quinta-feira, novembro 20, 2014

A Ota fluvial do Barreiro

Europort, Roterdão: navios de carga empilhados...

A Ota (fluvial) deste governo chama-se porto de contentores do Barreiro


O tam-tam sobre o novo porto de contentores do Barreiro é mais uma manobra de distração do ministro Sérgio, para abafar os assuntos graves e iminentes: colapso do banqueiro do regime, rendas excessivas da energia, PPP, TAP, etc.

João Carvalho: "Grande parte do comércio com os EUA vai passar por Portugal"
20 Novembro 2014, 00:01 Jornal de Negócios

O presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes não compreende os ataques ao terminal no Barreiro e aponta o dedo a “forças ocultas”. Para o presidente do IMT, o país tem de estar preparado para o espaço económico de 900 milhões de consumidores.
Quem pagará as dragagens constantes necessárias a um hipotético porto de contentores nos lodos do Barreiro? Os armadores, os transitários e em geral as empresas envolvidas no trânsito das mercadorias, ou o Zé Povinho, em mais impostos, taxas e velhos atirados para a sarjeta, com salários, pensões e rendimentos sociais de inserção assassinos?

Este lunático que putativamente preside ao Instituto da Mobilidade e Transportes, que se disponha a uma discussão pública aberta sobre as imbecilidades que propala, e logo calaremos os seus argumentos de propaganda barata em menos de três minutos.

Os portos de contentores vocacionadados para os grandes navios, nomeadamente os post-Panamax, estes só marginalmente descarregam mercadorias para seguirem por estrada, ou mesmo por caminho de ferro, e neste caso, só se houver bitola europeia que ligue diretamente, i.e. sem roturas de carga, os Post-Panamax à rede europeia de comboios UIC (a chamada bitola europeia), pois a sua principal utilidade estratégica é o transhipment, ou seja, passar contentores de grandes barcos para barcos menos grandes e navios de cabotagem.

Sines tem capacidade de expansão e já reúne todas as condições para ser o grande porto de transhipment do país, faltando-lhe, porém, ligações ferroviárias UIC (sem mudanças de bitola pelo meio!) a Espanha, a Setúbal e ao Poceirão. Para navios de menor dimensão, mais a norte, temos o porto de Leixões, que é estratégico, está a ser melhorado e continuará a beneficiar de sinergias económicas e políticas imparáveis.

Baltic Dry Index - 1985-2013 (Wikipedia)

Mas se, por acaso, a economia ocidental voltar a crescer acima dos 3%, e o Baltic Dry Index voltar a superar as cifras de... 1985 (!), então poderão estudar-se outras hipóteses. Mas neste caso, a única que faz sentido e foi há muito estudada chama-se porto de águas profundas da Trafaria.

Este porto permitirá um dia libertar o Tejo em frente a Lisboa para uma navegação mais intensiva entre margens e para a navegação desportiva e turística, criando um novo e potentíssimo foco de crescimento turístico na cidade-região de Lisboa.

Permitirá também travar a erosão galopante da Costa da Caparica.

E pelo efeito de escala que comporta, uma tal obra tornaria inevitável a terceira travessia do Tejo onde também há muito foi prevista, isto é, no corredor Algés-Trafaria, permitindo enfim fechar verdadeiramente a CRIL, ligando mais rapidamente e com menores custos de tempo e combustível os concelhos da cidade-região e Lisboa com maior crescimento demográfico na década de 2001-2011: Sintra, Cascais, Loures, Almada, Alcochete e Mafra.

Instalar um porto de contentores no Barreiro seria o mesmo que enfiar o Rossio na Rua da Betesga e sujeitar o estuário do Tejo a um aumento exponencial das probabilidades de acidentes graves com navios. Seria, por outro lado, mais um buraco financeiro a suportar pelos contribuintes.

Conhecem a Rua da Betesga? Liga o Rossio à Praça da Figueira e tem menos de 15 metros de largura, e menos 30 metros de comprido!


POST SCRIPTUM

Recebemos, entretanto, um comentário a este post, do nosso Garganta Funda, que passamos a transcrever.

O problema é outro!

Qualquer rotura de carga tem custos enormes. Nestes casos, as margens de lucro são rapidamente comidas.

Tenho trabalhado activamente nessa questão.

Por exemplo: no comércio de cereais a granel, os navios de 60.000-100.000ton vindos do Brasil descarregam em frente a Santa Apolónia para batelões de baixo calado (3 metros) de só 3000 ton.
Estas operações acarretam um custo adicional de $11 por tonelada.

Em Leixões, a falta de uma correia tarnsportadora entre o cais e os silos, de apenas 1500 metros (11.000.000 euros de investimento) agrava numa só operação o custo da ton de cereal —soja, ou seja o que for— em cerca de $15.

A competitividade dos grandes volumes de transporte mede-se aos cêntimos.

Um erro estratégico e eles mudam para outro porto.

Setúbal está limitado em 60% pois os ambientalistas reduziram a chamada sonda reduzida do canal de 14m para 10 ou 12 metros.

A decisão de um palerma incompetente pode estragar toda uma economia regional, ou mesmo nacional.

O Napoleão dizia que pouco se importava com os corruptos e os ladrões, só não admitia incompetentes.

Garganta Funda

quarta-feira, novembro 19, 2014

Podemos acabar com a casta, ou ganhar juízo?

Ana Pastor, Antena 3, La Sexta, programa Objectivo

Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos

Ana Pastor: jornalista. Pablo Iglesias: político.
A raça espanhola está viva, recomenda-se e poderá acabar com o bipartidismo e a casta que levaram o país vizinho, tal como cá, à pré-bancarrota


Eis como uma jornalista, Ana Pastor, muy guapa por cierto, fez tremer as expetativas de maioria parlamentar que as últimas sondagens deram ao Podemos, colocando Pablo Iglesias, entretanto eleito secretário-geral do partido que saiu das Puertas del Sol e de centenas de outras praças de toda a Espanha, como putativo candidato a primeiro ministro deste “país de países”, como lhe chamou Iglesias na arena televisiva de Ana Pastor, em resposta a uma pergunta sobre a posição do Podemos relativamente às iniciativas soberanistas da Catalunha.

Numa entrevista que vale a pena ver e ouvir do princípio ao fim, dada no dia 17 de novembro ao programa Objectivo, da Antena 3, a jovem jornalista confrontou e acantonou o tumultuário sociólogo Pablo Iglesias com a agenda radical-chavista que este empunhou até ao dia em que as sondagens o indicaram como provável próximo ocupante do Palácio da Moncloa.

Comparando esta entrevista com uma outra, de 1 de junho passado, ficamos a saber que muita coisa mudou na retórica de Pablo Iglesias, felizmente na direção certa.

Creio que a maturação de Iglesias e do Podemos é um processo irreversível, o que aumenta, em vez de diminuir, como alguns comentaristas espanhois insinuaram, a probabilidade de o Podemos quebrar o rotativismo bipartidário espanhol.

E em Portugal, onde está o nosso Podemos?

Será o PDR de Marinho e Pinto, que tem um líder capaz de ecoar as preocupações de milhões de portugueses, mas a quem falta organização e juventude, o partido que irá rebentar com o neo-rotativismo e a neo-choldra indígenas? Ou o Nós, cidadãos, a quem falta liderança e, uma vez mais, juventude, que poderá aparecer como o próximo aliado parlamentar do PSD? O Livre, apesar de contar com mais jovens do que o PDR e do que NC, por não passar de um rebanho de ovelhas tresmalhadas de outra coisa amorfa chamada Bloco de Esquerda, e por ser um bebé proveta desenhado para muleta dessa coisa indecorosas que é o socratino PS do Costa das inundações e das taxas, não terá certamente futuro.

Veremos o que nos traz janeiro... Talvez, desta vez, tenhamos que esperar pelos novos e tempestuosos ventos que sopram de Espanha, para acordarmos.


Entrevistas, antes e depois de o Podemos ser dado como forte canddiato a primeiro partido de Espanha:


segunda-feira, novembro 17, 2014

PSA avisa Pires de Lima


Não estamos em Portugal para perder dinheiro!  


Carlos Tavares pede ligação ferroviária a Vigo e redução nos custos da energia

Jornal de Negócios, 14 Novembro 2014, 17:26

Os argumentos não são novos. Os custos de energia e o modo como os veículos são exportados contribuem para diminuir a competitividade da fábrica portuguesa da Peugeot Citröen. "Está-se a pôr a fábrica numa situação difícil para o futuro", admitiu o presidente-executivo da PSA.

Sem ser pessimista, mas sim realista, estes são daqueles avisos que trazem claras implicações, especialmente sabendo-se das graves dificuldades que o grupo PSA está neste momento a atravessar nomeadamente em França, onde o governo Hollande está a intervencionar o grupo.

Uma das tarefas de Carlos Tavares vai ser a redução do número de modelos que neste momento são fabricados pela Peugeot-Citröen

A gestão das marcas (marketing) irá manter a Peugeot, a Citröen e a "DS", mas com redução do número de versões, o que implica claramente uma racionalização das linhas de fabrico e montagem, como a de Mangualde.

Por outro lado, não estou a ver o estado francês a subsidiar o emprego em Portugal mantendo uma fábrica que não seja rentável. Este assunto faz-me recordar a opção da Opel na Azambuja quando concluiu que os custos de fabrico em Portugal eram altos E atenção, a fábrica da Azambuja tinha o caminho de ferro à porta, pela qual transportava muitos materiais e veículos acabados.

Curiosa a opção por Vigo!

Em vez da utilização da linha ferroviária da Beira Alta, a PSA considera Vigo como o melhor acesso (na realidade, aquele que estará disponível mais cedo) ao standard ferroviário UIC, posição essa que coincide com a do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que defende o porto de Leixões e quer a construção de uma nova estação ferroviária no aeroporto Sá Carneiro com ligação ferroviária à linha UIC de Vigo. Recorde-se que Rui Moreira ignora quaisquer ligações ferroviárias a sul do rio Douro.

Espanha, por sua vez, tem praticamente todas as marcas de automóveis a serem fabricadas em vários pontos do seu território, servido pela sua cada vez mais extensa e abrangente rede ferroviária de padrão internacional UIC (mais conhecido por 'bitola europeia'), obtendo por esta conjugação estratégica claras vantagens competitivas que começarão a pesar seriamente nas opções futuras de várias indústrias ibéricas e europeias à medida que o bluff do petróleo barato acabar, lá para 2017.

É óbvio que Portugal (porque andou e anda a dormir ao colo das cidades aeroportuária da Ota e da Ota em Alcochete) não pode competir com Espanha no que toca à nova rede ferroviária UIC, no que respeita aos custos energéticos (cuja rendas excessivas foram devidamente podadas, ao contrário do que ocorreu em Portugal, nomeadamente depois de despedirem o Álvaro) e, finalmente, no que se refere aos portos atlânticos e mediterrânicos.

Não parece, pois, que o futuro porto de contentores do Barreiro, além de uma ruína anunciada para o erário público, seja capaz de seduzir seja quem for, apesar do bluff posto a circular pelo Sérgio das PPP, sobre o interesse da Maersk no assunto. O Barreiro é servido por uma via dupla ferroviária, mas em bitola ibérica.

Definitivamente a Europa está a ficar cada vez mais longe. Cortesia dois grunhos que mandam neste país.



Em co-autoria com RMVS

sábado, novembro 15, 2014

LuxLeaks e a Caça às Raposas

Bandeira da ilha de Jersey

A União Bancária Europeia é incompatível com estados e ilhas piratas


As ilhas de Man, Jersey e Guernesey —também conhecidas por Ilhas do Canal— são Dependências da Coroa Britânica que não fazem parte do Reino Unido, nem da União Europeia. Então o que são? Bom, são paraísos fiscais!

Acontece que os Estados Unidos e agora também a China e outros estados asiáticos e da região do Pacífico, não estão dispostos a serem engolidos por revoluções sociais à conta do buraco negro da especulaçao mundial com derivados financeiros tóxicos (OTC), com os casinos a que chamam banca de investimento (hedge funds, também conhecidos por fundos de cobertura), com os esquemas de ladroagem em cascata (rehypothecation não autorizada, etc.) e outras atividades puramente predadoras (como, por exemplo, os Leverage Buyout—LBO) decidiram declarar guerra à monumental drenagaem de riqueza ilegal que tem ocorrido, nomeadamente sob a forma de fuga de capitais dos seus países em direção ao Luxemburgo, Suíça, City de Londres, ilhas piratas de sua majestade a rainha de Inglaterra, etc., etc., etc.

O capitalismo decadente e as alcateias de piratas da Europa ainda não perceberam que ou mudam rapidamente de registo, ou vão ser vítimas das revoluções que deixaram de poder exportar para os novos centros da riqueza, do trabalho, da tecnologia e do poder militar mundiais, a começar pela China, Rússia e Índia, mas também Austrália, Indonésia, Brasil, Angola e África do Sul.

Tempo de limpar a Europa da sua descarada hipocrisia.

Esperteza luxemburguesa (por Ana Gomes)

A investigação à criminalidade fiscal e financeira no universo BES/GES ainda vai no adro, mas uma auditoria da Price Waterhouse Coopers já revelou que, através de quatro offshores na ilhas britânicas Jersey e Guernsey, Ricardo Salgado desviou em poucos dias centenas de milhões do BES para o exterior, já depois de o Banco de Portugal ordenar a mudança de administração.

Público, 14/11/2014 - 03:18


China: Países da APEC comprometem-se a combater a corrupção

Pequim, - Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec) adoptaram neste sábado um plano de combate à corrupção na região, à imagem do que já é feito na China.
              
Pequim trabalha sobretudo pela extradição dos seus funcionários acusados de corrupção que fugiram do país, mas o sistema chinês encontra entraves na aplicação de tal medida devido à ausência de tratados e garantias judiciais dos seus sócios.
              
A resolução anti-corrupção, promovida por China e Estados Unidos, foi adoptada neste sábado durante os trabalhos preparatórios da cúpula dos 21 líderes da Apec, que começa nesta segunda-feira.

[...]

Um boletim oficial do banco central chinês elaborado em 2008 estimava que pelo menos 18.000 funcionários corruptos teriam fugido da China desde meados dos anos 1990, levando consigo o equivalente a 123 bilhões de dólares [123 mil milhões de USD]
ANGOP, 08 Novembro de 2014 | 15h53 - Actualizado em 08 Novembro de 2014 | 15h56

sexta-feira, novembro 14, 2014

TAP vale 1200 milhões de euros



Atenção às contas da empresa e ao valor comercial dos Slots!

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno” — Sérgio Monteiro, ministro de facto dos transportes e comunicações, dixit.
Agora que o GES morreu e a dívida má da TAP ao Espírito Santo, presumimos, foi parar ao Inferno (Banco Mau), a companhia está mais leve e pode ser vendida pelo passivo bom + o valor dos 9000 slots que detém, ou seja, -1051 milhões de euros de passivo (ver Relatórios Anuais - TAP) + 2.250 milhões de slots  = +1199 milhões de euros. Capiche?

Os 34% que o estado se propõe manter na TAP traduzem o valor inestimável de uma empresa histórica, de bandeira, que continuará a existir enquanto houver aviões e Portugal. É o que os ingleses chamam Goodwill. Não faltarão interessados!

Para recordar o que fomos escrevendo e previmos ao longo dos últimos tempos sobre a zarzuela da TAP:

etc..

POST SCRIPTUM

A súbita pressa do governo em regressar à privatização, desta vez parcial, da TAP (como recomendámos atempadamente), pode resular de uma coisa simples: a eventual falta de dinheiro em tesouraria para os subsídios de Natal deste ano!

A minha suspeita é de que a TAP tenha deixado de ter quem abanque o cashflow necessário às despesas correntes: sobretudo de salários, combustível e reposição de peças.

Esta situação foi disfarçada durante a época alta, conhecida na gíria como verão IATA, mas com o inverno IATA já em curso as receitas estão a cair.... e temo que não haja massa para pagar o 13º mês aos 7.531 trabalhadores trabalhadores, funcionários e administradores da TAP, mais os 4.000  da TAP Maintenance & Engineering. Não sei se posso somar os 7531 aos 4000, pois a informação da companhia não é clara neste como noutros capítulos da informação que deve à comunidade. No entanto, como eram 13.397 trabalhadores em 2009, o mais provável é que o número de hoje ande pelos 11.531. Talvez o gestor Fernando Pinto nos possa esclarecer.

Em alguns posts aqui publicados em 2012, as tabelas oficiais confirmam a encomenda dos 12 Airbus A350-800/900, uma operação mediada pelo ex-GES+Crédit Suisse. Dois dos Airbus deveriam ter sido entregues em 2013/2014, mas não foram, o que deixa entrever uma manifesta falta de recursos próprios, de bloqueio do auxíio público até agora canalizado através da Parpública e das negociatas escondidas com o BES-GES, e ainda da impossibiidade de acesso aos mercados financeiros.

Estas encomendas podem ser vistas como dívidas pelos os futuros acionistas, na medida em que são promessas firmes de compra. São, no mínimo, responsabilidades contratuais que sendo denunciadas acarretarão uma penalização cujos termos constarão certamente do contrato que ninguém conhece exceto o governo, a TAP e o Novo Banco (suponho...)

Eu estimei o valor dos 12 Airbus A350-900/800 encomendados em 2.573 milhões de euros, seguindo tabelas da Airbus, mas será certamente um valor superior, pois tratar-se-ão de contratos de leasing, suponho...

Resumindo e concluindo o governo tentou, uma vez mais, com o anúncio da privatização da TAP, ganhar tempo e liquidez, evitando uma veentual suspensão de pagamentos. Só que desta vez, o aviso é mesmo a sério: sem novo acionista, poderá acontecer à TAP o que aconteceu à Sabena, então companhia aérea de bandeira da Bélgica: ficarem aeronaves e tripulações apeadas nas plataformas dos aeroportos, sem combustível, nem salários!


Dos jornais
O Governo quer fechar a venda da TAP até ao final do primeiro semestre de 2015. [...]

A alienação foi aprovada, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros. O Executivo anunciou a venda de 66% do capital da TAP SGPS, mas o ministro da Economia, Pires de Lima, está aberto a outras propostas.

[...] Desta vez a transportadora é mesmo para alienar, pelo menos parte dela, e rapidamente. O ministro Pires de Lima confia que a operação se realize entre Março e Abril.

[...]

O Conselho de Ministros aprovou a venda de 66% da TAP, 61% a investidores e 5% a trabalhadores. Mas a Renascença sabe que o ministro da Economia admite que o Estado poderá ficar com uma fatia maior do capital da empresa.

Rádio Renascença. 13-11-2014 21:28

O novo processo de privatização da TAP foi aprovado esta quinta-feira, 13 de Novembro, em conselho de ministros.

“O diploma hoje aprovado prevê a privatização de 66% do capital da TAP SGPS, que detêm não só a companhia aérea, mas também todos os outros negócios do grupo”, disse o secretário de Estado dos Transportes esta quinta-feira, 13 de Novembro na conferência de imprensa após o conselho de ministros.

“Destes, 61% serão alienados através de um modelo de venda directa a um ou mais investidores de referência. Os outros 5% ficam reservados a trabalhadores da TAP e de todas as empresas do grupo”, explicou Sérgio Monteiro.

“O Estado fica com uma opção de venda de 34% que pode vir a exercer nos dois anos após o contrato de venda”, afirmou. Contudo, esta fatia só será vendida se forem cumpridas “todas as condições do caderno de encargos”.

(...)

O Governo assume que o objectivo da privatização da TAP é capitalizar a companhia aérea. “Veremos se há um encaixe com a alienação”, diz o secretário de Estado dos Transportes. Se houver, “tanto melhor”, mas o importante é que o comprador assuma o passivo da transportadora.

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno”, declarou Sérgio Monteiro na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros, em que o Executivo aprovou a privatização de 66% da companhia aérea.

Estes mil milhões de euros estão a pesar no balanço da companhia, considera o Executivo. E isto tem dificultado novos investimentos que podem ajudar a lançar a TAP para novos voos. A palavra-chave agora é capitalização.

Jornal de Negócios. 13 Novembro 2014, 15:27

quinta-feira, novembro 13, 2014

No Barreiro?!



Cheira-me que o esturro tem nome: Parpública!


Quando é que o ministro das taxas e taxinhas acorda e chama a si a pasta dos transportes, em vez de continuar a permitir ao Sérgio das PPP que continue a fazer fretes, neste caso... à Parpública?

Adaptado de um email chegado à nossa caixa de correio:

...o Barreiro e a Trafaria não são opções alternativas do mesmo campeonato.

A primeira opção é entre um terminal de contentores de águas profundas, permitindo a concorrência com o Terminal XXI de Sines (se houver interessados, se crê que haverá) e um terminalzeco para pequenos calados.

No 1º caso, a alternativa ao Terminal XXI poderá ser, ou a Cova do Vapor/Trafaria, no estuário do Tejo, ou o futuro Terminal Vasco da Gama, em Sines, se a APSines resolver o problema do monopólio da PSA.

No 2º caso, tratando-se de um "pequeno" terminal, orientado para servir a Grande Lisboal, região que já dispõe de 2 bons terminais na margem direita do Tejo, ambos ampliáveis, como se viu na sessão do passado dia 4 na OE (e que contou com a sábia deserção do SET Sérgio Monteiro, para não ser confrontado com a realidade, o que é uma forma inédita de ouvir a sociedade civil), já existe o porto de Setúbal, que tem boas acessibilidades rodo e ferroviária, para servir toda a península de Setúbal.

O Barreiro tem, de facto, dois problemas sérios para resolver: o desemprego e os terrenos da Quimiparque/Parpública. Mas estes problemas, por mais sérios (desemprego no Barreio), ou obscuros (buraco criado pelo regime na Parpública) que sejam, não se devem resolver carregando ainda mais no lombo dos contribuintes.

O estender da bitola europeia do Poceirão até ao Barreiro seria extremamente fácil e barato de fazer, e permitiria ressuscitar o Grupo Oficinal do Barreiro, fazendo aí a manutenção e a adaptação do material circulante da nova bitola, em vez de ter de o fazer em Espanha. 

Mas, como já percebemos, o Poceirão-Caia ainda não entrou na mente do Sérgio Monteiro, que não parece pertencer ao mesmo Governo que lançou o "Compromisso Verde", onde consta claramente a prioridade para a ferrovia nos transportes de médio e longo curso.

E como não temos ministro da economia, mas apenas um ventríloquo de Paulo Portas, vamos mesmo ter que esperar pela nova maioria, seja ela qual for, para regressar a este tema.

Quanto aos 20 e tal mil milhões de euros do QREN 2014-2020, único investimento externo que poderemos ambicionar nos próximos tempos, esperemos, em suma, que seja mesmo Bruxelas a dizer para e como vai a massa. Pois dos indígenas já sabemos o que esperar: estado central e autarquias semi insolventes, bancos e capitalistas rendeiros sobre endividados, ou seja, sem capital e com ações a rastejar nos cêntimos, e uma cleptocracia partidária e neocorporativa em guerra civil pelos últimos orçamentos públicos de miséria e cardumes de carapaus que se avistam no horizonte comunitário.

Quem fala de crescimento não sabe do que fala, mas lá que anda à caça de votos, anda!

O incidente de Timor visto por Ramos-Horta

José Ramos-Horta, ex-presidente de Timor

Onde há petróleo há corrupção, e muita!


Não escrevemos nada sobre este assunto até hoje, por manifesta falta de informação. A agitação indígena sobre o ultraje sofrido por alguns portugueses expulsos de Timor pareceu-me exagerada e, como sempre, sem substância. Enquanto o caso não se esclarece, se é que algum dia será esclarecido totalmente, vale a pena ler o testemunho de um dos mais importantes embaixadores da causa timorense, antigo presidente de Timor e Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, sobre este desagrável assunto.

OAM

David Vs Golias 
- Xanana Vs Conoco Philips & Co.

Hesitei em opinar sobre esta matéria pois não estava na posse de informações fidedignas embora há muito me chegavam rumores muito perturbadores com alegações gravosas nada abonatórias da Justiça em Timor-Leste.

A Justiça em Timor-Leste padece de muitas debilidades; mas o mesmo acontece com a maior parte da nossa Administração Pública. Obviamente cada setor tem o seu peso relativo e a Justiça pesa muito mais porque tem ramificações mais graves quando não funciona com competência profissional e integridade inquestionáveis.

A questão central para o Governo Timorense e para todos os Timorenses, de todos os quadrantes sociais e politicos, está no Tribunal de Díli: o embate entre David (Timor-Leste) e Golias (as famigeradas "Sete Irmãs", assim são conhecidas as sete mais poderosas empresas petrolíferas do mundo).

O Governo exibiu provas documentais, até agora não contestadas, de falhas gravosas de quem julgou o processo - Estado de Timor-Leste Vs Conocco Philips - lesando seriamente o Estado. Que haja então uma auditoria objetiva e aprofundada da Justiça em Timor-Leste.

Como Timorense fiquei muito entristecido e profundamente desiludido com as ofensas públicas e injuriosas contra o nosso Primeiro Ministro Xanana Gusmão.

Houve poucas vozes serenas. Saliento o Prof. Pedro Bacelar (Universidade do Minho) e o Irmão Guineense, Fernando Casimiro "Didinho" (http://www.didinho.org/) que revelaram honestidade e coragem intelectuais impares.

Não existe em Timor-Leste qualquer animosidade em relação aos Portugueses. E não poderia haver! Este imbróglio implica apenas uma parte, embora muito importante, da cooperação Portugal / Timor-Leste.

Fiquei consternado com a ordem de expulsão. Eu teria gerido a situação de uma outra maneira: teria convidado o Embaixador de Portugal para uma conversa íntima de amigos; ter-lhe-ia entregue o dossier acusatório; e face à documentação apresentada, os dois Governos amigos decidiriam em conjunto os passos seguintes.

Durante mais de uma década, fui apoiado no MNE (2001-2006), na Primatura (2006-2007) e na Presidência, (2007-2012) por assessores de países da CPLP e de muitas outras nacionalidades - e todos foram um exemplo de profissionalismo e dedicação, de todos guardo gratas recordações.

A cooperação Portugal / Timor-Leste tem sido exemplar, a todos os níveis. Um exemplo saliente de sucesso no setor de Educação é comprovado pelas longas filas de espera em todo o País, de pais ansiosos por ingressar os filhos na Escola Portuguesa de Díli assim como nas Escolas de Referência nos Distritos.

Ainda nesta área, temos o programa coordenado pela Fundação das Universidades Portuguesas na formação e gestão da Faculdade de Direito da UNTL, hoje bastante prestigiada, talvez a que se pode classificar de maior sucesso.

Na área de Defesa e Segurança: as relações desenvolvidas entre as duas forças são um modelo; a qualidade de formação administrada por instrutores Portugueses é visível; outro tanto tem sido a cooperação no setor de formação policial com o apoio da PSP.

A GNR deixou muito bom nome entre todos os Timorenses pelo seu profissionalismo e eficácia na actuação operacional, granjeando respeito mesmo junto dos gangues que gostavam de provocar e testar a GNR.

E não nos podemos esquecer da excelente e generosa cooperação das autarquias, Câmaras, ONGs, Igrejas Portuguesas etc, que trabalham diretamente com as populações em áreas esquecidas do nosso Pais.

O Maun Bot Xanana é um Amigo sincero e grato de Portugal; que ninguém duvide disto.

Depois do malogrado poeta Borja da Costa e do escritor Luís Cardoso (Takas), Xanana será o maior poeta e cultivador da Língua Portuguesa em toda a Ásia.

Graças a ele, a sua visão e coragem, apoiado por líderes como Francisco Lu-Olo Guterres e Mari Alkatiri, Mário e João Carrascalão, os nossos venerados Bispos, o Jesuíta Pe. Filomeno Jacob, a língua Portuguesa, moribunda em 1999-2000, com menos de 1% de falantes, ressuscitou, bem viva, falada ou entendida, por cerca de 30% da nossa população em apenas 10 anos, número que continua a crescer.

O incidente dos magistrados toldou com uma nuvem carregada as relações entre os nossos Países, mas estas relações históricas e humanas profundas deveriam sair reforçadas deste mau tempo. Tentemos colocar este episódio dos magistrados no passado e ao mesmo tempo investir mais seriamente no setor de Justiça, pilar indispensável do Estado democrático.


in
José Ramos-Horta, Facebook 

ÚLTIMA HORA

A confusão está de volta a Timor

Juízes timorenses “apavorados” pedem ajuda. Público, 12/11/2014

Foi precisamente esta quarta-feira que se assinalaram os 23 anos sobre o massacre no cemitério de Santa Cruz, em Díli. Informações chegadas a Glória Alves dão conta de que na cerimónia que ali teve lugar, o primeiro-ministro Xanana Gusmão foi apupado e apelidado de corrupto. A procuradora pensa que o perigo que correm os seus colegas tem mais a ver com um eventual linchamento popular do que com aquilo que as autoridades lhes possam vir a fazer: “Em Timor é fácil criar focos de instabilidade popular e inflamar as massas, e já sucederam linchamentos no passado”.

Atualização: 13 nov 2014 14:02 WET

quarta-feira, novembro 12, 2014

Foi Você que pediu um Costa?

Diga lá, António Costa qual é a verdadeira dívida de Lisboa?

Lisboa continua com mais freguesias, mais burocracia e mais passivo por residente do que Madrid — além de piores transportes, pior limpeza, e pior oferta cultural


Basta comparar Madrid com Lisboa para perceber num ápice que António Costa tem uma cidade endividada, suja e inundada de cada vez que chove.

O quadro seguinte foi publicado neste blogue em 28 de fevereiro de 2008. Fizemos alguma atualização, embora seja praticamente impossível saber qual foi o PIB da capital portuguesa em 2013!

Duas capitaisLisboaMadrid
Superfície83,84 kmq607 kmq
Residentes556 797 (2001) ; 520 549 (2013)3 128 600 (2006) ; 3 166 130 (2014)
Densidade (hab/Km2)6 518 (2001) ; 6 209 (2013)5 154 (2008) ; (2014) 5 216
Nº Freguesias ; Distritos53 (passou a 24)21
Pessoal municipal 12 000 (2008) ; 9 368 (2013)26 416 (2008) ; 25 577 (2014)
Pessoal p/ 1000 Hab.21,5 (2008); 18 (2013)8,4 (2008) ; 8 (2014)
Pessoal p/ Kmq188 (2001) ; 112 (2013)44 (2001) ; 42 (2014)
Despesas c/ pessoal 238 006 101  (2008) 1 438 000 000 (2008)
Despesas c/ pessoal p/ Hab.427,45 (2007) 459,63 (2007)
Despesas correntes 107 247 666 (2007) 2 151 000 000 (2007)
Passivo municipal 1 500 000 000 (2007) ; 1 420 000 000 (2013)5 936 000 00 (2007) ; 6 704 631 119 (2014)
Passivo municipal p/ residente 2 694 (2007) 2 728 (2013)1 930 (2007) ; 2 117 (2014)
PIB per capita19 400 (2007) ; em 2013: ?27 279 (2008) ; 28 915 (2013)


VOTEM NO COSTA, VOTEM, MAS DEPOIS NÃO VENHAM PRA RUA GRITAR!

terça-feira, novembro 11, 2014

Goldman Boy não quer contribuintes a resgatar bancos

Pormenor da sede do nacionalizado Lloyds Bank na City de Londres

Quem pagará no futuro os prejuízos dos bancos que colapsem?


Ao contrário do que por vezes se crê, não é dos lunáticos da ‘esquerda’ que vêm as soluções, nomeadamente sobre como evitar a socialização dos prejuízos bancários. Mark Carney, atual governador do Banco de Inglaterra e presidente da Financial Stability Board, um ex-Goldman Boy, é quem veio propor que os futuros resgates de bancos, e em particular dos 30 maiores instituições financeiras do mundo (too big to fail/ to big to save), sejam suportados pelos próprios, pelos seus acionistas e obrigacionistas, através de mecanismos de resolução interna dos problemas (bail-in).

A dita ‘esquerda’, porém, também não irá gostar disto, pois a consequência imediata do mecanismo agora proposto à discussão pública internacional será a retração de todo o setor financeiro ao financamento e refinanciamento das dívidas soberanas, que são, como sabemos, uma parte muito substancial das suas carteiras de crédito de curto, médio e longo prazo. Ou seja, impedir a socialização dos prejuízos bancários implicará uma rápida e radical inflexão das espirais de endividamento público das economias ocidentais agarradas compulsivamente ao endividamento, incluindo junto dos bancos centrais.

Sem cintos públicos de segurança, os bancos irão finalmente tornar-se conservadores na concessão de crédito aos governos, municípios e empresas públicas. Estes, sem crédito fácil, para não morrerem na praia, lá terão, por fim, que reformar-se e ajustar-se às novas realidades energéticas e demográficas, globais e locais.

Quem não caça com cão, caça com gato.

Há novas regras para impedir que os grandes bancos sejam resolvidos com ajuda pública
Jornal de Negócios. 10 Novembro 2014, 11:56

“As linhas mestras sobre como acabar com os bancos demasiado grandes para falir estão aqui”, comentou Mark Carney, o governador do Banco de Inglaterra que está à frente do Financial Stability Board (FSB), aos jornalistas. “Aqui” é um conjunto de novas regras à escala global, desenhadas pelo FSB, para que a resolução deste tipo de instituições de grande dimensão, sem que tenham impacto no sistema financeiro e sem que haja injecção de dinheiro dos contribuintes.

O documento com estas novas regras, que estará para consulta pública até Fevereiro de 2015, prevê padrões internacionais sobre a capacidade dos bancos com efeito sistémico em absorver perdas. Daí que uma das propostas do FSB seja que tal capacidade seja equivalente a um quarto (25%) dos activos ponderados pelo risco.

“Uma vez implementadas, estas normas irão desempenhar um papel importante ao permitir que os bancos com importância sistémica a nível global sejam alvo de medidas de resolução sem recurso a subsídios públicos e sem afectar todo o sistema financeiro”, indica a nota de imprensa, publicada esta segunda-feira, 10 de Novembro. O objectivo é que os bancos, por si só (com base nos accionistas e obrigacionistas), consigam fazer face aos riscos que enfrentam.

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segunda-feira, novembro 10, 2014

A vontade catalã

© Albert Gea / Reuters

Maioria referendária quer uma Catalunha independente


Catalunha
  • Eleitores: 5.413.868 (2012)
  • Votantes nas últimas eleições legislativas catalãs (2012): 3.668.310 (67,76%)
  • Votantes no referendo, inconstitucional, de 9 de novembro de 2014: 2.043.226
    — 80,72% disseram 'sim, sim' à existência de um estado catalão independente.

Não se pode perguntar aos espanhóis no seu conjunto se querem, ou não, a independência de uma das suas nações históricas — seria, de acordo com a teoria do duplo vínculo de Gregory Bateson, colocar os castelhanos, aragoneses, andaluzes, leoneses, galegos, extremenhos, bascos, asturianos, catalães, valencianos, canarinos, murcianos, etc.,  numa situação de grande instabilidade e imprevisibilidade emocionais.

Por um lado, o desejo e a vontade de independência é por definição unilateral e só por implosão sistémica (caso da URSS), ou pela força política, imposta através da democracia, ou pelas armas, ou por ambas, se consegue. Nunca foi doutro modo em nenhum tempo e em nenhuma parte do mundo. O regresso das nações jugoslavas à condição de estados independenets algumas décadas depois de terem sido artificialmente unidas sob um estado federado dirigido por Tito, ou as guerras civis que grassam na Ucrânia e nos países onde o auto designado Estado Islâmico pretende restaurar o Califado em nome da unidade político-religiosa do Islão, ou ainda o processo democrático em curso para a independência da Escócia, são provas históricas contemporâneas da natureza intrinsecamente dramática de qualquer processo de separação litigiosa. A independência da Irlanda, conseguida com sangue, suor e lágrimas entre 1919 e 1937, foi um processo violentíssimo que, em boa verdade, não está completo, pois Belfast, os unionistas protestantes e a chamada Irlanda do Norte continuam ligados ao Reino Unido. No entanto, se há revolução nacionalista que tem inspirado processos similares na Europa contemporânea, a da Irlanda é seguramente a mais sintomática e importante.

Por outro, a legalidade constitucional de um estado soberano não se aplica, por norma e princípio, a quem dele se quer apartar. Madrid opôs-se à independência do País Basco porque os nacionalistas daquela região autónoma pegaram em armas e montaram um campanha de atentados terroristas seletivos contra os representantes do estado espanhol. Mas Madrid também se opõe à independência da Catalunha porque os processos democráticos que esta nação quer implementar, à semelhança, por exemplo, da Escócia, são, na ótica da monarquia espanhola, inconstitucionais. Inconstitucionais?! Mas que Constituição no mundo prevê mecanismos referendários, ou outros, para a sua fragmentação ou perda de território e poder?

A questão das independências do país Basco, da Catalunha, ou da Galiza, para mencionar apenas três nações históricas espanholas que defendem as suas autonomias e têm partidos políticos legais independentistas, não pode ser dirimida no plano puramente legal e constitucional da monarquia espanhola, até porque para defesa das leis constitucionais sobre a unidade do estado espanhol, que, como sabemos, é uma aquisição legal imposta aos povos espanhois por Napoleão quando invadiu a Península Ibérica a caminho de Portugal, contará sempre com as suas polícias e as suas forças armadas, como aliás Madrid não se esqueceu de exibir ao longo do processo referendário que ontem teve lugar em toda a Catalunha.

A Península Ibérica que se seguiu às sucessivas derrotas militares do Islão, que por cá andou durante mais de setecentos anos, era composta por reinos e condados feudais devedores do auxílio militar e ideológico vindo de Roma, França, Inglaterra e de outras partes da Europa cristã. Só em finais do século 15 os últimos estados muçulmanos da Península foram extintos, e só então começou um lento e sempre contraditório e incompleto processo de união política na antiga Al-Andalus.

Como é sabido, foram frequentes as guerras entre os várias reinos cristãos da península ibérica, e ainda entre os vários reinos e condados unidos em volta dos soberanos Fernando de Aragão e Isabel de Castela. A última e trágica Guerra Civil Espanhola (1936-39) foi ganha pelo general galego Francisco Franco, em nome, como se sabe, da improvável afirmação de uma pátria espanhola unida em volta de um rei exilado, de uma falange fascista e de Deus. Da repressão linguística à uniformização arquitetónica e gastronómica das Espanhas (fachadas brancas, leque e sevilhanas, touros, tortilhas e calamares), tudo foi tentado, em vão, para fazer dos povos e nações reunidos por iniciativa dos Reis Católicos, o que José Bonaparte, então rei francês de Espanha, sonhou e impôs em 1808 sob a forma do Acte Constitutionnel de l’Espagne: uma só nação, uma só moeda, uma lei única e um só soberano para todas as terras e gentes de Espanha, em suma, uma só Constituição. O sonho da razão francesa criou, como se sabe, desastres e monstros. Franco chegou mesmo a planear uma nova invasão e conquista de Portugal em 1940, depois de os falangistas o terem desafiado a fazer uma entrada triunfal em Lisboa em 1939, na sequência da vitória sobre os republicanos (1). Valeu-nos a vitória do Aliados sobre a Alemanha nazi.

Uma Espanha unida é mais conveniente aos portugueses, e aos espanhóis, pois evita a cíclica agitação nacionalista que há séculos percorre a Península Ibérica mergulhando-a em períodos de instabilidade, guerra, colapso económico, autoritarismo e atraso cultural, sobretudo quando os impérios se foram e quando já não há dinheiro para financiar aventuras de poder e egoísmos regionais que apenas enfraquecem a península. A Espanha de hoje volta a ter que enfrentar o problema da sua unidade como estado de várias nações e povos. Madrid já não tem onde ir buscar euros para saquear colónias e aimentar impérios, nem deve pretender continuar a ser uma senhoria autoritária e centralista. Terá, pois, que negociar a paz e a prosperidade futura das Espanhas em novas bases de diálogo, defendendo o que interessa a todos e todos fortalece, abrindo-se à possibilidade de ver nascer na Península Ibérica uma Escandinávia do Sul, certamente em moldes que não conhecemos ainda mas que é possível imaginar e construir se, para tal, houver vontade, generosidade, inteligência e criatividade suficientes.

Fazer da Catalunha um problema insolúvel seria o pior caminho que Madrid e os povos espanhóis poderiam escolher. E seria também uma preocupação que Portugal não deseja.

NOTAS
  1. Manuel Ros Agudo—"Plano de Campanha nº 1 (34)", in Expresso, 3 nov 2009.

Atualização: 14 nov 2014 10:38 WET

sexta-feira, novembro 07, 2014

Petróleo, gás, Síria e Estado Islâmico

Gasoduto do Nabucco: a resposta à chantagem de Putin

O dossier energético e a guerra na Síria: o caso do pipeline Irão-Iraque-Síria


Por José Manuel Castro Lousada

I - Primeiro as generalidades

De um lado temos o governo sírio, dirigido por um alauíta do partido Baath, xiitas, sunitas moderados, cristãos, ortodoxos, curdos e drusos. Assad é apoiado pela Rússia, Irão, Líbano, Hezbollah e palestinos. De outro lado, a oposição síria "livre" e grupos sunitas, alguns dos quais extremistas. EUA, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Turquia apoiam de alguma forma os rebeldes, fornecendo armas e dando cobertura política.

No Médio Oriente a política e a religião estão interligadas. A guerra mexe com toda a região e com a temperatura internacional. A Síria tem um governo autoritário. Não obstante, desde há duas décadas e até ao início da revolta na rua em 2011, Assad conseguiu manter a unidade nacional, proporcionando à população educação e saúde gratuitas, garantindo às diferentes comunidades étnicas uma convivência pacífica. Os cristãos não eram perseguidos, apesar de não serem a maioria, mas na Síria não há maiorias expressivas.

Os EUA e seus aliados são acusados de apoiar directa ou indirectamente a Jablat Al Nusra e outras organizações jihadistas por intermédio do Exercito Sírio Livre e de outros "moderados", para destruir a Síria laica e independente. Invocaram que Assad é um tirano e que usou armas químicas contra o seu povo, mas a Rússia e a imprensa internacional mostraram armas químicas na posse da Al Nusra que, segundo alegado, foram fornecidas pelos norte-americanos e estados do Golfo. Israel está de atalaia.

A rebelião popular de 2011 surgiu no quadro da Primavera Árabe. Para alguns analistas, especialmente iranianos e russos, houve um aproveitamento das primaveras árabes para orquestrar a queda de Assad. A revolução na rua terá sido incentivada pelos EUA, Reino Unido, Holanda e parceiros do clube Bilderberg. Argumentam que os operacionais da Al Nusra e organizações similares não falam siríaco mas sim árabe e que muitos rebeldes "moderados" não são sírios.

Em 2011 existiam dezenas de bancos na Síria, o que indiciava um razoável nível de liberdade económica. Haverá corrupção no governo ou em redor do governo, como em muitos outros países. Tem-se afirmado também que o regime não permite eleições livres, segundo um padrão ocidental. Mas qual é o país árabe onde existem eleições livres e democráticas? A Al Zajeera e a Al Arabia têm manipulado os media contra Assad e a comunidade internacional diabolizou-o a partir de 2003, quando recusou apoiar a guerra contra o Iraque. O que ainda mantém o regime são as instituições sírias, o povo e as forças armadas. E, evidentemente, o apoio da Rússia e do Irão.

É provável que se Assad cair a guerra civil sectária continue, numa senda de progressiva balcanização do território, sendo o poder ocupado por grupos islâmicos que não vão permitir a existência de outros credos. Cristãos, curdos, drusos, xiitas e alauítas, ou seja um total de 4 milhões de sírios, aguardarão o resultado da guerra para saber se podem continuar no país. Perspectivando soluções de governo: os sunitas são aproximadamente 65% da população e aspiraram exercer o poder. Olhando para o padrão da península arábica, o mais natural será o nascimento de um novo estado islâmico sob os auspícios da Irmandade Muçulmana. No que em particular interessa aos cristãos, a queda do regime de Damasco apressará o fim da história da Cristandade no Médio Oriente. Os maronitas do Líbano não conseguirão evitar a pressão dos islamitas sírios ou absorver a infindável chegada de refugiados.

O chamado Gasoduto Islâmico


II - A conexão entre a política energética e a guerra na Síria

O que estava errado num dos países mais democráticos e multi-culturais do Médio Oriente, a Síria, para chamar a atenção do Ocidente e concitar a oposição dos defensores da democracia, ao ponto de serem considerados "combatentes da liberdade" indivíduos que no Ocidente seriam tratados como terroristas?

Os problemas geopolíticos relacionados com a produção, transporte e uso do gás natural - eventualmente o principal combustível do século XXI - estão, talvez, mais do que qualquer outro tema, no radar dos estrategas ocidentais. F. William Engdahl, consultor em energia, diz que o gás natural é o ingrediente inflamável que alimenta a corrida à energia na região. A guerra em curso é sobre se os gasodutos que abastecerão a Europa, de leste para oeste, seguirão do Irão e do Iraque para a costa mediterrânea da Síria, ou se farão uma rota mais pelo norte, do Qatar e da Arábia Saudita, através da Síria e da Turquia. Tendo percebido que o fluxo do encalhado pipeline Nabucco (e de todo o Corredor Meridional) é abastecido apenas por reservas do Azerbaijão, e que não pode nunca igualar o fornecimento russo para a Europa ou impedir a construção do South Stream, o Ocidente está com pressa em recorrer ao Golfo Pérsico. A Síria, elo fundamental nesta cadeia, alinha com o Irão e a Rússia. Como tal, ter-se-á decidido nas capitais ocidentais que Assad tem de cair. A luta pela democracia é uma falsa bandeira exibida para encobrir objectivos não declarados.

Recorde-se que a rebelião na Síria teve início há três anos, quase ao mesmo tempo em que era assinado em Bushehr, no sul do Irão, em 25 de Junho de 2011, um memorando respeitante à construção de um novo gasoduto Irão-Iraque-Síria, para ligar 1.500 km desde Asaluyeh, no campo de gás natural de North Dome/South Pars (compartilhado pelo Qatar e pelo Irão), a Damasco. O gasoduto percorre 225 km em território iraniano, 500 km no iraquiano e 500-700 km em terra síria. Mais tarde, poderá prolongar-se pelo leito do Mediterrâneo até à Grécia. A possibilidade de fornecimento de gás liquefeito para a Europa através dos portos sírios no Mediterrâneo também está em cima da mesa. Os investimentos montam a 10 biliões de dólares.

O projecto, conhecido por "gasoduto islâmico", deveria entrar em operação entre 2014 e 2016. A capacidade projectada é de 110 milhões de metros cúbicos de gás por dia (40 biliões de m3/ano). Iraque, Síria e Líbano já assumiram que necessitam do gás iraniano (25-30 milhões de m3/dia para o Iraque, 20-25 milhões de m3 para a Síria e 5-7 milhões de m3 para o Líbano até 2020). Uma parte será fornecida através do sistema de transporte de gás árabe para a Jordânia. O projecto concorreria com o Nabucco, promovido pela União Europeia (capacidade estimada de 30 bilhões de m3 de gás/ano), que não tem reservas suficientes. Planeou-se o trajecto do Nabucco pelo Iraque, Azerbaijão, Turcomenistão e Turquia. Após a assinatura do memorando sobre o Pipeline Islâmico, o director da Companhia Nacional de Gás Iraniano (NIGC), Javad Oji, afirmou que o South Pars, com reservas de 16 triliões de m3, é uma "fonte confiável de gás e um pré-requisito para a construção de um gasoduto com uma capacidade que o Nabucco não tem". Cerca de 20 biliões de m3/ano seguiriam para a Europa, concorrendo com os 30 biliões do Nabucco, mas não com os 63 biliões do South Stream russo.

Um gasoduto do Irão seria altamente rentável para a Síria. A Europa também beneficiaria com a construção, mas no Ocidente há outras ideias. Os parceiros fornecedores de gás do Golfo Pérsico não estavam satisfeitos com a concorrência, nem era suposto estarem, nem sequer o transportador número um, a Turquia, que ficaria fora de jogo. A "Unholy Alliance" constituída para o negócio declarou ter por objectivo "proteger os valores democráticos" no Médio Oriente, ao arrepio da forma como as monarquias do Golfo lidam com tais valores.

Os estados sunitas percepcionam o Pipeline Islâmico segundo contradições interconfessionais, considerando-o um "gasoduto xiita do Irão xiita, através do território do Iraque com a sua maioria xiita e para o território do amigo xiita-alauíta Assad". Como refere F. William Engdahl, este drama geopolítico é intensificado pelo facto de o campo de Pars Sul se encontrar no Golfo Pérsico, directamente na fronteira entre o Irão xiita e o Qatar sunita que, não sendo adversário para o Irão, faz uso activo das suas ligações à presença militar dos EUA e britânica no Golfo Pérsico. No território do Qatar está um nó do “Pentagon’s Central Command of the U.S. Armed Forces”, o quartel-general do “Head Command of the U.S. Air Force”, o “N.º 83 Expeditionary Air Group of the British Air Force” e a “379th Air Expeditionary Wing of the U.S. Air Force”. O Qatar, escreve Engdahl, tem outros planos para o Pars Sul, é avesso a esforços conjuntos com o Irão, Síria e Iraque, e fará o possível para impedir a construção do pipeline, incluindo armar os "rebeldes", muitos deles sauditas, paquistaneses e líbios.

A determinação do Qatar é ainda alimentada pela descoberta, em 2011, de uma área de produção de gás na grande Síria, perto da fronteira com o Líbano, não muito longe do porto mediterrâneo de Tartus, arrendado à Rússia, e pela detecção de um importante campo de gás perto de Homs. Segundo estimativas preliminares, tais descobertas devem aumentar substancialmente as reservas de gás do país, que já ascendiam a 284 biliões m3. A perspectiva da exportação de gás sírio ou iraniano para a Europa através de Tartus joga contra os interesses do emirado e dos seus patronos ocidentais.

Segundo a Global Research, o jornal árabe Al-Akhbar revelou informações sobre um plano aprovado pela administração norte-americana destinado à construção de um gasoduto Qatar-Europa, envolvendo a Turquia e Israel. A capacidade não é mencionada, mas, considerando os recursos do Golfo Pérsico e do Mediterrâneo oriental, poderia ultrapassar tanto a do Pipeline Islâmico como a do Nabucco, fazendo frente ao South Stream russo. O principal encarregado do projecto é Frederick Hoff, "responsável pelas questões de gás no Levante" e membro do "Comité norte-americano para a crise síria". O pipeline teria origem no Qatar, atravessaria território saudita e jordano, contornando o Iraque xiita, até chegar à Síria. Perto de Homs, o gasoduto ramificar-se-ia em três: para Latakia, Trípoli, no norte do Líbano, e Turquia. Homs, onde existem reservas de hidrocarbonetos, é o "principal entroncamento do projecto". Nas proximidades da cidade e do ponto-chave Al-Qusayr travam-se algumas das batalhas mais ferozes e é o sector onde o futuro da Síria se joga: os locais onde os rebeldes operaram com o apoio dos EUA, Qatar e Turquia, ou seja a norte, Homs e arredores de Damasco, coincidem com a rota prevista para o gasoduto, em direcção ao Líbano e à Turquia. Um cotejo entre o mapa dos combates e o mapa da rota do pipeline Qatar-Europa indicia uma ligação entre a guerra e a necessidade de controle territorial. São três os objectivos a atingir: "quebrar o monopólio de gás natural da Rússia na Europa; libertar a Turquia da dependência do gás iraniano; e dar a Israel a oportunidade de exportar o seu gás para a Europa por terra, com menos custos". Pepe Escobar, analista do Asia Times, afirmou que o emir do Qatar fez, aparentemente, um acordo com a Irmandade Muçulmana, apoiando a sua expansão internacional em troca de um pacto de paz no Emirado. A Irmandade Muçulmana na Jordânia e na Síria alteraria abruptamente todo o mercado geopolítico mundial do gás natural - decididamente a favor do Emirado e em detrimento da Rússia, Síria, Irão e Iraque. Seria também um duro golpe para a China.

Entre outros objectivos, a guerra na Síria permitirá impulsionar o projecto do pipeline Qatar-Europa e desmantelar o acordo celebrado entre Teerão, Bagdad e Damasco. A implementação deste foi interrompida várias vezes devido à acção militar, mas em Fevereiro de 2013 o Iraque mostrou disponibilidade para assinar um acordo-quadro que permitiria a construção do gasoduto. Pouco depois, novos grupos xiitas iraquianos manifestaram-se em apoio de Assad. As participações no "jogo de eliminação" sobre o Pipeline Islâmico iniciadas na Síria pelo Ocidente continuarão a crescer. O fim do embargo da União Europeia ao armamento dos rebeldes sírios, que segundo a BBC mereceu a oposição inicial da maioria dos estados-membros, poderá não chegar para ajudar os rebeldes.

Quanto à civilização e à justiça, quando o lucro está em causa, os sentimentos não contam. O que importa é não jogar a carta errada neste jogo que cheira a sangue e a gás.

O pipelina que liga Síria ao Qatar

Fonte da parte II deste texto, correspondendo à sua quase tradução integral:

The Geopolitics of Gas and the Syrian Crisis: Syrian “Opposition” Armed to Thwart Construction of Iran-Iraq-Syria Gas Pipeline
By Dmitry Minin
Global Research, September 19, 2014/ Strategic Culture Foundation 31 May 2013 


NOTA (O António Maria)

Ainda a propósito dos contornos desta espécie de Cruzada pós-moderna contra países muçulmanos, cuja origam principal é, desde 1917, a decisão ocidental de controlar a principal região petrolífera do planeta, vale a pena ler este texto de Glenn Greenwald

Glenn Greenwald. ¿Cuántos países musulmanes ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980?

 Barack Obama, en su conferencia de ayer posterior a la elección, anunció que pedirá una Autorización para el Uso de Fuerza Militar (AUMF, por sus siglas en inglés) del nuevo Congreso, que autorice su campaña de bombardeo en Iraq y Siria – que comenzó hace tres meses. Si uno fuera generoso, diría que pedir autorización del Congreso para una guerra que comenzó hace meses es por lo menos mejor que librar una guerra incluso después que el Congreso rechazara explícitamente su autorización, como lo hizo Obama ilegalmente en el ahora colapsado país de Libia.

Cuando Obama comenzó a bombardear objetivos dentro de Siria en noviembre, señalé que era el séptimo país con preponderancia musulmana que había sido bombardeado por EE.UU. durante su presidencia (lo que no incluía el bombardeo por Obama de la minoría musulmana en las Filipinas). También señalé previamente que esta nueva campaña de bombardeo significa que Obama se ha convertido en el cuarto Presidente consecutivo de EE.UU. que ordenó que se lanzaran bombas sobre Iraq. Considerados por sí solos, ambos hechos son sorprendentemente reveladores. La violencia es tan corriente y continua que ya apenas nos damos cuenta. Precisamente esta semana, un drone estadounidense lanzó un misil que mató a 10 personas en Yemen, y los muertos fueron rápidamente calificados de “presuntos militantes” (lo que en realidad significa solo que son “varones en edad militar”); esos asesinatos apenas merecieron ser mencionados.

Para obtener una visión total de la violencia estadounidense en el mundo, vale la pena formular una pregunta más amplia: ¿cuántos países en el mundo islámico ha bombardeado u ocupado EE.UU. desde 1980? La respuesta fue suministrada en un reciente artículo de opinión en el Washington Post del historiador militar y ex coronel del ejército de EE.UU.,

Andrew Bacevich:

“Mientras los esfuerzos de EE.UU. por “degradar y finalmente destruir” a los combatientes del Estado Islámico se extienden a Siria, la III Guerra de Iraq se ha transformado discretamente en el Campo de Batalla XIV del Gran Medio Oriente. Es decir, Siria se ha convertido en por lo menos el 14º país en el mundo islámico que fuerzas estadounidenses han invadido, ocupado o bombardeado, y en los cuales soldados estadounidenses han matado o han sido muertos. Y eso es solo desde 1980.

Enumerémoslos: Irán (1980, 1987-1988), Libia (1981, 1986, 1989, 2011), Líbano (1983), Kuwait (1991), Iraq (1991-2011, 2014-), Somalia (1992-1993, 2007-), Bosnia (1995), Arabia Saudí(1991, 1996), Afganistán (1998, 2001-), Sudán (1998), Kosovo (1999), Yemen (2000, 2002-), Pakistán (2004-) y ahora Siria. ¡Vaya!.

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Atualização: 8 nov 2014, 16:28 WET

Toma Jerónimo!


O Fundo de Resolução é a machadada final na aliança entre os rendeiros indígenas e a partidocracia que rebentou o país. Ulrich recebeu os depósitos do es-BES, mas também vai receber a fatura


Ulrich: "Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização" do BES
Jornal de Negócios, 07 Novembro 2014, 08:36

O banqueiro avisou que os bancos podem vir a recorrer à justiça se o prejuízo com o resgate ao BES for elevado. "Provavelmente, se o problema for muito grande, os bancos não têm outro remédio senão litigar com o Estado e o Banco de Portugal".

O BES deveria ter sido nacionalizado quando foi resgatado por 4,9 mil milhões de euros. O Governo português devia ter escolhido esta via para o Banco Espírito Santo devido a ser a mais segura para a banca nacional por não implicar riscos de prejuízos, defende o presidente executivo do BPI.
Na realidade, o que o aflito do BPI está a dizer é simples: nacionalizando o BES, a fatura dos roubos e prejuízos passava toda para o lado do rebanho manso dos contribuintes indígenas. Os portugueses, como se sabe, aguentam tudo o que se lhe põe em cima da albarda — desde que venha do governo, do estado, dos senhores doutores!

Curiosamente os ingleses fizeram o que Ulrich quer que se faça relativamente ao buraco negro do ex-BES. Um dos seus maiores bancos, o famoso Lloyds, foi nacionalizado (temporariamente, claro!) para o que contrataram o nosso rapaz Osório. Sim, nacionalizaram o banco... até que os pacóvios ingleses, escoceses e galeses paguem a fatura dos banksters da City e das ilhas piratas de sua majestade. O povo de lá adora a monarquia...

PS: já perguntei, mas ninguém responde: que negócio fez o secretário-geral da UGT, e funcionário do ex-BES, com o governo, a propósito do emprego e pensões dos trabalhadores do ex-BES? Que paz podre negociaram? Será que ainda não perceberam que se vai saber tudo, e que depois de morto e enterrado o neocorporativismo que tivemos até agora, as contas serão pedidas aos responsáveis? No Triunfo dos Porcos os porcos eram todos iguais, mas havia uns mais iguais que outros. Na democracia populista portuguesa, pelos vistos, houve quem tivesse lido o livro!

Pobreza infantil: afinal...

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Em termos relativos, claro...


No meio de tanta desgraça Portugal até nem é dos piores em matéria de pobreza infantil.
E no que toca a saúde pública e cuidados médicos estará ainda melhor do que os EUA e muitos outros países supostamente muito ricos. A esquerda populista indígena e a nossa imprensa indigente têm que começar a estudar antes de acusar e alarmar!

The Washington Post
By Christopher Ingraham October 29, 2014
Child poverty in the U.S. is among the worst in the developed world

The United States ranks near the bottom of the pack of wealthy nations on a measure of child poverty, according to a new report from UNICEF. Nearly one third of U.S. children live in households with an income below 60 percent of the national median income in 2008 - about $31,000 annually.

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quinta-feira, novembro 06, 2014

Tribunais, constitucional e de contas, bloqueiam Portugal

A nova rede ferroviária de que Portugal precisa
(clicar para ampliar)

Só Bruxelas poderá impedir a transformação de Portugal numa ilha ferroviária


A santa aliança entre os rendeiros e a oportunista esquerda que temos tem boicotado um dos principais vetores de saída da atual crise económica e social portuguesa

La licitación pública en obra ferroviaria creció un 253 por ciento hasta septiembre
Se situó en 2.442, 24 millones de euros y supone el 23,7 por ciento del total de lo licitado

(06/11/2014) En conjunto se licitó en obras ferroviarias un total de 2.442,24 millones de euros que suponen el 23,7 por ciento del total de la licitación pública. Adif licitó entre enero y septiembre por valor de 2.240,10 millones de euros, lo que supone un avance del 243,5 por ciento respecto al mismo periodo de 2013.

La licitación conjunta de todas las administraciones en los primeros nueve meses del año creció un 63,7 por ciento hasta los 10.291,74 millones. La de la Administración Local creció un 49,9 por ciento, la de la Autonómica un 13,1 por ciento, mientras que la Administración Central licitó un 113 por ciento más que en los tres primeros trimestres de 2013.

Vía Libre
A nova rede ferroviária espanhola para passageiros e mercadorias, de bitola europeia, chegará em breve a Badajoz e Vigo, e também à fronteira francesa no País Basco. A saída por Barcelona já está operacional há mais de um ano. A ligação entre Salamanca e a fronteira portuguesa, de que nem sequer existem estudos prévios, pelo lado espanhol aguarda que os portugueses se decidam (ver mapa detalhado dos corredores — Trans-European Transport Network | TEN-T Corridors).

A hesitação permanente e a paralisia criminosa dos sucessivos governos portugueses nesta matéria teve como resultado, até hoje, o desperdício de largas centenas de milhões de euros dos fundos comunitários (que acabaram por ir parar a Espanha e França!) e indemnizações devidas ao consórcio Elos que venceu o concurso da ligação ferroviária Poceirão-Caia, mas cujo concurso foi anulado pelo chamado, mas falso, Tribunal de Contas, sem apelo nem agravo, e mehor conveniência dos governantes de turno, que aproveitaram mais este pretexto para voltar a parar o processo na esperança de que a especulativa cidade aeroportuária de Alcochete e a Ponte Chelas-Barreiro (ambas muito desejadas pelo ex-DDT, Ricardo Espírito Santo, e pelo senhores Ho e Almeida Santos) um dia ressuscitassem.

Quando as ligações ferroviárias espanholas chegarem à fronteira portuguesa, ou perto, pessoas e mercadorias do lado de cá passarão a ter que mudar de combóio em Valença do Minho, Vilar Formoso, Badajoz e Vila Real de Santo António, para chegarem aos nossos principais mercados de exportação e trabalho. É que havendo descontinuidade de bitolas, isto é, da largura dos carris, na eletrificação das linhas e nos sistemas de sinalização e segurança, os comboios portugueses deixarão de poder circular na principal rede de transporte ferroviária espanhola e europeia!

Os prejuízos deste verdadeiro boicote indígena de acordos bilaterias e projetos europeus consolidados são enormes.

Um deles é este: as transportadoras rodoviárias nacionais emigrarão em massa para os portos secos da Galiza, Salamanca e Badajoz (onde o gasóleo é mais barato, e os impostos menos assassinos); outro é este: a já decadente rede ferroviária portuguesa colapsará de vez.

Todo este boicote começou por ser feito em nome de interesses ocultos, e acabou, durante o atual governo, por prosseguir, mas desta vez em nome da repressão do investimento público, ou seja dos cortes orçamentais nas despesas de capital impostos pela corja da chamada 'esquerda' parlamentar, e pelos imbecis do Tribunal do Constitucional. Sem credores externos que continuassem a alimentar burros a Pão de Ló e porcos a pérolas, o governo teria que fazer duas coisas de forma equilibrada e estratégica: diminuir a despesa do estado e aumentar as receitas. Na diminuição das despesas, a principal delas deveria ter resultado de uma reforma estrutural do estado, isto é, das suas funções e eficiência (energética e burocrática), e ainda de uma modificação radical do seu relacionamento (capturado por elites rendeiras e devoristas várias) com a economia e as instituições fora do seu perímetro orçamental estrito. Tendo sido impedido de o fazer, pelo bloqueio conjunto da 'esquerda', das corporações empresariais e sindicais, banqueiros rendeiros e Tribunal Constitucional, o governo acabaria por reprimir, muito para além do desejável, o investimento público, nomeadamente na construção da urgente ligação de Portugal aos corredores de transporte europeus. Quando a 'esquerda' demagógica e populista fala de crescimento, e critica o governo pela falta dele, sabe muito bem que é a principal responsável por este grave bloqueio económico do país.

A nossa única salvação é, apesar de tudo, a mão cada vez mais pesada que a Comissão Europeia e o BCE terão na condução da política orçamental e de concorrência portuguesas. O protetorado, no fundo, no fundo, ainda é o que poderá salvar Portugal da desgraça completa e da corja de rendeiros, piratas e devoristas que tem vindo a destruí-lo.


POST SCRIPTUM

Nem de propósito!

Comissão Europeia/ Representação em Portugal
Melhorar as ligações ferroviárias
06/11/2014

O Programa RTE-T da UE vai investir 400 000 euros em estudos técnicos para o melhoramento da infraestrutura ferroviária transfronteiriça em Portugal e Espanha, que irão contribuir para o desenvolvimento dos serviços ferroviários entre os dois países e o resto da Europa.


IMPORTANTE

Mas diz quem sabe...

“Este projecto estará a ser feito pela REFER, por indicação do Secretário de Estado dos Transportes e sob a proposta do Prof. José Manuel Viegas, e parece também envolver empresas privadas ligadas a essa gente.

Este projecto consiste apenas em acabar com a possibilidade dos próximos governos (provavelmente do PS) reiniciarem o processo de construir uma rede em bitola europeia em Portugal.

Trata-se da tal ideia de instalar o celebérrimo 3º carril, que possivelmente nunca deveria ser feito porque já se sabe que é um disparate em termos de eficiência ferroviária para longas distâncias (até pior do que os intercambiadores).

Eis um verdadeiro crime de traição à Pátria porque vai  afectar as gerações futuras por muito e muitos anos....

Conforme podem ver pelo descritivo que está em baixo, este projecto só interessa a Portugal e, para ser aprovado, teve a conivência do Director Geral das Infraestruturas em Bruxelas (que é um português...) e do antigo Presidente da Comissão Europeia (outro português....)

Conforme poderão confirmar, o descritivo do projecto, que apenas interessa Portugal, envolve apenas 400.000 Euros. Possivelmente será para pagar os estudos aos amigos do PSD, PS, etc. Mais um dinheiro esbanjado que para nada servirá...”

quarta-feira, novembro 05, 2014

Espanha: a má história repete-se?

Veículos militares nas estradas da Catalunha (Twitter)

Não é na Ucrânia, é na Catalunha!


Ao que parece estão a decorrer manobras militares de intimidação na Catalunha, quatro dias antes da prevista consulta referendária informal aos catalães sobre a independência do território, promovida pelo governo catalão em alternativa ao referendo oficial anteriormente anunciado e proibido por decisão do tribunal constitucional de Espanha

Pelos vistos o tema do separatismo permanece um tabu inultrapassável em Espanha, independentemente de ser promovido pela via guerrilheira, ou por ações pacíficas de cariz claramente democrático.

Infelizmente parece que a Espanha caminha para uma repetição da parte má da sua história :(

Porque não pode haver um processo democrático e pacífico de discussão e decisão, como na Escócia, já para não mencionar outros casos recentes na Europa, sobre a reconfiguração do estado espanhol? Não sabiam que ao avançarem para o estado das autonomias esta seria uma evolução previsível?

Os portugueses desejam tudo menos ver a Espanha tropeçar noutra tragédia revolucionária e contra-revolucionária. Uma Espanha unida é melhor para Portugal, mas como estão a evoluir as coisas, se não houver entretanto bom senso, o pior pode voltar a acontecer. Esperemos todos que não!

Spain Moves Military Assets Into Catalonia Ahead Of Weekend's 'Illegal' Secession Vote
ZeroHedge, Submitted by Tyler Durden on 11/05/2014 14:21 -0500

"Everything is all set for Nov. 9," says a senior Catalan regional government official as the region prepares to defy both the central government and the country's highest court and proceed with a much-disputed weekend vote on whether to secede from Spain. And while the Spanish government has not specified what legal consequences Catalan leaders, poll workers or voters might face Sunday, when they go to vote, The LA Times reports that Madrid has reportedly readied thousands of Civil Guard police officers to travel to Catalonia this weekend if needed.

Enquanto a questão do separatismo se agudiza na Catalunha —e veremos o que se passará no País Basco dentro de um ano ou dois— e o Podemos chega ao primeiro lugar nas intenções de voto dos espanhóis, o movimento neo-nazi grego Aurora Dourada abre sucursal em Espanha.

Os ingredientes de uma grande trapalhada estão a entrar no caldeirão de uma Espanha outra vez perdida entre os fantasmas da sua história recente.

Aurora Dourada legaliza-se em Espanha

Amanecer Dorado aterriza en España y fija su sede en Alcoy
Diario Información. m. v / m. c. 04.11.2014 | 11:49

La formación neonazi Amanecer Dorado, fundada en Grecia en 1985, ha desembarcado en España con la apertura de su sede en Alcoy. La organización ultranacionalista fue inscrita en el registro de partidos políticos del Ministerio de Interior la semana pasada, y su presidente es Antonio Vicedo, que en 2008 encabezó la candidatura por Alicante de Alianza Nacional.