sexta-feira, setembro 18, 2015

Rien ne va plus? Just joking!

Janet Yellen
Illustração: DonkeyHotey

A caminho da deflação global (2016-2017-...)


ZERO TAX CAPITALISM > TRANSITION > COLLAPSE > POSTCAPITALISM

Tudo isto sem uma mãozinha sequer dos sindicatos, ou dos famosos e desmiolados 'donos' intelectuais do marxismo degenerado que chegou até nós.

Taxas de juro negativas tão só alimentam a economia de casino e a corrupção e jamais o crescimento. O ZIRP e o NIRP, ou seja, taxas de juro igual a zero ou realmente negativas, numa conjuntura global caracterizada pelo esgotamento da capacidade de endividamento público e privado (peak debt), apenas conseguem arruinar a poupança privada e o poder de compra dos mais débeis: reformados, pensionistas e os que estão pendurados nos subsídios de desemprego, ou no rendimento mínimo.

Por outro lado, uma subida empinada das taxas de juro dos bancos centrais destruiria as finanças públicas, as quais, na ausência de crescimento e perante uma demografia adversa, se alimentam há vários anos da inflação monetária virtual (no transmission whatsoever, you know...) e da expropriação silenciosa da poupança privada. Mas destruiria também o próprio sistema bancário mundial na configuração existente desde 1971, ou seja, desde que abandonou o padrão-ouro, primeiro, e o dólar como referência, depois.

Este é o nó górdio keynesiano que atirou o capitalismo mundial para uma irreversível metamorfose.

Não podem continuar a destruir valor, nomeadamente pela via da desvalorização monetária e da repressão fiscal, nem conseguem reflacionar a economia, dado o excesso de endividamento global, e estimular o crescimento (o novo Graal cujo paradeiro ninguém descobre), pois há excesso de capacidade instalada, excesso de stocks, e o consumo está bloqueado pelo excesso de endividamento privado e por uma destruição líquida de empregos à escala planetária como nunca se viu.

É por estas e por outras que o programa do PS está errado duma ponta à outra, e que o próximo governo não terá outra alternativa que não seja seguir o BCE, mitigando como puder os efeitos da destruição dos preços e a austeridade que vai continuar a fustigar as nossas vidas.

Uma no cravo e outra na ferradura. É o que há...

Mas atenção: entregar  o país a uma frente populista formada pelo disléxico Costa, o PCP, o Bloco, o Livre e o PDR, atirar-nos-ia imediatamente para um beco sem saída muito parecido com o grego, ou pior!

Janet Yellen decidiu ontem manter as taxas de juro da Fed a zero vírgula qualquer coisa. Sobre as implicações desta decisão vale a pena ouvir o que David Stockman disse na véspera da decisão.
David Stockman Interview On Yahoo——The Fed Painted Itself Into A Corner, Confidence In The Casino Is Headed For A Fall
by Yahoo • September 17, 2015

David Stockman is not a fan of the Fed. In fact he claims that the Fed is on a “jihad” against retirees and savers.

The former Reagan budget director and author of “The Great Deformation: The Corruption of Capitalism in America” visited Yahoo Finance ahead of the Fed announcement to discuss his predictions and the potential impact of today’s interest rate decision. “80 months of zero interest rates is downright crazy and it hasn’t helped the Main Street economy because we’re at peak debt,” he says.

Businesses in the U.S. are $12 trillion in debt. That’s $2 trillion more than before the crisis, but “all of it has gone into financial engineering—stock buybacks, mergers and acquisitions and so forth,” according to Stockman. “The jig is up; [the Fed] needs to get on with the business of allowing interest rates to find some normalized level.”

While Stockman believes that the Fed should absolutely raise rates today, he isn’t so sure that they will. But even if they do, he says they’ll muddle the effect by saying “‘one and done’ or ‘we’re going to sit back and watch this thing unfold for the next two or three months.’”   

quinta-feira, setembro 17, 2015

Síria, uma crise fabricada

Aylan Kurdi. Ilustração @ Antimedia

Quem engendrou e quem quer lucrar com a crise dos refugiados?


O mais deprimente mesmo foi ver como o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, e o veterano Rui Marques, e mais não sei quantos espertos da solidariedade saltaram imediatamente para a frente televisiva, cheios de ideias e compaixão pelos refugiados. Na realidade, o que estas criaturas piedosas não deixaram de ver em primeiro lugar foram os milhões de euros que a UE (9.000 euros por refugiado acolhido) e o governo português (aqui o montante não foi ainda anunciado) terão que desembolsar por causa desta crise, criada, em primeiro lugar, pelos belicistas americanos e israelitas, mas com o apoio sonâmbulo, desde o início da guerra civil na Síria, dos indigentes políticos que pusemos à frente dos destinos desta desmiolada Europa.

Não temos 308 governos municipais? Não temos 3.092 freguesias? Não temos centenas de edifícios escolares vazios, abandonados ou à venda? Não contam as nossas Forças Armadas com mais de 3.000 efetivos, boa parte dos quais em estado de prontidão operacional? Não existem várias unidades hospitalares no recém concentrado Hospital das Forças Armadas? Não sai tudo isto dos impostos que pagamos, e da sobre dívida que suportamos? Não é precisamente nestas ocasiões que o estado deve cumprir a sua missão com eficácia e brilho? Então porque é que se levantou o indecoroso circo da desgraça alheia e se escancararam os microfones aos profissionais da piedade remunerada?

A União Europeia está cercada de fogos postos pelos Estados Unidos e por Israel

A colonização americana da Europa ocidental está em pleno curso, por via da tentativa sistemática de destruição do euro, através das guerras artificiais implantadas no Iraque, Afeganistão, Líbia, Ucrânia, Síria, etc., das sanções e tensões artificiais envolvendo o Irão, África mediterrânica, África subsariana, e ainda por meio do grande abraço de urso que é a famosa Parceria Transatlântica (TTIP), de que a frota de empresas globais já desembarcadas na Europa é uma antecipação clara do que nos espera: Standard & Poor's (S&P), Moody's, Fitch, Google, Facebook, Twitter, Microsoft, Apple, Fox, Disney, Remax, Era, Century 21, ou a mais recente e escandalosa Uber!

Na realidade, o que está em curso é a preparação de uma nova divisão do mundo em duas metades: uma metade ocidental liderada pelos Estados Unidos, que inclui todo o continente americano, a Europa ocidental, incluindo a Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Moldávia, Roménia e Turquia, a península da Arábia e todo o continente africano; e uma metade oriental, com vértice na China e na Rússia, e abrangendo um número indeterminado de países, de que se excluem, para já, o Japão e a Austrália...

A morte de Aylan Kurdi, que na realidade fugia do auto-proclamado Estado Islâmico (ISIS), e não de Bashar al-Assad, tal como a morte de tantos outros meninos e meninas parece, pois, um dos altos preços a pagar por um novo Tratado de Tordesilhas.

Presidente sírio acusa Ocidente de usar dois pesos e duas medidas sobre migrantes
AFP - Agence France-Presse/ Diário Pernambuco, Publicação: 17/09/2015 09:09 
Bashar Al-Assad afirmou que os países ocidentais choram pelos refugiados sírios ao mesmo tempo em que alimentam a guerra que os expulsa para o exílio

"É como se o Ocidente chorasse com um olho pelos refugiados e com o segundo mirasse neles com uma arma", declarou o chefe de Estado sírio, durante uma entrevista à imprensa russa, divulgada nesta quarta-feira.

"O Ocidente (...) apoia os terroristas desde o início da crise e (aponta a responsabilidade do que acontece) para o regime ou o presidente sírio", ressaltou em sua primeira reação à tragédia dos migrantes.

O regime de Damasco chama de "terroristas" todo os seus opositores: dissidentes políticos que escolheram a luta pacífica, rebeldes que pegaram em armas e os jihadistas, incluindo os do grupo Estado Islâmico (EI).

"Se a Europa está tão concentrada no futuro dos refugiados, deveria parar de apoiar o terrorismo", insistiu Assad. Muitos países europeus apoiam a oposição "moderada" a Assad, mas que lutam contra os jihadistas do EI.

Mais de 500 mil migrantes atravessaram as fronteiras da União Europeia entre janeiro e agosto deste ano, contra 280 mil em 2014, segundo a agência europeia Frontex.

Read This Before the Media Uses a Drowned Refugee Boy to Start Another War
Antimedia, Dan Sanchez. September 8, 2015

Warmongers in government and the media are perversely but predictably trying to conscript Aylan’s corpse into their march to escalation. They are contending that Aylan died because the West has not intervened against Syria’s dictator Bashar al-Assad, and that it must do so now to spare other children the same fate.

Um, no, Aylan’s family were Kurdish refugees from Kobani who had to flee that city when it was besieged, not by Assad, but by Assad’s enemy: ISIS.

And ISIS is running rampant in that part of Syria only because the US-led West and its regional allies have given them cover by supporting and arming the jihadist-dominated uprising against Assad.

The West has been intervening in Syria heavily since at least 2012. Indeed, it is Western intervention that has exacerbated and prolonged the conflict, which has now claimed a quarter of a million lives.

terça-feira, setembro 15, 2015

Que tal comprar uns dólares?

Se eu fosse um Panda, e não um Atum, ficarias mais preocupado?

Whatever it takes? This time is different!


Não há nenhum bilião de euros que resolva o esgotamento de um recurso natural do dia para a noite. Nem nenhuma monetização maciça que segure uma guerra cambial global.

Talvez seja de comprar alguns dólares e apostar nas empresas portuguesas e espanholas que mais exportam para os Estados Unidos, além de manter uma boa parte da poupança em moedas de ouro (Libras inglesas, violinos austríacos, Krugerrand sul-africanos, etc.), imobiliário nos centros urbanos e quintas com água e boa terra (são precisos uns seis a dez anos para eliminar os pesticidas e adubos químicos acumulados numa terra sobre explorada), ou ainda em obras de arte com valor de mercado estável (ou apostas informadas nos jovens talentos...). Afastem-se das bolsas e dos bancos!!! A dívida em dólares da EDP (em euros, ultrapassa os 17 mil milhões) poderá disparar de um dia para o outro, afugentando os chineses. Os espanhóis já fugiram...

Charles Hugh Smith
Of Two Minds, Monday, September 14, 2015
The Next Financial Crisis Won't be Like the Last One

The ocean's fisheries will not magically come back from being stripmined if a central bank prints $1 trillion. If the $1 trillion is spent wisely, perhaps in a decade or two fisheries can recover. But neither employment or ecosystems can be "saved" by printing money and throwing it at the usual vested interests.

So what else is beyond the easy fix of a quick $1 trillion printing/bailout? How about the foreign exchange (FX) market? Many a government and central bank has attempted to fix the foreign exchange market, but they fail for the simple reason that the FX market is too large to control for long.

$1 trillion just isn't that much in a market that trades $3 or $4 trillion per day.

It's not that difficult to predict that the next global financial crisis will arise not in the banking sector but in a market that's beyond the reach of central banks.That is, printing $1 trillion and promising to "do whatever it takes" won't fix what's broken.

One reason I have been focusing on the potential of the U.S. dollar (USD) to strengthen for the past four years is the potential for this dynamic to fatally disrupt the central bank-managed global "recovery." 

Could the U.S. Dollar Rise 50%? (January 12, 2011)


IMPORTANTE: Não se esqueça de votar na nossa sondagem (topodireito  do blogue) para nos ajudar a adivinhar o resultado das eleições de 4 de outubro. Obrigado ;)

Blowjobs Not Allowed @ Ávante! Fest


Um broche, entre dois homens? Isso não é marxista!


Festa do “Avante!”: Uma das seis alegadas vítimas “estava a praticar sexo oral”, diz o PCP

Expresso, 14.09.2015 às 13h50

Segundo os comunistas, “a afirmação e sustentação da intervenção dos serviços de apoio da Festa do ‘Avante!’ porque duas pessoas do mesmo sexo se teriam beijado é, tão falsa, quanto ridícula. A verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num acto de sexo oral em pleno espaço”, refere o comunicado.
Eu se fosse um jovem desempoeirado, ou uma jovem desempoeirada do PCP mudava-me para o Bloco de Esquerda. Além de permitirem os charros, não atacam os gays e as lésbicas no decorrer dum ato amoroso.

Esta síndroma da velha esquerda tem um nome: BROCIALISM. É uma espécie de Complexo de Édipo mal resolvido. A consequência deste atraso cultural, que atinge a maioria das famílias socialistas, comunistas e anarquistas, permanece um dos escolhos mais espinhosos à sua capacidade de atrair os mais jovens e as mais jovens. Também aqui os liberais democratas e até a direita tradicional estão mais adiantados.

Eu tenho um fascínio pela evolução recente do Bloco de Esquerda. Porquê, perguntarão. Porque mudaram de agenda ideológica? Não? Porque deixaram de ser populistas? Não. Porque tencionam ser governo nos próximos anos? Não. Então porquê? Por isto:
  • porque há muito perceberam que sem a proximidade dos jovens e sobretudo das jovens que hoje ocupam cada vez mais lugares na administração do mundo, o pobre Trotsky morreria de vez;
  • e porque, recentemente, pela primeira vez, um partido político com assento parlamentar é dirigido por mulheres, por duas jovens sedutoras mulheres. Fisicamente sedutoras, intelectualmente sedutoras. O olhar maroto com que Catarina Martins destruiu o sapo Costa e as suas aldrabices mal amanhadas e mal representadas, demonstrando que o PS, se for governo, tenciona infligir um rombo de 1.660 milhões de euros às pensões, só poderia ter sido tão fulminante quanto foi, porque a disciplina analítica e a perspicácia de Mariana Mortágua fez o necessário trabalho de casa.
Ora bem, o PCP precisa deste tipo de energia, em vez de perpetuar uma cultura machista, na qual as mulheres vão sempre um passo atrás, e a libertinagem amorosa não tem lugar. No Partido Socialista, apesar da corrida desesperada de Isabel Moreira, o cinzentismo machista é idêntico.

Mais do que a gramática da economia e da política pura, é a este critério cultural que atribuo a maior importância na hora de avaliar o potencial histórico da ação democrática.

A liberdade não é negociável, nem deve ser adiada sob nenhum pretexto, por mais pragmático que seja.

segunda-feira, setembro 14, 2015

História de Angola num gráfico


Depois do petróleo, que Angola teremos?


Se Angola não melhorar rápida e eficazmente o perfil institucional da sua quase-democracia, a incerteza sobre o futuro e a instabilidade político-militar voltarão a atormentar o país.

Valeria certamente a pena gastar 1% do seu orçamento numa revolução pacífica pela educação, competitividade, sustentabilidade, transparência, democracia e liberdade do país.

O gráfico aqui publicado é completamente claro sobre a história recente de Angola.

1960-1974: guerra colonial (exploração inicial do petróleo de Cabinda)
1975-1991: guerra civil angolana (quebra inicial da produção seguida de crescimento rápido até superar os 500 mil b/d)
1991-1994: guerra civil angolana (subida sustentada da produção; abaixo do milhão b/d)
1998-2002: guerra civil angolana (subida sustentada da produção; abaixo do milhão b/d)
2002-2011: período de paz (produção acima do milhão b/d, até próximo dos 2 milhões b/d)
2011-2015: período de paz ('peak oil', 'plateau', fim do 'boom' petrolífero angolano)

Em Angola, depois de uma subida a pique na produção de petróleo, no período de paz que se seguiu ao fim da guerra civil, a que chegaria perto dos 2 milhões de barris/dia, em 2008, a produção estagnou numa espécie de planalto, algo acima dos 1,6 milhões b/d.

Mais recentemente, com a diminuição da procura agregada mundial e a queda abrupta dos preços resultante do abrandamento económico global, Angola procurou ganhar margem comercial suplementar na exploração do petróleo impondo custos administrativos aos concessionários. Mas os concessionários não gostaram, e acabam de avisar a casta dirigente do que poderá ocorrer em Angola se insistirem no aumento político das margens.

Total: Angola vai ficar sem indústria do petróleo se não reduzir os custos 
Jornal de Negócios, 13 Setembro 2015, 18:04 por Lusa

"Se não houver uma significativa redução dos custos, tudo vai parar", disse o director-geral da Total em Angola, Jean-Michel Lavergne, em declarações à agência financeira Bloomberg, nas quais explicou que caso as condições não melhorem, a indústria petrolífera angolana "vai desaparecer", partindo do princípio que o preço do barril de petróleo se mantém nos 60 dólares.

Em causa estão as várias medidas que o Governo angolano tem tomado nos últimos anos, que fizeram os custos de produção aumentar em 500 milhões de dólares por ano, disse Lavergne durante um fórum empresarial em Luanda, no qual anunciou que está pedida uma reunião com o Governo angolano para dar conta destas preocupações causadas pelos custos da regulação.

A China estará a crescer pouco acima dos 3% ao ano, mas os especuladores, incluindo os analfabetos indígenas, adoram repicar a litania dos 7%. A China cresceu, como Angola cresceu, acima dos 7%, duplicando o PIB de dez em dez anos, enquanto dispôs de petróleo próprio em quantidade e a bom preço. No caso da China, o maná começou a jorrar em 1965, acelerou depois da Revolução Cultural, com Deng Xiaoping (1978), e o pico chegaria em... 2015. No caso de Angola, o petróleo de Cabinda começou a jorrar em 1967, acelerou a partir de 1982, e disparou depois da guerra civil (2002) até atingir o 'plateau' do 'peak oil' angolano em 2011.

O grande problema, agora, é que os países emergentes (China, Angola, Nigéria, Brasil, África do Sul, Rússia, Índia, etc.) precisam de continuar a exportar a ritmos elevados para sobreviverem, ou seja, para impedirem um retrocesso violento das suas sociedades. Acontece, porém, que perderam, ou estão a perder, as suas duas principais vantagens competitivas: a energia petrolífera barata e trabalho humano 6x, 5x, 4x, 3x, 2x mais barato que nos países industrializados e pós-industriais: EUA, Canadá, Europa ocidental, Japão, ...)

O petróleo caro ameaça os países ricos e em geral quem depende dele, mas o petróleo barato compromete gravemente o ritmo de crescimento económico e o desenvolvimento social dos países emergentes; nuns casos, grandes produtores de energia e matérias primas, noutros, regiões demográficas densamente povoadas que são também reservatórios de trabalho humano barato.

A globalização acabou, não por desejo das esquerdas desmioladas, mas pela natureza própria do fenómeno económico que lhe deu origem. O empobrecimento dos países industriais desenvolvidos tem limites que chocam com o enriquecimento relativo dos chamados países emergentes. Só num mundo pós-capitalista avançado, a teoria dos vasos comunicantes entre países pobres e ricos (e entre pessoas ricas e pobres) poderá, eventualmente, reiniciar o seu caminho de esperança democrática.

Brocialists: o último fôlego do Labour

Jeremy Corbyn, líder trabalhista
Photo: WENN

Da pesada derrota de Ed Miliband ao populismo de Jeremy Corbyn


Finalmente um boné e um bom par de pimentos vermelhos à frente do British Labour Party. Depois do Syriza, este poderá ser o segundo fôlego que faltava a António Costa para esticar um bocadinho mais as suas cordas vocais e espalhar-se ao comprido no próximo dia 4 de outubro. Quanto mais depressa estes zombies do marxismo-leninismo se estatelarem na andropausa neo-esquerdista que os consome, melhor. A oportunidade eleitoral é-lhes apetecível: quem poderá votar nos austeritários, ou nos austericidas? Ninguém, obviamente! Ninguém?

O Capitalismo —pelo menos o Grande Moinho de Vento das Dicotomias Felizes contra o qual a esquerda ressuscitada combate— talvez já cá não esteja quando Corbyn disputar as eleições com Cameron. A urgência social, económica, financeira e político-militar é uma bolha pronta a explodir a qualquer momento. E a ironia desta urgência é que tem vindo a ser sentida por todos: os 99% atingidos pela globalização e pela austeridade, mas também os 1% sentados numa Pirâmide Ponzi invertida que inevitavelmente tombará para um dos lados.

Ouvindo o discurso de vitória do novo líder dos trabalhistas ingleses, cujos motes repetiu numa manifestação de boas vindas aos refugiados das guerras acendidas por americanos, ingleses e israelitas, sob o olhar bovino do resto dos europeus, observamos o mesmo padrão populista registado na Grécia, em Espanha, e em Portugal. Basicamente, ignoram a causa das coisas e, portanto, a realidade, preferindo prometer o paraíso e a decência que sabem não poder dar, nem respeitar — porque em nada depende deles. Continuam a pensar que, se a crise for vasta e profunda, como é, a demagogia e o oportunismo rendem sempre bons votos. Deixai vir a mim —Terra da Oportunidade— os Refugiados, pois serão eles o sangue novo das nossas economias e os votos agradecidos de que precisamos para chegar ao poder. Mas quando lá chegarem, o que farão?

E se já estivéssemos todos a viver em sociedades pós-capitalistas, como sugeriu Peter Drucker em 1993? E se a realidade humana global fosse já o resultado da ação de atores-rede, e não da velha luta de classes teorizada por Karl Marx, de que os partidos que ainda andam por aí são uma espécie de dentes do siso?

Um sintoma do atraso cibernético da fauna que ganhou a maioria do Labour é a sua aparente condição brocialista (1), denunciada num texto maravilhoso de Suzanne Moore, que recomendo.

As Jeremy Corbyn was anointed leader, not one female voice was heard
Suzanne Moore, The Guardian, Saturday 12 September 2015 14.27 BST

Those for whom Corbyn represents an unprecedented and radical part of the left pushing itself to the fore may feel comfortable enough in all-male company not to challenge this monoculture. For, indeed, it might mean that some guys – good guys – would have to step aside. The prize – socialism, any time soon – is so big that we cannot focus on single issues like “women”. Labour people have told me this repeatedly. I don’t see pay, education, caring, health, violence, and representation in all its forms, as a single issue, but then I am just a girl of course.

Not one woman’s voice was heard today. Not one. So congratulate yourselves, guys, on this new era, on this new way of doing politics. Some of us, unfortunately, are still waiting.

POST SCRIPTUM (15 sey 2015) — Ao ouvir o discurso de Jeremy Corbyn na TUC Conference, foi interessante verificar como respondeu imediatamente às críticas, nomeadamente de Suzanne Moore, sobre a sua falta de atenção a algumas agendas cruciais, como, por exemplo, a do lugar das mulheres na Política. Em resposta, Corbyn anunciou que o seu governo sombra será maioritariamente formado por mulheres. Esperemos que quando ganhar as eleições, em 2020, mantenha o mesmo espírito e flexibilidade tática!

NOTAS
  1.  Brocialism, Social Justicy Wiki

    Brocialism and manarchism are umbrella terms for sexists within the radical left. Specifically used for those who believe that the creation of a socialist, Marxist, or anarchist system will inevitably bring about gender equality and that therefore no measures need to be taken other than the destruction of the hierarchy imposed by class.

Atualização: 15 set 2015, 15:12

quinta-feira, setembro 10, 2015

Peak Debt: o pior ainda está por vir!

Mário Soares em quinta visita a José Sócrates. Correio da Manhã

Quem vai pagar e como 10 mil milhões de euros/ano, nos próximos quatro anos? É esta a fatura do serviço da dívida e das PPP que Sócrates nos deixou.


Não liguem às sereias populistas do regime. Preparem-se!

Ou seja, as empresas produtivas e as famílias deixaram de poder endividar-se, nem que seja a taxas negativas, dado o passivo acumulado ao longo das duas últimas décadas.

Portanto, a destruição das taxas de juro e a guerra cambial apenas servem para continuar a inchar a bolha das dívidas públicas e a especulação financeira (1) alimentada pela expansão da massa monetária, ou seja, pela transformação do dinheiro que não existe em fichas de casino.

O mais lamentável de tudo, em Portugal, é que são sobretudo o PS e o resto da esquerda que, de uma maneira ou doutra, têm praticado, defendido e continuam a defender esta corrida de lémures para o precipício.

Bastou ouvir ontem, uma vez mais, o realejo de António Costa, para percebermos que só tem uma ideia na sua disléxica caixa de neurónios: pedir mais liquidez virtual emprestada ao BCE e aos mercados da especulação financeira, para assim continuar a alimentar os rendeiros, os devoristas e a casta burocrática de que a nomenclatura partidária do arco parlamentar é a expressão mais irresponsável e potencialmente criminosa.

Nós podemos corrigir esta desastrosa deriva, desincentivando o consumo não produtivo, diminuindo drasticamente a dimensão e custo do estado (tudo o que não é estritamente necessário, deve fechar portas), desfazendo todos os negócios leoninos entre os rendeiros do regime e o estado, e ainda, promovendo (sem captura oportunista dos processos) o fortalecimento de todos os mecanismo de solidariedade e organização social na base da pirâmide social. (2)

Last but not least, devemos colocar as nossas vozes e forças ao lado de quem denuncia e combate a especulação financeira desenfreada que nos trouxe até aqui. Segundo a ONU, entre cem a cento e cinquenta milhões de pessoas foram atiradas para a pobreza em consequência do maremoto financeiro. Destas, dez a quinze milhões terão morrido de fome, ou de ansiedade extrema, muita da qual conduzindo ao suicídio.


NOTAS
  1. David Stockman Sums It All Up In 3 Minutes

    Stockman unleashes truthiness hell on Bloomberg TV: “Federal Reserve [actions] will have disastrous long-term consequences... when you deny price-discovery in the market for so long, it is a massive subsidy to speculation... In an era of peak debt, the only thing zero interest rates achieve is create an enormous incentive for Wall Street to gamble more and more recklessly...”

    Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 09/09/2015 19:00 -0400
  2. Resposta a uma pergunta no Facebook

    Pergunta: “Pode especificar melhor isto: “desincentivando o consumo não produtivo” e isto: “tudo o que não é estritamente necessário”, para que não existam dúvidas e ainda comecem a queimar bibliotecas...”

    Resposta: Incentivar o consumo de telemóveis e automóveis é errado, sobretudo num país com a pior 'intensidade energética' (i.e. custo de energia por unidade de PIB) da Europa; continuar a obrigar os alunos do primário e do secundário a pagar anualmente milhões de euros em manuais escolares, ou manter a frota automóvel (camuflada) do estado, são três dos muitos exemplos do que está ainda por cortar e corrigir na despesa inútil, pública e privada, e que será cortado e corrigido, quer queiram os políticos e a nomenclatura burocrática, quer não.

Atualizado em 10 set 2015, 16:53

O Ocidente ainda não percebeu que deixou de ditar as regras

Chinese missiles are seen on trucks as they drive next to Tiananmen Square and the Great Hall of the People during a military parade on September 3, 2015 in Beijing, China.
(Original Photo: Kevin Frayer/Getty Images/ edited)

A guerra do gás continua a aumentar a parada belicista no Médio Oriente e no Mediterrâneo. A projeção da crise de refugiados em direção à Europa, e o colapso das exportações alimentares comunitárias para a Rússia, são o preço inicial que esta Europa desmiolada começa a pagar por causa dos idiotas que a dirigem, de cócoras para Washington.

Portugal deve tomar uma posição diplomática de distanciamento da deriva belicista euro-americana, e enveredar pela adoção imediata de uma posição de neutralidade no que começa a parecer-se cada vez mais com uma escalada bélica que pode revelar-se incontrolável.

Somos pequeninos? Somos. E por isso mesmo podemos e devemos assumir uma postura útil e pedagógica, nos antípodas das afirmações aventureiras do senhor do PS que hoje administra um banco falido chamado Banif!

Russia sends ships, aircraft and forces to Syria: U.S. officials
Reuters, Business | Wed Sep 9, 2015 11:49am EDT

Russia has sent two tank landing ships and additional aircraft to Syria in the past day or so and has deployed a small number of forces there, U.S. officials said on Wednesday, in the latest signs of a military buildup that has put Washington on edge.

The two U.S. officials, who spoke to Reuters on condition of anonymity, said the intent of Russia's military moves in Syria remained unclear.

Will China Invade Alaska, Canada? Will Russia?
The theory of 65-year cycles points to a critical moment in China's evolution
Observer, By Bernie Quigley | 09/03/15 1:02pm

Because the Chinese have been studying the cycles. From generational theorists William Strauss and Neil Howe, they have learned that political/cultural cycles last only 65 years, and then they collapse, cycles first observed by Taoist monks and Roman philosophers. And China is exactly 66 years advanced since the Chinese Communist Revolution of 1949. In terms of generational cycles, China is on the eve of destruction. (In terms of the Strauss/Howe theory, so are we.)

The Chinese have been studying Western theories and economic cycles like the Elliott Wave, which suggests that the life cycle of a dominant currency has its limitations, and the American dollar cycle has ended. They have been studying economist Harry Dent, investment gurus Jim Rogers, Marc Faber and libertarian Ron Paul, seen often here only in the shadows, and understand that America is at a full economic transition, potentially a catastrophic cultural turning.

They have been reading Nicholson Baker’s day-by-day account, Human Smoke: The beginnings of WWII, the End of Civilization. They understand fully without Western sentimentality or illusion what comes next at the end of the economic cycle: Total war.

One remark to Bernie's post: you should metric the 65 years cycle, not from 1949 on, but 1960 on, which would lead China strategic calculus to 2025. That is within a decade... The explanation for this suggestion is simples: before 1960 China had to import all the oil it needed, namely from Russia, after 1960 China became a self-sufficient oil producer... until 2015, when its Daqing oil peaked, like it peaked in USA in 1973...

So before 2030, as Donella Meadows and the team that worked with her on the The Limits to Growth predicted, the entire worl will be in big trouble.

Coelho finta Costinha da Avenida



Pior que o regresso de Sócrates mascarado de Costa, é impossível!


A guerra sobre este debate, de pouco valerá a ambos os candidatos. Mas lá que Passos foi mais consistente e convincente, foi. O sargento-ajudante Costa não vai lá das pernas. Aquela de repetir três vezes que tinha composto as contas de Lisboa, esquecendo-se que o fez graças aos 286 milhões de euros da privatização da ANA, uma decisão deste governo que o PS à época denunciou como sendo 'obscura', só poderia mesmo ocorrer a um político de terceira categoria. Depois admiram-se que o debate de ontem tenha sido, na realidade, entre Passos Coelho e Sócrates.

Os jornalistas avençados desta corja partidária lá foram puxando as brasas às suas requentadas sardinhas. O apoio indisfarçável que o grupo editorial capitaneado pelo 'ex-'advogado do ex-primeiro ministro presta ao senhor António Costa é tão descarado quanto lamentável.

Tal como a maioria dos políticos que continuam a infestar os canais de comunicação pública, há um cardume de falsos jornalistas de opinião que fede. O exemplo mais escandaloso é, evidentemente, Marcelo Rebelo de Sousa, o qual se apressou a dar vitória ao sargento-ajudante de Sócrates. É que, como ele bem sabe, uma vitória do PaF significará o fim da sua candidatura presidencial, que tem vindo a auto-promover, contra todas as regras de deontologia e conflito de interesses, através dum programa televisivo de suposta análise política. Mas que, como há muito sabemos, é sobretudo de intriga caseira.

O que nos vale é que toda esta tralha do passado começa a ser varrida para debaixo do tapete da história pelos Urbi Ubers que não param de brotar como cogumelos numa manhã de orvalho outonal.

Nós, Cidadãos! vai surpreender


Onde votam alguns dos nossos leitores...


Perguntamos e publicamos as respostas. Interessante!

Legislativas 2015 - em quem tenciona votar?
Respostas dadas entre 3 e 9 de setembro, 2015
Votos apurados: 60

Nós, Cidadãos! -- 21 (35%)
PSD-CDS/PP -- 15 (25%)
PDR -- 4 (6%)
PS -- 3 (5%)
Bloco de Esquerda -- 3 (5%)
PCP-PEV -- 2 (3%)
Livre -- 2 (3%)
PAN -- 1 (1%)
MRPP -- 1 (1%)
Partido da Terra -- 0 (0%)
AGIR -- 0 (0%)
Outro -- 4 (6%)
Não voto -- 4 (6%)

Legislativas 2015 - em quem tenciona votar?
Respostas dadas entre 8 e 14 de agosto, 2015
Votos apurados: 145
PSD-CDS/PP -- 51 (35%)
NÓS-cidadãos -- 42 (28%)
BE -- 10 (6%)
PCP-PEV -- 8 (5%)
PS -- 4 (2%)
Livre -- 7 (4%)
PDR -- 1 (0%)
Outros -- 7 (4%)
Não tenciono votar -- 15 (10%)

Entretanto, as últimas notícias da guerras de sondagens são estas:

Barómetro Aximage Setembro 2015 – Coligação ultrapassa PS
09/09/2015

É a primeira vez que a coligação no Governo surge destacada no primeiro lugar das intenções de voto na sondagem da Aximage, desde que António Costa assumiu a liderança do PS. Na sondagem publicada esta quarta-feira, no Jornal de Negócios e Correio da Manhã, a coligação PSD/ CDS ultrapassa o PS e fica à frente com uma vantagem de 5,6 pontos percentuais, conseguindo 38,9% das intenções de voto. Os socialistas sofrem uma queda vertiginosa, passando dos 38% que obtiveram na sondagem de julho para os 33,3%.

A mesma notícia no Jornal de Negócios.


Barómetro Eurosondagem Setembro 2015 – Vantagem do PS reduz para 1%
04/09/2015

Na primeira sondagem de setembro, precisamente a um mês das eleições legislativas, nova aproximação entre PS e a coligação PSD-CDS: uma ligeira descida dos socialistas e uma ligeira subida da direita* dão uma diferença, agora, de apenas um ponto: 36% para 35%. Em Agosto era de 1,5%.

É notório como o PS tem vindo a perder nas intenções de voto, ao mesmo ritmo que a direita tem ganho terreno. Se em maio a diferença entre os dois blocos era de 4,5 pontos percentuais (p.p.), em junho passou para 3,6 p.p., em julho 2,1 p.p., em agosto 1,5, e agora, em setembro, aparecem praticamente colados, resultado da baixa de três décimas. A coligação Portugal à Frente está com 35%, tendo ganho duas décimas no último mês

in Legislativas 2015


*— (a linguagem da Eurosondagem dá bem o mote sobre a orientação partidária desta empresa!)

E, por fim, a revelação:

...uma sondagem privada aponta para a probabilidade elevada de o Nós-Cidadãos! eleger três deputados.

terça-feira, setembro 08, 2015

A reestruturação da dívida ucraniana

Anarquistas russos na guerra civil da Ucrânia (Autonomous Action, Moscow)

Será que Louçã recomenda o desastre, já não grego, mas ucraniano, como atalho para a reestruturação da dívida portuguesa? O homem perdeu a cabeça!


Sim, é possivel: a reestruturação da dívida da Ucrânia
8 de Setembro de 2015, 09:18
Por Francisco Louçã, Público

Creio que só o Jornal de Negócios se referiu em Portugal à notícia: depois de cinco meses de negociações, o governo de Ucrânia chegou a acordo com os seus credores, excepto a Rússia, para uma reestruturação da sua dívida pública que levará ao corte de 20% do seu valor nominal (de 18 mil milhões de dólares, cerca de 4 serão apagados).

O trotsquista Francisco Louçã é um velho político quadrado. E 'burro velho não ganha andadadura'.

Como todos sabemos, a reestruturação da dívida portuguesa, pela via da destruição das taxas de juro, da troca de dívida cara por dívida menos cara, e ainda pela via do aumento dos prazos das maturidades, tem vindo a ser realizada. Louçã, porém, omite a verdade, ou recalca-a no seu recôndito e ortodoxo crânio, como um dos muitos lapsos conceptuais de que necessita para manter a sua inabalável fé marxista.

O melhor mesmo é deixarmos de entregar a gestão do país a um ARCO PARLAMENTAR que, em quarenta anos apenas, conseguiu três pré-bancarrotas e a maior vaga de emigração desde os anos 60 do século passado.

Para esta gente, 'reestruturar' só significa uma coisa: não pagar, para assim manter a democracia neocorporativista e populista que temos, e o regabofe! Acontece que este status quo morreu. Ou superamos a crise e substituímos a democracia populista, corrupta e falida, que temos, por uma democracia adulta, responsável e participada, ou a sombra de uma nova ditadura provinciana acabará por ressuscitar os velhos demónios do atavismo autoritário indígena.

Já agora, a pergunta milionária a que todos os políticos e candidatos às eleições de 4 de outubro deveriam responder: como iremos pagar 10 mil milhões de euros/ano (serviço da dívida pública + rendas das PPP), durante a próxima Legislatura?

Resposta:
  1. renegociando de alto abaixo as rendas das 120 PPP
  2. fundindo os governos e assembleias municipais das regiões metropolitanas de Lisboa e Porto
  3. eliminando 50% das isenções fiscais a que têm direito inúmeras entidades e pessoas, publicitando todas as isenções que vierem a ser cabalmente justificadas
  4. estabelecendo um limite de 2000 euros para todas as pensões de reforma, sem exceção, suportadas pela Segurança Social
  5. diminuindo drasticamente o peso fiscal das IPSS no Orçamento de Estado
  6. implementando um Rendimento Básico Garantido universal
  7. restringindo drasticamente as mordomias dos políticos e altos cargos da Função Pública
  8. acabando com o negócio dos manuais escolares (na escola obrigatória, os livros e manuais serão obrigatoriamente gratuitos, e sempre que possível desmaterializados)
  9. introduzindo em toda a Administração Pública a gestão por objetivos
  10. responsabilizando os agentes políticos pelas instituições que tutelam, aumentando concomitantemente a transparência de todos os processos administrativos.
  11. Acabando de vez com a promiscuidade entre política e negócios, nomeadamente através da eliminação automática dos conflitos de interesses económicos, profissionais e intelectuais.

É disto que o senhor Costa, o senhor Jerónimo e a senhora Catarina, deveriam falar, e não das mil e uma maneiras de não pagar o que devemos.

Já agora, que tal dedicar menos tempo de antena ao 'reality show' do senhor Pinóquio Pinto de Sousa?

segunda-feira, setembro 07, 2015

Declaração de interesses: apoiamos o Nós, Cidadãos!


A Assembleia da República precisa de sangue novo


Devo uma explicação aos meus leitores. Enquanto autor de blogues há mais de doze anos, de que destaco O António Maria, e Partido Democrata —este último tende a ser mais uma plataforma de reflexão estratégica do que uma organização (até pelo meu feitio indisciplinado)— tenho defendido, de modo sistemático, a mudança do nosso cansado e cada vez mais corrompido e incapaz regime constitucional.

Os partidos do arco governativo esgotaram há muito as suas soluções

Ao fim de mais de quarenta anos de poder, tendo conduzido o país, por três vezes, à pré-bancarrota, não têm nenhuma bala de prata que nos salve do patente declínio económico, social e moral do país.

Os radicais do arco parlamentar são inúteis

Por outro lado, os partidos do arco parlamentar que são simultaneamente avessos ao exercício do poder executivo —PCP-Verdes e Bloco de Esquerda— jamais poderão protagonizar uma solução governativa, ou mesmo contribuírem para a simples formação de um governo que não nos conduza imediatamente a uma situação grega qualquer!

Precisamos de um novo tipo de sangue partidário

Posto isto, e dada a urgência em que nos encontramos, tenho defendido a necessidade absoluta de renovarmos o panorama partidário, seja pela renovação interna dos partidos representados, seja, sobretudo, pela entrada de sangue novo democrático na Assembleia da República.

Nem a coligação de centro-direita ainda em funções, nem qualquer cenário que envolva o PS e o resto da esquerda burocrática, poderão alterar as condicionalidades impostas pelos credores em resultado da administração desmiolada, perdulária e corrupta que conduziu os portugueses a patamares de endividamento público e privado completamente insustentáveis.

Por outro lado, o populismo intrínseco dos partidos parlamentares que há mais de quatro décadas estão no poder, seja como situação, ou como oposição, ao impedi-los de falar verdade aos portugueses, empurra todos os partidos com assento parlamentar a promover a demagogia, única e exclusivamente em nome da sua própria segurança partidária, isto é, em nome da sobrevivências da nomenclatura partidária, como mais uma burocracia que se confunde dia a dia com o regime neocorporativista que substituiu a ditadura, depois do processo pré-revolucionário, desencadeado pelo golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974, ter estabilizado.

É preciso recuar ao início da guerra colonial para termos uma tão impressionante emigração no nosso país. Este fenómeno, que temos vindo a denunciar desde 2008, não é o resultado das políticas do governo em funções, apesar da falta de jeito de Pedro Passos Coelho a falar destas coisas, mas o resultado de uma irresponsabilidade intolerável de todo o arco parlamentar que tem escrito as leis e governado o país desde que a Constituição que nos rege foi votada, mas nunca referendada.

O governo socialista português, por sua vez, promove sem vergonha a emigração portuguesa para toda a parte, sobretudo para a Europa, e em especial para Espanha, não registando tais movimentos nas suas estatísticas de emigração -- pois sendo livre a circulação de pessoas e bens na União Europeia, não faz formalmente sentido registar os movimentos demográficos internos à comunidade como migrações, ao mesmo tempo que se enganam as estatísticas do desemprego. Et voilá!

— in
O António Maria, Socialistas ibéricos promovem dumping social (2008/05/24)

Se outra razão não houvesse, e há-as em demasia, o modo como a democracia cansada e corrupta, que deixámos medrar em São Bento e em Belém, tratou o povo de onde obteve a delegação de soberania e os proventos, expulsando-o do país, para a outra Europa, melhor organizada e mais justa, ou em direção ao resto do mundo, onde, pelo menos, havia oportunidades de trabalho e investimento, deve levar-nos a dizer basta a quem foi tão incompetente e ávido de mordomias.

Basta reparar como a nossa imprensa tem amordaçado a voz dos novos candidatos parlamentares, e até os pré-candidatos presidenciais que não pertencem à nomenclatura do arco parlamentar. E como levam ao colo António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa nos andores eleitorais da imprensa escrita e audiovisual. Censura desesperada, mas inútil, pois a realidade tende a vencer a corrupção, e as redes sociais estão mais fortes a cada dia que passa.

O nosso olhar continuará a ser um olhar crítico, e por extensão, auto-crítico. Só que desta vez iremos votar, e apelamos ao voto, e recomendamos um voto no Nós, Cidadãos!

Nós, cidadãos, podemos. Basta querer. E desta vez queremos!

quinta-feira, setembro 03, 2015

Foi V. que pediu uma reestruturação da dívida?

AFP PHOTO / ADEK BERRY

Faites vos jeux! O casino não pode parar!

FMI considera que bancos centrais não devem aumentar a taxa de juro
Público, Camilo Soldado, 03/09/2015 - 15:10 

Na antevisão da reunião do G-20 que tem início na sexta-feira em Ancara, Turquia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) instou os bancos centrais das maiores economias do mundo a não aumentar as taxas de juro.

Com o avolumar das preocupações sobre o crescimento da economia mundial, no documento preparatório do encontro do G-20, o fundo defende que o incentivo ao consumo se deve manter, numa alusão à possibilidade de a Reserva Federal norte-americana subir a taxa de juro.

A directora da instituição sedeada em Nova Iorque, Christine Lagarde, já tinha dito no início da semana que o crescimento global deve ser revisto em baixa devido a uma recuperação mais lenta das economias desenvolvidas e a uma desaceleração das economias emergentes.

Ou seja, a diarreia monetária é para continuar, pois só assim se consegue manter os regimes de pé, evitar revoluções clássicas, e, ao mesmo tempo, secar a dívida especulativa dos bancos e sociedades de investimento especulativo em derivados financeiros, a qual tem vindo a ser absorvida pelos bancos centrais... Capiche?

É por isto que o Syriza não singra, e que o nosso Costinha das Avenidas, e a famosa esquerda que não quer governar, vão acabar por levar um banho de água gelada a 4 de setembro.

Foi Você que pediu a reestruturação das dívidas públicas europeias? É já a seguir!

BCE pode comprar mais dívida pública e admite reforçar alívio quantitativo
Jornal de Negócios, 03 Setembro 2015, 15:05 por Nuno Aguiar

Cada leilão de dívida de países da moeda única poderá agora contar com uma presença mais reforçada do Banco Central Europeu (BCE) nessas emissões. Segundo anunciou o presidente do BCE hoje, 3 de Setembro, a percentagem máxima de dívida pública que pode ser comprada aumentou de 25% para 33%, embora seja necessário fazer uma avaliação "caso a caso".

Não precisa, como vê, do António Costa, nem da esquerda desmiolada, para nada.
A diarreia monetária global não se cansa de reestruturar. Os politocratas agradecem, os bancos agradecem, e a austeridade vai continuar, para o resto dos mortais, claro.

“And finally, monsieur, a wafer-thin mint.”


Quem manda, afinal, na ANA Vinci?

Michael O Leary, CEO da Ryanair

Lóbi da Ota em Alcochete à espera de António Costa?


Ryanair diz que é urgente abertura de aeroporto no Montijo

Diário Digital, 2 set 2015, às 11:36, actualizada às 14:36

O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu hoje que é urgente a abertura de um aeroporto complementar no Montijo, acusando a Vinci, gestora dos aeroportos portugueses, de estar a limitar a capacidade de crescimento da companhia.

A Vinci é o quê? Uma empresa privada, ou mais um fundo de investimentos pirata?

Está escrito neste blogue, desde 2006, que Portugal e a cidade-região de Lisboa precisam de uma solução aeroportuária chamada Portela+1, ou seja, Portela+Montijo: um aeroporto, três pistas, duas delas paralelas, servindo as duas margens do grande estuário.

Quer-me parecer que o lóbi do NAL da Ota em Alcochete (financiado pelos 'banksters' dos já desaparecidos BPN e BES) ainda mexe, e espera desesperadamente pelo sargento-ajudante Costa!

É que o buracão criado em compras de terrenos e apostas de casino na Ota, e depois no polígono de Rio Frio, Canha e Alcochete, é bem capaz de estar escondido nos balanços de ambos os covis financeiros, com proteção, ao que parece, do Bloco Central e do senhor Carlos Costa.

Senhora PGR, aqui vai mais uma denúncia para investigar.


Declarações de Michael O. Leary (vídeo)

quarta-feira, setembro 02, 2015

Sondagens e rotativismo

Sondagem da Universidade Católica. Jornal de Negócios

Como evoluíram PS e Coligação nas sondagens dos últimos quatro anos?
Jornal de Negócios. 01 Setembro 2015, 22:00 por Manuel Esteves | mesteves@negocios.pt, Nuno Teixeira - Infografia

O principal partido da oposição enfrenta PSD e CDS coligados. Veja como evoluíram as intenções de voto de um lado e do outro ao longo da legislatura: depois de uma queda acentuada dos partidos da maioria, PS assumiu a liderança mas sem nunca descolar dos seus principais adversários. E há dois anos que pouco ou nada muda neste retrato.

Duas conclusões:
  1. o arco parlamentar deixa de fora mais de 40% dos portugueses, que não vota ou vota nulo ou branco; 
  2. a estabilidade do voto é apenas perturbada por pequenas oscilações entre os partidos do arco da governação, numa lógica rotativista, a qual promove claramente a corrupção da nossa democracia e o seu colapso a prazo.
Na realidade, o Bloco Central faz sempre o mesmo, acomodando a margem económica e financeira que dispõe em cada momento às necessidades de manter o eleitorado agarrado. Mas há um ponto essencial que, por outro lado, explica a persistência e conservadorismo das minorias de esquerda: estas, ao contrário do Bloco Central (PS-PSD-CDS), não têm uma posição clara quanto às garantias da liberdade, nem quanto à inviolabilidade do direito à propriedade privada. 

Ou seja, quem quiser desafiar a hegemonia do Bloco Central tem que começar por garantir programaticamente a defesa intransigente destes dois princípios.

Ao contrario do que diz o preâmbulo da nossa demagógica Constituição, Portugal não caminha para o socialismo, e muito menos para um socialismo financiado pela propriedade pública dos meios de produção resultante da expropriação dos cidadãos.

Tenho, pois, algumas dúvidas sobre a anunciada subida explosiva da votação no PCP.  E creio que, se a abstenção diminuir, os novos votos irão para os novos partidos que se candidatam pela primeira vez.

Por fim, quem deixou de votar no PS, sobretudo quando Sócrates ameaça regressar vestido de António Costa, dificilmente votará no PS a 4 de outubro, e assim sendo, as fugas de votos do Bloco Central (PSD, PS e CDS/PP) tenderão a reforçar os novos partidos e, ainda que marginalmente, o PCP e o Bloco.

domingo, agosto 30, 2015

PS neoliberal

As barragens lançadas por Sócrates-Mexia são um crime

Vem aí outra diarreia neo-keynesiana!


O economista-chefe do Citigroup pensa como o nobel taberneiro Krugman: é preciso inundar o planeta com novos casinos, cheios de fichas para jogar. INFINITO=ZERO !

O PS socratino de António Costa, e os seus lunáticos sábios economistas, são da mesma opinião...

Só que desta vez vão mesmo ter que confiscar tudo o que se puder trincar, por exemplo: o dinheiro físico (através da proibição da circulação de notas e até moedas), o ouro (através do controlo policial dos seus movimentos e depósitos, as nossas jóias incluídas!), as casas, as quintas, os salários e as pensões (sobretudo através da repressão fiscal, que vai aumentar, mesmo que baixem alguns impostos populistas).

O PS, que recomenda a expansão 'temporária' da nossa astronómica dívida, quer dizer, que promete promover, se for governo, a retoma dos negócios da Coelho-Mota-Engil e quejandos, perdão, que promete promover, se for governo, a retoma do investimento público, é, na realidade, a única força neoliberal do nosso espetro político-partidário. É que o liberalismo, tal como o neoliberalismo, nunca deixaram de ser variantes ardilosas de mercantilismo e capitalismo de estado dos que têm dinheiro e poder, contra os que não têm, ou têm menos, dinheiro e poder. Quem iniciou a desregulamentação financeira dos bancos foi um democrata americano chamado Bill Clinton, enquanto fumava charutos cubanos clandestinos bem humedecidos. Capiche?


No período que se seguirá ao fim da Grande Miragem da China, a próxima diarreia financeira destinar-se-à, uma vez mais, a estimular as bolhas especulativas dos degenerados mercados financeiros, alargando ainda mais o fosso entre os super ricos e as classes médias, pagando para tal o preço de continuar a alimentar burros a Pão de Ló, ou seja, as elites burocráticas, de que os partidos do famoso arco da governação são os principais beneficiários. Este é um esquema de rapina da poupança mundial e do valor do trabalho, e em geral de tudo o que é tangível, sem precedentes.

Será que ainda ninguém percebeu esta verdade elementar? Ainda vai votar no PS? Se é de esquerda, ao menos vote no PCP, ou no Bloco!

Citigroup Chief Economist Thinks Only "Helicopter Money" Can Save The World Now
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 08/29/2015 20:00 -0400


Speaking on a panel at the Council of Foreign Relations in New York, Mr Buiter said the dollar will “go through the roof” if the US Federal Reserve lifts interest rates this year, compounding the crisis for emerging markets.

“So why it matters is that the competence of the Chinese authorities as managers of the macro economy is really in question - the messing around with monetary policy, the hinting on doing things on the fiscal side through the policy banks. But I think the only thing that is likely to stop China from going into, I think, recession - which is, you know, 4 percent growth on the official data, the mendacious official data, for a year or so - is a large consumption-oriented fiscal stimulus, funded through the central government and preferably monetized by the People’s Bank of China.

Well, they’re not ready for that yet. Despite, I think, the economy crying out for it, the Chinese leadership is not ready for this.

So I think they will respond, but they will respond too late to avoid a recession, and which is likely to drag the global economy with it down to a global growth rate below 2 percent, which is my definition of a global recession. Not every country needs go into recession. The U.S. might well avoid it. But everybody will be adversely affected.”

sábado, agosto 29, 2015

A Grande Miragem da China








A crowd watched as a building designed by Rem Koolhaas burned in Beijing on Monday, FEB 9, 2009. Credit David Gray/Reuters. The New York Times

China, a terceira maior economia do planeta, depois da UE e dos EUA, chegou a uma encruzilhada


O excesso de reservas cambiais da China, nomeadamente sob a forma de títulos de dívida americana, está a ser aliviado para, com os dólares obtidos na venda dos chamados treasuries, convertidos depois em yuans depreciados, ensopar a gigantesca bolha de endividamento especulativo e deficit spending com que a China pretendeu enganar o abrandamento da economia mundial, mas que acabou por rebentar com estrondo ecuménico na passada segunda-feira—o primeiro Black Monday da bolsa de Xangai. Welcome to crony capitalism!

A China esteve de pernas cortadas no que se refere ao seu crescimento e desenvolvimento enquanto não pôde dispor de petróleo barato. Até 1960, quando finalmente começou a produzir petróleo, a partir das grandes reservas de Daqing, descobertas em 1959, tudo mudou. Pequim deixou de depender de Moscovo e do Ocidente para se abastecer do precioso ouro negro. Foi a descoberta das grandes reservas de petróleo na bacia de Songhua Jiang-Liao —cujo pico de exploração foi, no entanto, atingido em 2014-2015— que viria a pulverizar o comunismo chinês, inventado por Mao Zedong, e tão do agrado de alguns intelectuais sado-masoquistas da Europa. Foi a junção económica entre as reservas próprias de petróleo e as suas formidáveis reservas de mão de obra barata e submissa que levou a China até aos píncaros de 2007. No entanto, a conjunção entre o colapso da procura agregada mundial, pondo fim ao boom das exportações Made in China, a par do fim do petróleo barato chinês, fazendo da China hoje o maior importador de petróleo do planeta, podem transformar 2015 no ano da Grande Miragem da China. Talvez alguns chineses já se tenham apercebido disto mesmo, e por isso começam a voar como as andorinhas em direção ao Ocidente, nomeadamente para Portugal.

À luz desta visão estratégica, eu recomendaria ao Banco de Portugal que forçasse os chineses interessados no Novo Banco a pagar o que inicialmente prometeram, ou até um pouco mais. A Europa é um ativo cada vez mais precioso, ao contrário do que afirma Krugman e outros lunáticos como ele.


POST SCRIPTUM — vale a pena ler o post de Charles Hugh Smith sobre os mitos que o crash chinês desfez...

Here's Why The Markets Have Suddenly Become So Turbulent
A perfect storm of failing trends
by Charles Hugh Smith
Friday, August 28, 2015, 2:28 PM
Peak prosperity

The China Story is Over

And I don’t mean the high growth forever fantasy tale, I mean the entire China narrative is over:

  • That export-dependent China can seamlessly transition to a self-supporting consumer economy.
  • That China can become a value story now that the growth story is done. 
  • That central planning will ably guide the Chinese economy through every rough patch. 
  • That corruption is being excised from the system. 
  • That the asset bubbles inflated by a quadrupling of debt from $7 trillion in 2007 to $28 trillion can all be deflated without harming the wealth effect or future debt expansion. 
  • That development-dependent local governments will effortlessly find new funding sources when land development slows. 
  • That workers displaced by declining exports and automation will quickly find high-paying employment elsewhere in the economy.

I could go on, but you get the point: the entire Story is over.  (I explained why in a previous essay, Is China’s “Black Box” Economy About to Come Apart? )

This is entirely predictable. Every fast-growing economy starting with near-zero debt and huge untapped reserves of cheap labor experiences an explosive rise as the low-hanging fruit is plucked and the same abrupt stall and stagnation when the low-hanging fruit has all been harvested, leaving only the unavoidable results of debt-fueled speculation: an enormous overhang of bad debt, malinvestment (a.k.a. bridges to nowhere and ghost cities) and policies that seemed brilliant in the good old days that are now yielding negative returns.

Quem subsidia o crescimento?


Gas Stealers Beware 1974
David Falconer/National Archives, Records of the Environmental Protection Agency.
Wikipedia

Depois do pico do petróleo barato, o pico da dívida e a fossa da taxa de juros


1970: pico do petróleo nos EUA (aumento exponencial das importações).
1971, 15 de agosto: Nixon decreta o fim da convertibilidade do dólar (1 onça de ouro = 35 USD).
1973, março
: abandono da convenção de Bretton Woods.
1973, outubro: embargo petrolífero decretado pela OPEP.
1974: início do crescimento pela via do consumo, do endividamento, e da criação de moeda virtual.
1988: Basel I (por cada 100USD de depósitos/ empréstimos, os bancos passam a ter em reservas obrigatórias, não 20, mas apenas 8 dólares).
1990: Japão inicia primeira experiência, pós-keynesiana, de monetização especulativa do endividamento público e privado, através da criação monetária virtual, com desvalorizações cambiais agressivas e sucessivas, e destruição paulatina das remuneração do dinheiro (taxas de juro a caminho de -0).
2004: Basel II elimina as exigência de reservas, transferindo a avaliação objetiva da solvência dos bancos para um regime inverificável de avaliação qualitativa, através das famosas agências de notação financeira (rating agencies).
2008: Copiando a receita japonesa da década de 1990, a China começa a expandir a sua base monetária de forma especulativa, através de empréstimos sem retorno a uma economia assente na exportação e atingida pelo colapso do Lehman Brothers .
2009: Reserva Federal (Fed) e Banco de Inglaterra (BoE) começam a imprimir dinheiro virtual. Os Estados Unidos imprimiram 4 biliões de USD, entre 2009 e 2012, à razão de 1 bilião de dólares por ano ($1.000.000.000.000), ou seja, 80 mil milhões por mês.
2015: BCE anuncia a compra de ABS (Asset Back Securities) até ao montante de 60 mil milhões de euros/mês, até, pelo menos, setembro de 2016. Segundo Paul Mason (Postcapitalism, a guide to our future) a expansão da massa monetária virtual, desde 2008, andará pelos 12 biliões de dólares, ou seja, 1/3 do PIB mundial.


Aqui vão alguns gráficos para ajudar alguns dos nossos jornalistas económicos a papaguearem menos a voz do dono, a escreverem menos disparates, e a pensarem com os seus próprios neurónios.

Lição número 1:

—a algazarra entre os partidos da corda, sobre a dívida portuguesa e o défice, não diz respeito às suas diferenças de linguagem e demagogia, mas ao simples facto de a economia ser há muito uma realidade global. Ou seja, a diferença entre votar no PS, ou no PSD, é apenas a diferença entre votar em mais despesa, apesar do descalabro em curso (PS), ou continuar com as barbas de molho até que a tempestade amaine (PSD). 

No entanto, se soubermos combater a cleptocracia indígena (nomeadamente os DDT do Bloco Central da Corrupção), seremos também capazes de preparar o país para se defender, com algumas garantias reforçadas, do dilúvio da dívida onde corremos sérios riscos de nos afogarmos todos. A sorte de José Sócrates e da família Espírito Santo mostra que o perigo chega mesmo a todos!

Os Estados Unidos-Canadá, o Japão e a Europa, a que se juntaram a Austrália, no início da década de 1980, e a China no início da década de 1990 (1), deixaram de poder crescer à custa do resto do planeta, entre outras razões porque os chamados segundo e terceiro mundos acordaram e ganharam garras suficientes para exigirem a sua parte do bolo da distribuição do PIB mundial.

É por causa desta equilibração dos pesos da distribuição da riqueza global, que as bolhas especulativas se formaram tão rapidamente (décadas de 1980, 1990, 2000, 2010, 2020...), o endividamento global disparou (300% do PIB mundial em 2014), e esrtamos todos neste momento a caminho de um buraco negro. Ninguém sabe o que iremos lá encontrar!

Nestas situações históricas, os países mais antigos devem fazer o que os velhos recomendam: cuidados e caldos de galinha.

Os dois gráficos que se seguem são claros sobre a dimensão do monstro que fomos capazes de parir.

That 70s show – episode 4
by Eugen von Böhm-Bawerkon August 28, 2015
4

Source: History of the United States from Colonial times to 1970, Bureau of Economic Analysis, Bawerk.net

...why did debt levels rise so dramatically after the final central bank restraint was removed? It is essentially due to the massive subsidy central bankers provided. If you tax a thing you get less of it (think all the tax on labour) but if you subsidise it you will get more of it. As time went by, debt obviously grew ever larger and eventually large enough to become an integral part of the business cycle. In other words, central banks could not stop the subsidy for fear of creating, well, a 2008 financial meltdown.

So every time spending growth came to a halt, the central banks would step in and lower rates and consequently also debt servicing cost. With more money in consumers’ pockets spending could resume.

As debt continued to grow, debt servicing cost obviously rose along with it, and the high in interest rates could never reach its previous peak before a new slump in spending occurred. In addition, the central banks always had to lower rates to a lower level than in the preceding cycle to reinvigorate spending.

When debt funded spending could not be stimulated even at zero rates the necessary deleveraging started with devastating consequences for global finance, trade and output.

Source: Federal Reserve, Bundesbank, European Central Bank, Bank of England, Bank of Japan, International Monetary Fund, Bawerk.net

NOTAS
  1. A Grande Miragem da China. A China esteve de pernas cortadas no que se refere ao seu crescimento e desenvolvimento enquanto não pôde dispor de petróleo barato. Até 1960, quando finalmente começou a produzir petróleo, a partir das grandes reservas de Daqing, descobertas em 1959, tudo mudou. Pequim deixou de depender de Moscovo e do Ocidente para se abastecer do precioso ouro negro. Foi a descoberta das grandes reservas de petróleo na bacia de Songhua Jiang-Liao —cujo pico de exploração foi, no entanto, atingido em 2014— que viria a pulverizar o comunismo chinês, inventado por Mao Zedong, e tão do agrado de alguns intelectuais sado-masoquistas da Europa. Foi a junção económica entre as reservas próprias de petróleo e as suas formidáveis reservas de mão de obra barata e submissa que levou a China até aos píncaros de 2007. No entanto, a conjunção entre o colapso da procura agregada mundial, pondo fim ao boom das exportações Made in China, a par do fim do petróleo barato chinês, fazendo da China hoje o maior importador de petróleo do planeta, podem transformar 2015 no ano da Grande Miragem da China. Talvez alguns chineses já se tenham apercebido disto mesmo, e por isso começam a voar como as andorinhas em direção ao Ocidente, nomeadamente para Portugal.

DDT é fatal


BES-GES: desde o ‘corte de cabelo’ de Chipre que os ‘investidores’ sabem o que lhes poderá acontecer se não tiverem juízo.


“Neste momento, é difícil alguém avaliar o valor patrimonial das ações do BES porque não há nada definido, mas é seguro dizer que tende para zero” — in Dinheiro Vivo

Os vigaristas do BES/GES terão dito aos seus clientes com poupanças ou endinheirados que, face à ameaça de uma razia nos depósitos acima dos 100 mil euros, em caso de problemas —de qualquer modo, terão assegurado, altamente improváveis num banco tão sólido como o BES, n’est-ce pas senhor Cavaco de Belém, senhor Carlos Costa, e Professor Marcelo?—, o melhor seria colocar o dinheiro em produtos financeiros de retorno garantido, em tudo semelhantes aos depósitos, mas a salvo dos ‘cortes de cabelo’. Foi, não era?

As pessoas têm que se convencer, de uma vez por todas, que os governos e os bancos de hoje, mais os rendeiros e devoristas do regime, e os seus arautos mediáticos, disfarçados de observadores e jornalistas, formam uma aliança de inconscientes, ou malfeitores.

Segurem o dinheiro em bens tangíveis: terras férteis e com água, casas e apartamentos bem localizados nas cidades, ouro, prata, contas em mais de um banco, e maços de notas debaixo do colchão, pelo menos para um ano de despesas!

Os que investiram, especularam, ou simplesmente tentaram proteger as suas poupanças, confiando nos gestores das suas contas e carteiras de títulos, vão ficar a ver navios, ainda por cima gastando mais dinheiro com advogados que prometem o improvável. Estava e está escrito nos documentos oficiais do BCE, porra!

PS: só não percebo como é que o Marcelo Rebelo de Sousa se consegue ver ao espelho de Belém. Bem faria seguir as pisadas de Santana Lopes, não trocando o certo pelo incerto...

Corrupção: o nosso maior inimigo

Hamid Karzai, um dos cleptocratas aliados dos Estados Unidos.
in The Guardian

Precisamos de uma frente política contra o flagelo da corrupção


Thieves of State—Why Corruption Threatens Global Secutity (2015), de Sarah Chayes [Amazon] é um livro muito bem escrito, vivo, sobre a natureza e proliferação recente dos estados falhados, e sobre o modo como se transformaram nos principais enzimas do terrorismo dos últimos vinte anos, de que a crise de migrantes que aflige neste momento a Europa é ainda uma consequência direta.

A corrupção extrema, sistémica, que contaminou boa parte dos países produtores de petróleo e matérias primas críticas, ou de mão de obra quase escrava, no Médio Oriente, África, Ásia e América Latina, ou que se encontram nas rotas de passagem destes bens essenciais, é, segundo Sarah Chayes, a principal causa do radicalismo, extremismo e fundamentalismo religioso que neste momento alastra a uma velocidade impressionante.

É importante notar que esta degenerescência tem origem no Ocidente europeu e norte-americano.

No fundo, o velho colonialismo deu lugar a uma nova e mais destruidora colonização de vastos territórios do planeta, de que as cleptocracias extrativas violentas de países como o Afeganistão, Tunísia, Egito, Argélia, Nigéria, Uzbequistão, ou Marrocos, são exemplos escalpelizados por Sarah Chayes.

O livro não trata da corrupção nas Américas, ou na Europa, mas sabemos hoje que o fenómeno da corrupção e da captura dos países mais desenvolvidos por elites corruptas, gananciosas e descaradas, é cada vez mais preocupante. O livro de Sarah Chayes não deixa, neste ponto, de ser esclarecedor, na medida em que ao explicar os principais mecanismos da corrupção que envolvem governos, burocracias e redes criminosas multifacetadas, deixa entrever muito do que sabemos acontecer, por exemplo, em Portugal.

Por este livro ficamos a saber como a corrupção é sobretudo instrumental, e arma privilegiada do cada vez mais decadente e perigoso imperialismo americano, mas também das degeneradas, populistas e corruptas democracias de tantos países. Quanto mais insustentável se revela o paradigma de desenvolvimento especulativo estabelecido ao longo dos últimos trinta anos, no Japão, Estados Unidos e Europa, de que as crises orçamentais, o endividamento e a promiscuidade total entre bancos e governos, são as evidências que se agravam a cada repetição, mais se agrava a tendência para o estabelecimento de redes de corrupção sistémica.

Assim sendo, o combate à corrupção é hoje a prioridade das prioridades. Justifica mesmo a criação de uma frente ampla de cidadania para a denunciar, analisar e derrotar. Se continuarmos a fechar os olhos a este problema, mais nos aproximaremos do plano inclinado que conduziu dezenas de povos e países para a condição de estados falhados dominados por elites criminosas que acabarão destruídas pela insurreição dos povos que ofendem, ou pelos seus próprios aliados estratégicos de circunstância.