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sábado, fevereiro 28, 2015

Pax Americana? Niet! 不


China apoia Rússia no conflito ucraniano. Tordesilhas 2.0 dá mais um passo


Chinese diplomat tells West to consider Russia's security concerns over Ukraine
Reuters. BEIJING Fri Feb 27, 2015 3:48am EST

(Reuters) - Western powers should take into consideration Russia's legitimate security concerns over Ukraine, a top Chinese diplomat has said in an unusually frank and open display of support for Moscow's position in the crisis.

Qu Xing, China's ambassador to Belgium, was quoted by state news agency Xinhua late on Thursday as blaming competition between Russia and the West for the Ukraine crisis, urging Western powers to "abandon the zero-sum mentality" with Russia.

Há anos que vimos defendendo que o futuro do planeta oscila entre uma terceira guerra mundial em cenário MAD e uma espécie de um compromisso win-win semelhante ao famoso Tratado de Tordesilhas que, 1494, permitiu aos

“...mui poderosos príncipes os senhores D. Fernando e D. Isabel, pela graça de Deus rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada, de Toledo, de Valência, de Galiza, de Mailhorca de Sevilha, de Cerdenha, de Córdova, de Córsega, de Murcia, de Jahem, do Algarve, de Algezira, de Gibraltar, das ilhas de Canárea, conde e condessa de Barcelona e senhores de Biscaia e de Molina, duques de Atenas e de Neopátria, Condes de Roselhão e de Cerdónia, marqueses de Oristão e de Goçiano.”
e ao
“...mui alto e mui excelente senhor o senhor D. João, pela graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém-mar em África e senhor de Guiné...”

dividir o mundo desconhecido entre si.

Enfim, depois vieram os holandeses, os ingleses e os franceses, mas no início foi assim: um meridiano elástico serviu de buffer à concorrência e conflitualidade sempre iminente entre Portugal e a ambição de hegemonia ibérica estabelecida pelos reis católicos Fernando de Castela e Isabel de Aragão—soberanos da região central da península para quem o acesso ao mar atlântico e mediterrânico e as passagens para França sempre foram críticas e vitais.

Os Descobrimentos Portugueses inseriram-se no primeiro verdadeiro movimento de globalização que se conhece, e foi, em grande medida, fruto de problemas semelhantes aos que voltamos a ter de forma aguda no Médio Oriente e na antiga Rota da Seda, ou seja na crucial Eurásia sobre a qual tanto tem escrito um dos principais estrategas norte-americanos, Zbigniew Brzezinski, ou ainda, com grande profundidade, o historiador britânico residente nos Estados Unidos, Paul Kennedy.

A Guerra dos 100 Anos foi igualmente um detonador importante da expansão ultramarina, sobretudo pelo lado inglês, depenado pela guerra, já sem ouro para pagar a colaboração holandesa na estratégia de tensão e guerra contra a França e os seus aliados: Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avinhão.

Os nossos historiadores, quase sempre mui atentos e obrigados, raramente objetivos, nunca estudaram convenientemente o casamento entre a inglesa de gema Phillipa of Lancaster e o nosso João I, nem o papel crucial que Filipa viria a ter na educação política e humanista dos seus filhos (Filipa fora educada por Geoffrey Chaucerthe Father of English literature, e autor dos famosos The Canterbury Tales), e sobretudo naquela que viria a ser a maior aventura do povo português desde que Afonso Henriques afirmou de espada na mão o nosso território vital.

A rainha portuguesa, com fortes ligações diplomáticas a Inglaterra e uma notória influência no seu país de origem, terá estado na origem da estratégia da conquista de Ceuta, a qual abriria as portas aos impérios ultramarinos europeus. Apanhada por uma epidemia de peste bubónica, morreira menos de um mês antes da Batalha de Ceuta, que teve lugar em 14 de agosto de 1415.

Esta breve excursão histórica é importante, pois completam-se este ano seis séculos de uma rotação da história mundial, hoje prestes a sofrer uma oscilação em sentido oposto, com o desembarque financeiro da China em Portugal. Quando a Europa do século XV saía da Idade Média, a China mergulhava no isolacionismo imperial que lhe daria cinco séculos de regressão tecnológica, económica, social e cultural.

Nasci em Macau e sei o suficnete da sensibilidade chinesa para poder afirmar que este é um ano de grande simbolismo para a China. Que grande oportunidade perdida por António Costa! Podia ter lido um discurso à altura deste momento simbólico, redigido por algum intelectual digno do nome, com grandeza e sabedoria. O que ocorreu foi uma farsa deprimente que em breve acabará com a imprestável carreira política de um alcaide que nem o cargo respeita.

Defendi e defendo que Lisboa seja para a China o que as Portas do Cerco sempre foram para Pequim ao longo de quatrocentos e quarenta e seis anos: um caminho de acesso à Europa, e um entreposto comercial privilegiado com a China.

Quando passeava pelo Bund de Xangai, numa noite de 1999, polvilhada de humidade e mistério, olhei para Pudong, então com menos de uma década de transformação naquilo que hoje é: uma impressionante metrópole. Não resisti anos mais tarde (2005) a imaginar a extensão do centro de Lisboa para a Margem Sul—uma cidade com duas margens como hoje Xangai é. Mais pequenina, sem perdermos a graça barroca da nossa história, mas ainda assim virada corajosamente e com imaginação para o futuro. Poderia a China ajudar-nos a tornar realidade esta visão? A guia que me acompanhava naquele passeio após um jantar memorável perguntou: em que pensas? Respondi: que o mundo é pequeno e que somos todos muito parecidos.

A China sabe que o inferno que hoje se vive no Médio Oriente e nas fronteiras naturais da Rússia resultam da estratégia de antecipação imperial americana, que pretende deste modo travar a expansão chinesa no mundo. Para que tal estratégia resulte será necessário aos americanos fazerem o contrário do que os europeus fizeram depois da queda de Constantinopla e da Batalha de Ceuta: fechar o ex-império ocidental ao exterior, ao Outro, numa espécie de Nova Idade Média, burocrática, autoritária, ressuscitando a caça às bruxas e o medo—matando a liberdade, claro.

Se é esta a ideia americana, tal implicará duas grandes guerras, uma contra a Rússia, na qual boa parte da Europa poderá ser destruída, e uma guerra contra a China, que começará, pelo norte, com uma confrontação liderada pelo Japão, e a sul, com a destruição da nova Rota da China em acelerada construção, através do bloqueio do Estreito de Malaca. O Pacífico será de novo um Inferno.


Talvez por compreender que os relógios desta aparente inevitabilidade aceleraram subitamente, a China tenha decidido esta semana tomar a decisão histórica de se colocar oficialmente ao lado da Rússia no conflito que a esta foi imposto pelo Ocidente, através de sucessivas provocações, de que a tentativa de integrar a Ucrânia na União Europeia e na NATO foi a gota de água que transbordou de um copo já demasiado cheio.

Se esta análise aderir à realidade, como penso que adere, Portugal está metido num grande sarilho.

A menos que acorde e resolva lançar-se na missão histórica de propor e intermediar a negociação dum novo Tratado de Tordesilhas, em nome da paz, mas sobretudo em nome de uma estratégia win-win, como aquela que no longínquo dia 7 de junho de 1494 os reis na Ibéria souberam pactar, seremos sujeitos a enormes pressões vindas do Oriente e do Ocidente. A minha cabeça está em Portugal, mas uma parte do meu coração vive em Pequim, Xangai e os olfactos primordiais nasceram em Macau.

China Just Sided With Russia Over The Ukraine Conflict
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/27/2015 22:25 -0500

When it comes to the Ukraine proxy war, which started in earnest just about one year ago with the violent coup that overthrew then president Yanukovich and replaced him with a local pro-US oligarch, there has been no ambiguity who the key actors were: on the left, we had the west, personified by the US, the European Union, and NATO in general; while on the right we had Russia. In fact, if there was any confusion, it was about the role of that other "elephant in the room" - China.


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terça-feira, fevereiro 10, 2015

Alemanha e o cliente europeu

Porsche Cayenne—são bons, mas não invencíveis

Sem euro, como seria?


Exportações alemãs em alta: €217 mil milhões de saldo líquido positivo. O último máximo, verificado em 2007, de €195,3 mM, foi ultrapassado em 2014. Já que o tema do dia é a Grexit, convém lembrar a este propósito que este crescimento provém sobretudo das expotações alemãs para o resto União Europeia, e que se está produzindo, desde a criação do euro, à custa do decréscimo contínuo das balanças comerciais do resto da Europa!

German exports hit record highs in 2014, despite international crises
EurActiv. Published: 10/02/2015 - 07:48 | Updated: 10/02/2015 - 08:59

“The main driver of growth was our core market, the European Union. However, more attention must still be paid to the eurozone, which only marginally contributed to growth. Apparently the results of exports to third countries were only able to be shown in a positive light due to the solid outcome from US exports.”

Com o euro forte como está, apesar da queda face ao dólar, e conhecidas as medidas chinesas de ataque ao despesismo público e à corrupção, incluindo um corte de 50% na aquisição de viaturas ao serviço dos dirigentes do estado, é de prever que a dependência económica alemã dos seus parceiros comunitários permaneça, pelo que fustigá-los diariamente com lições hipócritas de ética protestante não será o melhor caminho.

A Alemanha beneficiou claramente com o euro

Alemanha: o desvio do comércio externo para fora da Zona Euro, após o início da crise de 2007-, é evidente, mas não compensa em volume o que poderia perder se perdesse o mercado europeu

Percebe-se, à luz destes números e gráficos, e da ameaça de colapso do euro, que Berlim e Washington andem numa lufa-lufa para fechar o muito polémico e obscuro Transatlantic Trade Investment Partnership (TTIP) (1) (2).

No fundo, estamos a caminho de uma espécie de Tratado de Tordesilhas 2.0. Ou seja, de uma nova divisão da globalização em duas metades. Uma metade euroatlântica, que inclui o máximo do continente europeu, o máximo dos recursos energéticos fundamentais do Médio Oriente, metade de África e as Américas. E outra metade, euroasiática, pivotada pela China, cujos contornos são ainda confusos e elásticos.

Para aumentar as tensões deste processo está, como tem estado desde a era Napoleónica, a Rússia—um país transcontinental que, pela sua extensão, tem o coração e a cabeça divididos entre o Ocidente e o Oriente.

Ora é precisamente na gestão deste dossiê que tanto a França, como a Alemanha, se têm saído bastante mal ao longo da História, remetando invariavelmente as pesadas faturas das suas asneiras ao resto dos europeus.

Veremos o que sucede desta vez.

POST SCRIPTUM

Eu tb cheguei a pensar que a culpa principal era dos PIIGS, e muita culpa têm certamente pela situação de bancarrota a que chegaram. Mas é preciso ver tb o que quer a Alemanha, e o que querem os americanos —coisas opostas, claro.

A situação é mais complexa do que parece. Os PIIGS terão que redesenhar os seus sistemas políticas e adaptar as suas democracias ao que produzem e exportam. Mas o que produzem e exportam não pode ser objeto de uma clara manipulação financeira e cambial (na realidade continuam a existir euros fortes e euros fracos) por parte da Alemanha. Sobretudo da Alemanha! Basta ver como evoluiram as balanças comerciais na Europa antes e depois da criação do euro.


NOTAS
  1. L'impact du TTIP dans les pays en développement oppose gouvernement et ONG en Allemagne
    EurActiv. Published: 10/02/2015 - 10:18 | Updated: 10/02/2015 - 10:36

    Une étude menée sur le TTIP par le ministère allemand du Développement affirme que l'accord commercial profitera aux pays pauvres. Une hypothèse jugée « irréaliste » par l'ONG Foodwatch. Un article d'EurActiv Allemagne. 

    Le partenariat transatlantique pour le commerce et l'investissement (TTIP) présente des opportunités de croissance inattendues pour les pays en développement, affirme une étude menée par l'Institut IFO pour le ministère allemand du Développement. 

    Des conclusions avec lesquelles l'ONG de défense des droits des consommateurs Foodwatch est en désaccord. « L'étude est basée sur des hypothèses utopiques et irréalistes. Sous sa forme actuelle, le TTIP est et reste un programme de paupérisation pour les pays en développement. Quiconque affirme le contraire fait circuler des informations biaisées », assure Martin Rücker, porte-parole de Foodwatch à EurActiv Allemagne.
  2. Stop TTIP! 
Atualização: 10/2/2015 22:02 WET

segunda-feira, janeiro 26, 2015

Syriza coliga-se à direita

Panos Kammenos e Alexis Tsipras durante o encontro desta manhã, em Atenas. No final da reunião, o líder do partido Gregos Independentes confirmou a existência de um acordo para a formação de um Governo /  LEFTERIS PITARAKIS/AFP/Getty Images

Syriza coliga-se com partido anti-austeritário de direita


Este é o primeiro soco no estômago da esquerda macumbeira indígena. O atónito Costa, o manhoso PCP e os desmamados esquerdistas do Bloco de Migalhas, exultavam ontem, ainda que discretamente, com a vitória retumbante do albergue espanhol de extrema-esquerda a que chamaram Syriza.

Alexis Tsipras acaba de coligar-se à direita, depois de um discurso de vitória onde anunciou a fidelidade ao euro e reformas (não disse, mas serão obviamente estruturais) na Grécia, a par de um programa de renegociação da dívida num quadro europeu alargado de maior racionalidade, capacidade de decisão e solidariedade, que o BCE, aliás, teve o cuidado de antecipar na mesma semana, quando percebeu o resultado inevitável das eleições gregas, e futuramente das eleições espanholas e... francesas. Como dizem os chineses, perder a face é uma uma derrota inaceitável e tudo devemos fazer para evitá-lo.

O que se está a passar na Europa é mesmo a derrocada dos que conduziram o continente até à beira do precipício. Para estes não há, nem poderá haver, novas oportunidades!

A metamorfose dolorosa está a meio, falta ainda muita imaginação para eliminar os vícios e sobretudo a corrupção estrutural dos regimes democráticos capturados pela aliança espúrea entre o capitalismo pirata mais especulativo e a generalidade das burocracias partidárias que capturaram os estados e as instituições em benefício próprio. Não nos esqueçamos que o senhor Ricardo Salgado financiava a Fundação Mário Soares, tal como financiava anualmente a Festa do Ávante!

Esta vitória do Syrisa, e a coliçação esquerda-direita anunciada, vão ser de uma enorme importância para avaliarmos o que foi e é inevitável nos programas austeritários de redução do endividamento excessivo (e especulativo) dos governos, das empresas e das famílias, já realizados, e o que pode e deve mudar à luz de uma Europa menos dominada pelo pensamento quadrado da Alemanha.

A Grécia da nova coligação quente-e-fria vai ter que bater o pé ao BCE, à Alemanha e aos satélites desta na Europa. Para isto irá desencadear uma dinâmica de coesão estratégica no sul da Europa, da Albânia até Portugal, passando obviamente pela Itália, Espanha, e França. Curiosamente, contará com aliados imprevistos, como o Reino Unido, os Estados Unidos e sobretudo a Rússia. Esta quer acabar com a passagem do seu gás natural pela Ucrânia, deixando o país em cacos ao cuidado da senhora Merkel e respetivos sobrinhos, e quer passar a abastecer a Europa através, precisamente, da Grécia (ler Guerra e Gás, e Guerra e Gás 2).

A Alemanha, com a sua proverbial falta de sabedoria diplomática, estragou uma vez mais o seu sonho imperial. A Eurásia com capital em Berlim morreu. Se outra Eurásia houver, que russos, indianos e chineses desejam, voltará a estar centrada nas potências atlânticas e mediterrânicas da Europa ocidental, na Rússia e na.... China. Os Estados Unidos terão que se contentar, a prazo, com a nova divisão do mundo (a que venho chamando Tordesilhas 2.0)

Quanto a Portugal, já é tempo de aparecer uma nova força política que anuncie o fim da velha ordem.

Uma medida imediata para mudar este país: acabar com a profusão de carros oficiais, reduzindo para metade toda a despesa suportada pelos contribuintes com automóveis do Estado, autarquias e empresas públicas. Os políticos devem usar os transportes públicos, tal como a maioria dos cidadãos que os elegem. O exemplo vem, aliás, da China, que acaba de anunciar mais esta medida de necessária austeridade (CCTV, 26 jan 2015).

ÚLTIMA HORA

Sem maioria absoluta, Alexis Tsipras não perdeu tempo para encontrar o parceiro de coligação: Panos Kammenos e o seu partido conservador, nacionalista, anti-Troika e algo xenófobo, Gregos Independentes. O líder do Syriza já tomou posse como novo primeiro ministro da Grécia.

Em Portugal, uma coligação destas daria uma aberração do género: Bloco de Esquerda+MRPP+Nova Democracia (PND). Vai ser lindo observar o atónito Costa, o manhoso PCP e os desmamados esquerdistas do Bloco de Migalhas a comentar o pragmatismo, certamente ousado, de Alexis Tsipras!

Atualização: 26 jan 2015, 15:17 WET

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Guerra e Gás (2)

O mapa geoestratégico do gás move-se rapidamente na Eurásia
(clicar para ampliar o mapa)

Syriza agradece a Obama e Putin!


A Guerra do Gás está ao rubro! A Rússia anunciou anteontem que desviará os gasodutos de abastecimento do seu gás à Europa para a Turquia, com entrada... pela Grécia!

O Syriza abriu ontem, seguramente, duas garrafas de Champagne — pois ganhou, de repente, dois aliados: Obama e Putin!

E agora? Quem irá pagar as despesas da Ucrânia?

A castanha rebentou ou vai rebentar em breve na boca da Alemanha. É o preço da gula e de não respeitar os interesses dos vizinhos: Rússia e Turquia, por um lado, o sul da União Europeia, por outro.

A Tratado de Tordesilhas 2.0 é a única alternativa a uma Terceira Guerra Mundial.

EurActiv: European Commission Vice President Maroš Šefčovič was told in Moscow Wednesday (14 January) that Russia would shift all its gas transit from Ukraine to Turkey, and that EU customers should buy this gas at the border with Greece.

According to press reports, Šefčovič, who visits Russia for the first time since he was appointed Commission Vice-President for the Energy Union, said he was “very surprised” by the Russian move.

Russia recently abandoned plans to build the South Stream gas pipeline via the Black Sea to Bulgaria, and blamed Sofia for having obstructed the project.

Uma das consequências da mudança de paradigma energético em curso é esta: dentro de poucos anos teremos os preços do petróleo indexados ao preço do gás natural, e não o inverso, como sempre sucedeu desde que o petróleo era a energia dominante. O barril do petróleo poderá muito bem estabilizar nos 40-60 dólares, ou até menos!

A produção de petróleo estagnou há muito, sendo que parte do aumento da produção registada se deve a outros produtos que não o crude (por exemplo, o GTL, e alguns refinados, etc.), bem como à incorporação de petróleo pesado e caro ao cômputo geral da produção. Se o preço do barril estabilizar abaixo dos 60 dólares, o mais provável é que muito do petróleo vendido no mercado de futuros jamais venha a ser produzido!

O tempo do gás natural e da eficiência chegaram. Tudo irá mudar, desde logo no mercados financeiros, onde a especulação generalizada das últimas décadas chegou ao fim.


POST SCRIPTUM

Green light for TAP, amber for hydrocarbon tenders.
ekathimerini, 3/2/2015 (23:08)


Atualização: 6/2/2015, 00:13 WET

sábado, dezembro 20, 2014

2015: os dois erros fatais de Mário Soares e o fim deste regime

Soares diz que o Governo está "moribundo" e "vai cair" (outubro, 2013)
© Daniel Rocha/Arquivo

José Sócrates e Jorge Coelho foram os testas de ferro de Mário Soares, e perderam. Nem Ricardo Salgado os salvou. Muito pelo contrário!


Soares começou por avaliar mal a China e Angola, crendo que a Europa e os amigos do seu amigo Frank Carlucci, que cairiam parcialmente em desgraça depois do 11 de Setembro, nomeadamente em Portugal, lhe manteriam as costas quentes para dizer o que quisesse, de modo cada vez mais incontinente, e para mover as suas tropas à vontade no território manifestamene exíguo do país que sobrara da implosão do nosso exangue império colonial.

Soares não estudou e por isso não conseguiu ver o óbvio: que a China precisaria de África e da América do Sul para a sua própria sobrevivência estratégica e crescimento sustentado. Não percebeu que a projeção global da China em direção ao Atlântico se faria naturalmente através de uma ligação entre Pequim (com Xangai e Macau) e Maputo, Luanda, Lisboa e Brasília (além de Buenos Aires e Caracas). Não leu os meus posts, onde escrevi, entre outras coisas, que a China estabelecera o ano de 2015 para se tornar o banco do mundo (incluindo o banco da América, da Rússia e da Europa), e assim passar a ser, de facto, a nova e única potência global em condições de desafiar a supremacia do império americano.

Observação: nesta nova divisão do mundo é preciso lançar a iniciativa de uma espécie de novo Tratado de Tordesilhas (a que chamei Tordesilhas 2.0), sob pena de, se algo de semelhante não for conseguido, Ocidente e Oriente cairem outra vez numa dinâmica de confrontação extremamente perigosa. Um alinhamento acéfalo e cobarde da Europa com os Estados Unidos só poderá dar péssimos resultados, como estamos neste momento a ver e perceber, finalmente.

A desastrosa política da NATO, comandada desde Washington, acossando e provocando as fronteiras da Rússia, mergulhou a Europa numa gravíssima crise de liderança.

Esperemos que Angela Merkel, que conhece bem os russos, tenha a sabedoria de reencaminhar a União Europeia para uma cooperação estratégica com Moscovo, em nome de uma Eurásia livre da prepotência americana. A Rússia precisa da ligação ferroviária entre Lisboa e Vladivostoque para se proteger da excessiva importância da ligação ferroviária Pequim-Madrid—que só não chega ainda a Lisboa porque o lóbi pirata do aeroporto da Ota em Alcochete conseguiu, até agora, condicionar a ação de Passos Coelho (1).

Por todos os motivos, neste particular aspeto da movimentação tectónica em curso, Portugal só tem uma opção estratégica que valha o nome: manter-se fiel à sua geografia, fiel às suas velhas alianças, mas também fiel à memória histórica, à sua memória histórica!

Ser um pequeno mas confiável parceiro do Ocidente e do Oriente onde estivemos ao longo dos últimos 600 anos—de facto até ao início deste século, pois Timor só obteve a sua independência efetiva em 2002— é uma missão histórica e a nossa principal estratégia para todo o século 21. Quem não percebeu ou não quer perceber esta subtileza histórica não tem lugar no futuro e deve, desde já, deixar de atrapalhar o presente.

Em Macau, para onde Mário Soares enviou uma tropa fandanga de aventureiros, ficou uma mancha terrível de corrupção grosseira e insaciável. Em Angola, Soares não só apoiou o cavalo errado, como teve mau perder e, desde então, foi sempre fustigando José Eduardo dos Santos, movendo sempre que quis a indigente imprensa local para denunciar a cleptocracia de Luanda.

José Sócrates bem tentou agarrar a areia com as mãos, quer dizer, bem tentou entrar no novo filão estratégico a que os país está destinado, viajando para Luanda, Maputo, Macau, Pequim, Caracas, Brasília. Até enviou o BES para Angola e para a China, onde mal estava presente. Até destacou a Mota-Engil para Angola, Moçambique, Brasil e alguns países mais da América Latina. Mas houve algo que falhou. O que foi? Só encontro uma explicação: a perceção de que Sócrates, Jorge Coelho e o resto da tríade de Macau era afinal a malta fixe do velho Mário Soares e do seu ajudante de campo, António Almeida Santos!

Que há de errado nesta configuração? Talvez isto: o aliado africano de Mário Soares foi Jonas Savimbi, e o aliado chinês chamou-se Stanley Ho — um milionário que perdeu 89% da sua fortuna em 2008 e cujos numerosos descendentes andam envolvidas em disputas de herança.

Como Mário Soares nunca fez as necessárias agulhas para os verdadeiros poderes da China e de Angola, e em Moçambique se manteve neutro, dificilmente se poderia esperar que o futuro das estratégias de Pequim e de Luanda passasse por velhos inimigos, ou por gente que se portou tão mal em Macau e nunca verdadeiramente olhou para Pequim com a atenção devida.

Na linhagem descendente e alinhada de Mário Soares, ninguém tentou mudar de direção exceto, em boa verdade, José Sócrates. Acontece, porém, que a mudança de direção teve mais de deriva oportunista do que estratégia. Basta ver a sanha moralista da deputada Ana Gomes, ou do filho de Mário Soares, João Soares, contra a cleptocracia angolana e a ditadura chinesa, para que fique claro que o Partido Socialista e os seus governos não são aliados confiáveis da China, nem muito menos de Angola.

Entretanto, José Sócrates e a sua turma de corruptos e irresponsáveis levaram o país à pré-bancarrota, deixando a maioria dos bancos portugueses na ruína, entregues a uma fuga criminosa de capitais e à ocultação de passivos mais ou menos clandestinos. Sem dinheiro, os banqueiros despediram Sócrates e o governo. O PS viria a perder compreensivelmente as eleições a favor de uma nova geração do PSD, capitaneada por Pedro Passos Coelho.

À medida que foi preciso corrigir o país, os casos de corrupção começaram a saltar.

Por outro lado, a estratégia diplomática portuguesa acertou o passo com a racionalidade e o pragmatismo, obtendo um significativo apoio por parte da China e de Angola. Foi isto que enfureceu Mário Soares e a corja corrupta do PS, mas também muita gentinha igualmente corrupta do PSD e do CDS/PP.

O timoneiro Soares chegou então à conclusão de que era preciso derrubar o governo de Passos Coelho fosse como fosse. António José Seguro não alinhava? Despediu-se o Tozé! A pressão sobre Cavaco Silva foi enorme, e veio dos dois lados: do PS de Soares e do PSD de Durão Barroso. Passos Coelho, porém, resistiu melhor do que se esperava.

Nem o golpismo impotente e de última hora de Mário Soares, atraindo toda a esquerda partidária neocorporativa e indigente para a rua, com as tropas de choque sindicais assediando continuamente ministros e comunicação social, empurrando os trabalhadores para greves que são becos sem saída (Professores, Metro, CP, Carris e TAP são bons exemplos da criminalidade sindical à solta), nada disrto derrubou a coligação, nem chegará para salvar o PS de uma mais que provável extinção partidária.

O carreirista limitado que é António Costa foi obviamente empurrado para o papel que hoje, sem jeito algum, e apesar da babada e desmiolada imprensa indigente que o apoia, desempenha: o de testa de ferro de segunda ordem de Mário Soares.

Esperemos que a Justiça que entretanto se libertou do disléxico Monteiro e de toda a canga de invertebrados judiciários que serviram a casta que nos arruinou, faça o seu trabalho depressa e bem, destapando um a um os potes da riqueza sequestrada aos portugueses, e recupere, se não todo o saque, pois parte dele foi delapidado em obras inúteis, contratos ilegítimos que terão que ser denunciados e corrigidos, e muita festa regada com Champagne, pelo menos nos ajude a restaurar, como povo, a honra perdida.

NOTAS
  1. O governo português, nesta particular mas importante matéria, só tem que fazer uma coisa: cumprir os acordos com Espanha e fazer a sua parte na construção da nova rede ferroviária europeia em bitola europeia. Para isto tem dinheiro europeu. Para as parvoíces que enfiaram no GTIEVA não tem, nem terá.

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Sócrates: o ativo tóxico do PS

© Photobucket


Vá para a prisão sem passar pela Casa de Partida!


As últimas horas de Sócrates em liberdade

Sócrates partiu para Paris na manhã de quarta-feira, dia 19 de Novembro. Tudo indica que, nessa altura, já soubesse que a sua detenção estava iminente.

À chegada a Lisboa, Sócrates foi preso. Mas antes de embarcar avisou um jornalista no qual depositava confiança - talvez para rodear a sua prisão de grande escândalo.

José António Saraiva, 18/12/2014 13:41:52
Sol

Verosímil. Só não se percebe porque motivo José Sócrates não decidiu partir imediatamente para Fortaleza, ou qualquer outra cidade brasileira, em vez de ir diretamente para a Prisão… sem passar pela Casa de Partida. Será que não acreditou que pudesse ser preso? 'Eles não têm coragem....' terá dito a alguém.

Se tivesse fugido para o Brasil, a pretexto de uma missão para a Octapharma, sabendo que havia uma ordem de detenção, Sócrates teria alimentado ainda mais as suspeitas de corrupção que há muito pendem contra ele.

Por outro lado, tendo sido detidos os seus putativos testas de ferro, José Sócrates ficaria sem acesso ao dinheiro de que tanto precisa diariamente, e sem qualquer capacidade de manobra. Na prisão de Évora ainda poderia tentar dar uma entrevista ao Expresso e, quem sabe, levar a desavergonhada RTP a dormir com ele na mesma cela! Com o diácono Seguro fora de combate, e as massagens, perdão as sondagens, desenhadas para favorecer o Costa, quem sabe...

À medida que as semanas passam este ativo tóxico do PS vai queimando em lume brando o seu próprio sargento-ajudante de outrora, feito entretanto capacho à medida dos poderes fáticos do PS (Mário Soares, Almeida Santos e Jorge Coelho), com a missão, com sucesso cada vez menos provável, de derrubar o atual governo de qualquer maneira e recolocar a tríade de Macau no poder.

António Costa, aos serviço da estratégia de Sócrates, Soares, Almeida Santos e Jorge Coelho, foi empurrado para espetar facas e finalmente assassinar politicamente António José Seguro. Conseguiu-o, mas a que preço? Eu creio que ao preço do seu próprio suicídio político. A criatura Costa é um carreirista medíocre, bom para oficial às ordens, mas incapaz de dirigir seja o que for.

Lisboa é uma cidade sobre endividada e mal gerida pelos boys e girls que o ignorante e desajeitado ex-governante de Guterres e de Sócrates foi arregimentando. A capital do país esteve desgraçadamente escorada numa promiscuidade desmiolada com o Espírito Santo, e mete água sempre que chove, como se não tivessem sido gastos centenas e centenas de milhões de euros nos subterrâneos da Baixa.

António Costa, desde que tomou de assalto o poder no Partido Socialista, a mando da tríade de Macau e com uma unanimidade eleitoral coreana que diz tudo sobre o esgotado sistema partidário que temos, ora dá beijos na boca do Livre, ora sorri envergonhado ao Bloco Central. Pelo meio diz alarvidades sobre caravelas e aviões.

O tempo não corre a favor da velha guarda que arruinou Portugal. 

Sócrates e Jorge Coelho, inspirados por Almeida Santos e Soares, quiseram dar cartas num jogo que há muito os ultrapassa: a estratégia chinesa para África, América do Sul e flanco sul da Europa.

Este jogo de placas tectónicas entre a China e os Estados Unidos da América, que conta ainda com uma grande projeção chinesa em direção à Eurásia, nomeadamente através de Moscovo e Berlim, inclui naturalmente pilares fortes em Moçambique, Angola, Brasil, Argentina, Venezuela e Portugal.

O erro dos 'socialistas' foi terem ficado prisioneiros dos pequenos jogos de Macau dos herdeiros de Stanley Ho, e do gorado estratagema de vender os terrenos do aeroporto da Portela a estes amigos do PS, onde seria então erguida a famosa e luxuosa Alta de Lisboa, para com o resultado de semelhante embuste financiar um novo aeroporto de raíz — nas palavras do adiantado mental Mateus, uma nova 'cidade aeroportuária' em Alcochete. E uma TTT Chelas-Bareiro, com a fanfarra do PCP atrás, pois claro! A avença do BES à Festa do Avante! iria certamente aumentar.

O prémio para o novo poder cor-de-rosa em ascensão, que entretanto foi tomando de assalto a Caixa Geral de Depósitos e o BCP, seria o famoso novo aeroporto da Ota, que ainda durante o governo de Sócrates passaria para Alcochete. O principal banqueiro disto tudo era o BES (e o seu aliado Crédit Suisse), e a principal construtora disto tudo seria a indecorosa Mota-Engil. Como é hoje público e notório, todos estes alicercers da dinastia soarista estão a ruir.

Portugal tem todo o interesse estratégico em acolher as ligações da China ao mundo, que passam nomeadamente por África (corredor Nacala-Lobito), pela América do Sul e pelo nosso país (ver o mapa que há muito desenhámos do cada vez mais próximo Tordesilhas 2.0).

Internamente, percebe-se que este naco de oportunidades que é gigantesco e poderia transformar Portugal num país respeitado e próspero (hoje não é uma coisa nem outra, cortesia dos piratas que assaltaram o país) seja disputado por quem tiver unhas para o agarrar.

Mas sabendo o que sei hoje parece-me evidente que os piratas da tríade de Macau apostaram num cavalo velho e desdentado, e que quando quiseram emendar a mão já era tarde. Começaram então a fazer asneiras umas em cima das outras, a ponto de terem quase estragado o brinquedo. As quedas vergonhosas e escancaradas de José Sócrates e do banqueiro Ricardo Slagado são o epílogo de uma guerra para a qual o senhor Mário Soares teve mais olhos que barriga.

É por estas e por outras que temos que varrer do mapa do poder em Portugal a Brigada do Reumático do Bloco Central da Corrupção que nos levou à quase bancarrota. Quem ainda não entendeu isto, ou é burro que nem uma porta, ou um avençado da casta caída em desgraça.

António Costa é pois uma mula política em que não se deve apostar um euro. Na realidade, já é uma carta fora do baralho.

PS: o olhar vesgo da deputada Ana Gomes em direção ao negócio dos submarinos tem tudo que ver com esta guerra perdida do PS.

quinta-feira, outubro 30, 2014

Willem Buiter: "Je suis étonné de ne pas voir de sang couler dans les rues d'Europe"

Willem Buiter: "Je suis étonné de ne pas voir de sang couler dans les rues d'Europe"
Willem Buiter - economista-chefe do Citigroup

Os banksters, mais do que os povos, temem a deflação, pois esta implica a morte de centenas de bancos endividados até aos ossos e que mentem sobre os seus ativos e sobre as suas crescentes imparidades. Por outro lado, sem inflação, ou com 'reflações' que nada trazem de novo ao bem estar dos povos atacados pela austeridade (que é, afinal, a inflação dos pobres), as dívidas soberanas tornam-se mais difíceis de pagar, levando os governos a processos subtis mas inexoráveis de renegociação das dívidas públicas, que por sua vez obrigam a injetar literalmente galáxias de dinheiro virtual nos bancos insolventes, cuja situação, por sua vez, só poderá piorar perante a bolha de endividamento piramidal dos governos, oligopólios rentistas e fundos especulativos alavancados até às nuvens.

É disto que este pirata tem medo!

Curiosamente, Willem Buiter, perante a deflação anunciada, recomenda investimentos nas deterioradas infraestruturas, nomeadamente de transportes, da Alemanha e do Reino Unido, e estímulos ao consumo em Espanha, Grécia e —presumimos— Portugal.

Ora aqui está algo com que Pedro Passos Coelho não contava, mas que vai dar um jeitaço no ano eleitoral de 2015. O setor automóvel e o turismo tomaram, aliás, a dianteira nesta matéria, criando os seus próprios setores financeiros especializados de crédito ao consumo. Se Passos Coelho e o monarca do QREN (afastado que seja o motorista do BES colocado no AICEP) tiverem juízo, aproveitarão esta janela de oportunidade para lançarem, de uma vez por todas, as ligações ferroviárias, em bitola europeia, de Lisboa, Porto e Aveiro até Espanha/ resto da Europa, ao mesmo tempo que despacham rápida e favoravelmente a criação do terminal aéreo Low Cost do Montijo, acabam com o embuste do novo terminal de contentores no Barreiro e preparam estudos sobre a viabilidade do fecho da golada do Tejo, resolvendo assim o problema da erosão costeira da Costa da Caparica, ao mesmo tempo que projetam um futuro porto de águas profundas na Cova do Vapor-Trafaria. De caminho preparem-se para mais uns investimentos em material de vigilância e defesa costeira da nova Plataforma Continental, em aviões, barcos e manutenção adequada e atempada dos famigerados submarinos.

Willem Buiter: "Je suis étonné de ne pas voir de sang couler dans les rues d'Europe" - Finance - Trends-Tendances.be

Pierre-Henri Thomas 29/10/2014 à 09:53 - Mis à jour à 10:22

La déflation devrait se concrétiser l'année prochaine en Europe, pronostique Willem Buiter, l'économiste en chef du groupe américain Citigroup. Pour l'éviter, la BCE devra sortir le grand jeu et les pays devront stimuler la demande, chacun à sa manière. Sans quoi, la croissance ne sera pas au rendez-vous et l'endettement sera de plus en plus lourd à porter.

[...]

Alors, la déflation est arrivée en Europe ?

Nous n'en sommes pas loin et elle est déjà là dans certains pays du Sud. Au niveau de la zone euro, elle ne se concrétisera peut-être pas au cours des prochains mois en raison de certains effets techniques ou saisonniers, mais il n'y a pas de doute. Il y aura une inflation négative au début de l'an prochain.

Y a-t-il moyen de l'éviter ?

Il y a quelques mesures apparemment simples à prendre mais difficile du point de vue politique.

Lesquelles ?

La première est un examen sérieux des banques européennes, ce qui est en train de se passer avec les stress tests. Ces tests constituent le premiers pas de l'Union bancaire, laquelle est un élément-clé, non seulement dans le contrôle des banques et du système financier mais aussi pour une bonne transmission de la politique monétaire.

Ensuite, nous avons besoin de stimuler la demande. Il y a un excès de capacité dans la zone euro. L' "output gap" (l'écart entre le PIB réel et son niveau potentiel) grandit. Oui, la baisse de l'euro et du prix des matières premières est une bonne nouvelle pour les exportateurs, mais je le répète, nous ne sommes pas loin de la déflation en Europe.

Dans ce contexte, je crois que l'Allemagne peut se permettre de réaliser un stimulus budgétaire, qui consisterait à réaliser des dépenses dans des domaines qui soutiendront la croissance à terme. Comme par exemple renforcer les infrastructures. L'Allemagne mais aussi la Belgique et le Royaume-Uni ont sous-investis dans les infrastructures pendant des années. D'autres pays n'ont pas ces besoins (l'Espagne, la Grèce,... ont énormément dépensés dans les infrastructures) et il leur faut des stimuli budgétaires "discrétionnaires", à la carte. Dans ces pays, il convient de stimuler la demande privée.



Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?


1929-1933-1939
Quebra do anel de transferências entre os EUA e a Europa > colapso financeiro da Alemanha > II Guerra Mundial

monetarismo 1
: criação de liquidez com garantias na economia > monetarismo 2: criação de liquidez especulativa, sem garantias na economia > colapso financeiro: insolvência e falência de bancos > colapso de empresas > desemprego em massa > intervenção estatal: política de preços e rendimentos: redução de preços, redução de salários > redutação das taxas de juros > espiral deflacionária > monetarismo 3: intervenção desesperada dos governos: injeção massiva de papel-dinheiro nas mãos dos consumidores > inflação > hiperinflação > colapso geral: fascismo> nacional-socialismo...

2007-2008-2015...
Quebra do anel de transferências entre a China, Europa e Petromonarquias e os EUA > colapso dos EUA? > III Guerra Mundial, ou Tratado de Tordesilhas 2.0?

Situação: não existe um desequilíbrio tão grande entre os EUA e a Europa, China, etc., como havia entre a América e a Europa entre o fim da I e o início da II guerra mundial > há um desequilíbrio importante entre os EUA e a China, mas incomparável ao aperto alemão depois de duas derrotas militares e até à reunificação (19014-1990) > neste momento a Europa dispõe de capacidade produtiva excedentária, mas a sua balança de pagamentos é cada vez mais positiva, havendo pois um excesso de capacidade financeira que em breve descolará da Europa em direção a outras regiões do globo > por fim, há um novo dado decisivo: o pico do petróleo e em geral o encarecimento dos recursos energéticos, hidrológicos, minerais e alimentares disponíveis, com efeiros que começaram a sentir-se de modo muito claro depois de 1973, e sobretudo depois de 2005.

AGORA
: a monetização das dívidas (QE e as várias réplicas europeias) desde 2008, tem servido até agora para evitar o pior, mas a solução parece cada vez mais esgotada... ou seja, depois dos resgates e da austeridade, vai ser necessário acrescer a estas medidas excecionais medidas mais drásticas de reestruturação das dívidas públicas e privadas através de mecanismos não declarados de reestruturação, como o chamado haircut e os bail-in. Bancos e sistemas de especulação financeira —pública (bolsas) e privada (derivados OTC)— serão reestruturados com perdas crescentes, a começar nos investidores e especuladores incautos ou simplesmente mais fracos. Os estados demasiado grandes, burocráticos, ineficientes e corruptos terão que encolher, com ou sem resgates, com ou sem programas cautelares, com ou sem visitas semestrais dos credores.

É por isto tudo que a conversa sobre a deflação é sobretudo uma manobra de distração dos devedores insolventes. É que para estes só a inflação, a reflação e, no limite, a hiperinflação eliminaria de vez as suas imprudentes dívidas.

Atualização: 30 outubro 2014 09:35 WET

segunda-feira, outubro 27, 2014

China’s Navy Is Already Challenging the US in Asia | The Diplomat

China: um osso cada vez mais duro de roer

À medida que os Estados Unidos caminham para a falência financeira, e sobretudo moral, a sua capacidade de exercer as prerrogativas imperiais diminui dia a dia. O seu poder de tiro é avassalador, mas numa guerra balística nuclear, já sabemos, não há vencedores. Pode destruir países indefesos com sucessivos bombardeamentos aéreos e guerras vicariantes (proxy wars), e gerar com estas chachinas assimétricas por si engendradas (o célebre 'terrorismo'), mas não tem conseguido ocupar nenhum novo metro quadrado de terra ou mar em parte alguma do planeta. Estranho, não é?

Quando é que os americanos estudam o Tratado de Tordesilhas, e percebem de uma vez por todas que, às vezes, é melhor dividir para partilhar, do que dividir para reinar?

China’s Navy Is Already Challenging the US in Asia | The Diplomat

sábado, outubro 25, 2014

Putin fez hoje um sério aviso à navegação mundial

Tordesilhas 2.0


Rússia e China preparam-se para guerra paulatinamente arquitetada pelos EUA em nome da hegemonia perdida

Financial Times, 24-10-2014
Putin unleashes fury at US ‘follies’

Russian president Vladimir Putin on Friday accused the US of undermining the post-Cold War world order, warning that without efforts to establish a new system of global governance the world could collapse into anarchy and chaos.

In one of his most anti-US speeches in 15 years as Russia’s most powerful politician, Mr Putin insisted allegations that its annexation of Crimea showed that it was trying to rebuild the Soviet empire were “groundless”. Russia had no intention of encroaching on the sovereignty of its neighbours, he insisted.

The Daily Beast, 28-04-2014
New U.S. Stealth Jet Can’t Hide From Russian Radar
America’s gazillion-dollar Joint Strike Fighter is supposed to go virtually unseen when flying over enemy turf. But that’s not how things are working out.

The F-35 Joint Strike Fighter—the jet that the Pentagon is counting on to be the stealthy future of its tactical aircraft—is having all sorts of shortcomings. But the most serious may be that the JSF is not, in fact, stealthy in the eyes of a growing number of Russian and Chinese radars. Nor is it particularly good at jamming enemy radar. Which means the Defense Department is committing hundreds of billions of dollars to a fighter that will need the help of specialized jamming aircraft that protect non-stealthy—“radar-shiny,” as some insiders call them—aircraft today.

A Rússia está de volta, recomenda-se e afirma que o Big Brother americano é um fator de risco para a paz mundial... e que o dólar americano já era. O sistema de segurança global está minado assegura Putin (TASS). Será que os alemães ouviram a mensagem, ou querem levar mais uma tareia, desta vez por andarem de cócoras e ao serviço dos falcões e piratas financeiros de Washington e Londres?

Bem fez Passos Coelho em exigir hoje em Bruxelas maior autonomia energética na Europa e o fim do bloqueio energético dos 'socialistas' franceses à ferrovia e capacidade de exportação energética da Ibéria.

A propósito, que diz o pascácio 'socialista' sobre isto? Vai convocar mais uma comissão de sábios indígenas para entreter o seu vazio de ideias e esconder o desempenho de uma agenda que não controla, mal conhece e lhe é servida a conta gotas por quem o colocou na posição em que está?

Portugal vai ser palco de uma disputa entre os Estados Unidos e a China, por causa do Atlântico e por causa da sua posição estratégica, nomeadamente em matéria de energia e transportes, face à Europa transibérica. Curiosamente os ditos 'socialstas' já estão no bolso de Washington.

Madrid também não augura nada de fiável em matéria de lucidez estratégica.

Quer queiramos quer não a atual aliança governativa é a que mais convém à nova neutralidade de que Portugal precisa para poder ter um papel diplomático na nova bipolariação geoestratégica que já está a caminho. Vai haver inevitavelmente um Tordesilhas 2.0. Resta saber se sem, ou com uma proliferação bélica estremamente perigosa provocada pela estratégia americana no mundo.

E os patriotas do PCP que pensam sobre isto?




POST SCRIPTUM

EUA ou China-Rússia?

Equidistância e neutralidade ativa (apesar de sermos membro fundador da NATO e de fazermos naturalmente parte desta aliança atlântica) é a posição que melhor serve os nossos interesses. Portugal deve posicionar-se como uma pequena mas importante Suíça diplomática, invocando as suas longas e pacíficas relações com o mundo. Devemos defender a paz entre as religiões do Livro.

Por outro lado, garantir os direitos territoriais na Plataforma Continental de Portugal, também conhecida por Mar Português, é a prioridade estratégica mais relevante que temos pela frente. Nisto a Rússia, a Dinamarca, o Canadá e os EUA são naturalmente nossos aliados. Nenhuma cedência a Madrid nesta matéria! Apesar do anedotário em volta do negócio dos submarinos, a verdade é que a sua compra foi uma decisão estratégica absolutamente certeira. A vigilância-defesa do Mar Português (radares, submarinos, corvetas, lanchas rápidas, forças especiais de intervenção e aviação dedicada) é uma prioridade absoluta, que tem que ser garantida sem hesitações nem carnavais partidários pelo meio, nem que tenhamos que reduzir a Assembleia da República a oitenta deputados, o número de municípios para menos de metade, retirar o estado das áreas educativas superiores não prioritárias (e são muitas), e colocar os deputados, mais 2/3 da população a usarem regularmente os transportes coletivos urbanos, suburbanos e interurbanos.

Devemos apostar na Diplomacia, mas sendo tão firmes quanto Salazar foi.

Temos que manter e fortalecer a aliança com a Inglaterra, estabelecida em 1386 pelo Tratado de Windsor. O centro do mundo continua a ser a Europa, ou melhor, a Eurásia, o resto são ex-colónias destinadas a implodir, mais século, menos século. Não aprenderam nada. Nunca morreram. Nunca ressuscitaram!

segunda-feira, setembro 01, 2014

BP: para onde vai o petróleo

O mapa do petróleo desenhado pela BP diz tudo...

A guerra pelo último petróleo já começou, e ao contrário do atum, não se pode criar em cativeiro


Se o ritmo de produção e consumo se mantiver, teremos...
  • petróleo para mais 40 anos
  • gás para mais 160 anos
  • carvão para mais 400 anos 
As energias renováveis são responsáveis por menos de 23% da energia produzida/consumida pelo Homem.

Moral da história
Em 21 de agosto de 1415, i.e. há sensivelmente 600 anos, a conquista de Ceuta iniciou a única e verdadeira globalização que o mundo até hoje conheceu. Infelizmente, 2015 poderá ser a data simbólica de uma era longa da humanidade que termina. Ao contrário da crença entre alguns asiáticos, a China e a Índia, e os BRICS em geral, não poderão liderar uma nova era de crescimento económico, social e cultural como aquela que a humanidade conheceu desde 1415.
A prova de que isto é mesmo assim pode ver-se claramente no mapa acima, comparando-o com as principais zonas de conflito criadas pelos Estados Unidos no mundo. Em nossa opinião, mais cedo, ou mais tarde, será necessário um novo Tratado de Tordesilhas (2.0), ou teremos um colapso desordenado da economia e do sistema financeiro mundiais e uma mais do que provável diminuição criminosa da população mundial.

Quanto a crescimento, é mesmo conveniente começarmos a desenhar uma economia de crescimento zero, justa e sustentável.

Contador de estatísticas

Aliança estratégica Rússia-China precede Tratado de Tordesilhas 2.0

Ao contrário do que o nevoeiro sobre a Ucrânia poderá fazer crer, esta crise geoestratégica provocada pelos Estados Unidos, apenas acelerou a aliança energética e financeira entre a Rússia e a China, que acabam de oficializar um contrato para a construção da maior rede de gasodutos do planeta, assim como, e mais importante ainda, a garantia de fornecimento de 38 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural à China, durante os próximos 30 anos, transacionados em yuans e rublos, certamente.

Russia will ship 38 billion cubic meters (bcm) of gas annually over a period of 30 years. The 3,968 km pipeline linking gas fields in eastern Siberia to China will be the world's largest fuel network in the world.  ZeroHedge, 1/9/2014.


Donella Meadows tinha, afinal, razão

Limits to Growth was right. New research shows we're nearing collapse
Four decades after the book was published, Limit to Growth’s forecasts have been vindicated by new Australian research. Expect the early stages of global collapse to start appearing soon

Graham Turner and Cathy Alexander  
theguardian.com, Tuesday 2 September 2014 02.15 BST   

Atualização: 2/9/2014 16:21 WET

segunda-feira, junho 09, 2014

A bolha de xisto já era!



As reservas dos cinco maiores campos petrolíferos mundiais chegariam apenas para oito anos de consumo caso fossem as únicas disponíveis


  1. Ghawar (Saudi Arabia): 70x10E9 barris
  2. Burgan (Kuwait): 72x10E9 barris
  3. Safaniya (Saudi Arabia): 50x10E9 barris
  4. Rumaila (Iraq): 17,8x10E9 barris
  5. West Qurna-2 (Iraq); 13x10E9 barris
Total: 222.800.000.000 barris

Produção diária segundo a EIA (2013): 76.053.500
Produção anual segundo a EIA (2013): 27.759.527.500
Duração das reservas caso fossem as únicas disponíveis: 8 anos

Este indicador é bem sintomático de uma outra constatação: o pico do petróleo ocorreu em 2005, e a fase de declínio da produção mundial poderá ocorrer a qualquer momento até 2030.

A produção não convencional servirá certamente para mitigar por algum tempo o impacto da escassez petrolífera no preço geral da energia. Mas as limitações já evidentes do fracking vem confimar as  previsões realizadas em 1956 (Hubbert) e 1972 (Meadows et al.) sobre o fim do ciclo do petróleo e sobre o colapso do crescimento exponencial que a humanidade conheceu desde 1887 para cá.

O que sempre escrevemos sobre o petróleo e gás de xisto —uma manobra americana de dilação— veio finalmente ao de cima: a festa do xisto acabou.

Percebe-se agora melhor como Angela Merkel terá conseguido convencer Putin e o novo líder da Ucrânia a terem juízo.

Ou seja, no que toca à Rússia, manter a Europa como seu fiel cliente e parceiro, como importador de gás e petróleo, e exportador de tecnologia, é a solução que mais lhe convém para não ficar dependente de um único cliente: a China. Quanto à Ucrânia, o melhor mesmo é este país à beira de uma guerra civil cessar imediatamente as hostilidades e preparar-se para entrar na UE, criando campo para um fortalecimento futuro das relações ente a União Europeia e a Rússia.

A linha do Tratado de Tordesilhas 2.0 deslocou-se um pouco mais para Oriente. Ainda bem!

The World’s Five Most Important Oil Fields
Submitted by Tyler Durden on 06/08/2014 13:38 -0400. ZeroHedge

Much has been made about the role that hydraulic fracturing – or fracking -- has played in revolutionizing the energy landscape, unlocking vast new reserves of oil trapped in shale rock. This “tight oil” is pouring into the global pool of oil supplies at a crucial time, preventing oil prices from spiking in an age of high demand and geopolitical turmoil.

But the world still relies overwhelmingly on conventional oil production from existing fields, many of which are in decline. The Middle East has dominated the world of oil for half a century and as the list below shows, it remains king. Here are the top five most important oil fields in the world.


US shale boom is over, energy revolution needed to avert blackouts
By Dr. Nafeez Ahmed, Earth Insight, hosted by The Guardian

I hate to say I told you so, but...

In 2012, the International Energy Agency (IEA) forecast that the US would outpace Saudi Arabia in oil production thanks to the shale boom by 2020, becoming a net exporter by 2030. The forecast was seen by many as decisive evidence of the renewal of the oil age, while informed detractors were at best ignored, at worst ridiculed. [...]

Now IEA chief economist Fatih Birol says:

"In Europe we are facing the risk of the lights going off. This is not a joke."

We need $48 trillion of new investment to keep the lights on - and it's far from clear that investing in increasingly expensive unconventional oil and gas is going to cut it, without serious impacts on the global economy.

Currently, already, the IEA report reveals that over 80% of oil company investment is going into making up for exhausted fields where production is in decline. The agency also calls to ramp up investments in renewables and increasing efficiency, along with regulatory reform to incentivise investments, as part of the package.

While the fossil fuel empire is crumbling, the renewable energy sector has received 60% of total investment in power plants from 2000 to 2012.


Scientists vindicate 'Limits to Growth' – urge investment in 'circular economy
By Dr. Nafeez Ahmed, Earth Insight, hosted by The Guardian
Its first report in 1972, The Limits to Growth, was conducted by a scientific team at the Massachusetts Institute for Technology (MIT), and warned that limited availability of natural resources relative to rising costs would undermine continued economic growth by around the second decade of the 21st century.

Although widely ridiculed, recent scientific reviews confirm that the original report's projections in its 'base scenario' remain robust. In 2008, Australia's federal government scientific research agency CSIRO concluded that The Limits to Growth forecast of potential "global ecological and economic collapse coming up in the middle of the 21st Century" due to convergence of "peak oil, climate change, and food and water security", is "on-track." Actual current trends in these areas "resonate strongly with the overshoot and collapse displayed in the book's 'business-as-usual scenario.'"

segunda-feira, junho 02, 2014

Tordesilhas 2.0 — 2015 — regresso ao Atlântico

Não há nada de errado neste mapa!

A Alemanha já percebeu que a aliança estratégica entre a China e a Rússia significa uma nova divisão do mundo. Bem-vinda a Lisboa :)


O meridiano acordado com Castela no Tratado de Tordesilhas foi frequentemente ultrapassado pelos portugueses de então, e por isso houve que esconder os achados (como o da Austrália, entre outros) de nuestros hermanos.

Hoje, curiosamente, há um novo meridiano, na realidade um fractal, a ser desenhado entre a China-Rússia, de um lado, e a Europa Ocidental-América, do outro.

Basta unir as guerras e tensões no Iraque, Irão, Síria, Ucrânia, Egito, Líbano, Tunísia, Líbia, em África e agora no Mar da China, para percebermos que Lisboa volta a ser um capital atlântica crucial. E que uma via rápida ferroviária para pessoas e mercadorias entre Portugal, Espanha e o resto da Europa, começando desde logo pela ligação Lisboa-Madrid, é uma prioridade absoluta.

Basta olhar para o mapa do petróleo para percebermos por onde passam as linhas de fratura e as regiões em disputa. Não há nada de mais simples para percebermos as tensões e deslocações das placas tectónicas dos poderes regionais à escala planetária. De um lado, a Venezuela (detentora das maiores reservas planetárias de petróleo conhecidas) e o Canadá (terceiro na lista), do outro, a Arábia Saudita, o Irão e o Iraque, Kuwait, Líbia, etc., e que é a região em disputa entre Ocidente e Oriente. A Oriente, por sua vez, àparte a Rússia, as reservas são muito menores, a começar pela China, onde começaram a declinar no preciso momento em que se tornou a maior importadora de petróleo do planeta, e a Rússia a maior exportadora.

Portugal deve propor e patrocinar um Tratado Planetário da Energia, justo e equilibrado. Em nome da paz e em nome da sustentabilidade económica da humanidade. Somos suficientemente pequenos e antigos para o fazer.

Creio que os alemães já perceebram esta realidade súbita. Mas não demorem demasiado tempo a criar postos de trabalho produtivo em Portugal!

quarta-feira, abril 16, 2014

Tordesilhas 2.0



Coisas que estão em marcha e outras que deveriam, mas tardam...


  • Este mapa Google é uma carta onde tenho registado informações que ajudam a pensar o estado do mundo. 
  • A eurocidade Elvas-Badajoz é uma projeção de intenções que fazem sentido numa Península Ibérica em processo avançado de integração económica. Há até uma proposta de itinerário e metamorfose museológicos para a futura eurocidade.
  • As linhas cinzentas assinalam com razoável precisão a nova rede ferroviária de Alta Velocidade da Eurásia (que os Estados Unidos muito gostariam de sabotar).
  • As linhas azuis assinalam algumas das principais rotas intercontinentais do transporte do petróleo e outros recursos vitais.
  • A linha vermelha é uma linha de fratura geoestratégica em formação a que chamo Tordesilhas 2.0.

terça-feira, abril 01, 2014

Rota da Seda 2

Xi propõe a Angela Merkel reconstruir a Rota da Seda

Rota da Seda 2

Marc Faber: "...exports from China to emerging countries are higher than exports to the US or Europe." (The Money Morning, 31 March 2014)

A China e a Rússia querem restabelecer a Rota da Seda. Mas à cautela é também necessário reestabelecer a Rota das Índias, com um atalho terrestre chamado caminho de ferro Lobito-Nacala, que falta concluir, mas para o qual a China tem dado o seu contributo interessado.

Tal como prevíramos, estamos a caminho de um Tratado de Tordesilhas 2. 

Vai ser doloroso para os Estados Unidos reconheceram que a sua hegemonia já era, e que de ora em diante terão que deixar de tratar o planeta como uma quinta sua onde entram e saem quando querem, sem pedir licença a ninguém e deixando atrás de si, invariavelmente, países destruídos e milhões de mortos. 

A Europa, ou melhor, a Europa liderada pela Alemanha, escolheu, e por sua vez foi escolhida, quer pela Rússia, quer pela China, como aliado privilegiado de um novo equilíbrio geopolítico. Daí ser Frankfurt, e não Londres, a praça financeira escolhida para liderar na Europa a elevação do Renminbi à categoria de nova moeda de reserva mundial. Percebe-se agora o motivo de tanta espionagem sobre a Alemanha e sobre Angela Merkel por parte dos serviços secretos americanos e ingleses.

Talvez seja agora mais fácil perceber o que se tem passado na Síria, na Turquia e na Ucrânia.
 
President Xi calls on China, Germany to build Silk Road economic belt
Xinhuanet, 2014-03-30

Chinese President Xi Jinping (C) visits Duisburg in Germany, March 29, 2014. (Xinhua/Rao Aimin)

DUSSELDORF, Germany, March 29 (Xinhua) -- Chinese President Xi Jinping Saturday called on China and Germany to work together to build the Silk Road economic belt.

Xi made the remarks during a visit to Port of Duisburg, the world's biggest inland harbor and a transport and logistics hub of Europe.

He said China's proposal of building the Silk Road economic belt, based on the idea of common development and prosperity, aims to better connect the Asian and European markets, will enrich the idea of the Silk Road with a new meaning, and benefit all the people along the belt.

China and Germany, at the opposite ends of the belt, are two major economies that serve as the driving engines for economic growth respectively in Asia and Europe, Xi noted.

Rota das Índias 2


Linha ferroviária Lobito-Nacala em construção

A luta pelo controlo da Eurásia prossegue. O tesouro é, como sempre foi, imenso. O perigo de uma guerra em grande escala no Médio Oriente está na agenda dos falcões de Washington. As provocações sucedem-se. Os Estados Unidos querem fazer três coisas bem difíceis: voltar a espezinhar a Alemanha e controlar a Europa com a ajuda dos poodles ingleses, provocar uma guerra no centro-leste da Europa e/ou no Médio Oriente, para cortar o acesso de uma parte da Europa ao petróleo e gás russos, condicionando assim o acesso da China ao petróleo árabe e do Mar Cáspio e, por fim, bloquear o Estreito de Malaca à passagem dos navios chineses em direção à Península Arábica e a África. Eu diria que é uma missão impossível nesta altura do campeonato. Mas mais vale denunciar desde já o intento e travar os neocons que telepontam Obama, do que remediar.

Lisboa, Portugal e a Península Ibérica voltam assim a ser uma das placas da estratégia mundial.

Se houver dificuldades de abastecimento de petróleo e gás natural oriundos da Rússia, do Médio Oriente e de África (gasoduto Nigéria-Argélia) à Europa, se houver bloqueios marítimos a la cubana, então os portos atlânticos portugueses e espanhóis, assim como as redes ferroviárias de bitola UIC interoperáveis com as redes europeias, e a rede de autoestradas ibéricas serão cruciais para impedir uma qualquer manobra de isolamento económico da Alemanha, França, Holanda e Áustria, entre outros países do centro e norte da Europa Ocidental.

Pelo sim, pelo não, o melhor é andar depressa na rede ferroviária de bitola europeia prevista nos acordos bilaterais com Espanha (sob pena de serem os portos espanhóis a fazerem o serviço todo), aumentar rapidamente a capacidade e operacionalidade dos portos de águas profundas, e investir na reindustrialização tecnológica do país. Os fundos de investimento atolados de liquidez sem destino terão aqui uma boa oportunidade de ganhar algum dinheiro.

Nesta conjuntura perigosa, Portugal deverá assumir uma posição de neutralidade e de cooperação diplomática intensa, usando a sua vastíssima rede de proximidade cultural e política, de que fazem parte, além da Alemanha, França e Reino Unido, muitos outros países, como a China, o Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde ou Timor.

Também por tudo isto, o manifesto pela reestruturação da dívida pública portuguesa, proposto por Francisco Louçã e demais feiticeiros despesistas da macro-economia da treta, é um erro colossal.

Atualizado em: 1/4/14 11:27

terça-feira, fevereiro 25, 2014

China Starts To Make A Power Move Against The U.S. Dollar

A Chimerica (acrónimo criado por Niall Ferguson) tem os dias contados, na medida em que o pequeno veneno virtuoso da simbiose oportunista entre ambos os países atingiu já uma volume que tende a ser letal para ambos...

A China começou a comprar ouro em doses maciças, fabrica bitcoins em Hong Kong, estabelece acordos bilaterais em yuans por toda a parte e, last but not least, começou a desfazer-se do Evereste de papel higiénico verde que os americanos lá foram despejando ao longo dos últimos vinte anos.

A turbulência ao longo deste ano vai dar indicações preciosas sobre o próximo Tratado de Tordesilhas (2.0) em preparação....

China Starts To Make A Power Move Against The U.S. Dollar

sábado, novembro 09, 2013

Buraco negro dos derivados diminui


Uma nova divisão do mundo a caminho

Here is a typical example of how the huge Derivatives Beast is ignored by economists pretending to understand what is going on in the world.  I have explained for years how the derivatives game suddenly appeared during the years banks were deregulated and offshored.  This game meant NO CAPITAL was needed for lending and bankers lent money they didn’t have to all and sundry with wild abandon.  Then, when debt deals went bankrupt, there was no capital base to cover losses and the entire system suddenly collapsed in 2008.

Derivatives Contraction Is Leading Cause Of Bank Deflation And Credit Crunch: Economists Ignore This Fact | Culture of Life News.

O gráfico mais importante dos últimos meses: a recapitalização dos bancos e nomeadamente dos grandes bancos de investimento e especulação está a servir sobretudo para diminuir a exposição destes ao buraco negro dos derivados financeiros, o qual, como mostra o gráfico, tem vindo a diminuir.

Esta recapitalização está a ser feita à custa do aumento do endividamento público (são os governos e os bancos centrais que emprestam dinheiro aos bancos para que estes ensopem a trampa que fizeram), mas também da inflação monetária e da subsequente deflação do valor do dinheiro pela via da destruição das taxas de juro (Mario Draghi acaba de baixar a taxa de referência do BCE para 0,25%), e ainda de uma interrupção severa e prolongada do crédito às empresas e às pessoas.

O dinheiro entra a custo zero nos bancos e fica por lá para ensopar o buraco negro dos derivados especulativos. Ou seja, salvar o sistema bancário e financeiro significa promover a destruição parcial da economia, do emprego e das poupanças de centenas de milhões de europeus e americanos e ainda o aumento das responsabilidades sociais dos estados que se vêem confrontados com o aumento súbito das despesas sociais causadas pelo desemprego e pela pobreza crescente.

É fácil de entender, mas as máquinas de propaganda dos governos corruptos de ambos os lados do Atlântico (e as correspondentes Oposições rotativistas) mentem todos os dias aos seus cidadãos.

É preciso tapar o buraco dos derivados; é preciso diminuir o consumo público e privado conspícuo e não reprodutivo; é preciso reequilibrar a balança mundial entre produtores e consumidores (a que chamo Tratado de Tordesilhas 2.0 — e de que a nova aliança comercial em preparação, entre a América e a Europa, é um claro sintoma); é preciso ajustar com prudência e muito saber a redistribuição da riqueza mundial num quadro historicamente marcado pelo fim dos recursos energéticos, industriais e alimentares baratos.

A procura agregada global excede a oferta agregada global, e o inevitável ajustamento vai passar por duas ou três décadas de empobrecimento das classes médias e de instabilidade social dramática. Neste ajustamento, os sábios conseguirão salvar os navios no meio da tempestade. Os ambiciosos sem limite e os cretinos irão ao fundo :(

sexta-feira, novembro 01, 2013

Tordesilhas 2.0: a nova divisão

Daqing—o momento heroico da 'agit-prop' maoista (Chinese posters)

“Quando o sábio aponta para as estrelas, o idiota olha para o dedo...” — provérbio chinês

Un estudio revela por qué los países del norte son ricos y los del sur, pobres
Publicado: RT | 28 oct 2013 | 18:49 GMT Última actualización: 28 oct 2013 | 18:50 GMT

Los investigadores de la Oficina Nacional de Investigación Económica (NBER por sus siglas en inglés) en su publicación destacaron los siguientes factores claves que determinan la riqueza nacional de los estados: disponer de salida al mar, poseer recursos naturales (petróleo, gas y carbón), gozar de condiciones favorables para la agricultura y tener un clima frío. (Texto completo)

Oil Peak/ Daqing
(Xinhua News Agency February 6, 2004)

Because of a shortage of renewable resources and a shrinkage of exploitable oil reserves, Daqing saw a drop of 1.74 million tons of oil, and only produced 48.4 million tons of crude last year, putting an end to 27 years of stabilizing its output at a minimum of 50 million tons annually.


Há verdades evidentes: onde não há água potável, nem rios, nem mar, a natureza e a humanidade como parte dela têm dificuldades acrescidas em prosperar. Esta verdade é ainda mais viva se, como na Grande Rússia, a unidade política do território é mantida a ferro e fogo há séculos, ou se, como na China, a autocracia imperial e burocrática dura há milénios. A nova prosperidade da China, por exemplo, é um fenómeno provavelmente passageiro, e por uma razão muito simples: esta prosperidade deveu-se a uma combinação temporária entre escravatura moderna —legitimada pelo hino marxista-leninista-estalinista-maoísta— e a descoberta de recursos petrolíferos no final da década de 1950, mas cujo pico de exploração foi atingido entre 2004-2010 :(

Sem energia concentrada, facilmente transportável sem grandes perdas, e barata, o modelo de crescimento industrial intensivo que conhecemos nos últimos 120 anos (assente basicamente no carvão e no petróleo) morrerá um dia destes de morte súbita. Estamos, aliás, na fase que imediatamente antecede esta morte e a necessária metamorfose que se lhe seguirá, com ou sem novas guerras mundiais. A próxima guerra mundial poderá assumir a forma de uma guerra de guerrilha, sanguinária, mas também eletrónica, à escala global. Na realidade, esta nova guerra já está em curso desde 2011...

No momento de enfrentar o colapso energético, as democracias antigas terão alguma vantagem sobre as autocracias, apesar de estas serem hoje democracias formais. China e boa parte da Ásia, tal como a Rússia e a América Latina tenderão a regredir de forma súbita e violenta para novas formas de sobre exploração e subjugação dos povos. As ditaduras militares e burocráticas regressarão a essas regiões do globo. Atenção, também, ao sul da Europa...

Antes do findar deste século, da Ásia, da Rússia, da maior parte da América Latina, e de toda a África subsariana fugirão para a Europa e para a América do norte boa parte das suas elites. De momento, fogem os esfomeados... Os corruptos ricos virão mais tarde.

terça-feira, junho 18, 2013

Tordesilhas 2.0


A azul, eixos marítimos; a cinzento, eixos ferroviários em bitola europeia. Fazer zoom in para os detalhes, como o da eurocidade do Sudoeste: Elvas, Campo Maior, Olivenza, Badajoz.

A Europa precisa de eurocidades

Já ouviram falar da eurocidade do Sudoeste? Está a nascer em Elvas, Campo Maior, Olivença e Badajoz. O momento de apostar nesta emergência é agora!

As catatuas de São Bento e do Terreiro do Paço certamente não ouviram ainda falar de eurocidades. Mas o mundo sempre se moveu sem precisar de tais criaturas, e apesar delas. Leia-se, pois, a propósito, um texto escrito recentemente por um professor da universidade de Badajoz que preferiu viver em Elvas, Luis Fernando de la Macorra.

Visión y misión de la Eurociudad Elvas/Badajoz.

Una Eurociudad es una Agrupación Europea de Cooperación Territorial que pretende integrar el territorio de frontera, con el propósito de incrementar el bienestar y la calidad de vida de las poblaciones fronterizas y su proyección y afirmación exterior.

En la frontera hispano-lusa, ya se han puesto en funcionamiento varias Eurociudades en Galicia y Norte de Portugal y entre Algarve y Andalucía. Las Eurociudades Chaves/Verín, Valença-do-Minho/Tuy y Ayamonte-Vila Real de Santo António. Otra Eurociudad en la Península Ibérica, entre España y Francia, que es la más antigua y ejemplo para muchas de ellas, es la Eurociudad Vasca Bayona/S. Sebastián.

La Eurociudad Elvas/Badajoz es una idea ya consolidada hace ya algunos años que facilitará la constitución de un polo de desarrollo ibérico importantísimo a partir de las ciudades de Elvas y Badajoz.

Comenzando en el período de programación comunitaria 2014/2020, entre 2020 y 2030, la Eurociudad Elvas/Badajoz será una Eurociudad de entre 200 000 y 250 000 habitantes y con un potencial comercial alto en el Suroeste Ibérico. Será patrimonio de la humanidad, blingue, binacional, smart city y sostenible.

Tendrá una plataforma logística conjunta, una parada de AVE conjunta, un aeropuerto eurociudadano y gozará de cultura, deporte, sanidad, universidad conjugada y planificación y comunicación terrestre que le dará unidad y organización urbanística. Contará asimismo con medios de comunicación social bilingües y pretenderá lograr una armonización fiscal y laboral especial en el conjunto de Portugal y España. Habrá gestado una marca territorial de calidad propia que se fortalecerá con su proyección turística, comercial, medioambiental y cultural exterior en toda la Península Ibérica y en las Comunidad Lusófona e Hispánica Internacional.

La especialización productiva de su economía local será turística, comercial y de energías renovables y medio ambiente.

En definitiva, será el centro neurálgico y el polo de crecimiento y dsearrollo conjunto entre España y Portugal del Suroeste Ibérico, con una declaración patrimonial de la Humanidad conjunta y con un potencial económico y desarrollo ciudadano a la altura de los territorios europeos e ibéricos actualmente más desarrollados.
Trabajaremos, en los próximos años, con toda nuestra inteligencia y sabiduría para diseñar, institucionalizar y dsearrollar la Eurociudad Elvas/Badajoz como una afirmación europea e ibérica de Portugal y de España.

Luis Fernando de la Macorra y Cano.