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terça-feira, agosto 07, 2018

Portugal no fim da linha


O populismo não é uma alternativa à falência


ALFA PENDULAR — Calor leva a desmaios no Alfa Pendular e atrasos nos comboios 
TSF, 05 de agosto de 2018 - 00:24

Desta vez houve passageiros que desmaiaram. Um dia morrerá algum :(

O preço desta Geringonça que não anda de comboio, nem de Metro, será pesado.

O imparável fiasco SIRESP não augura nada de bom, como se pode perceber da leitura do texto meticuloso de Joaquim Miranda Sarmento, no ECO.

Quem compra votos a curto prazo, pagando salários imprudentes e empregando mais gente do que pode, acabará por empurrar o país para o desassossego, e para uma ditadura qualquer.

A erosão do capital público e privado corrói a estrutura do país por dentro. Quando dermos por ela, poderá ser tarde demais. Um dias destes, sem aviso, implodiremos como aqueles buracos que abrem depois de fortes chuvadas no alcatrão, engolindo tudo o que vier na sua direção.

Parafraseando um comentário que recebi na minha caixa de correio a propósito do colapso da CP, patente na interrupção do serviço Alfa motivada por avarias sucessivas no ar condicionado:

— se já perdemos, a banca para os espanhóis (Santander, CaixaBank), a eletricidade para os chineses da China Three Georges Corporation e da State Grid Corporation of China, 22,5% da Galp Gás Natural Distribuição para os japoneses da Marubeni associados à Toho Gas, 8 concessionárias e 3 parcerias público-privadas institucionalizadas no setor das águas, para os japoneses da Innovation Network Corporation of Japan, os aeroportos para os franceses da Vinci, os portos para os turcos da YILPORT, salvo o terminal de Sines, explorado pelo gigante de Singapura PSA International, a CP Carga, hoje Medway, para os suíços da MSC, e até a Casa Ramos Pinto integra hoje a francesa Champagne Louis Roederer, qual é o problema de termos a ferrovia de passageiros nas unhas de espanhois, franceses, ou alemães, se o serviço melhorar e o negócio prosperar?

Se dependesse de mim a decisão, convidaria de imediato os japoneses para tomarem conta do transporte ferroviário de passageiros no nosso país, dando obviamente prioridade aos eixos Valência do Minho-Vila Real de Santo António e Lisboa-Madrid.

Quanto mais os demagogos da esquerda falam de nacionalizações, empresas públicas, reversões das medidas da Troika, estado social e, em geral, de uma bebedeira de direitos no preciso momento em que deixou de haver recursos para os alimentar, mais o país real se vê confrontado com a perda dramática do seu património económico acumulado ao longo de décadas ou séculos, e se atola no pântano de dívidas criminosamente geradas e estimuladas por bancos e governos indígenas—de onde não é capaz de sair.

O abandono orçamental das nossas infraestruturas estratégicas, em nome das cada vez mais magras colheitas eleitorais, é um crime que vamos pagar muito caro. E até lá — nunca antes de 2030— de uma coisa estou certo: não haverá renovação estratégica, material e operacional na nossa rede ferroviária, nem um novo aeroporto de raíz em Lisboa (Rio Frio) sem investimento planeado, verdadeira dimensão económico-financeira e know how—tudo o que estruturalmente falta à nossa burguesia, e ao nosso Estado. Sem uma nova vaga de investimentos estrangeiros no nosso país, com repercussões culturais profundas no tecido laboral português, partes significativas da nossa base de convivência social começará a ruir.


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sábado, junho 16, 2018

Marcelo fora de prazo?

John Collier - Priestess of Delphi (1890).
Art Gallery of South Australia (in Wikipedia)

O Oráculo de Belém fez ouvir a sua voz. Mas que disse, afinal, a nossa irrequieta Pitonisa?


“Até ao fim da próxima legislatura se perceberá se somos ou não capazes de corrigir as assimetrias existentes, de ultrapassar as desigualdades que teimam em permanecer. É pois um desafio que começa na ponta final desta legislatura e que se prolonga para a próxima. Se formos capazes de fazer reviver até 2023 o que importa que reviva, Portugal será diferente. Se não formos capazes perdemos uma oportunidade histórica e condenamos alguns portugáis a serem muito ignorados, muito esquecidos, muito menosprezados e isso significa que falhámos como país.” 
Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.


Que significa este discurso? Parece uma Pitonisa a orar sob a influência do que resta dos fumos assassinos de Pedrógão Grande. Parece, à partida, que dá de barato outro governo de António Costa, um governo desmamado das esquerdas, pois não haverá então ideologia que salve as asneiras da próxima Geringonça. Parece também que, se a próxima Geringonça falhar, tal como tem vindo a falhar até hoje em tudo que dependa da sua ideologia e ambições desencontradas, deixará de haver alternativa democrática à prova real da incompetência e ausência de utopia demonstradas pelo PS, PCP e Bloco. É isto, Senhor Presidente?! Se é, temo bem que o seu mandato, Senhor Presidente, tenha azedado antes do prazo de validade.

Para já, o Oráculo de Belém acaba de abençoar um estado de otimismo que soa cada vez mais a falso, dando a entender que o destino do pitão que nele neste momento habita será o mesmo da Nau Catrineta de António Costa: uma viagem cheia de perigos e sacrifícios, mas que pode chegar a bom porto. E se não chegar? Se a nau for, afinal, uma jangada sem destino destinada a estatelar-se contra o rochedo da realidade numa noite de tempestade financeira, que fará Marcelo?

segunda-feira, maio 07, 2018

O póker de Marcelo

Ernest Mandel, enquanto jovem trotskysta

Espada de Dâmocles ou Póker?


“Já sabíamos que a negociação do Orçamento do Estado para 2019 ia ser mais complexa do que a do ano anterior. A minha prevenção sobre eleitoralismos também tinha a ver com isso. É que é inevitável estar presente na cabeça de quem vai votar que é o Orçamento do ano eleitoral. Continuo a considerar fundamental que o OE seja aprovado. E é tão fundamental para mim que uma não aprovação do OE me levaria a pensar duas vezes relativamente ao que considero essencial para o país, que é que a legislatura seja cumprida até ao fim”— Observador.

Um orçamento de estado do PS aprovado por Rui Rio é uma extravagância impensável.

Se viesse a ter lugar, implicaria uma rápida metamorfose do atual regime partidário e a emergência de algo cujos contornos não consigo antever. Ou seja, Marcelo não acredita nesta hipótese. Logo, está a dizer ao PCP que tem que aprovar o OE2019, se não...

Não se sabe se o PCP irá acolher esta aposta presidencial, engolindo sem uma negociação séria o Orçamento de 2019, cavando desta forma a sua sepultura eleitoral, ou se, pelo contrário, preferirá ir a jogo, deixando cair a Geringonça em nome do que chama uma política de esquerda. Perderia talvez menos, do que deixar-se ludibriar pelo entrismo a céu aberto dos trotskistas. O cálculo não é, porém, fácil.

A trajetória do Conselheiro de Estado trotskysta é antiga e não muda: forçar o PS a regressar aos bancos da escola marxista para cumprir o que promete: uma sociedade socialista. Será que as ilusões de Ernest Mandel (1), o alemão que revitalizou a discussão marxista sobre a revolução socialista no pós-Maio de 1968, pairam ainda sobre a cabeça de Francisco Louçã? Não sei. A antiga LCI—Liga Comunista Internacionalista transformou-se em PSR—Partido Socialista Revolucionário em 1978. Em 2004, para melhor se acomodar a uma nova realidade chamada Bloco de Esquerda, passou à categoria de associação (a APSR), a qual viria por sua vez a ser extindta em 2013, com a total imersão dos trotskystas portugueses na nova força partidária, cujo programa parece bem menos radical do que o da própria Constituição Portuguesa! (2)

O oportunismo pós-revolucionário da extrema esquerda portuguesa caracteriza-se hoje por um único objetivo: entrar e permanecer na esfera do poder. Todos os seus principais protagonistas optaram por táticas reformistas e eleitorais. O objetivo é evidente: conquistar as novas sensibilidades culturais e a classe média educada. Imaginam, imagino eu, que o fim do trabalho, nomeadamente através da sua desqualificação competitiva (deskilling), da precariedade laboral, e do empobrecimento do estado social, acabará por gerar as condições objetivas para uma nova rebelião das massas, que os iluminados marxistas, hoje vestidos de bloquistas, de comentadores televisivos e de deputados, irão então conduzir numa derradeira e heróica procura de “alternativas ao capitalismo”.

A rebelião contra o fim da prosperidade tecnológica alimentada com energias baratas, abundância de recursos naturais e capital intensivo, já começou. Duvido, porém, que venha a ser cavalgada por uma qualquer nova vanguarda marxista-leninista do proletariado, assumida, ou clandestina. A Rússia já não é marxista, apesar de continuar a ser a besta negra do Ocidente, a China também despiu a casaca marxista-leninista-maoista assim que viu o petróleo jorrar em Daqing, libertando-se só então da dependência do petróleo soviético, e quanto ao socialismo venezuelano, sem petróleo caro, deu na desgraça que todos conhecemos.

Ajudar o PS a manter o poder sem cair nas tentações mais óbvias do capitalismo—lucros obscenos, crescimento a qualquer preço, e corrupção—é, por assim dizer, o programa mínimo dos sobreviventes do maniqueísmo jacobino. Talvez seja uma condição necessária para evitar o pior, mas é claramente insuficiente. Falta imaginação e estudo ao Bloco de Esquerda.

Parece-me hoje evidente (e a Marcelo, pelos vistos, também) que a maioria absoluta de António Costa não passa de uma miragem. Ainda bem! Mas que virá depois? Uma nova geringonça, na forma de uma coligação PS-BE, deixando ao PCP uma derradeira janela de oportunidade para se renovar? Ou teremos novo governo minoritário do PS, sem apoios garantidos, nem à esquerda, nem à direita?

Dizem que António Costa é um político muito hábil. Estamos em pulgas para o reconhecer!


NOTAS

1. Leia-se esta interessante biografia crítica sobre o famoso trostskysta de Bruxelas, nascido em Frankfurt: “Ernest Mandel : un marxiste hétérodoxe dans les années 1960”, par Mateo Alaluf. Prof. émérite, Université Libre de Bruxelles. Communication au Forum international du 20-22 mai 2015 – Lausanne. « Le troisième âge du capitalisme, sa physionomie socio-politique à l’orée du XXI è siècle. » E ainda o Discours d’Ernest Mandel à Lisbonne, proferido na Voz do Operário, a 19 de maio de 1974.

2. Do Programa do Bloco de Esquerda

O Bloco de Esquerda defende [...] a perspetiva do socialismo como expressão da luta emancipatória da Humanidade contra a exploração e opressão.

Da Constituição da República Portuguesa

A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de [...] abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.

sábado, abril 07, 2018

Ruído da semana



Corruptos de todo o mundo, ponham as barbas de molho!


Tiradas populistas de Lula da Silva antes da prisão:
“Eu não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia”. 
“Os poderosos podem matar 1, 2 ou 3 rosas, mas não vão poder impedir a chegada da Primavera”. 
“Eu não os perdoo por ter passado para a sociedade de que eu sou um ladrão”. 
“Nenhum deles tem coragem ou dorme com a consciência tranquila, com a honestidade e inocência, como eu durmo.” 
“Aqui está um cidadão que já esteve preso, mas nenhuma prisão prende a mente e os ideais de uma cidadão”. 
“Eu vou sair dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente, porque eu quero provar que eles cometeram um crime de perseguir um homem que tem 50 anos de história politica”.

Arquivamento 


Estes gajos, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, não inventaram um banco em Cabo Verde, que só existiu num laptop? Gente criativa é assim, demasiado esperta e escorregadia para as ferramentas primitivas do Mistério Público Português. A acumulação primitiva pós-ditadura deu nisto: uma turma de cleptocratas vindos da província que nem Eça conseguiu imaginar tão longe.

Austeridade


Como disse, mais de uma vez, no desaparecido programa Política Sueca (RTP3), e as mais recentes contas do atento blogue Dívida Pública confirmam, “a austeridade continua, traduzida na forma de um aumento da cobrança fiscal de 6,3%.”

Se há menos pessoas a trabalhar relativamente à crescente população jubilada que aufere pensões de reforma, e quem trabalha, ganha cada vez menos (uma tendência estrutural difícil de contrariar), o resultado é simples de imaginar: o Estado Social terá forçosamente que encolher—nas pensões, mas também na chamada despesa discricionária, a começar... pela Cultura. Chame-se-lhe austeridade, de direita, ou de esquerda, tanto faz. Veio para ficar. O que precisamos, pois, é discutir um novo modelo social de produção, rendimento e solidariedade. Sem os fantasmas do Manifesto do Partido Comunista.

A Mota-Engil vendeu a Autoestrada da Beira Interior, vendeu os portos, vendeu as pontes, e continua pressionando os partidocratas para que lhe dêm uma nova ponte sobre o Tejo, e um novo aeroporto na Margem Sul, de preferência uma cidade aeroportuária inteirinha, como advogou o adiantado mental Mateus. Para recuperar? Não, para aumentar o buraco negro!

A falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

O sistema de imparidades sistémicas instalado no nosso país é, na realidade, o resultado de uma espécie de capitalismo de estado (desenhado à esquerda) sem proletários (como na China), nem riquezas naturais (como na Arábia Saudita) para explorar. Ou seja, é um embuste que faliu o país durante gerações, mas mantém a salvo uma elite corrupta de partidocrats e rentistas, amparada por uma massa mole de funcionários e burocratas que, para mal dos embusteiros, empobrece, sem remédio, a cada dia que passa.

Catalunha


Seria um péssimo precedente considerar rebelião e crime o desejo de levar a cabo um processo referendário com vista à independência de uma das nações espanholas. Não foi a Alemanha o primeiro país do mundo a reconhecer a declaração unilateral de independência do Kosovo, em 2008? Não se autoproclamou em 2014 a República da Crimeia na sequência de um referendo? Não houve em 2014 um referendo na Escócia para a sua independência, que viria a ser derrotado? Não está em curso o Brexit? Não quer a União Europeia uma Europa das Regiões? Claro que estes processos podem redundar em guerras nacionais, ou civis (Independência ou Morte! - quem não conhece esta consigna), e assim tem sido ao longo História. Mas se, no caso da Catalunha, a população vota, ou quer votar, onde está o crime?

Não há lógica na decisão dos tribunais espanhóis. Se Puigdemont e os presos políticos que a Monarquia espanhola detem nas suas cadeias são culpados de promover uma rebelião, então a mesma acusação teria que recair sobre todos os que votaram pela independência da Catalunha. E sobre esses dois milhões de catalães haveria, seguindo a mesma lógica dos juízes espanhóis, que emitir mandatos de prisão e captura, não é verdade?

Todas as ditaduras em todos os tempos trataram as dissidências políticas como questões jurídicas, de infração às leis, e/ou às constituições, como estratagema para impor a discricionaridade que as caracterizam. A extradição de Puigdemont abrirá um precendente gravíssimo na União Europeia, deitando por terra os principais ideias de liberdade, autonomia e democracia que nos tem acompanhado desde a Revolução Francesa. A acusação de corrupção lançada sobre Puigdemont, até pode ser verdade, mas não é o que está em jogo na magna questão de haver ou não um estado federal, ou até uma união de estados no que ainda é a velha e autoritária Espanha católica de Fernando e Isabel. Francisco Franco Bahamonde (logo um galego!) foi apenas a face mais recente e brutal desta incapacidade de as Espanhas regressarem a um saudável e policêntrico federalismo. O centralisno constitucional imposto por Napoleão é uma cruz de que os meus queridos amigos espanhóis têm que se livrar quanto antes.

Menos mal que os tribunais alemães desconsideraram a tese absurda da rebelião. Entretanto, na Casa Real, rainha e ex-rainha não se entendem.

Comunistas


Marxistas do Sétimo Dia. Uma seita mundial cujos resultados no terreno provocaram sempre violência inaudita, ditaduras nada recomendáveis, e fracos, ou mesmo desastrosos, resultados económicos, sociais e culturais.

O dilema do PCP e do Bloco é este: só sobrevivem se se mantiverem na esfera do poder, mas para tal terão que tragar elefantes, girafas e crocodilos sempre que for preciso. O declínio eleitoral destes dois cadáveres adiados do marxismo-leninismo é uma questão de tempo. De pouco tempo.

Quando a fé é muita, a realidade não passa duma sombra. Daí a obscuridade pós-revolucionária em que ainda vivem tantos portugueses, pastoreados pelos vendilhões do templo m-l. Os que não têm fé nos Amanhãs Que Cantam, escrevem, ou emigram.

Catarina quer ser eixo da Geringonça. Mas já é, e com que resultados! Qual Eva tentada pelo Pecado (do poder), mordeu a maçã, e agora não lhe resta outra história que não seja a de ser expulsa do Paraíso, tornando-se uma vulgar mortal.

Notícia do Observador: “Parlamento decide voltar a abrir concurso para todos os professores dos quadros”. Afinal PCP, BE, PSD e CDS também fazem geringonças, quando lhes convém, claro.

Vivemos numa República Desmiolada de Sovietes Populistas!

Cultura


Não há caroço. Há austeridade. De esquerda, é certo, mas austeridade. E o pior é que os artistas mais jovens começam a ver os artistas mais velhos (sobretudo nos condados do Teatro, da Dança e do Cinema), não como exemplos a emular, mas como empecilhos. E o grande problema tem sido este: transformar artistas em funcionários públicos não passa de uma péssima ideia!

Ilha ferroviária


Enquanto por cá os políticos continuam a pastorear o rebanho, entretendo-o com as aflições dos artistas oficiais do Estado, em Espanha a ferrovia avança.

Combóios a Diesel e TIR formam a rede de transportres favorecida pelos DDT indígenas. Que futuro para estas opções numa Europa preparada para lançar-se na transição energética? A paisagem bovina local continua pasmada com o futebol!

04/04/2018) Del presupuesto global del Ministerio de Fomento para 2018, que asciende a 17.466 millones de euros, 8.908 se destinarán a inversiones, con una clara apuesta por el ferrocarril, al que se destinarán 4.301 millones. Esta cifra representa 877,6 millones más respecto a las inversiones ferroviarias del ejercicio anterior –en el que la inversión en el sector ascendió a 3.423,4 millones-, un 25,6 por ciento más.

Low Cost, até quando?


Há uma solução simples para a Ryanair: deixar de contratar portugueses. É isto que o Bloco quer? Estas esquerdas avariadas adoram falir empresas e países, para depois reclamarem a intervenção do Estado. Quando é que aprendem? Não lhes chega o exemplo recente da Venezuela? Até quando é que vamos continuar a alimentar o buraco da tecnicamente falida TAP? Porque será que não há compressas nos hospitais (públicos), nem papel higiénico nas escolas (públicas)?

Rentistas, Capitalismo de Estado, ou Cleptocracia?


Em 2017 consumimos menos energia elétrica do que em 2007. As taxas sobre o consumo, essas dispararam de 500 milhões/ano para os 2500 milhões de euros anuais. Metade da conta da nossa luz são taxas CIEG, que nada têm a ver com a produção e distribuição de energia elétrica. Consumo total de electricidade em 2017, segundo a REN, foi 49,638 GWh. Em 2007, foi de 50,059 GWh. Se vivêssemos em capitalismo neoliberal, como dizem, as faturas da luz tinham descido, e não subido, pois é a procura, e não a falta dela, que faz subir os preços!

Mexia ganhou mais dois anos na EDP. Foi o que resultou do braço de ferro entre Costa e o Governo de Pequim. Chama-se a isto salvar as faces de um (Costa) e de outro (Xi Jinping). Afinal, quem tem a massa manda. Entretanto, a preparar a transição e a vigiar Mexia, um comissário político cor-de-rosa: Luís Amado. Fraca escolha, a avaliar pelo passado da criatura no Banif!

Silvano é um boy da EDP. O mesmo que vendeu o vale do Tua à energética chinesa dirigida pelo cabotino Mexia, num negócio de barragens inúteis onde pontuaram o ido José Sócrates e o senhor Pinho do BES. Pobre PSD!

Skripal


A história do envenenamento do ex-espião duplo Skripal e da sua filha faz-me sempre lembrar a da morte misteriosa do cientista britânico (David Kelly) que denunciou o embuste das armas de destruição maciça no Iraque.

Um liceu e dois professores


Tive dois professores no Liceu D. Manuel II em 1966-67 que seguramente marcaram o meu sentido crítico: um foi Óscar Lopes (1917-2013), professor de Português e Literatura; o outro foi o Padre Mário de Oliveira, professor do que então se chamava Religião e Moral. A minha crise religiosa viria mais tarde, em 1968. As discussões teológicas de que me lembro, com professores de Filosofia e Religião e Moral, ocorreriam só em 1969-70. Soube hoje do lançamento dum novo livro da autoria de Mário de Oliveira, o célebre Padre Mário da Lixa, Evangelho no Pretório. Irei certamente espreitar este Evangelho depois de Saramago. Mas, coisa curiosa, Óscar Lopes tornou-se uma referência lendária na minha formação, mas o Mário de Oliveira, não. Não me lembro, pura e simplesmente, dele. Ainda hei-de descobrir porquê.

Salazar


Salazar deixava passar alguma luz através das malhas apertadas da Censura. Mas da autocensura é mais difícil escapar, pois esta funciona à semelhança dos buracos negros.

Baile digital


O Senhor Robot, dança?
Sim, mas não sou feliz.

segunda-feira, março 26, 2018

Geringonça de Orwell?

SATA International, Airbus A310-325/ET, Lajes, Terceira, novembro 2009.
Foto @ Paulo Santos

Um Governo de aldrabões


A cleptocracia lusitana parece gozar da proteção de todo o sistema partidário. Temos, assim, um país visceralmente falido e corrupto que se entrega de mão beijada aos estrangeiros de ano para ano. Um dia destes haverá rebelião, ou mesmo um novo golpe de estado militar em Portugal. A paz podre em que estamos só depende, neste momento, da União Europeia. Se esta colapsar perante as pressões nacionalistas, regionais e imperiais que voltam a fervilhar um pouco por todo a Europa, Médio Oriente, Eurásia e no Pacífico, estaremos em breve a um passo de perder, pela segunda vez na nossa História, a independência. É para isto que nos temos que preparar. Escolher entre bons e maus ladrões não resolve nada.


SATA à venda


Entre 2007 e 2015, durante a governação cor-de-rosa de José Sócrates, a dívida da SATA passou de 5 para 250 milhões de euros. Basta escrever SATA na janela de pesquisa deste blogue para constatar desde quando vimos avisando para o que aí vinha.

sábado, dezembro 30, 2017

Geringonça 2018


De pedra e cal?


Défice em novembro: 2,4%. Mesmo que venha a ficar nos 2%, estará ainda acima do défice previsto para a Zona Euro: 1,5%.

# Convergência? Népias!




source: tradingeconomics.com


Quanto ao crescimento, a comparação também não é assim tão risonha quanto a propaganda costista quer fazer-nos crer:

A previsão para o ano 2017, plasmada no Trading Economics, é a seguinte:
  • Portugal (2,4%)
  • Zona Euro (2,6%)

# Convergência? Népias!

Basta reparar no crescimento dos países abaixo listados, nomeadamente da Espanha, Irlanda e Polónia, para desvalorizarmos a entorse informativa da imprensa comprometida com a Geringonça, suas agências de comunicação, e seus duvidosos institutos de sondagens, sobre a excelência intrínseca da troika frente-populista pós-moderna que temos, e a genialidade do senhor Centeno.
  • Alemanha (2,8%)
  • Suécia (2,9%)
  • Holanda (3%)
  • Finlândia (3%)
  • Espanha (3,1%)
  • Áustria (3,2%)
  • Noruega (3,2%)
  • Polónia (4,9%)
  • Vietname (7,65%)
  • Irlanda (10,5%)
  • Turquia (11,1%)

Os ventos favoráveis da conjuntura internacional determinaram os resultados sofríveis da coligação envergonhada das esquerdas. A conjuntura internacional (políticas monetárias dos bancos centrais e petróleo abaixo dos $60/b), o turismo, o saque fiscal e a teta do BCE foram os principais fatores da melhoria do saldo entre despesas e receitas.

Menos impostos para todos, e menos segmentação da carga fiscal ao serviço do populismo reinante e das borlas especiais para os rendeiros e partidos do costume, teriam dado resultados bem mais satisfatórios, e sobretudo consistentes e duradouros. Basta olhar para pequenos países como a Irlanda, a Holanda, ou a Áustria, para se constatar o óbvio: a canga burocrático-partidária portuguesa impede o país de sair da cepa torta.

# Em  2018 não se esperam alterações bruscas na tendência apesar de tudo positiva de 2017 *

  • O petróleo de Brent andará em média, em 2018, pelos $64/b, em vez dos $54,8/b (2017)*.
  • O BCE deverá travar qualquer subida empinada das taxas de juro de referência.
  • Os técnicos de Bruxelas e as agências de notação financeira continuarão de olho nas contas públicas dos países da UE e em particular da Zona Euro, impondo assim balizas claras aos devaneios populistas do PCP e do Bloco.

# Resumindo: a Geringonça vai perdurar por mais algum tempo, a menos que estoure alguma guerra nuclear pelo caminho, ou que os portugueses emigrem menos e resolvam desparasitar o país.

NOTA: esta previsão talvez se venha a revelar demasiado otimista. Na realidade, a subida consistente dos preços do petróleo, agarrada por sua vez à depreciação do USD, parece apontar para um preço médio do crude de Brent, em 2018, na ordem dos $64/b. É bom para Angola e Venezuela, mas mau para as nossas exportações e importações, que ficam mais caras. O impacto da subida do petróleo na nossa dívida e nosso défice é, por outro lado, muito significativo.

Atualizado em 5/1/2018, 20:33 WET

segunda-feira, novembro 13, 2017

É a Europa, estúpido!

Clique para ampliar

Se não lhe aconteceu nada até agora, depois de tanta destruição e morte...


Europe is no longer the sick man of the world economy — Jana Randow, Bloomberg.

António Costa faz-me lembrar cada vez mais o Obélix. Caiu no caldeirão da viragem do ciclo económico-financeiro e, assim sendo, só será eleitoralmente afastado quando o ciclo virar, ou por causas extra-políticas.

A Geringonça está para durar, porque, pura e simplesmente, esta nada fará para deixar cair a Frente Popular do Cinismo que alegremente é.

No entanto, como aquilo que continua no horizonte global é um processo de monetização das dívidas, expansão monetária, destruição das classes médias e colapso programado do estado social, bastará uma nova crise financeira global para que este cenário otimista vire. Para já, o cenário sorri à Geringonça mas não é a Geringonça que tem razão, não são as esquerdas que são sábias e justas, é a economia europeia, estúpido!

Não confundamos, pois, as botas comunistas na rua, e a sua ortodoxia renovada a cheirar a esturro, nem os sarilhos conjugais entre Belém e São Bento, com verdadeiros sinais de crise. Os ciclos políticos indígenas estão intimamente dependentes dos ciclos económico-financeiros mundiais e europeus. Desde 2014 que fomos saindo da austeridade extrema para uma austeridade mais suave, ainda que com consequências graves nalgumas infraestruturas e funções públicas (sobretudo visíveis na Saúde e na Proteção Civil). Os decibeis derivam, em suma, da disputa por um bolo orçamental que subitamente cresceu, e do facto de o BCE nos levar ao colo e de biberão, afastando assim o perigo de um novo default.

Os perigos associados à dívida pública, à falta de produtividade (resultante mais do excesso de burocracia, do que da falta de repressão salarial), ao elefantismo estatal, e ao neocorporativismo, são reais. Mas, felizmente e infelizmente, o controlo de danos tem estado e continuará cada vez mais a estar nas mãos de Bruxelas e da nova economia global que tem vindo a substituir segmentos inteiros e fileiras sucessivas do nosso sistema financeiro, da nossa economia, e do nosso emprego.

Talvez seja a perceção disto mesmo que leva Santana Lopes a disputar a liderança do PSD, não para derrotar António Costa, mas para suceder a Marcelo Rebelo de Sousa.

quarta-feira, outubro 11, 2017

Santana: "Alea jacta est"


O rio que Santana acaba de atravessar é um mero fio de água em plena seca. O Rubicão chama-se Costa.

“Hoje é um dia de boas notícias, Portugal ganhou e eu sou candidato à liderança do PPD/PSD” - RTP

Mete cada vez mais dó a promiscuidade entre os partidos da governança e os meios de comunicação tradicionais. Dito isto, Santana é o populista que o populista Costa, e a populista Geringonça, merecem.

Com o bloco das esquerdas a esboroar-se, o PS bem pode começar a pensar num sucessor de António Costa, menos populista, e disposto a jogar ao centro, porque a bipolarização esquerda-direita introduzida no país pelo segundo primeiro ministro que não ganhou umas eleições (o primeiro foi, precisamente Santana Lopes), revelou-se, como sempre afirmei, uma ideia perigosa e um populismo que poderá sair muito caro às esquerdas de cujas cavernas ideológicas sairam as sombras animadas do estalinismo, do maoismo e do trotsquismo, na forma caricata de uma Frente popular pós-moderna.

Nas próximas eleições legislativas, que poderão chegar mais cedo do que o cada vez menos seguro presidente Marcelo quer, António Costa e Pedro Santana Lopes irão procurar a legitimidade democrática plena que o primeiro não tem, e que o segundo não teve. Vamos, portanto, assistir a uma espécie de relegitimação épica do regime constitucional que temos.

Se Santana ganhar as diretas do PPD-PSD, como espero e desejo, pois abomino líderes políticos que desprezam as artes, o tempo para mostrar uma alternativa à Geringonça será porventura escasso. Talvez por isso, quase apresentou ontem na SICN um programa de governo!

As últimas eleições mostraram, uma vez passada a poeira da manipulação partidária montada pelo PS e pelos os loosers proverbiais do PSD, com a ajuda terceiro-mundista das agências de comunicação e da imprensa indigente que temos, o que já sabíamos: Portugal não é sociologicamente de esquerda. E mesmo o eleitorado jovem do envelhecido PCP, assustado com o aventureirismo sindical dos velhos caciques estalinistas do Partido (evidenciado de forma gritante na greve que ditaram na Autoeuropa) guinaram em direção à razoabilidade e à prudência.

Resta saber como irão evoluir Lisboa e Porto na nova dinâmica eleitoral saída das eleições autárquicas, onde os independentes não só não se esfumaram, como ganharam força e futuro.

Assunção Cristas é uma game-changer, como finalmente se percebeu. O PS perdeu a maioria na capital, e não ganhou ao independente Rui Moreira, mesmo manipulando sondagens à boca das urnas. Continuo a não saber o que é que o PS ganhou nestas Autárquicas!

Pedro Santana Lopes não deveria, em minha opinião, desgastar-se numa qualquer luta com Assunção Cristas, porque perderá sempre para a jovem líder. Mas deve, em minha opinião, conquistar o coração do Norte, pois é a norte que o futuro deste país tem as principais bases de sustentação económica efetiva. Um país sobre-endividado como o nosso não poderá manter por muito mais tempo uma economia virtual e burocrática paga pelo BCE e por uma espécie de fascismo fiscal.

Os estímulos do BCE vão retirar-se de cena, mais dia menos dia, e os juros do BCE vão começar a subir paulatinamente até aos 4%. Só falta saber se estes dois fatores de reversão do keynesanismo financeiro vigente ocorrrá até às próximas legislativas, ou depois de 2019.

António Costa está, por fim, entalado, ou seja, guinar a sua política de alianças à direita deixou de ser um cenário credível. Estará, afinal, de ontem em diante, cada vez mais prisioneiro do PCP e do Bloco. O que não deixa de ser uma ironia, pois quem meteu comunistas, maoistas e trotsquistas no bolso, começa agora a entrar nos bolsos destas sombras do marxismo.

Sabem o que é uma Garrafa de Klein? Foi no que a Geringonça se transformou. Só partindo-a o enguiço se desfaz.

sexta-feira, outubro 06, 2017

A morte do PCP

Há uma vertente obviamente religiosa no PCP

Passos Coelho soube gerir a favor do PSD a derrota eleitoral em Lisboa. Jerónimo e a gerontocracia comunista ainda não acordaram.


Na realidade, estas eleições autárquicas assinalam o primeiro dia do resto da vida do PCP, que nunca mais será a mesma.

O declínio sindical e autárquico dos herdeiros de Cunhal é visível há já alguns anos. Basta reparar nas percentagens eleitorais que deslizam de forma consistente, basta observar a perda de sindicalizados na CGTP, basta analisar a ilegitimidade e mesmo legalidade duvidosa crescentes das suas lutas e sobretudo provocações de rua. Basta avaliar, agora, as razões de desespero que em 2015 levaram Jerónimo de Sousa a entregar o partido a António Costa, acreditando ingenuamente que o líder do PS era um homem de esquerda.

A Geringonça vai durar enquanto houver crédito externo, mas passará a caminhar manca de comunistas e aos ziguezagues. Houve um verdadeiro assalto aos bastiões do PCP, e quem o corporizou foi António Costa. Depois de meter o PCP parlamentar no bolso, não resistiu a papar-lhe as autarquias históricas—Almada, Barreiro, Alcochete e Évora—, aumentando também a maioria que já obtivera em Beja, e diminuindo ainda drasticamente a diferença que separa o PS do PCP nas restantes autarquias comunistas. Pior era impossível. Foi aliás esta hecatombe que levou António Costa a inventar a farsa da grande derrota do PSD, que o líder laranja aproveitou, para sair de cena, deixando espaço ao seu partido para se recompor.

Ou seja, António Costa deu, como já escrevi, uma verdadeiro abraço de urso a Jerónimo de Sousa. Mas o pior é os comunistas não terem saída fácil do buraco onde cairam. Para já, terão que aprovar o Orçamento, contenha este o que contiver, pois caso não o façam, e como Costa quer, lá se vão os pelouros em dezenas de câmaras onde o PS domina. Ou seja, se não engolirem todos os sapos do Orçamento de 2018, a derrota autárquica será ainda maior! E se ocuparem as ruas, para esconder o óbvio, as próximas legislativas serão uma espécie de golpe de misericórdia numa agremiação pré-histórica e sem emenda.

sábado, setembro 02, 2017

As duas ameaças à Geringonça

Clique para aumentar. In Oil Price


Petróleo e juros a subir podem ditar fim da Geringonça.


Olhando para o gráfico dos preços do petróleo de Brent entre abril de 2010 e princípios de setembro de 2017, vemos que José Sócrates sucumbiu quando o petróleo ultrapassou os 100 dólares, e António Costa subiu ao poder quando o barril de crude andava pelos 44 dólares. Entre um valor e outro Portugal foi salvo da bancarrota pelo FMI e pelo BCE com base num programa de austeridade tão violento que impediria a coligação que fora forçada a aplicá-lo de renovar a sua maioria parlamentar. Pedro Passos Coelho ainda beneficiou da inversão da tendência altista do preço petróleo que ocorreria a partir de julho de 2014, mas não teve tempo de colher completamente os frutos de tal melhoria.

Uma coisa parece, no entanto, evidente quando analisamos a sincronia entre as crises políticas e a evolução do preço da energia: é este último que dita o rotativismo político-partidário do país e não o mérito ou demérito dos seus políticos. E muito menos o Facebook.

No entanto, apesar da política monetária expansionista do BCE, e da queda abrupta do preço do petróleo, continuamos no lixo—i.e. continuamos a ser uma presa fácil de investimentos especulativos e dos abutres financeiros. Porquê? Porque temos uma divida coletiva descomunal e uma classe política, da esquerda à direita, incapaz de sair do registo populista.

Dois fenómenos começaram entretanto a prejudicar os cálculos e expetativas de António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins, tendo ao mesmo tempo aberto a porta à intervenção de Cavaco Silva nas jornadas da Universidade de Verão do PSD.

Por um lado, a subida do preço do petróleo tem vindo a ocorrer de forma consistente embora suave: 44 dólares em novembro de 2015, quase 53 dólares neste início de setembro de 2017, e uma previsão de 53,3 de média para 2018. Como o consumo privado num país que pouco produz implica necessariamente mais importações de petróleo, gás natural e automóveis, uma pequena subida no preço do crude faz toda a diferença indesejável no valor da nossa dívida total.

Por outro, o fim ou a diminuição drástica dos estímulos ao endividamento público e à criação de zombies bancários irá provocar um aumento inevitável do preço do dinheiro, ou seja, taxas de juro mais elevadas e inflação interna, sobretudo nos produtos que não aparecem no índice de preços ao consumidor, como são, por exemplo, os preços das casas, e o preço dos impostos.

Resta, pois, saber como é que países sobre-endividados, como Portugal continua a ser cada vez mais, irão enfrentar esta anunciada superfície frontal anti-deflacionsita, ou reflacionária, com tendências ciclónicas evidentes, nomeadamente as que são originárias das crises político-militares em África, Médio Oriente e Ásia-Pacífico.

sexta-feira, setembro 01, 2017

Porque acordou Cavaco?



A notícia sobre a morte do ex-presidente foi manifestamente exagerada. 


A criatura reapareceu quando menos se esperava. Os pardais da Geringonça, mais o pardal presidencial, transformaram-se em estátuas de sal. A mudez e a vacuidade política do novo regime experimental, nas horas que se seguiram aos tiros do inesperado ‘snipper’, foram ensurdecedoras.

Mas que aconteceu? Como foi possível aquela criatura regressar da eternidade onde o críamos em repouso?

Há sempre um explicação racional para os OVNIS, por mais extraordinários que estes pareçam. No caso, a explicação é esta: há uma rebelião na Alemanha contra o financiamento ilegal de uma série de estados comunitários, financiamento esse que tem sido dissimulado sob a figura do chamado public sector purchase programme (PSPP), um programa que irá custar, até ao final de dezembro deste ano, qualquer coisa como 2,28 biliões de euros.

Enquanto nos Estados Unidos, o Quantitative Easing serviu e serve sobretudo para alimentar o grande esquema Ponzi de Wall Street, na Europa, a generosidade monetária do BCE serve para fomentar a concentração bancária e manter os governos e os estados em rodas deficitárias mais ou menos livres, ou melhor dito, fora de controlo. Esta é, como todos sabemos, uma bolha que um dia irá rebentar. E quando rebentar...

Acontece, entretanto, que a revolta jurídica em curso na Alemanha contra este financiamento aparentemente ilegal dos governos e das suas instituições, serviços e empresas públicas, está a pressionar o encurtamento ou pelo menos o respeito do prazo previsto para o fim do programa de compras de ativos do setor público: 31 de dezembro de 2017. Mario Draghi começa a bufar por todos os lados, e a fazer confissões sobre a transição necessária para um quadro monetário menos laxista e menos inimigo da poupança.

O grande receio dos alemães é que uma vez terminado o programa os juros e os yields subam, e a inflação também, o que poderá levar alguns países como a Itália, a Espanha e mesmo a França (Portugal, certamente), ao colapso das respetivas finanças públicas (1). Neste cenário, sendo a Alemanha o país comunitário mais exposto ao programa de compra de dívida de países em défice crónico, seria também, nesta ocorrência provável, o país mais prejudicado por eventuais incumprimentos soberanos.

O crescimento real da economia mundial não existe, ou é uma farsa. Logo, não existem colaterais verdadeiros para a bolha do endividamento que continua a expandir-se por toda a parte. O caso chinês é a mais recente e preocupante novidade neste domínio da insustentável monetização das bolhas especulativas.

Ou seja, Cavaco Silva percebeu que 2018 vai ser um ano complicado para países encravados e praticamente insolventes como Portugal. Se 2016 e 2017 foi o que se viu em matéria de cativações (austeridade das esquerdas), com consequências catastróficas para a vida e a segurança dos portugueses, então, sem a mão por baixo do BCE, o cimento oportunista que segura Costa, Catarina e Jerónimo poderá esboroar-se num ápice.

Não podemos finalmente esquecer a deterioração galopante das relações internacionais, quer por causa da Coreia do Norte, quer por causa do Irão, quer por causa da Venezuela. A guerra do gás transformou de novo o Médio Oriente num pasto de hipocrisia, terror, destruição, sangue, suor e lágrimas.

Resumindo, Cavaco Silva veio dizer ao PSD que tem que reforçar e preparar rapidamente as suas tropas.

Veio, pelos vistos, dar a mão a Pedro Passos Coelho, afastando quaisquer veleidades por parte de Marcelo Rebelo de Sousa e dos seus acólitos de afastarem o atual líder do PSD.

Finalmente, veio fazer um xeque ao presidente da república (2): o tempo do namoro com as esquerdas e do Tra Lá Lá Lá inconsequente chegou ao fim!



REFERÊNCIAS

Germany's top court raises doubts about ECB asset purchases

DW, 15.08.2017

In the ruling Tuesday, the Constitutional Court said it had declined to hear a challenge to the ECB's quantitative easing program (QE), suggesting however that the eurozone central bank's asset purchases went beyond its monetary policy mandate.
"There are doubts as to whether the (Public Sector Purchase Program) is compatible with the ban on monetary budget financing," the Constitutional Court said in a statement, asking the European Court of Justice (ECJ) to deliver a judgment quickly.


'Bundesbank must stop buying bonds'

DW, 30.05.2017

A group of economists and policymakers critical of the European Central Bank's quantitative easing program submitted an urgent motion to Germany's Constitutional Court in Karlsruhe in the hope to secure a provisional order for the Bundesbank to exit the ECB's bond-buying scheme immediately.

The court on Tuesday confirmed receipt of the motion, saying that it would deal with it as fast as possible, but it failed to indicate when a ruling could be expected.

Berlin-based financial scientist Markus Kerber had said it was crucial for the German central bank to exit that program without waiting for the ECB to finally change its monetary policy, citing "unnecessarily high risks for the federal budget and thus the taxpayer."

NOTAS

  1. A dívida pública roça já os 250 mil milhões de euros, acima, portanto, dos 130% do PIB. Recorde-se que as regras comunitárias impõem como teto máximo para a dívida pública, 60% do PIB. Ver notícia aqui.
  2. Marcelo Rebelo de Sousa, o incontido, disse a propósito das palavras de Cavaco Silva: "Não comento nem declararações, nem posições de antigos presidentes, ou de futuros presidentes..." Que não-comentário mais curioso! Será que acabou de lançar um novo sound bite, desta vez sobre um eventual regresso de Cavaco Silva a Belém? Marcelo não resiste, de facto, à sua veia de intriguista-mor do reino. Falta-lhe, como sempre disse, gravitas, precisamente aquilo que Cavaco Silva tem, goste-se ou não da criatura, e eu nunca gostei. Ouvir o presidente-comentarista Marcelo aqui.
Atualizado em 1/9/2017 15:07 WET

domingo, julho 16, 2017

PCP quer entrar no Governo


Uma ideia lógica, mas tardia?


Jerónimo de Sousa: “O PCP sempre afirmou que fará parte de um Governo que corresponda a avanços, uma interrupção com a política de direita. Propomos uma política alternativa, patriótica e de esquerda, com grandes eixos centrais no plano económico, social, europeu. Insisto nesta ideia, o PCP será Governo se o povo português quiser”. DN, Lusa 16 DE JULHO DE 2017 09:00.

O padre Jerónimo tem o missal da Frente Popular cada vez mais à vista de todos. Álvaro Cunhal chamou-lhe Patriótica, na boa linha estalinista do socalismo num só país (1). Ao contrário dos outros padres, não segue a máxima que garantiu a reconhecida longevidade do Crisitianismo: a César o que é de César, a Deus o que é Deus.

Assim sendo, pela promiscuidade evidenciada entre o Padre Nosso marxista-leninisa-estalinista, as infiltrações no aparelho de estado (sobretudo nos braços judicial, educativo, e cultural), a força, embora declinante, nas burocracias sindicais e nas autarquias, somadas à não despicienda receita fiscal do Estado e da União Europeia de que vivem, sobra-lhes cada vez menos credibilidade e consistência. Ou seja, tal como o marxismo-leninismo em geral, o PCP foi um breve sonho de inverno. Até os santos pastorinhos e Nossa Senhora de Fátima os ultrapassaram, em audiência local, mas sobretudo no plano do internacionalismo militante!

As declarações de Jerónimo de Sousa à Lusa, em 16 deste mês, têm no entanto um significado na espuma dos dias que convém analisar. Desde logo, exprimem um desejo há muito reprimido da nova geração de dirigentes comunistas. Por outro lado, ultrapassaram uma vez mais o Bloco no que é a evidente estratégia desta frente de extrema-esquerda que Francisco Louçã (2) persegue desde que o conheço: converter os socialistas burgueses e pequeno-burgueses do Partido Socialista ao verdadeiro socialismo revolucionário de Léon Trotsky.

Desde que a Geringonça nasceu, apesar do seu oportunismo desesperado, que defendo a sua formalização numa verdadeira frente popular pós-moderna. Defendi e defendo, sim, a constituição de um governo de coligação entre o PS, o PCP e o Bloco, onde o PS seria claramente predominante, mas onde comunistas e socialistas revolucionários teriam pastas ministeriais de relevo em domínios como a educação, a cultura, o emprego, o ambiente, a agricultura e o poder local.

Só assim podemos fazer a prova do algodão das esquerdas!

E só assim, também, haverá lugar a uma refundação do corrompido, decadente, e incompetente sistema partidário que temos.


NOTAS

  1. O chamado socialismo num só país resulta de uma teoria contra-intuitiva do marxismo-leninismo, desenvolvida por Nikolai Bukharin, em 1925, e adotada por Estaline na sequência das sucessivas derrotas das revoluções socialistas na Europa. A discussão teórica desta polémica levar-nos-ia muito longe, mas importa aqui reter que o revisionismo da revolução socialista mundial preconizada na consigna Proletários do Todo O Mundo, Uni-vos! gozou de alguma plausabilidade num país como a Rússia, dada a sua extensão territorial e autonomia energética. O socialismo num só país chamado Rússia exigiu, todavia, uma condição a priori: jamais ser uma democracia, mas tão só uma ditadura burocrática (propagandisticamente apelidada de ditadura do proletariado), onde o antigo czar fora substituído pelo presidente do comité executivo do comité central do partido único que comandava o estado e toda a sociedade russa. O velho despotismo asiático russo, dirigido por uma aristocracia rural e por um príncipe absoluto rodeado de cortesão e burocratas, tão bem caracterizado por Karl Marx, não deu lugar a qualquer forma de socialismo, mas apenas à transição forçada (na realidade, acelerada e brutal) de uma secular sociedade campesina para uma sociedade industrial. Ou seja, o que a burguesia fraca e essencialmente clientelar da Rússia não soube, não quis, não pôde fazer, isto é, introduzir o capitalismo na Rússia, fizeram-no Lenine, Trotsky e sobretudo Estaline, ainda que em nome de uma liturgia completamente degenerada. O resultado foi, sobretudo depois da derrota de Hitler, um arquipélago continental (a URSS) politicamente herdeiro do cesarismo autocrático que sempre predominou na Rússia, onde se fez a experiência, não do socialismo num só país, mas antes do capitalismo de estado num só país. Este começou por falhar desde o início da Revolução Russa (1917), isto é, desde o assassinato do czar e da família próxima, prolongando a miséria e o sofrimento de milhões de pessoas até ao colapso da União Sociética em 1991. O capitalismo de estado num só país procurou alternativas alargando o espaço vital da Rússia até às capitais do que viria a ser conhecido como Europa de Leste. A descida desta cortina de ferro estalinista, como lhe chamou Churchill (1946), foi ainda uma maneira de acelerar a entrada da revolução industrial em países atrasados sob todos os pontos de vista. A guerra e a indústria de guerra a isso ajudaram. Mais tarde, a mesma receita estendeu-se à Ásia (protagonizada pela China e pelo seu principal líder, Mao Tsé-Tung), e o mundo bipolarizou-se de vez, entre duas formas de capitalismo: uma democrática, caracterizada pela separação institucional de poderes (legislativo, executivo e judicial), pela liberdade de expressão, de organização e de iniciativa, e sobretudo pela afirmação dinâmica do Estado de Direito, outra, cesarista e burocrática, onde nunca houve qualquer expressão de democracia, nem de liberdade. Sabemos bem como o capitalismo de estado, cesarista, burocrático e despótico, num só país, ou mesmo estendido a mais de metade do mundo demográfico viria a fracassar redundou num estrondoso fracasso. A prova do nove viu-se no colapso da antiga União Soviática. A prova real será em breve observada na China, quando os picos do crescimento (demográfico, energético e financeiro) originarem o colapso do mandarinato sediado em Pequim. A tensões externas que realmente afetarão a China começaram onde menos se esperava: na Coreia do Norte. Regressando a Portugal, parece evidente que o querido Governo Patriótico de Esquerda desejado por Jerónimo de Sousa, por maioria de razão, se não é uma forma de puro oportunismo destinado a segurar a relação parasitária que o PCP mantem há décadas com o aparelho e os orçamentos de estado, então será uma de duas coisas: ou uma perigosa fuga em frente pressionada pela desagregação da classe média (o populismo tem várias máscaras), ou então, o início de uma lenta reconversão ideológica do partido que ainda hoje se confunde com Álvaro Cunhal. Perceberemos em breve, certamente depois da spróximas eleições autárquivas, o que poderemos esperar das palavras de Jerónimo de Sousa. 
  2. Como não renunciou publicamente a esta forma de fé, presumo que o Professor Francisco Louçã, além de conselheiro do estado burguês que temos, continue a ser um dos principais dirigentes da obscura IV Internacional.



sábado, maio 20, 2017

Cesarismo bicéfalo veio para durar?

Quando o cesarismo bicéfalo (Marcelo-Costa) se esgotar (lá para 2018-2020) o sistema partidário colapsará, como tem vindo a ocorrer em tantos países.

Alguns jovens brilhantes do atual sistema partidário já devem estar a fazer as suas contas, como Macron fez, para saberem quando devem saltar fora do pântano e anunciarem novas soluções, realistas e honestas, para o país. O PSD, o PS e a esquerda estalinista e trotsquista são irreformáveis. Quando tal vier a ocorrer, o CDS também desaparecerá do mapa eleitoral.

Resta-me apenas uma dúvida, ao fazer este prognóstico: e se o cesarismo bicéfalo (de que a Geringonça é a almofada) for uma espécie de gelatina moldável —capaz de impingir não só a austeridade atual, como até agravá-la, se e quando for necessário— com o único objetivo de manter-se no poder a todo o custo?

Esta deriva cesarista só poderá consolidar-se por uma via institucional e governamental/partidária crescentemente autoritária, e por uma censura crescente nos principais órgãos da imprensa, ainda que muito bem disfarçada pela propaganda do sucesso que chega a não mais de 5% da população portuguesa.

Para já, Portugal tem vindo a tornar-se num refúgio de classes média altas e de fortunas em fuga do Médio Oriente, do Brasil, de Angola, da França e da Suécia e, pasme-se, dos próprios Estados Unidos!

O turismo é uma bênção.

Mas tudo isto de nada servirá se não houver uma refundação do estado paquidérmico e da democracia palaciana que temos.

Um banho de juventide no poder fazia-nos bem!

terça-feira, maio 02, 2017

O dinheiro fácil acabou



O preço das posições conjuntas foi suportado pelo BCE. Quem diria!


O BCE voltou a reduzir as compras de obrigações soberanas portuguesas para um novo mínimo. No mês passado, as aquisições do banco central ao abrigo do programa alargado de compra de activos foram de 526 milhões de euros, o montante mais baixo de sempre, segundo dados divulgados esta terça-feira pela entidade liderada por Mario Draghi. Foram menos 137 milhões que em Março e o montante compara com as compras de 1.405 milhões de euros registados no mesmo mês do ano passado. 
—in Jornal de Negócios. Rui Barroso ruibarroso@negocios.pt
02 de maio de 2017 às 15:21

Entre novembro de 2015 e junho-julho de 2016 foi fartar vilanagem. Mas o festim acabou, como se pode observar na inversão da tendência nas compras de dívida pública portuguesa pelo BCE, a partir de junho, e mais ainda depois de dezembro de 2016.

A tentação de António Costa é grande, mas a maioria absoluta está longe de ser favas contadas.

Em 2017 vamos ter um ano sem grandes sobressaltos, com um crescimento tépido mas ainda assim provavelmente acima do registado em 2016. O pior mesmo será 2018... e 2019.

Entretanto, a Geringonça vai durar até gripar.

A grande questão é saber se nos próximos 12 a 18 meses haverá quem funde um movimento realista capaz de varrer do poder o incurável Bloco Central (agora alargado!) que deixou o país perder a sua soberania económico-financeira nos próximos 40 ou 50 anos.

Virar o jogo exige novos protagonistas. Como temos visto um pouco por toda a parte.

sábado, março 11, 2017

“A Esquerda lava mais branco”—um aviso ao Presidente



Do populismo vermelho a um novo episódio de asfixia democrática

“A Esquerda lava mais branco” — Luis Mira Amaral.
José Gomes Ferreira é um dos mais respeitáveis e independentes jornalistas económicos portugueses (também porque tem opiniões próprias, claro!) Perante a tenaz que anda por aí a tentar estrangular a liberdade de opinião e publicitação de ideias, e que agora virou agulhas contra o jornalista da SIC (mas que começou a agir no dia seguinte ao da constituição da Geringonça, sobretudo através da mão invisível de António Costa), afirmo bem alto a minha solidariedade com o José Gomes Ferreira, e também afirmo que não tenho qualquer medo dos piratas medíocres, corruptos e culturalmente indigentes que arruinaram o país. O tempo da clarificação aproxima-se rapidamente, e por isso anda tanta gente tão nervosa.

A censura da opinião livre é uma pulsão estrutural das esquerdas leninistas—trotsquistas, estalinistas, ou maoistas. Assumem-na como uma consequência da sua crítica ao que chamam humanismo e liberdade burgueses.

Estes herdeiros da degenerescência do marxismo promovida por Lenine e Trotsky, no fundo, continuam coerentes com o que sempre defenderam e continuam a defender: a ditadura em nome do proletariado, em nome do povo, ou em nome do que, eufemisticamente, Francisco Louçã agora chama decência..

No contexto de uma democracia burguesa como a que temos, esta pulsão transforma-se, para melhor esconder as suas intenções, num polvo que atua silenciosamente sempre que pode e lhe dão espaço—com a colaboração dos submissos de sempre.

O que se está a passar neste momento em matéria de tentativa estúpida de transformação dos chamados órgãos comunicação social—virtualmente falidos, como sabemos— em órgãos de manipulação social, deve preocupar qualquer democrata que saiba que não existe democracia sem liberdades burguesas.

Marcelo Rebelo de Sousa tem, pois, poucas semanas ou meses para acordar do seu devaneio peripatético e narcisista. Se tal não ocorrer e continuar a representar o papel de meio César do cesarismo bicéfalo que paira por cima da Geringonça, ver-se-à mais cedo do que imaginava a contas com o povo que o elegeu.

Eu votei em Marcelo, mas começo a inquietar-me com a sua sobre-exposição mediática. Seria bom que lesse algo sobre a diferença entre a entropia na físisa e entropia na informação.

A repetição e a simetria na física dão origem à ordem, ou seja, a uma forma de neguentropia, mas na informação, a repetição e a simetria provocam o esvair progressivo da eficácia das mensagens, ou seja, entropia. Recomendo-lhe, pois, que substitua as selfies perenes do Instagram, pelo Snapchat!

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

A mercearia orçamental do défice




Se ao menos a economia crescesse


A mercearia orçamental da Geringonça, de A a Z, vista por Pedro Romano no blog Desvio Colossal

Detalhada explicação (independente) de como uma aliança de partidos de esquerda e extrema esquerda aplicou um programa de austeridade chamando-lhe outra coisa. Esta batota orçamental assentou em cinco pilares: 

  1. sobre-orçamentação, que deu origem a cativações, algumas delas definitivas, deixando milhares de fornecedores do Estado a penar, ou mesmo a arder, agravando a degradação de muitos serviços (escolas a meter água e sem segurança, ou hospitais sem compressas são dois exemplos relatados pelos jornais e televisões),
  2. corte drástico no invesvimento público, 
  3. atrasar e diminuir os pagamentos antecipados ao FMI, 
  4. aumentos de impostos e de receitas fiscais extraordinárias, com destaque para os aumentos seletivos e discricionários dos combustíveis,
  5. atirar a despesa da recapitalização da Caixa para 2017. 
Valeu tudo para manter António Costa no poder a que acedeu sem ganhar as eleições.

A economia cresceu em média anual, nos últimos 20 anos 1,18% (Trading Economics), e em 2016 terá andado pelos 1,4% (INE), com uma inflação mais pronunciada, um novo desequilíbro nas contas externas (mais importações do que exportações) e taxas de juros na divida pública a 10 anos em volta dos 4,2% (Expresso).

Como desde o início da Geringonça afirmei, a austeridade iria continuar, embora o esforço da mesma devesse ser distribuído de modo ideologicamente distinto. A melhoria ténue no crescimento é uma melhoria importada, e não mérito do governo. Basta pensar no turismo que fugiu para Espanha e Portugal dos horrores e instabilidade vividos no norte de África, Turquia e Médio Oriente, na fuga de reformados e futuros reformados franceses para o nosso país, ou na estratégia das companhias aéreas Low Cost, ao arrepio da estratégia ruinosa da TAP.

2017 é um ano politicamente incerto, embora os dados económico-financeiros até agora conhecidos continuem a sustentar a tendência para uma saída ténue do buraco de 2010-2012 (OCDE). O programa de ajustamento imposto pelos credores externos prossegue, embora com menos agressividade. Três factos o demonstram: 
  • Portugal continua sob o chamado procedimento em caso de défice excessivo (PDE), 
  • a Troika continuará a monitorizar de perto a economia e as finanças portuguesas até 2035, 
  • e a banca portuguesa tem uma autonomia de decisão claramente limitada pela Direção-Geral da Concorrência da UE e pelo BCE.
Tudo somado, a Geringonça tem, pelo lado das perspetivas económico-financeiras, margem de sobrevivência até ao fim da legislatura. Resta saber se a erosão eleitoral dos partidos à esquerda do PS permitirá tanta longevidade.

domingo, fevereiro 19, 2017

Partido Liberal, ou Partido Liberal Democrático?


Será desta? O tempo urge...


É uma associação, mas ainda não é um partido. Tem membros, mas ainda não tem militantes. Tem uma visão de sociedade, mas ainda não tem um manifesto final. Um grupo de liberais — sem medo de serem acusados de “papões neoliberais” — criaram em setembro a Associação Iniciativa Liberal. O objetivo final é criar um partido liberal em Portugal, ao estilo do Ciudadanos (Espanha) ou dos Lib Dems (Reino Unido). Já começou a recolha de assinaturas para a constituição de um partido que, no espectro político, estará situado ao centro (entre o PSD e PS). 
—in “Vêm aí os liberais. Não são papões e querem criar um partido”
Observador, 14/1/2017, 9:18

O cesarismo bicéfalo saído do impasse das últimas eleições legislativas, que deu origem a um governo minoritário dependente do poder legislativo, ferindo gravemente o equilíbrio dos poderes constitucionais, esgotou-se mais cedo do que eu previa. Nem o primeiro ministro, nem o presidente da república estão à altura das cicunstâncias. Em breve colapsará.

O pântano partidário onde Portugal está mergulhado só mudará se houver um novo partido parlamentar em cena, com ideias novas, princípios firmes e coragem. O oportunismo de curto prazo e a falta de ética e transparência tornaram-se o principal guia comportamental da partidocracia instalada. Nem o PCP, nem o Bloco, escapam a esta teia de corrupção.

A omnipresença propagandística dos partidos nos meios de comunicação social tornou-se asfixiante.

Os resultados para o regime, ao fim de quase quarenta anos de democracia populista e clientelar, são sobejamente tristes:
  • a perda para o exterior de 70% do nosso sistema bancário e financeiro e a submissão do único banco público existente a um apertado controlo por parte das instituições credoras; 
  • a alienação das principais empresas estratégicas portuguesas, da energia às telecomunicações, dos aeroportos aos portos, e até de algumas concessões hospitalares e rodoviárias, aos chineses, espanhóis, angolanos e franceses. No caso da Vinci, participada pelos árabes do Qatar, o grande patrono dos Clinton e do Estado Islâmico! 
  • vinte anos a crescer menos de 0,5% ao ano, com uma dívida acima dos 130%, e uma emigração como não se via desde os anos 60 do século passado, então sobretudo causada por uma guerra colonial travada em três frentes;
  • uma população envelhecida e com as poupanças exauridas pela especulação, pelo engano político, por um estado burocrático e partidário insustentável, e pelo fascismo fiscal;
  • em suma, um país falido que só não cairá numa nova ditadura, de direita ou de esquerda, enquanto estiver protegido pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu.
O pensamento liberal, na aceção de um pensamento político estruturado e claro, existe, mas falta-lhe voz pública e organização. Quanto mais se atrasar, mais difícil será sairmos do estado exangue em que a nossa democracia se encontra.


REFERÊNCIA

Manifesto Liberal

domingo, janeiro 29, 2017

Trump, dez dias que abalaram o mundo

Presidente eleito Donald Trump, de punho no ar, à chegada ao Capitólio em Washington no dia da tomada de posse como 58º presidente dos Estados Unidos da América, sexta-feira 20, 2017. (AP Foto/Andrew Harnik).

Estados Unidos da América - a grande divisão


Balbúrdia.

Demissões em massa na Administração americana, e um muro demasiado longo para construir. Só se forem os chineses a pagar e a fazê-lo! Sabem quem construiu uma boa parte dos caminhos de ferro americanos? Pois!

Que se passa na América? 

Uma Segunda Revolução Americana (a de Trump) contra a Revolução Púrpura de Soros, protagonizada pelos Obama e pelos Clinton? Seja o que for, mesmo descontando as teorias da conspiração, estes últimos dez dias, e os próximos noventa, vão ter uma tremenda influência na Europa. Repare-se como boa parte dos argumentos a favor da dita Segunda Revolução Americana (a dos 99% contra os 1%) poderia fazer parte de qualquer manifesto de esquerda, ou de extrema esquerda. Sem conhecer os dois lados da barricada que se formou, andaremos como cegos ao serviço de um dos extremos.

Protecionismo, isolacionismo e a questão migratória.

O problema da indústria de ponta americana é que não dispensa os imigrantes inteligentes, bem formados e com vontade de triunfar, e seria uma ilusão pensar que poderiam substitui-los no curto-médio prazo pela classe de indigentes subsidio-dependentes (da qual a maioria é mal instruída e tem empregos de baixa produtividade, mas a que também pertence uma sub-classe de estudantes eternos e uma burocracia educativa interminável) que a globalização iniciada na era Reagan, e prosseguida por todos os governos americanos desde então, desenhou e estimulou como forma de compensar a esperada projeção (1) de boa parte da economia americana produtiva para a China e outros países asiáticos. Ler a propósito Jeremy Rifkin e a obra The End of Work.

O grande debate sobre a imigração vai começar (ver este gráfico/ Statista). Quem quer mais imigração? Curiosamente, as elites que conhecem até que ponto os estados sociais na América, na Europa e no Japão faliram e precisam urgentemente de famílias com filhos e vontade de trabalhar, pois só por esta via (pelo menos nos próximos 20 anos) haverá quem pague as reformas e as pensões sem estourar de vez as empresas e as classes médias. O endividamento público dos EUA, da Europa e do Japão são bolhas que vão explodir, ou implodir, mais cedo ou mais tarde. Não há crescimento, e muito menos propaganda do crescimento, que remedeie esta realidade dramática que os governos enfrentam diariamente. A prosperidade hedonista do Capitalismo chegou ao fim. É uma má notícia? Para quem estava habituado, sim. (2)


Onde está o terrorismo?

Governos da Arábia Saudita e do Qatar financiaram ao mesmo tempo o Estado Islâmico e a Fundação Clinton quando Hillary Clinton era secretária de estado da defesa dos Estados Unidos. Não basta ser Politicamente Correto, é também necessário tirar os antolhos que nos impedem de olhar para a realidade. A pós-verdade não serve a ninguém, salvo aos que conspiram para nos escravizar, de forma explícita, ou dissimulada.

Trump, porém, esqueceu-se, na lista de países banidos, da Arábia Saudita, do Qatar, e da Turquia, de onde boa parte do dinheiro para o Estado Islâmico partiu e parte. A Arábia Saudita esteve comprovadamente envolvida no 11 de setembro... mas, ao que parece, Trump tem negócios em todos estes países!

Europa?


A terceira derrota alemã. Nem espaço vital a oriente, nem a ocidente.

A Alemanha deve estar a sentir os seus miolos a fritarem. De um lado, Putin, de outro, o Brexit, de outro ainda, Trump, e agora o Clube do Mediterrâneo (com a França dentro). Chiça!

Club Med.

A dita cimeira dos países do Clube do Mediterrâneo foi, objetivamente, um doce oferecido ao Brexit e a Donald Trump, e mais uma farpa espetada no dorso da Alemanha. Ou seja, os flancos atlântico e mediterrânico da Europa afastam-se de novo do sonho germânico, e colam-se aos Estados Unidos. E quanto à Rússia e ao inconsciente territoral alemão, Putin venceu claramente a mais recente tentativa anglo-saxónica e alemã de isolar o império dos czares (brancos e vermelhos). Porém, não deixa de ser extraordinário que esta deriva anti-alemã dos países do sul da Europa ocorra no preciso momento em que Donald Trump prognostica o fim da União Europeia e da sua moeda. Curiosamente também, é vermos o PSD de Pedro Passos Coelho demarcar-se dos atuais líderes dos PIGS, reafirmando o seu europeismo estratégico, que, como todos sabemos, não pode dispensar nem menorizar a Alemanha. Também nisto o nosso país começou a dividir-se gravemente. As apostas são elevadas. Os ganhos e as perdas também o serão.

Geringonça no fim?


Desculpem lá qualquer coisinha, terá pensado dizer António Costa. Como sabem, assim lhe vai o subconsciente, não mando nada; quem manda é o Supremo Soviete de São Bento, a quem devo este humilde cargo de servidor do povo. Mas voltando ao gado frio, ou frito, da Concertação Social, a António Costa só lhe terá ocirrido perguntar: como é que vamos dar a volta a isto?

Palavra de Fazenda.

Eu bem dizia (no apagado Política Sueca) que a ideia da coligação PS-Bloco, ou PS-Bloco-PCP, além de ser coerente e estimável (dado o cesarismo bicéfalo nascido das duas últimas eleições), estaria na cabecinha dos bloquistas desde que começaram a pensar no futuro do PS pós-Soares. A Geringonça simplificada, isto é, um governo minoritário do PS apoiado pelas esquerdas parlamentares, sem a muleta do PSD, não se aguenta. Logo, das duas uma: ou se desfaz e Costa vai à vida, ou Costa acabará por pedir a Marcelo um Governo da Geringonça (PS+Bloco+PCP/PEV), em nome da paz, ou mesmo da emergência social, e da estabilidade política. O Joker, entretanto, chama-se Pedro Passos Coelho, e dele dependerá a sorte da Geringonça, no sentido em que dele dependerá se a quer derrubar já, ou depois de a frente popular pós-moderna que ora nos governa conduzir o país a um novo resgate. A verdade é que só há uma alternativa à previsível coligação PS-Bloco-PCP: eleições em 2018, precedidas da defenestração congressual de António Costa. Neste cenário, que seria preferível após um mais claro e rotundo fracasso da Geringonça, ou da coligação que lhe suceder, Francisco Assis e Pedro Passos Coelho formariam uma Grande Coligação, e meteriam Marcelo no bolso, claro. Ou seja, seria o fim do tal cesarismo bicéfalo que ora existe. O braço-de-ferro vai ser longo e violento.

O Golpe de Coelho que Costa e Marcelo não previram.

O aviso a Marcelo está feito: quando não houver dinheiro, nem o Governo, nem Belém, poderão contar com o PSD. Ou seja, terá que haver eleições antecipadas. Se o terceiro e quarto trimestres deste ano forem o que alguns observadores atentos da conjuntura internacional e interna estimam, ou seja, recessão e subida incomportável dos juros da dívida pública, então nem nas Autárquicas o PS terá bons resultados, e a queda da Geringonça poderá contrariar as minhas previsões sobre a vida da mesma: uma legislatura, ou até duas.

A austeridade das esquerdas está a ter um preço escondido, chamado retenções orçamentais (definitvas) e ausência de investimento público, nomeadamente em serviços públicos essenciais: ferrovia, hospitais, escolas, etc. Mais um ponto percentual nos juros a dez anos e a Geringonça colapsará. O aviso foi dado pelo embuste da Concertação Social. A Grécia já esteve mais longe.

Não foi por acaso que Pedro Passos Coelho acordou da sua aparente hibernação no dia em que os rendimentos da dívida pública (yields) portuguesa ultrapassaram a barreira dos 4%, a 26 de janeiro último. Mais do que esta passagem do limiar considerado crítico pela DBRS (única agência de notação financeira que mantém a nossa dívida pública uma nesga acima de 'lixo'), é a tendência altista que se verifica desde 17 de janeiro [investing-com] que despertou o líder do PSD e colocou em cheque o malabarismo sectário de António Costa em volta da Concertação Social.

FMI

Mais um aviso a Portugal e à Geringonça das esquerdas a propósito do mais recente alerta do FMI à Grécia.

Os países vão virar-se para dentro (não é isso, aliás, que propõem o PCP e o Bloco?), os juros bancários vão começar a subir, e as 'yields' das dívidas públicas nos mercados secundários já começaram a agitar-se (Portugal que o diga!!!) Este é, aliás, o gatilho que desencadeou a crise, muito séria, instalada no regime depois do fiasco completo da subida do salário mínimo nacional e do chumbo parlamentar da descida discricionária da TSU. A Concertação Social está de rastos, e António Costa perdeu toda a sua credibilidade como primeiro ministro de Portugal. Depois dos boicotes do PCP, Bloco e PSD às manobras arrogantes (e depois mal criadas) do primeiro ministro que perdeu as últimas eleições, a Geringonça está ferida de morte. O golpe dado pelo líder da UGT ao bloquear a assinatura da adenda ao Acordo de Concertação Social foi uma resposta, não do socialista Carlos Silva, mas do furioso socialista António Costa! Em suma, a Geringonça irá arrastar-se até ao próximo resgate, e quando ele vier, cairá de podre. Ou então, PCP e Bloco, antevendo a sua rápida erosão eleitoral, provocarão a queda de Costa ainda este ano.

Almofada financeira, até quando?

Os juros pagos e a pagar por Portugal ao FMI são de 4,1%. Isto significa que subindo os rendimentos da dívida pública portuguesa a 10 anos acima 4,1% (estavam a 4,127% no dia 27 de janeiro), o chamado 'rollover' da dívida, i.e. trocar dívida cara por dívida barata deixa de funcionar. Neste sentido, a restruturação suave da dívida pública que vinha sendo realizada pelo governo anterior deu lugar a uma nova tendência perigosa de endividamento a taxas de juros incomportáveis por uma economia que cresce abaixo dos 1,6% (2015): 1,2% (2016), 1,4% (2017), 1,5% (2018) 1,5% (2019). Em suma, Marcelo foi mal informado, ou preferiu desvalorizar este perigoso boomerang. O alongamento de prazos que tem ocorrido e as baixas taxas de juro diretoras do BCE podem ser considerados uma forma mitigada, implícita, de restruturação da dívida. Porém o futuro, quer dizer 2017 e anos seguintes, parecem condenados a ver alterada esta bonomia financeira. Ou seja, as pré-condições para um nova derrapagem na próxima curva apertada do financiamento da nossa insustentável dívida total (pública e privada) regressaram.

O embuste da substituição da descida da TSU pela diminuição do PEC

Por apenas 40 milhões de euros António Costa perdeu a face, e vai passar a piar bem mais fininho do que até este fiasco evidente. Só mesmo a comunicação social indigente, perdão, rendida ao charme da Geringonça, consegue fazer retratos trumpianos do que sucedeu nestes últimos dias.

Uma coisa simples de perceber: a TSU é uma taxa paga por trabalhadores (11%) e empresas (23%) e serve, diz-se, para ajudar a manter a sustentabilidade da Segurança Social (acreditamos que sim). Ou seja, paga-se e está pago. Já o PEC é um adiantamento por conta do IRC a pagar pelas empresas no fim de cada ano fiscal. Ou seja, o Pagamento Especial por Conta é um empréstimo forçado ao Estado, que este depois deduz à coleta na hora de apurar o IRC que cada empresa tem que pagar ao Estado anualmente. Só as empresas que não têm lucros ou que declaram rendimentos coletáveis abaixo dos 850 euros (PEC em vigor) beneficiarão momentaneamente desta diminuição do PEC (para 750 euros, mas cujos detalhes ainda ninguém conhece). Ou seja, no caso da redução da TSU há uma poupança fiscal efetiva nas empresas, enquanto que no PEC não há qualquer poupança. É assim tão difícil de perceber? Lamentável é o lamaçal onde chafurdam hoje os atores pomposos da Concertação Social. E já agora: Bloco e PCP conseguiram o que queriam: aumentar o SMN sem baixar qualquer dos encargos das empresas. Mário Centeno agradece!

Simplificando, as empresas que não pagam IRC, por o seu volume de negócios e lucros serem muito baixos (ou até declararem prejuízo), passam a ter um desconto de 100 euros/ano no que têm vindo a adiantar ao Estado (PEC) por conta do tal IRC, e que, até 2016, eram 850 euros por ano e por empresa. Para as demais empresas, que declaram lucros e pagam IRC, a medida agora anunciada pelo irritado António Costa não representa qualquer poupança fiscal, apenas mais dinheiro em caixa e, eventualmente, os juros que os 100 euros do dinheiro adiantado ao Estado renderiam se estivesse aplicado ou a render juros (uma fortuna!) Em suma, a diminuição em 100 euros no Pagamento Especial por Conta não é nenhuma alternativa à diminuição da TSU, por mais que políticos do governo, os patrões troca-tintas, as comadres sindicalistas e a maioria dos jornalistas e analistas da pós-verdade digam o contrário, de cócoras para Costa.

IMI

Com o andar da carruagem —empobrecimento contínuo das pessoas, sobretudo das que possuem casa própria, ou estão a pagá-la— esta receita só poderá continuar a cair... até ao dia em que acabarem com as isenções, por manifesta insolvência do Estado. Quando não houver dinheiro para pensões, reformas e vencimentos da Administração Pública, o IMI subirá a pique. Ou seja, temos que nos preparar para viver apenas com aquilo que podemos pagar, nomeadamente evoluindo para novas formas de partilha social e associação mutualista defendidas da voragem fiscal da burocracia.

Mais um erro crasso do Governo em matéria ferroviária *.

A eletrificação anunciada vai ao arrepio da ligação da nossa rede ferroviária a Espanha/resto da Europa

  1. porque a Espanha tem vindo a migrar a sua rede ferroviária (bitola, eletrificação, sistema de sinalização) para a norma standard internacional (UIC), ao contrário dos governos que temos tido;
  2. mesmo que a bitola ibérica continuasse por mais alguns anos na linha que chega do resto de Espanha a Ayamonte, a ligação da linha algarvia a Espanha continuaria a ser inviável, nomeadamente porque um autarca espertalhão e amigo do imobiliário urbanizou a plataforma ferroviária entre Vila Real de Santo António e Vila Real de Santo António-Guadiana;
  3. tirando o facto de se mudar da tração diesel para a elétrica, vai ficar tudo na mesma, ou seja, a modernização anunciada não leva ninguém a lado nenhum, nem sequer às praias! No troço entre Tunes e Lagos, haveria a oportunidade de fazer passar a linha junto ao litoral (uma boa alternativa à EN 125 ou à A22 cujo uso e manutenção são cada vez mais caros...) mas, sobre isto, tire-se o cavalinho da chuva, pois o que está em causa é apenas a eletrificação dos troços anunciados;
  4. parece que só a Takargo beneficiará com esta ideia luminosa, aproveitando a eletrificação da linha para transportar Jetfuel para o Aeroporto de Faro.
* — Agradeço ao RMVS esta informação detalhada.


Parque Escolar de luxo e escolas inundadas e sem segurança, nem pessoal.

Onde pára a Parque Escolar engendrada pelo senhor José Sócrates Pinto de Sousa? Esvaíram-se milhares de milhões de euros neste embuste cor-de-rosa, mas continua a chover no interior de escolas vetustas como a Alexandre Herculano, e o Liceu Camões. A bolha das esquerdas continua a inchar e vai rebentar um dia destes.

Quem vai ganhar Lisboa?

João Ferreira (PCP) pode deitar a perder a eleição de Medina (patrocinada pelo PS e pelo Bloco). Este é um candidato a sério. Parabéns ao PCP, pois percebeu que tem finalmente que apostar na sua juventude qualificada. O instrumento Medina que se cuide.

Já agora, a linha de ataque de João Ferreira vai provavelmente melhorar e muito a votação na CDU. A linha é simples: denunciar, organizar e lutar contra a gentrificação de Lisboa, e em particular dos seus bairros históricos, que os vendilhões do templo procuram saldar a qualquer preço aos fundos especulativos de investimento imobiliário internacionais, mas também indígenas. Por exemplo, qual a posição da Caixa Geral de Depósitos nesta matéria?

Nota: Se o PCP souber renovar-se, e sobretudo se fizer a transição do estalinismo falido para um patriotismo de esquerda inteligente, e apostar claramente da renovação dos seus quadros, e também libertar-se em matéria de costumes (urbanizando-se!), o Bloco poderá acabar por ficar restringido ao papel de comadre do PS.

Os intermediários da fome

O Rendimento Básico Garantido é uma alternativa mais justa, decente e barata do que continuar a alimentar os intermediários da fome e da desgraça alheia.

Frenesim precoce

Não é o crescimento, estúpido! É a falta de procura (a falta de trabalho e a falta de dinheiro nos bolsos e nas expectativas) que gera o excesso de capacidade, ou vice-versa... O crescimento dos Estados Unidos em 2016 não foi nada do que alguns analistas apressados alegremente disseram, nomeadamente para contrapor Obama a Merkel, mas pouco mais de metade do que anunciaram: 1,9%.

Startups virtuais

Para já, são tudo castelos no ar. Nenhuma viragem como a da Indústria 4.0 se faz sem doses ciclópicas de capital e uma acumulação de conhecimento e de energia criativa colossal. Portanto, vamos lá a falar seriamente sobre estas questões. O governo português é o governo de um estado insolvente, falido e indigente, que vive da sopa dos pobres comunitária. Ou seja, sem fundos comunitários, nem dinheiro conseguem para os Power-Points. Se nos continuarmos a safar na indústria da maquinaria, calçado e têxteis, dos congressos, da praia e do surf, do peixe fresco, dos bons vinhos e azeites, e do Divino Sol, já não estaremos nada mal. Mas mesmo aqui é fundamental afastar dos negócios o estado predador que temos, pois, de contrário, para passar ao lado desta voragem fiscal e legislativa, só mesmo com empresas 4.0 (por definição, globais), para quem Portugal não passa de um nó da rede, sem qualquer capacidade económica, institucional e política de impor regras ou assaltar fiscalmente os protagonistas da revolução que o otimista secretário de estado diz querer trazer para o nosso país. Ou seja, se continuarmos a construir castelos no ar, acontecerá às boas indústrias que ainda temos o mesmo que aconteceu à banca que já não temos, e à burguesia clientelar (EDP, GALP, Mota-Engil, Soares da Costa, etc.) que tem vindo a ser engolida paulatinamente pelos peixes maiores que, como sabemos, não são indígenas :(

Esquerda/Direita

Que há de comum entre Trump, Marine Le Pen, Louçã e Jerónimo de Sousa? Resposta:

  • nenhum deles gosta da NATO
  • nenhum deles gosta da Alemanha
  • nenhum deles gosta do Euro
  • nenhum deles gosta da União Europeia
  • nenhum deles morre de amores pela China
  • e todos eles querem mais empregos

Acham que é preciso mais argumentos para vermos a importância desta convergência real?

Banksters e rendeiros falidos

A arrogância do senhor Faria de Oliveira é criminosa. Esperemos que o PSD obrigue a Caixa a revelar a lista dos seus 100 maiores clientes ruinosos, e que as operações duvidosas sejam investigadas. Só neste país é que os bancos ainda não foram sujeitos a pesadas multas pela vigarices praticadas. Pelo contrário, temos um Geringonça das esquerdas disposta a apaparicar tudo o que os 'banksters' indígenas exigem nos almoços do Ritz. Com uma esquerda destas, quem é que precisa da direita?!

Há dois pânicos que assaltam neste momento a Geringonça: a nacionalização do Novo Banco faria descarrilar o défice e, provavelmente, seria impedida pelo BCE; a falência do Novo Banco, por sua vez, colocaria o Fundo de Garantia de Depósitos sob uma enorme pressão. Como o Fundo de Garantia de Depósitos e o Fundo de Resolução são financiados pelos bancos residentes, podemos imaginar o grau de pressão que estes farão sobre António Costa para despachar o Novo Banco, nem que seja por um euro, a quem quiser tomar conta de semelhante tormenta. E ainda, já alguém perguntou pela massa do fundo de pensões do BES? Transitou para o Novo Banco? Duvido... Quem comprar por um euro o Novo Banco que encontrará, de facto, no cabaz das responsabilidades invisíveis do mesmo?

Santander e Bankinter com lucros recorde em 2016. Dois bancos espanhóis a sugarem o vazio deixado pelos insolventes banksters indígenas.

O regime engordou a sua nomenclatura financeira, empresarial e político-partidária até rebentar com o país, de má gestão, corrupção e dívidas. Resultado, o miolo económico, financeiro e laboral do país está a ser entregue de mão-beijada aos espanhois, franceses (árabes), chineses e angolanos. Ou seja, em vez de uma diversificação de investimentos e exportações, em vez do tão ansiado crescimento, temos uma rendição escandalosa (dos Banif, BES/Novo Banco, Ascendi, SDC e quejandos) aos credores e abutres que rodeiam uma ave ferida de morte chamada Portugal. E ninguém vai preso?! O presidente dos afetos vai começar a ouvir o que não pensava, e muito menos queria. Quando? lá para meados deste ano...

Portugal—EDP—China

A política de Donald Trump terá certamente consequências na EDP, dada a excessiva exposição desta à China, e aos parques eólicos americanos.

Nem tudo são tristezas


Barbie. ©Mattel

Monte da Peceguina tinto (2015) - uma pomada de beber e beber por mais ;) Taninos, fora! Sabores e aromas alternam numa tarde que a noite alentejana acaba por arredondar, em Beja, entre o luar e as luzes ténues da cidade. Cor linda. Frescura de coisa nova, como só as coisas novas sabem dar. Beber imoderadamente (aguenta ;), nunca acima dos 18 graus de temperatura.

E para por um ponto final nesta gazeta da semana que já vai longa, aqui vai uma notícia verdadeiramente cor-de-rosa: a Barbie tem uma nova chefe, vinda da Google, e vai voltar-se para a Indústria 4.0 ;)


NOTAS

1) Na realidade, a globalização equivale a uma projeção industrial e financeira dos países mais ricos para geografias onde o trabalho é mais barato e menos exigente em matéria de regulamentação. O objetivo principal da globalização iniciada pelos Estados Unidos e Europa ocidental é expandir os mercados, já não tanto pela via clássica das exportações de produtos acabados (que se tornaram menos competitivas, dada as assimetrias salariais e de externalidades entre países desenvolvidos e países emergentes), mas pela via da exportação das próprias indústrias e serviços financeiros que, por esta via, conquistam ao mesmo tempo, trabalho e mercado, encurtando ainda as distâncias entre produção e consumo. No caso dos Estados Unidos, apesar da dimensão do seu mercado interno, este tornou-se demasiado pequeno no quadro de uma competição comercial mundial que, a aprtir dos anos 60 do século passado, passou a incluir os chamados países emergenets da Ásia (China, Índia, Indonésia, Filipinas, ...), África (África do Sul, Nigéria, Angola,...) e América Latina (Brasil, México, ...).

2) Porque precisam os países ricos de imigração e/ou de prolongar a vida ativa até aos 70 anos?

RabbitOne 

Economics will go to hell in America because there are currently not enough taxpayers to support socialism in America. For 50 years our government has filled the law books with bills that give out pay outs. However in this Ponzi scheme they forgot that it requires new tax payers to keep the system afloat.

Socialism failed its own purposes. Once white people took up socialism they bought into its promises and they stopped having large families (who would have supported them if there was no government support). Add to this abortion and the pill and white people in America and Europe did not produce enough tax payers to support the socialist Ponzi scheme. There may be another explanation for this trend. The more affluent a society becomes, several factors unleash. The birthrate declines sharply, for as people become wealthier, women prefer not to have children. The poorest cultures have the greatest number of births because children take care of their parents. In our new age of socialism, government has replaced the family unit. Ask a girl under thirty in the United States if she wants to have children today and you are likely to get the answer, “No.”

The implications economically, financially, societally, etc. etc. of a collapsing population of young and soaring older population should be ringing alarm bells...but instead our politicians seem officially mindless (or intentionally misleading the populace) in the face of a cataclysmic shift. Without enough tax payers to pay for socialism’s promises western governments decided to import immigrants who still have large families (and produce lots of tax payers). Typical of those imported immigrants with large families are poor Muslim’s or poor Hispanics. So until they have the boat load to tax payers they need Western countries have large numbers of refugee’s to fill the tax payer void and will continue to run deficits and raise taxes to try to pay for the Ponzi scheme.

Connect the dots:

There were 76 million people born between the years 1946 and 1964, the traditional window for the baby boom generation. That means that they will retire over a 19-year period. Simple math shows that 76 divided by 19 is 4 million, or almost 11,000 people a day. Say 1,000 die a day. The biggest event in America today is we have l0,000 Baby Boomers retiring each day for years to come. The biggest problem in America is we cannot for the duration support these retiring Baby Boomers. The reason we cannot support these baby boomers is we have not produced a large enough group of supporting taxpayers.

Why are there not enough taxpayers to support retiring Boomers?  Government eliminated 60 million future tax payers with making abortion legal. Also it is estimated up to 30 million tax payers were prevented by the cheap birth control pill. And lastly the dissolution marriage as an institution in America has created much smaller family units than prior generations and single family moms have had 20 million fewer babies. This means 120 million tax payers are missing to pay for the retiring baby boomers.

How is our government replacing the missing revenue from lack of taxpayers? To replace these missing tax payer’s government has allowed 61 million immigrants plus into America to replace our missing tax payers to support the boomers (the total is estimated to be 94 million). These immigrants are fast tracked getting jobs our youth should have using subsidies from the government. Dems and Repubs are together on this.  Democrats want the immigrants as future party supporters. Republicans want the cheap labor.

Why are Muslims the primary people imported? Muslims don’t have abortions, take the pill and Muslim women are not single moms. It is not uncommon for Muslims to have the 6 to 10 children like white families used to have in America. Congress is counting on this group to generate the missing tax payers.

Why is America a bankrupt government? Revenue from current taxes is too low to pay for increasing entitlements and retirees. Deficits and debt plug the entitlement hole until immigrants produce enough taxes to fill the entitlement hole . Government is betting immigrants will produce the taxes to pay for retiring Baby Boomers before America goes belly up. Once the U.S. world reserve currency runs out and the government can no longer print bucket loads of money and debt they will strip the U.S. citizens cupboards bare to keep going. Need more proof on America’s bankruptcy? Look up Kotlikoff’s senate testimony last year.

Comentário/ OAM

Sharp observations. Historically, though, when aggregate demand starts a downward curve, and jobs fail, and well-paid jobs disappear, women defend their reproductive instinctual economy by having fewer children, and aborting if necessary. That's also the case with nomadic people since ancient times until today. We will probably have to develop intelligent machine slaves to produce the necessary quantum for individuals in the coming new nomadic societies. There are enough wealth and money to install a Basic Income system that would allow modern societies to evolve, and not go backward instead.

Timeline: U.S. Postwar Immigration Policy

Immigration has been an important element of U.S. economic and cultural vitality since the country's founding. This interactive timeline outlines the evolution of U.S. immigration policy after World War II. Council on Foreign Relations