de matérias primas e alimentos;
  • globalização financeira e comercial;
  • informação estatística obscura, também conhecida por massagem criativa dos números!

No entanto, esta tentativa de parar a tendência inevitável para o fim de mais uma era prolongada de crescimento rápido, ou inflacionista (D H Fischer), cuja tendência subterrrânea é a incapadidade da oferta agregada global satisfazer a procura agregada global, não resultou. Ainda que tenha conseguido prolongar artificialmente a ilusão da prosperidade para todos, a verdade começa a vir ao de cima com um conhecido cortejo de desgraças: queda progressiva e consistente dos rendimentos do trabalho, mas também dos rendimentos da propriedade, da poupança e do investimento, destruição maciça de empregos, falências imparáveis de empresas, deflação, colapso social, e alterações políticas e culturais tendencialmente radicais.

As estratégias neo-keynesianas, conjugadas com o crescimento dos chamados países emergentes, boa parte dos quais havia estado sob um domínio colonial centenário, tiveram como efeito principal a criação de uma bolha especulativa global incontrolável. Só o mercado dos chamados derivados financeiros especulativos (Over The Counter—OTC), representa um potencial destrutivo na ordem de 10xPIB mundial. Se apenas 10% destes contatos especulativos derem para o torto, o buraco negro será da ordem do 1xPIB mundial.

É por isto que uma crise extrema como a da Grécia poderá ser tão explosiva e desencadear um inesperado efeito dominó.

Todos ralham, mas ninguém razão.

Mas para deixar um gosto menos amargo na boca do leitor aqui vai um remake divertido de Tom Jones ;)





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Costa endireita o discurso

É um político cor-de-rosa, pois claro!
Foto de origem: Enric Vives-Rubio (v.d.: OAM)

António Costa foi apertado e... desembuchou: alianças à esquerda, ná!


Que candidato presidencial apoiará Costa?

Todos menos o sindicalistas universitário, o universitário presidenciável e o Louçã, claro!

Ou seja: Guterres (o provável), Vitorino (o dadaísta), Carlos César (mais um sargento, não!), Marcelo (o melhor é continuar a montar a sua biblioteca minhota e a intrigar aos Domingos), Rio (o 'cadavre exquis'), Santana (só contaram pra Você!), ou Artur Santos Silva —o atual chairman da Gulbenkian que há muito sonha com o cargo— se Guterres não avançar e se o entendimento da nomenclatura for o de que é preciso um homem sem notoriedade partidária e sossegado em Belém. O tempo não está, apesar das aparências, para presidencialismos, até porque em Portugal, um verdadeiro presidencialismo só seria possível depois de um golpe de estado e num cenário de regresso a uma qualquer ditadura.

Se o PSD renovar a maioria relativa, Guterres avança.
Se o PS ganhar tangencialmente, precisando de se agarrar ao Marinho e Pinto e a um dos estilhaços do Bloco de Migalhas, então a balbúrdia recomendará que um candidato como Artur Santos Silva avance.

Se o realismo, embora tenso, acabar por vingar na Grécia e em Espanha, mesmo com o Syriza no poder, e o Podemos como segunda ou terceira força partidária espanhola (as sondagens mais recentes mostram que a onda favorável ao aventureirismo populista de Pablo Iglesia está a reverter), haverá menos espaço em Portugal para partidos unipessoais e para candidatos presidenciais fora de órbita.

Finalmente, António Costa, continua igual a si mesmo: uma nulidade política, mas que como as que o antecederam, apenas precisa de fazer o que lhe mandam. Basta ler a entrevista dada ao Público para percebermos que a mesma serviu um único propósito: fechar as portas à esquerda radical e aos trânsfugas do PCP.

Quanto às ideias para Portugal, cada cavadela, uma minhoca, morta...
António Costa: “Sempre recusei que a renegociação da dívida fosse a única e a necessária solução”

Pedro Sousa Carvalho e São José Almeida
Público, 05/02/2015 - 07:02

Líder do PS defende que a saída para a crise europeia passa pela solidariedade e pelo reforço da coesão entre os 28 Estados-membros. Não se compromete com a ideia de perdão ou renegociação da dívida. E pugna pelo fim da austeridade, pelo combate à crise social e pela aposta em investimentos estruturantes.

[...]

Costa: Em Portugal o que é prioritário para melhorar a nossa competitividade é investir na formação, na educação, na inovação, no apoio às indústrias exportadoras.

Quais as prioridades (perguntam os jornalistas)?

[...]

Costa: A necessidade de travar a austeridade, combater a crise social e apostar nos investimentos estruturantes da competitividade da nossa economia.

Solidariedade e reforço da coesão da UE, mas sem renegociação da dívida, diz a criatura, esquecendo que a renegociação há muito está em curso.

Depois, envia-nos um soubdbyte novo: “investimentos estruturantes”.

Alguém sabe o que seja?

Mais autoestradas, rotundas, piscinas, comissões e estudos? A reanimação do aeromoscas cor-de-rosa de Beja? O regresso à lenga lenga do novo aeroporto da Ota em Alcochete, e da TTT Chelas-Barreiro? Mais uns milhares de milhões para a RTP do Silva, e para a TAP do gaúcho Pinto, e para a renovação do escandaloso parque automóvel da corja que capturou o Estado, ao mesmo tempo que a mérdia grita que o Paulo Macedo está a deixar morrer os doentes de Hepatite C? Mais rendas para o cabotino Mexia fazer mais barragens que não levarão água a mais nenhuma ventoinha? Ora diga-nos lá o que significa a palavra estruturante.

Costa propõe-se mehorar a competitividade... e para isso quer mais dinheiro para a educação, a formação, a inovação (ou seja, mais impostos e captura dos fundos comunitários para os professores e o interminável lóbi que os ampara), e ainda para o apoio às exportações. Mas exportar mais para onde, criatura? Desconhece o sargento Costa que a economia mundial tem vindo a arrefecer, nomeadamente nos Estados Unidos, na Europa e na China, já para não mencionar o Canadá, Angola, Brasil ou a Venezuela?

Está bom de ver que António Costa, para além de transmitir o recado do Constâncio e de sossegar o que resta da banca indígena, repete o receituário do costume: pescar nas águas turvas do eleitorado.

É por isto que, do mal o menos, entre um governo aconselhado pelo Matthieu Pigasse (Lazard Bank), que parece estar a ter grandes dificuldades na Grécia, e um governo teleguiado pelos Rothschild, ou seja, um novo governo comandado pelo PSD, de preferência, com Maria Luís ao leme, prefiro este último!

04/06/2012
€6.6bn recapitalisation of Portuguese banks

Rothschild has acted as the sole financial adviser to the Portuguese Ministry of Finance on the injection of €6.6 billion of core tier 1 capital into three major Portuguese banks.

Rothschild provided advice in relation to the design and implementation of the recapitalisation scheme.

Rothschild has been involved in a number of landmark transactions in Portugal during the past 20 years. Most recently the firm advised Energias de Portugal SA (EDP) on the €2.7 billion sale of a 21.35% stake by the Portuguese state and its Strategic Partnership with the acquirer China Three Gorges.

ROTHSCHILD

Grexit?

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BCE tirou o tapete à Grécia, mas não é a primeira vez...


Grexit? Aparentemente o BCE fez xeque-mate ao Syriza, i.e. a um governo democraticamente eleito, retirando-lhe o tapete de acesso às garantias até hoje dadas pelo BCE aos tomadores de dívida pública grega, i.e. os bancos e fundos privados gregos e de outros países. Será que o Syriza continuará em frente, ou vai desviar-se da colisão? Se não se desviar, quem sofrerá mais com a colisão? A Grécia, que já pouco tem a perder, ou a desnorteada e subserviente Europa, que se arrisca a ver uma desintegração do euro em menos de um ano?

BCE deixa de aceitar dívida pública grega como garantia nos empréstimos aos bancos
Observador

O Banco Central Europeu suspendeu hoje a dispensa das regras de rating mínimo no uso da dívida pública grega como garantia nos empréstimos do BCE à banca comercial, dizendo que “não é possivel esperar-se nesta altura que a revisão do programa seja concluída com sucesso”. A decisão faz com que os bancos que têm dívida grega deixem de a poder dar como garantia ao BCE quando lhe pedem dinheiro emprestado. Falta de financiamento dos bancos gregos terá agora de ser compensada pelo Banco Central da Grécia.

Será que Matthieu Pigasse (Lazard Bank), contratado por Yanis Varoufakis para desenhar soluções digeríveis para a bancarrota grega, falou, ou deixou falar, antes de tempo? Calculou mal a jogada? Ou será que a reação de Draghi e dos demais bancos centrais europeus constava dos seus cenários—aliás tornados públicos, nomeadamente, pela Bloomberg, no dia 1 de fevereiro? Amanhã saberemos.

What’s Going On with Greece and the ECB?
Bull Markethttps://medium.com/bull-market/whats-going-on-with-the-ecb-and-greece-3821de717625

Rules Require Cutting Off Greek Government Bonds?

[...]

“There will be no surprises if we find out that a country is below that rating and there’s no longer a program that that waiver disappears,” ECB Vice President Vitor Constancio said at an event in Cambridge, England, on Saturday.

If Vice President Constancio is referring to cutting off eligibility of specific bonds as collateral, that argues against the ECB’s’s current “official” approach being one of threatening a full cut-off of funds. Still, the idea of “junk-rated bonds are only eligible if a country is in a program” being part of “the ECB’s rules” is an over-statement. In truth, the ECB makes up these rules as it goes along and the “in again, out again” routine with Greek government bond eligibility is a long-standing one at this point.

Se repararmos bem no mapa dos gasodutos existentes, parcialmente construídos, ou em projeto, destinados a levar gás natural à Europa, perceberemos claramente que a Ucrânia e a Grécia são dois dos peões da estratégia de tensão em curso. A Alemanha, tal como a generalidade dos países do centro e norte da Europa, precisam de gás para não morrerem de frio no inverno.

Acontece que os Estados Unidos, seguindo a teoria estratégica de Halford Backinder, e do seu seguidor fiel, Zbigniew Brzeziński —consultor estratégico de Barak Obama—, consideram o controlo da Rússia essencial para impedir a supremacia da China, e de caminho também acham que quem controlar as reservas de petróleo e de gás natural, controla o mundo. Foi assim ao longo de todo o século 20. Será assim durante o século 21.

Depois da queda da União Soviética, os Estados Unidos montaram um apertado cerco militar à Rússia, através de alianças e da promoção de guerras regionais. A gota de água para a Rússia foi a tentativa de absorver a Ucrânia, berço da Rússia, na NATO. Perante a passividade dos europeus, e o oportunismo alemão, a Rússia respondeu à provocação, mostrando o que sucederia se o gás fornecido à Europa através da Ucrânia fosse interrompido. Daqui à escalada económico-financeira e militar foi um passo.

À medida que a Europa assustada procurava uma alternativa ao gás russo, lançando o fracassado projeto do gasoduto conhecido por Nabucco pipeline, que ficou no papel depois da desistência da Áustria, outros potenciais fornecedores de gás natural (Qatar-Irão, Iraque, Arábia Saudita, Israel, Turquemenistão) posicionaram-se no que passaria a ser uma corrida com implicações tremendas na região. O terrorismo, como exemplo típico de conflito assimétrico, a par de uma série de guerras vicariantes (proxy wars) em teatros localizados nas zonas de passagem dos vários potenciais gasodutos que querem concorrer com a Rússia no fornecimento de gás à Europa, passaram a entupir a paisagem mediática global com propaganda e imagens terríveis de ação psicológica.

Basta olhar para a importância que países como a Ucrânia e a Grécia têm nos acessos principais de gás natural à Europa para perceber que as discussões sobre as economias e os regimes políticos destes países não passam de pretextos que escondem jogos estratégicos fundamentais.

A recente descida abrupta do preço do petróleo esteve, afinal, relacionada com uma ofensiva dos Estados Unidos e da Arábia Saudita destinada a pressionar a Rússia a deixar cair Bashar al-Assad. Se Putin não ceder, arrisca-se a ver o seu país mergulhar numa crise financeira, económica e social que lhe pode ser fatal. Mas se ceder ao garrote dos preços baixos do petróleo, a quase exclusividade da Rússia no fornecimento de gás à Europa central, do norte e de leste, ficará comprometida.

A decisão do BCE, certamente determinada pela Alemanha, mas também pelos Estados Unidos, apesar das palavras carinhosas de Obama para com o novo poder grego, de aumentar a tensão na Grécia, tem mais que ver com a hipótese de uma aproximação entre a Grécia, a Turquia e a Rússia, do que com o problema da renegociação da dívida.


POST SCRITUM

É de notar que o mensageiro da decisão de o BCE tirar o tapete à Grécia foi o nosso querido e mui socialista Victor Constâncio. Que diz o sargento Costa e a nossa indigente Esquerda a isto?


RESPOSTA À PERGUNTA “TEM A CERTEZA QUE O EURO DESAPARECE?”

Não. Na realidade, o dólar quer apenas capturar o euro e fazer dele uma moeda subsidiária.

Ou seja, os Estados Unidos querem, compreensivelmente, manter a supremacia atlântica sobre a Eurásia, e para tal precisam de uma estratégia de pau e cenoura para com os alemães (euro sim, mas menos germanófilo).

Por exemplo, retirar à Rússia o monopólio de fornecimento de gás ao centro-norte-leste da União Europeia é um objetivo estratégico, que serve a Alemanha, a UE no seu conjunto, e os aliados da América no Médio Oriente: Arábia Saudita, Qatar, Israel...

No entanto, creio que os EUA querem mesmo enfraquecer a Rússia, para assim atingirem a China.

O perigo da situação vem daqui. E é neste sentido que a atuação do BCE e da senhora Merkel poderão, se o senhor Draghi não for pondo água na fervura, precipitar um choque frontal na Grécia (Grexit), de consequências imprevisíveis.

O colapso do euro, precedido de uma saída da Grécia, lançaria toda a Europa, a começar por Portugal, Espanha, Itália, França... numa situação particularmente complicada no que toca à reestruturação dissimulada (e em curso) das suas impagáveis dívidas (pública e privada).

Se em cima disto a Rússia, a Turquia e a China vierem em auxílio da Grécia, e em geral dos países europeus do Mediterâneo, teremos o caldo entornado.

Num cenário destes, a Rússia poderia mesmo fechar as torneiras à Ucrânia, i.e. à Alemanha; e poderia reforçar o apoio à Síria, bloqueando os gasodutos islâmico e árabe a favor dos gasodutos que vêm de Baku, do Turquemenistão e da Rússia, com passagem apenas pela Turquia, até chegar à Grécia.

A Europa precisará sempre de muito gás para se aquecer, não é verdade?

Resumindo, a questão financeira, e o problema grego, são muito mais do que o que aparentam.

As duas últimas guerras mundiais estiveram intimamente ligadas ao controlo das rotas do petróleo. A próxima grande guerra poderá acontecer por causa do controlo das rotas do gás.

A Alemanha já provou duas vezes que é incapaz de perceber os ventos da História, e que é suficientemente quadrada para se meter em armadilhas de onde depois não consegue sair.

É por isto que uma saída da Grécia do euro (Grexit), precipitada por comportamentos radicais do BCE e da Alemanaha, pode vir a rebentar com o euro, uma moeda demasiado atrelada ao invisível marco alemão!

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Atualização: 5/2/2015, 12:28 WET

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Guerra e Gás (IV)

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A corrida dos gasodutos—afinal o petróleo desce por causa do gás!


As guerras, as sanções, as tensões, as degolações espetaculares, em suma, o Inferno que temos visto no Médio Oriente desde as guerras no Afeganistão e no Iraque marcam o início do grande conflito estratégico do século 21: a luta pelo gás natural.

Estão em causa os acessos e o fornecimento de gás natural à Europa, mas também à China, à Índia e ao Paquistão. As maiores reservas encontram-se na Rússia, Irão, Qatar, Turquemenistão, EUA, Arábia Saudita, Iraque, Venezuela, Nigéria, Argélia, em suma, nos sítios do costume.

Neste momento a Rússia compete com os projetados gasodutos Árabe e Islâmico na primazia do fornecimento à Europa — pretendendo chegar à Europa através da Turquia e da Grécia. A guerra de secessão em curso na Ucrânia é imprevisível e poderá acabar na redução drástica da passagem de gás russo por aquele país.

Por outro lado, parece que a Arábia Saudita resolveu dar uma ajudinha à estratégia de Obama e dos caniches europeus, promovendo os interesses estratégicos do Qatar/Irão, mas também de Israel do Egito e os seus próprios na corrida dos gasodutos. O jogo é perigoso, pois Putin pode recordar aos alemães o que lhes sucedeu em Estalinegrado quando intentaram conquistar a Rússia.

Saudi Oil Is Seen as Lever to Pry Russian Support From Syria’s Assad
By MARK MAZZETTI, ERIC SCHMITT and DAVID D. KIRKPATRICKFEB. The New York Times, 3, 2015

WASHINGTON — Saudi Arabia has been trying to pressure President Vladimir V. Putin of Russia to abandon his support for President Bashar al-Assad of Syria, using its dominance of the global oil markets at a time when the Russian government is reeling from the effects of plummeting oil prices.

Saudi Arabia and Russia have had numerous discussions over the past several months that have yet to produce a significant breakthrough, according to American and Saudi officials. It is unclear how explicitly Saudi officials have linked oil to the issue of Syria during the talks, but Saudi officials say — and they have told the United States — that they think they have some leverage over Mr. Putin because of their ability to reduce the supply of oil and possibly drive up prices.

“If oil can serve to bring peace in Syria, I don’t see how Saudi Arabia would back away from trying to reach a deal,” a Saudi diplomat said. An array of diplomatic, intelligence and political officials from the United States and the Middle East spoke on the condition of anonymity to adhere to protocols of diplomacy.

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Sobre este mesmo tema n'O António Maria

terça-feira, fevereiro 03, 2015

Mil Dias de Inferno

Fonte das Crianças, Volgogrado (ex-Estalinegrado)


Ontem comemorou-se a Batalha de Estalinegrado


A Alemanha tem um problema de acesso à energia e às principais rotas marítimas. Sempre que sonha com expandir o seu espaço vital, mete-se em grandes alhadas, e causa aos seus vizinhos enormes problemas. Foi assim nas duas últimas Guerras Mundiais. Esperemos que que não volte a cair no mesmo erro, agora que o futuro energético mundial passará, cada vez mais, pelo acesso ao gás natural. O seguidismo europeu e de Angela Merkel face à estratégia de provocação americana contra a Rússia (manobra destinada a isolar a China do seu principal potencial aliado), e a gritante falta de 'savoir faire' nas suas relações com os PIGS, são fenómenos recentes que não podem deixar de nos recordar os demónios que alimentam o negro subconsciente teutónico.

Estalinegrado foi a batalha mais importante do Séc. XX,  pois determinou a configuração política na Europa.

Em 1941, A Alemanha atacou a Rússia em 3 frentes:

São Petersburgo
Moscovo
Kiev

Inicialmente, os generais alemães estavam convencidos de que em 3 meses chegariam a Moscovo e que a Rússia passaria a fornecer todos os recursos energéticos ao regime alemão.

No entanto, só Kiev ficou sob domínio alemão. Estes chegaram a estar a 10 Km de Moscovo e cercaram São Petersburgo durante mil dias — os Mil Dias de Inferno.

Em 1942 os alemães mudaram de estratégia e decidiram atacar a região que mais petróleo fornecia o exército soviético: o Cáucaso.

Se a Alemanha tivesse ganho esta batalha a Rússia teria perdido a guerra. Os alemães perderam 300 mil homens neste confronto. Eram as tropas de elite, as mesmas que tinham invadido a França.

Os Russos perderam quase 1 milhão de homens

Passados todos estes anos, a região do Cáucaso continua a ser muito cobiçada, por causa da energia.

Vale a pena ver o vídeo The Battle of Stalingrad YouTube

OAM/ RR

Guerra e Gás (3)


É o gás estúpida!


Tsipras says Greece and Cyprus could be ‘EU bridge to Russia’
EurActiv, 3/2/2015

“Greece and Cyprus can become a bridge of peace and cooperation between the EU and Russia,” said Tsipras, as quoted by the Greek daily Ekathimerini.

Tsipras however denied seeking financial aid from Moscow. “We are in substantial negotiations with our partners in Europe and those we have borrowed from. We have obligations towards them,” he said in response to a journalist’s question. “Right now, there are no other thoughts on the table,” he added.

On Friday, Moscow suggested it would consider offering financial aid to Greece, a few days after Athens had voiced reservations over EU sanctions on Russia.

O inferno da Ucrânia —resultado do acosso americano apoiado pelos caniches europeus— terá como provável epílogo o fecho dos gasodutos que ligam a Rússia à UE através da Ucrânia.

Alternativas: os gasodutos do Sul:
  1. Azerbaijão (Cáspio)+Irão+Rússia-Turquia-Grécia-Albânia-norte da Europa
  2. Irão-Qatar-Iraque-Síria-Líbano-Grécia-norte da Europa (Israel também está nesta disputa...)
A Grécia está a jogar uma cartada que representa a possibilidade de ser a principal porta de entrada de dois gasodutos estratégicos para a Alemanha e os demais países europeus que, sem gás natural, morrerão de frio no inverno.

O jogo de cintura do senhor Alexis Tsipras é, pois, mais sério do que parece, e a conversa sobre quem paga as dívidas não passa de uma guerra vicariante (a proxy war of the many around), para entreter os mérdia.

Mas não se esqueçam, senhor Tsipras, e senhor Varoufakis, de contratar o Paulo Macedo para por a vossa casa em ordem!

NOTA AOS INVESTIDORES: altura para investir no país de Sócrates. Do verdadeiro Sócrates, claro!

Sobre este mesmo tema n'O António Maria

segunda-feira, fevereiro 02, 2015

Ó Nicolau!

Subir Lall, chefe da missão do FMI em Portugal

Lost in translation ou com o telemóvel do governo sempre atrás da orelha

Imagino que a diatribe do Nicolau se deve a alguma dificuldade com o idioma de Shakespeare.

FMI aprovou 12 vezes. À 13ª descobriu que está tudo mal
Nicolau Santos | 18:00 Segunda feira, 2 de fevereiro de 2015

O primeiro relatório do Fundo Monetário Internacional sobre a economia portuguesa após o final do programa de ajustamento é profundamente desonesto, anti-democrático e mentiroso. Devia dar despedimento com justa causa a todos os que o assinam.

Ler mais no Expresso

Na realidade, o último relatório do FMI sobre Portugal reafirma o sucesso do Programa da Troika (1) ao longo da sua aplicação, ressalvando, porém, dificuldades estruturais que todos conhecemos:
  • crescimento rastejante, 
  • competitividade nas lonas, 
  • excesso de endividamento empresarial, mais preocupante ainda que o excessivo endividamento público, 
  • rendeiros a mais e à solta, 
  • uma desproproção debilitante entre o setor de bens transacionáveis (minúsculo) e o setor de bens não-transionáveis (totalmente hipertrofiado), 
  • excesso de corporativismo profissional, sindical e empresarial, 
  • falta de sexo reprodutivo e subsequente envelhecimento da população, etc. 
A emigração, o turismo low cost, e até a queda abrupta do preço do petróleo/gás ajudam, mas não chegam, sobretudo se a corja indígena continuar a capturar a riqueza pela via do poder que controla, em todos os escalões da sociedade, da administração pública e do poder político.

Página do FMI sobre Portugal

IMF Executive Board Concludes First Post-Program Monitoring with Portugal
Press Release No. 15/23
January 30, 2015

Portugal: First Post-Program Monitoring Discussions-Staff Report; Press Release; and Statement by the Executive Director
Publication Date:     January 30, 2015
Electronic Access:     Free Full text (PDF file size is 1,737KB).
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NOTAS
  1. Aqui os pontos de vista divergem... “Ajudas a Portugal e Grécia foram resgates aos bancos alemães”, afirmou o ex-conselheiro económico independente de Durão Barroso, Philippe Legrain (in Público, 11/05/2014).

Atualizado: 3 jan 2015, 12:06 WET