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quarta-feira, junho 11, 2014

São todos iguais



Seguro não faria diferente, mas tem que jogar o jogo da diferença e da honestidade


Banco de Portugal: É necessário quase sete mil milhões de euros de austeridade até 2019
11 Junho 2014, 13:04 por Nuno Aguiar | Jornal de Negócios

A conclusão está no Boletim Económico de Junho do Banco de Portugal, que inclui um capítulo sobre a sustentabilidade das finanças públicas em Portugal no médio prazo. Sabendo-se que o Governo português está comprometido com as regras europeias inscritas no Tratado Orçamental e que tem de atingir um défice estrutural de 0,5% do PIB em 2019, o banco estima que são necessárias medidas de austeridade no valor de 4% do PIB nos próximos cinco anos. Cerca de 6,7 mil milhões de euros.


Seguro defende que Governo aproveite descida de taxas de juro para aliviar sacrifícios
11 Junho 2014, 13:17 por Lusa | Jornal de Negócios

"A emissão de dívida a 10 anos é uma boa noticia para o nosso país, o que prova que eu sempre tive razão quando defendi que o Banco Central Europeu (BCE) devia agir", afirmou Seguro em Barcelos, à margem da visita a uma fábrica têxtil.

[...]

O líder do PS disse que fica "muito contente" quando as taxas de juro para Portugal baixam, "porque isso significa - ou significaria, se este Governo fosse sensível - aliviar os sacrifícios dos portugueses".

Os dois falam verdade. Carlos Costa diz o óbvio: a dívida pública continua a crescer, como previsto, e vai ter que descer, como consta do contrato com os credores — mas tem tempo. Seguro afirma que é imperioso suavizar os sacrifícos, renegociando a amortização da dívida em prestações e prazos menos sádicos. O mesmo, mas dito de outra maneira.

Na realidade, a queda das taxas de juro e das rendibilidades das obrigações soberanas, protegidas pela famosa artilharia secreta conhecida por whatever it takes, servem precisamente para suavizar os sacrifícios e sobretudo não deitar o euro e a economia europeia a perder.

Ambos falam da monetização das dívidas que acelerou em volume e velocidade desde que Mario Draghi começou a dar garantias firmes à Eurolândia contratacando a armada de Wall Street. Draghi exigiu, porém, novos botões de controlo bancário e financeiro. Carlos Costa prefere salvar bancos a repartições públicas, enquanto Seguro prefere defender a burocracia de cujos votos depende.

Curiosamente, dada a dimensão incontrolável do buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC) —um quarto do PIB mundial cujo potencial destrutivo, ou valor nocional, é mais de dez vezes o mesmo PIB (ver tabela do BIS/2013) — e a necessidade objetiva de manter algum setor social sob controle, o que tem vindo a ocorrer, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, é uma aproximação surpreendente e heterodoxa a algumas caracterísitcas institucionais do capitalismo de estado: estabilidade do emprego público, controlo de preços e o abandono dos setores económicos tradicionais à sua sorte e a mais uma revolução tecnológica em curso. Desta vez, estamos no meio de uma massiva transferência de trabalho cognitivo para as nuvens digitais de produção, comércio, serviços (banca, turismo, administração pública, imprensa, ensino, medicina, etc.), gestão, telecomunicação e interação virtuais—em tempo real e diferido.

O dinheiro foge dos negócios e empresas que sabe condenados. Mas como não sabe para onde ir, refugia-se cada vez mais nas dívidas soberanas dos países economica e financeiramente mais fortes, mesmo que este lhe paguem em tremoços, ou até os fustiguem com juros negativos!

É por tudo isto que a 'esquerda' ficou subitamente descalça e está nalguns casos a perder a cabeça. Nisto não difere dos comportamento recentes da extrema direita americana e europeia. O facto de o sinal da arrogância e da agressividade serem de sinal contrário é socialmente irrelevante, pois a vitória de qualquer destes extremos de oportunismo resulta em monstruosidades que já conhecemos.

O ponto sensível das próximas eleições está, assim, onde ninguém vê: na política fiscal.

Se este governo (PSD-CDS) e o próximo (PS-MPT, ou PSD-CDS, ou PS-PSD) continuarem a espremer os contribuintes, expropriando-lhes as poupanças e tentando mesmo roubar-lhes as propriedades, sobretudo porque têm revelado enorme cobardia na abordagem dos rendeiros do regime, aliás condenados reiteradamenbte pela odiada Troika, então prevejo sarilhos gordos no horizonte, com os extremos até agora sossegados a subirem nas sondagens.

Passos Coelho tem a faca e o QREN na mão, tem a Alemanha com uma olhar bifocal a dirigir-se para a Península Ibérica (a crise da Ucrânia serviu-lhe de lição!), e tem o Brasil, a Venezuela, Angola e Moçambique, já para não falar da China, cada vez mais interessados neste naco de terra e de pessoas à beira-mar plantados. Somos todos assim tão diferentes? Mozart respondeu de forma admirável em Così Fan Tutte.

sábado, maio 03, 2014

Portugal, Japão, BRICS e CPLP

Tóquio, 2005 © ACP/OAM

Duas novas realidades a ter em conta: BRICS e CPLP


Enquanto pende a ameaça de extinção económica, demográfica e radioativa sobre o Japão, a Índia (1) emerge como terceira economia mundial, depois dos EUA e da China.

Japão quer ter estatuto de observador na CPLP
Portugal Digital, Redação, 03/05/2014 12:00

Lisboa - O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, expressou esta sexta-feira, durante a sua primeira visita oficial a Portugal, o interesse do Japão de se tornar membro observador da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Segundo uma declaração do primeiro-ministro luso, Pedro Passos Coelho, Portugal manifestou o seu apoio a esta pretensão.

O interesse japonês em adquirir o estatuto de observador na CPLP está associado à ambição do Japão de aprofundar as parcerias com países de expressão portuguesa que estão a ampliar a sua presença em África e na América Latina.

Embora a maior economia mundial e a terceira união demográfica do planeta se chame União Europeia, a verdade é que este gigante sem cabeça e patas de barro ainda não pode ser levadao totalmente a sério. E assim sendo, cada um por si. Ou seja, Portugal só pode salvar-se dos vários naufrágios que ocorrem a cada dia que passa se pensar pela sua própria cabeça, se se lembrar da sua história, se ouvir o coração e se sonhar. Depois de colocarmos as contas públicas em dia, depois de libertarmos a economia e a sociedade da canga burocrática e rentista que tem corrompido e atrofiado o país, precisaremos de reforçar a nossa condição europeísta alargando, sem pedir licença a ninguém, os horizontes estratégicos que nos são mais favoráveis, e mais favoráveis são, também, à Europa.

Há uma realidade que se consolida a cada ano que passa. Chama-se BRICS (2).

Quando os BRICS tiverem o seu banco de desenvolvimento comum e o seu mecanismo de segurança financeira montados, equivalentes ao Banco Mundial e ao FMI, possivelmente assentes numa zona monetária comum, formada por um cesto de moedas orientais, muita coisa poderá mudar neste mundo a caminho de uma nova era de crescimento mais digital e cultural do que carnívoro e estupidamente consumista.

A crise na Ucrânia, criada pelos EUA, destina-se, antes de mais, a impedir estes desenvolvimentos.

Os belicistas falidos de Washington querem uma nova guerra na Europa e um pretexto para isolar a China das suas fontes de abastecimento energético, tal como fizeram na década de 1940 ao Japão, estendendo assim a II Guerra Mundial ao Pacífico e experimentando nesta carnificina a primeira selvajaria nuclear da História, da qual nunca pediram desculpa, creio.

Portugal tem que estar muito atento a estes movimentos REM da diplomacia mundial. Normalmente antecedem choques e ajustamentos violentos das placas tectónicas da geoestratégia.

Há, porém, uma realidade que desponta no horizonte e que não deixa de ser surpreendente e interessante ao mesmo tempo. Chama-se língua portuguesa. No centro topológico dessa língua existe uma nação antiga, que foi império e escudo durante séculos, pequenina, cristã à sua maneira pagã, relativista, tolerante, europeia, mas sobretudo pragmática e peripatética. Será esta conjunção o cisne branco porque todos esperamos para travar o passo aos cisnes negros da fragilidade e tragédia que ameaçam esmagar de novo a humanidade? Não sabemos, mas desde os Templários que se ouvem vozes sobre este nariz e esta praia da Europa. 


NOTAS
  1. India became 3rd-largest economy in 2011 from 10th in 2005: World Bank
    Lalit K Jha, Washington, Last Updated: April 30, 2014  | 13:00 IST. Business Today

    In a matter of six years, India emerged as the world's third-largest economy in 2011 from being the 10th largest in 2005, moving ahead of Japan, while the US remained the largest economy closely followed by China, latest figures have revealed.

    "The economies of Japan and the UK became smaller relative to the US, while Germany increased slightly and France and Italy remained the same," according to data released on Wednesday by the International Comparison Program (ICP), hosted by the Development Data Group at the World Bank Group.

    The Developing India-China Maritime Dynamic
    By Abhijit Singh, May 01, 2014. The Diplomat

    During the 17th round of Special Representative Talks in February this year, India seemed open to the possibility of joining the Maritime Silk Route – a grand maritime project proposed by Beijing that promises connectivity, infrastructure, and commercial development. Reportedly, while the Indian interlocutor didn’t overtly display enthusiasm for the proposal, he wasn’t unfavorably disposed to the suggestion either. India’s contingent optimism about the MSR – however qualified – could, in fact, be construed from its willingness to engage in a structured maritime dialogue with China.
  2. Un objectif : EuroBRICS
    Jean-Paul Baquiast, 21/04/2014 - Defensa

    Les pays du BRICS ont annoncé récemment qu'ils entendaient mettre en place dans les prochains mois l'équivalent du FMI et de la Banque mondiale dans le cadre de l'association qu'ils ont décidé de créer entre eux il y a environ un an.

    Il s'agit d'abord de mobiliser des épargnes venant directement des pays concernés, afin de financer des opérations intéressant ces mêmes pays. Il s'agit ensuite d'échapper à l'influence jugée excessive des Etats-Unis au sein du FMI et de la Banque mondiale. Ces organismes imposent aux pays assistés des conditions d'accès aux crédits depuis longtemps jugées non seulement inefficaces mais encore permettant aux pays riches et aux intérêts financiers qu'ils représentent une intrusion illégitime dans la gestion des pays « assistés ».

    Mais les Etats-Unis refusent toute modification du statut des organismes à vocation internationale mis en place à la fin de la seconde guerre mondiale, qui leur assurent un rôle dominant. Ils bataillent en effet depuis quatre ans pour repousser une réforme structurelle qui les priverait d'une partie de leur pouvoir d'influence, notamment le droit de veto constituant l'essentiel de leur pouvoir de décision.

    Selon les informations actuellement diffusées, le fonds de réserve de futur organisme serait disponible dès 2015. La Banque internationale correspondante serait mise en place aussitôt après. Le montant du Fonds serait initialement fixé à 50 milliards de dollars. D'ores et déjà la Chine a proposé de fournir 41 milliards, le Brésil, l'Inde et la Russie 18 milliards chacun, l'Afrique du Sud 5 milliards. Le montant du futur fonds ne serait pas aussi élevé que celui du FMI (370 milliards de dollars) mais initialement le nombre des pays pouvant y prétendre serait moins grand. Dans la perspective de l'établissement d'un monde multipolaire, échappant à la domination jusqu'ici exercée unilatéralement par les Etats-Unis, ce Fonds sera le bienvenu.

    Une participation européenne

    Nous pensons que l'Europe ne devrait pas s'en tenir à l'écart. L'Europe ou tout au moins l'Eurogroupe, par l'intermédiaire de la Banque centrale européenne et de ses fonds d'investissement utilisant l'euro, pourrait offrir une contribution importante au fonds d'investissement des BRICS. Cela ne l'obligerait pas d'ailleurs à se retirer du FMI. La participation européenne serait en euros. Une parité fixe ou flottante pourrait être organisée avec la future unité de change commune qu'étudient par ailleurs les BRICS. Au sein du fonds BRICS, les européens pourraient participer directement au financement de projets intéressant les membres du BRICS ou d'autres pays considérés comme partageant les mêmes préoccupations politiques et économiques. Plus généralement, ils se mettraient en état de négocier avec eux sur des bases solides d'éventuels traités de libre-échange. Ceux-ci équilibreraient utilement le futur Traité de libre-échange transatlantique en cours de négociation.

    Brazil and Germany must lead on free Internet
    Thorsten Benner, DW

    Germany should capitalize on Brazil’s emergence as a key voice for digital rights. The two countries should lead by example and build global coalitions toward an open, free and secure Internet, argues Thorsten Benner.

    South Africa, China In Talks To Build Science And Tech Park
    May 1, 2014 Busayo. Ventures

    VENTURES AFRICA – South Africa and China are in talks for the establishment of a joint science and technology industrial park that will stimulate high-tech manufacturing industries in the former’s economy.

    China’s deputy Ambassador to South Africa, Yang Yirui said the issue was discussed between China’s Science and Technology Minister Wan Gang and his South African counterpart, Derek Hanekom in February while the former attended the first meeting of BRICS (an acronym for an association of five major emerging national economies: Brazil, Russia, India, China and South Africa) science and technology ministers.

segunda-feira, março 17, 2014

Revista Seara Nova - Bolha imobiliária em Portugal: realidade ou ficção

Atenção às negociações em curso entre Jorge Coelho e Miguel Relvas-António Arnaut protagonizadas pelos bonecos Seguro e Coelho laranja


"De acordo com alguns especialistas do imobiliário, o excedente de fogos existente, parando a construção de novos fogos, daria para as necessidades previsíveis até 2050."
Este artigo de Fernando Sequeira, publicado em 2011 pela Seara Nova, sobre a bolha imobiliária portuguesa é mais oportuno que nunca — sobretudo quando o cretino lóbi do cimento arregala de novo as órbitas ao ouvir o tilintar dos próximos fundos comunitários e o cozinhado que Jorge Coelho está a preparar desde que tomou conta do Tó Zé inseguro!
“Quando afirmam que em Portugal não há nenhuma bolha imobiliária, tomando por base a evolução do preço da habitação, escoram-se no facto de haver países, como a Irlanda, em que tomando para índice 100 o ano de 1996, este índice atingiu o valor de 300 em 2006 (256 em 2011), em Espanha atingiu o valor de 280 em 2007 (256 em 2011), em Itália atingiu o valor de 177, que estabilizou entre 2005 e 2009, e em Portugal atingiu o valor de 154 em 2009.

Mesmo assim, em Portugal, o preço cresceu 54 % em 13 anos, ou seja, um crescimento de 4,15 % ao ano, valor muito superior ao crescimento do Iìndice de Preços no Consumidor (IPC) nesse período.

Todavia, a mensagem que o pensamento dominante verdadeiramente pretende fazer passar, é que não há nenhuma questão imobiliária, não há nenhum problema no imobiliário em Portugal.”

[...]

“... com referência a Março de 2011, após a publicação da versão definitiva do Census 2011. De acordo com o Census de 2001, estavam vagos 10,8 % dos alojamentos existentes à data, ou seja, cerca de 522 milhares de fogos. Não nos esqueçamos contudo, que desde essa data até 2009 (inclusivé), foram construídos, pelo menos mais 740 mil fogos.

De acordo com alguns especialistas do imobiliário, o excedente de fogos existente, parando a construção de novos fogos, daria para as necessidades previsíveis até 2050.”

Revista Seara Nova - Nacional - Bolha imobiliária em Portugal: realidade ou ficção

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Caso Miró “não correu bem” mas obras vão ser vendidas na mesma, diz Passos Coelho - PÚBLICO

Enquanto a Oposição se ocupa dos amendoins, em vez de se debruçar e estudar os grandes buracos do sistema que ruiu, em boa medida, por causa da sua demagogia populista, Passos Coelho lá vai pagando as dívidas deixadas pelo Bloco Central da Corrupção, pisando à sua passagem toda a classe média, salvo a corja partidária e a nomenclatura agarradas ao Orçamento do Regime.

Caso Miró “não correu bem” mas obras vão ser vendidas na mesma, diz Passos Coelho - PÚBLICO

terça-feira, dezembro 17, 2013

O Cosmopolita

Passos Coelho já começou a afinar pelo diapasão de Wolfgang Shäuble II

Vai uma Bola de Berlim?

Primeiro-ministro quer “uma economia menos provinciana e mais cosmopolita”

Numa intervenção de quase meia hora, Passos Coelho clarificou que “o grande objectivo para Portugal é uma economia menos centrada nos sectores protegidos de mercado interno, mas mais exposta ao mercado externo"— in Público, 16-12-2013.

Depois de convidar os educados e cosmopolitas a emigrar, agora quer educar os provincianos. Há qualquer coisa que soa a falso nesta lenga-lenga do primeiro ministro. Será que Passos Coelho vai limpar os recibos da luz da EDP e dos demais rendeiros da energia da sobrecarga devorista que asfixia a economia e as famílias? Será que vai acabar com os escandalosos subsídios à RTP (mais de mil milhões de euros no que vai de mandato!!!) e privatizar de vez e a 100% este sorvedouro dispensável? Será que vai anular as condições contratuais leoninas das PPP invocando quer a natureza abusiva das mesmas, quer a condição financeira lamentável em que o país se encontra? Vai acabar com os monopólios da Mota-Engil? Vai parar as barragens inúteis congeminadas pelo governo corrupto do 'socialista' José Sócrates Pinto de Sousa? Vai colocar as travessas e os carris da bitola europeia entre o Pinhal Novo e Caia (e entre o Poceirão e Setúbal, Sines e Évora, Porto e Vigo, Aveiro e Salamanca...), cumprindo a estratégia europeia de mobilidade ferroviária e os compromissos sucessivamente reiterados entre o estado português e o estado espanhol, ou continua ao serviço dos piratas do NAL? E quando é que contrata uma empresa internacional decente e competente para reestruturar e privatizar a TAP, em vez de continuar a manter esta mala diplomática nos corredores corrompidos dos escritórios de advogados indígenas? Vai ligar os nossos portos às redes transeuropeias de transportes, ou vai transformar Portugal numa Coreia do Norte Ferroviária? Vai, em suma, despedir, o Sérgio das PPP, ou o rapaz continuará no seu governo a tratar dos interesses inconfessáveis da tal corja provinciana que o senhor diz querer educar? Vai, ou não, aliviar a economia —sobretudo a economia real, das pessoas e das nano, micro, pequenas e médias empresas— da carga burocrática e do fascismo fiscal que tem vindo a dizimar o tecido económico do país em nome da concentração provinciana que diz agora querer combater?

Não basta a sua monocórdica voz de barítono para nos convencer. Precisamos que responda claramente a estas e outras perguntas.


sábado, outubro 19, 2013

O regresso de Sócrates

José Sócrates cumprimenta Dilma Rousseff, mas... pensava em Lula.

Não há fumo sem fogo

JOSÉ SÓCRATES, sobre o Freeport: “Quem estava a pedir esse dinheiro (ao meu tio) era um gabinete de advogados ligados ao PSD e muito próximos do doutor Santana Lopes, prometendo o licenciamento por um preço.” !!!

Se esta e outras revelações feitas pelo antigo primeiro ministro a Clara Ferreira Alves são verdade, não fica pedra sobre pedra da corja parlamentar que vai do CDS/PP e PSD ao PCP e Bloco. Enfim, o PS sentado na AR era parte interessada, e por isso é obviamente poupado pelo seu antigo SG nesta entrevista.

O PEC-4, que pelos vistos fora meticulosamente negociado por José Sócrates com Angela Merkel, Durão Barroso e o BCE, foi chumbado por uma coligação geral, da extrema-esquerda à direita parlamentares (BE+PCP/PEV+PSD+CDS/PP), dando passo imediato à queda do governo e à entrada da Troika em Portugal. Se foi como Sócrates relata, esta revelação vai ser, de ora em diante, explorada com mestria a favor do antigo PM, afinal a única criatura política que tentou evitar a desgraça em que agora estamos e que vai piorar ao longo de 2014 e 2015!

Esta entrevista, que foi intensamente promovida —ao ponto de ser citada e defendida de forma dissimulada por Miguel Sousa Tavares no artigo que publica na mesmíssima edição do Expresso (percebendo-se que a leu antes de redigir o seu texto)—, vem na sequência do programa dominical que José Sócrates mantém na RTP e faz claramente parte de um plano: regressar ao poder assim que a casa em ruínas que é neste momento o desgoverno do Jota Passos Coelho se desfaça de vez. Força Arménio!

Só não percebi ainda se José Sócrates tenciona derrubar o seminarista Tó Zé, antes, ou depois da queda de Passos Coelho...

Creio que a hora dos jovens turcos e da jovem turca do PS chegou!

Será isto, ou outra coisa?

Bastou-me ouvir a entrevista dada pela ministra das finanças ao José Gomes Ferreira no Sábado passado, para perceber que este governo talvez passe o Natal deste ano no poleiro, mas não chegará vivo ao próximo. Não trataram do desmantelamento do paquiderme partidário que inchou o aparelho de estado, nem afastaram do orçamento os rendeiros, no início do programa da Troika, como foi recomendado. Agora, apesar de Victor Gaspar ter reconhecido o fracasso e sobretudo a sua incapacidade de se opor ao regime devorista, a coligação mantém-se, mas em estado terminal, à espera de um golpe de graça qualquer. Há quem diga que espera uma catanada providencial do dito Tribunal Constitucional. Com ou sem catanada, o seu destino está traçado e será curto.

Ironicamente, o PS aguarda que todo o trabalho sujo em matéria de redução do estado e diminuição radical dos rendimentos do trabalho seja realizado pelo governo em funções até às próximas legislativas. Depois, o próximo governo atacará os grandes rendeiros do regime e começará a aliviar lentamente o sofrimento do povo. Se for assim, a direita bem pode emigrar, pois ficará sem país durante umas boas décadas.

Coloca-se, entretanto, um problema: quem sucederá ao Passos Coelho? Seguro? Mas como?!

E que acontecerá ao PSD e ao partido do táxi? A minha previsão é que desapareçam do mapa, acompanhados pelo Bloco de Esquerda. Enfim, talvez não desapareçam de vez, mas ficarão numa tal fragilidade que o vazio gerado tenderá a ser ocupado por uma reorganização partidária do país.

Toda esta balbúrdia mais ou menos inevitável criará o caldo de cultural ideal para o regresso de uma personalidade forte como a de José Sócrates. A princípio, a coisa parecerá óleo de fígado de bacalhau. Mas depois de provado o inferno que este governo ainda nos reserva, muitos preferirão o remédio que dá vómitos à morte prematura.

A presença de Lula vai certamente dar o mote!

terça-feira, outubro 15, 2013

Tempestade tropical

Angola cresce. Ainda bem!
in Africa Top Talents

Angola já não é só a família dos Santos

Apesar da extrema burrice do Jota Passos Coelho ao ter nomeado um dispendioso gagá para ministro dos negócios estrangeiros, não é menos verdade que José Eduardo dos Santos acabou de dar um tiro no seu próprio pé.

Em Portugal, o que há a fazer é claro: despedir sem indemnização o gaga Machete, e abreviar a vida desta imprestável coligação. Creio que é o que o PP começou a preparar hoje mesmo...

Quanto a Angola...
Oposição angolana critica anúncio de José Eduardo dos Santos

Os dois principais partidos da oposição angolana, UNITA e CASA-CE, criticaram, em declarações à Lusa, o anúncio feito hoje em Luanda pelo Presidente José Eduardo dos Santos, do fim da parceria estratégica com Portugal.

Vitorino Nhany, secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), disse a Lusa que o anúncio representa uma retaliação contra Portugal.

"Acredito que Portugal esteja a denunciar alguns atos de corrupção e para um Estado corrupto isto não cai bem, esta é a única conclusão que posso retirar da reação do Presidente", disse.

Nhany, que também é deputado, defendeu a realização da primeira cimeira bilateral, que chegou a ser inicialmente prevista para o último trimestre deste ano e foi agora adiada para fevereiro de 2014.

"Acho que sim (que se deve realizar a cimeira), porque temos laços históricos de amizade e cooperação", considerou.

O secretário-geral da UNITA defendeu que "o mais importante é que sejam dirimidos todos os problemas que afetem as duas partes para que de facto se faça uma cooperação positiva".

in Diário Digital, 15/10/2013, 15:06 WET

É evidente que num país dominado pela corrupção —Portugal— é de muito mau gosto atirar pedras e palavras contra a cleptocracia que em Angola desviou e desvia milhares de milhões de dólares das receitas que obtém do petróleo, explorado por terceiros (americanos e ingleses, principalmente), para a dúzia de famílias que venceram a guerra civil que deu lugar ao estado angolano que hoje conhecemos.

Estou farto de explicar que, ao contrário de Portugal, que é um país com quase nove séculos de vida, Angola tem desculpa para os níveis elevadíssimos de corrupção que afligem o país e retardam a reconstrução de um território devastado por 27 anos de guerra civil e quase 500 mil mortos, para além de centenas de milhar de estropiados. Na realidade —é dos livros— nenhum país se faz sem acumulação primitiva e sem a formação de uma classe dirigente. Tocou ao MPLA e à família dos Santos? Pois também podia ter tocado a Jonas Savimbi e à UNITA, o que não teria tornado este caminho de pedras menos longo, menos sanguíneo, e menos corrupto. Se o sangue dos angolanos corre nas nossas veias, como o nosso corre das veias angolanas, o que temos que demonstrar a este propósito é bom senso. Não se trata de pactuar com o crime, mas de manter firme uma perspetiva histórica e estratégica sobre os problemas inevitáveis de um país que é ainda um bebé.

Sobretudo hoje devemos ser prudentes nas verbalizações, pois até mesmo nos países antigos e supostamente vertebrados por sólidas democracias, a corrupção tem vindo a atingir níveis alarmantes. Quanto maior é a crise sistémica do capitalismo, e quando melhor se vêem os efeitos combinados do Pico do Petróleo e da Alterações Climáticas sobre as economias em todo o mundo, mais corrupção existe, mais a corrupção cresce descaradamente, mais inteligência e menos retórica é necessário aplicar ao problema.

A corrupção é crime, claro, e há quem vá compilando pacientemente os dossiês dos criminosos, sobretudo nas desenvolvidas democracias, onde existe, por exemplo, o Tribunal Penal Internacional, preparando as acusações e os estornos das pilhagens quando tal se verificar oportuno. Foi assim com Kadafi, foi assim com Saddam Hussein, será assim com Bashar Al Assad quando cair, e será assim...

Ou seja, os tempos não estão para brincadeiras!

Andar a investigar o Procurador Geral da República de Angola, em Portugal, é mesmo uma brincadeira de estado que ao Reino Unido, ou a Obama, jamais ocorreria salvo se houvesse a intenção de espoliar Angola, mudar-lhe o regime político, ou invadi-lo. Está bom de ver que a gestão política deste caso, em Portugal, por um sistema judicial que não consegue prender um único corrupto português dos grandes, nem que tenha morto 150 hemofílicos com sangue contaminado com HIV, é um desastre de tal dimensão que o senhor Passos de Coelho não tem outra coisa a fazer se não ir-se embora. É demasiado amador, inculto e marialva para estar onde está!

Angola não tem outra alternativa se não permanecer amigo de Portugal, e vice-versa. As alternativas russa e chinesa são ilusórias, e mesmo a Alemanha está demasiado longe do Atlântico...

Se os políticos e os piratas de ambos os países entenderem isto, que é simples de entender e os povos que há muito mal tratam já perceberam, a tempestade com epicentro no gagá Machete e que desabou na comunicação de José Eduardo dos Santos sobre o estado da nação angolana, não terá passado de um típico evento meteorológico tropical — com nuvens espessas e negras, trovões e chuva a potes, seguido dum esplêndido azul cerúleo e temperatura cálida, mesmo a tempo de um Whisky com Água de Castelo!

POST SCRIPTUM

A causa invisível desta crise diplomática chama-se BES, RTP e Paulo Portas!

Um leitor atento chamou-me a atenção para a mais do que provável causa eficiente do murro na mesa dado por José Eduardo dos Santos: a interferência do poder político português, por instrução do BES, no processo de privatização abortado da RTP!

Os governos de Lisboa e Luanda estão já envolvidos na disputa entre o BES (Banco Espírito Santo) e Angola, que terá impedido a entrada da Newshold na RTP, com a paragem do processo de privatização.

Segundo a “newsletter” Africa Monitor Intelligence, o ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas, foi a oposição dentro do governo português à privatização da RTP, evidenciando solidariedade e complacência para com o BES, e mesmo obstrução ao interesse da Newshold na operação. Na perspectiva de meios angolanos, Portas quer prevenir eventuais planos encabeçados pela Newshold com o objectivo de instrumentalizar a RTP para fragilizar o BES e, assim, propiciar o interesse angolano no mesmo.

O BES é um dos raros bancos portugueses em cujo capital não há conhecidos interesses angolanos. Depois da entrada de interesses relacionados com a Newshold no Jornal i, este passou a dedicar uma atenção constante a assuntos embaraçosos para o BES. Essa atenção é, de acordo com as referidas perspectivas, vista como “um precedente” para justificar precauções em relação à RTP.

Disputa entre BES e Angola chega a Governos e “media”
por LusoMonitor em Jan 31, 2013 • 11:15

domingo, abril 28, 2013

Seguro: obrigado, Cavaco!



Vai fermoso e mais seguro


O secretário-geral do PS já está em campanha eleitoral. O encerramento do XIX Congresso socialista assinalou para António José Seguro uma nova fase. Avançou com propostas políticas, anunciou os seus Estados Gerais e pediu uma maioria absoluta para formar Governo. Mas garantiu que, devido ao “estado de emergência” do país, mesmo com maioria absoluta, fará coligação governativa. Público, 28 abr 2013.
A unidade do PS não foi total. Fora dos 251 eleitos para a Comissão Nacional, o órgão máximo entre congressos, ficaram deputados da chamada ala socrática, como Fernando Serrasqueiro, José Lello ou André Figueiredo. Jornal de Negócios, 28 abr 2013.
A negociação para a elaboração da lista única para a Comissão Nacional acabou já o sol nascia. O que se julgava ser um processo relativamente fácil, uma vez que se tratava de uma lista única - marca da imagem de unidade com que o PS quer sair de Santa Maria da Feira -, foi uma dor de cabeça ainda maior do que manda a tradição. Expresso, 28 abr 2013.

António José Seguro comprou um seguro de vida chamado Pedro Passos Coelho. E deve a sua salvação de uma cruel execução partidária, por incrível que pareça, à criatura de Belém. É simples de entender, não é? Não? Ora vejamos:

  • A crise da coligação agrava-se sob o impacto da austeridade, a qual permite a formação de uma verdadeira fronda (incluindo personagens de todos os partidos do leque parlamentar, ex-presidentes da república, sindicatos, entidades patronais, corporações, o manipulado movimento Que se Lixe a Troika! e até o próprio Presidente da República) para derrubar o governo, apesar da sua legitimidade e da sua maioria.
  • José Sócrates instruiu António Costa para derrubar o Tó Zé num congresso antecipado, apostando na queda a curto prazo do governo. “Qual é a pressa?”, perguntou o aterrorizado secretário-geral do PS. Foi a crise de 23-30 de janeiro de 2013.
  • António Costa, um aparachic de compêndio, recua à última da hora, tendo supostamente negociado a permanência das tropas de José Sócrates em lugares-chave do partido (viu-se hoje que a garantia não era muito forte).
  • José Sócrates, impaciente, decide aterrar na RTP a 28 de março, passando deste modo inopinado ao ataque — um ataque, percebe-se agora, desesperado.
  • O previsível chumbo do Orçamento pelo Tribunal Constitucional, que viria a ocorrer a 5 de abril, é o gatilho que supostamente ditará o fim da coligação, nomeadamente por iniciativa de Cavaco Silva, recolocando o PS no centro da cena política.
  • Entretanto, o fiasco de Chipre e a chegada em força da crise financeira, nomeadamente associada às dívidas soberanas, a países como a França e Holanda, vai forçar uma flexibilização no discurso alemão e um abrandamento das exigências por parte da Troika, nomeadamente na Irlanda e em Portugal — há quem tenha cheirado isto mesmo, a tempo...
  • Por um lado, o economista presidente percebeu o que iria ocorrer depois do fiasco de Chipre, e por outro, ficou assustado com o ataque desferido por José Sócrates na entrevista à RTP e reiterado no primeiro programa da série que contratou com o infeliz Miguel Relvas (um erro colossal, certamente resultante de um conselho crasso… de quem?)
  • O Tribunal Constitucional chumba parte do Orçamento, como previsto; agrava-se a crise política; o Primeiro Ministro dirige-se a Belém, como aqui recomendámos, e exige uma clarificação de Cavaco Silva. Terá dito algo parecido com isto: Senhor Presidente, ou fica comigo ou vai ter que aturar o Sócrates. Qual prefere?!
  • Cavaco decide o que era expectável em face dos dados disponíveis, e numa breve nota enviada à imprensa assassina politicamente José Sócrates, garante estabilidade presidencial ao governo (agora só mesmo o frágil Portas poderá derrubar o governo), e lança uma inesperada rede de salvação a António José Seguro!
  • A 13 de abril confirma-se o que já se esperava, sobretudo depois das declarações de Durão Barroso na sequência do chumbo do Tribunal Constitucional: Vítor Gaspar consegue mais tempo e até o horizonte de um pequeno perdão nos juros devidos da parte do BCE (cortesia de Mario Draghi, que Vítor Constâncio anunciou urbi orbi).
  • No dia 25 de abril o Presidente da República garante solenemente a estabilidade constitucional à coligação, adverte o PS sobre a rigidez do peso da dívida, e portanto da necessidade de se poder contar com o PS para amplos consensos que venham a ser exigidos no curto e médio prazo, e desanca de forma fria os partidos que andaram nos últimos meses a organizar esperas e cercos ao presidente e a quase todos os ministros do governo.
  • A fronda, em suma, começou a desfazer-se apesar da gritaria e dos murmúrios que ainda se ouvem. A mudança de tom de Arménio Carlos —um pragmático esperto e experimentado— foi um sinal agudo desta mudança.
  • As tropas de José Sócrates e os secretários de Mário Soares montaram um verdadeiro assédio a António José Seguro durante a reunião de Vila da Feira. Este, por fim, acabou por perceber a manobra e respondeu da única maneira que tem para se livrar de José Sócrates: começando a limpar as listas.
  • Como ontem escrevi, o escândalo dos CDS (Credit Default Swap) que rebentou oportunamente na véspera desta reunião magna acabaria por ser a ajuda de Passos Coelho de que o seu amigo Tó Zé tanto precisava, e teve!
  • Dos jovens turcos que escrevem cartas, um, porventura o mais ambicioso e menos comprometido com Sócrates, Pedro Nuno Santos, foi sacrificado no altar dos equilíbrios internos.
Os tempos que aí vêm continuarão a ser muito duros. A crise do sistema político-partidário, neo-corporativista, devorista e populista que arruinou o país está longe de terminar. O processo do regime está em curso, mas em câmara lenta. Muitos chegarão em breve à conclusão de que o tempo de reformar o sistema partidário, sem o que o regime não muda, chegou. Espero que os escrevinhadores de cartas cor-de-rosa a António José Seguro percebam também que só conseguirão preservar a identidade do PS, sem cair na tentação de uma nova dissolução neoliberal nas malhas do poder, se entretanto surgirem novos movimentos políticos arejados e autónomos com vontade de fazer realmente renascer a democracia portuguesa das cinzas em que o Bloco Central a deixou.

domingo, abril 14, 2013

A Grande Remodelação

Miguel Poiares Maduro, mais um sinal positivo da reforma interna do PSD

Passos Coelho subiu 10 pontos na minha consideração

A imprensa indígena deveria pedir desculpa ao país por ter andado mais de três meses metida numa conspiração contra a legítima coligação governamental em funções. Sempre quero ver o que diz hoje o vendedor de remodelações Marcelo Rebelo de Sousa!

A 'micro remodelação', como lhe chamou o indigente Expresso, foi, na verdade, uma GRANDE REMODELAÇÃO !!!

Foi, na realidade, um humilhante revés para a corja indígena:

— para a corja partidocrata, em primeiro lugar, para a corja rendeira e devorista, em segundo lugar, e por último, para a corja dos jornalistas indigentes. Passos subiu 10 pontos na minha consideração (numa escala de 0 a 20, subiu de 8 para 18 ;) O verdadeiro presidente da Junta (dos refrigerantes) ficou de queixo ainda mais caído, e o Portinhas vai ter que se concentrar nos negócios estrangeiros e na coisa europeia, duas flagrantes omissões do seu 'consolado'.

O governo reformista de Passos Coelho aproximou-se claramente da sociedade civil, e esta é uma excelente notícia.


Alguns dos meus leitores queixam-se de nunca saber para que lado acordo em cada dia que passa na mais grave crise que o país conheceu desde o colapso da ditadura e da balbúrdia demo populista que se lhe seguiu.
 

Passo a explicar: o principal desígnio da corja devorista e partidocrata do PS, PSD, CDS-PP, PCP, BE, sindicatos e alguns dinossauros autarcas era substituir o Álvaro por um obediente qualquer. O pretexto era o famoso crescimento — como se um junkie que promete abandonar as seringas se lhe dermos mais dinheiro fosse uma criatura credível. A presa em mira tem um nome muito mais prosaico: QREN !!! António Pires de Lima berrava, e ainda berra, agora mais baixinho, em tom de lamento, pelo lugar do Álvaro, que é estrangeiro, emigrante, que não sabe falar, que horror!

Ora bem, Passos Coelho esvaziou esta enorme pressão, substituindo Relvas por um deputado respeitável do PSD: Marques Guedes. Este, por sua vez, fez-se acompanhar por um jovem deputado do PSD: Emídio Guerreiro. Joaquim Cardoso da Costa, um PSD muito próximo do renovador e promissor vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, foi chamado pelo jovem ministro Miguel Poiares Maduro, que também convidou para o seu gabinete um enfant terrible do comentário político: Pedro Lomba.

Ou seja, Passos remodelou em três áreas essenciais do governo (QREN, administração regional e coordenação política do governo) sem dar uma lentilha que fosse ao CDS. Tal como nas finanças, educação, saúde e economia, todas nas mãos de independentes insensíveis ao choradinho na ruinosa nomenclatura do regime, também o novo senhor QREN não pertence à corda devorista, rendeira e corrupta que nos conduziu à bancarrota!

Assim, e ao contrário da indigente imprensa que temos, e da multidão de ruminantes (como lhe chama e bem Manuel Maria Carrilho) que ao longo de meses e meses ruminou em uníssono a necessidade e a inevitabilidade de uma remodelação governamental, ouve remodelação, sim, e das grandes, só que não aquela que a corja almejava. Ficaram a ver navios. Ainda bem para o país!


O erro de Poiares Maduro

Ao que parece o agora ministro da coordenação política do governo, das autarquias, da RTP e do QREN apostou num cavalo errado ao sugerir que Cavaco poderia ter que formar um governo de iniciativa presidencial. Na realidade, esta sugestão sibilina vinha acompanhada de um cutelo:
“Se a renegociação não for viável nos termos que o TC impõe e não se revendo a constituição nem tolerando o país um maior esforço fiscal só resta uma alternativa: incumprimento do memorando o que levaria em pouco tempo à saída do Euro com todas as consequências (temo que ainda mais desastrosas que a austeridade a que já estamos sujeitos)” … in Diário Digital.
Logo, o erro talvez tivesse sido mais aparente do que real...

A oportunidade do Tó Zé

Falhada a grande coligação nacional para derrubar Passos Coelho, António José Seguro tem hoje uma grande oportunidade para dar um golpe de coelho na divisão Sócrates do PS. Depois talvez seja tarde demais...

É que a estratégia de José Sócrates e dos seus bulldozers pressupunha uma dramatização da crise política até às Autárquicas. Mas tal não aconteceu. Logo, prevejo que o Pinóquio regresse à Rive Gauche em menos de seis meses.

segunda-feira, abril 08, 2013

A precedência de Sócrates

Para evitar o déjà vu: "Sasha makes like a 21st-Century pinup, redefining glamour for today. Lingerie staples take center stage—a slip of satin, a bra—as underpinnings offer a new language for two-piece dressing and the allure of subversively seductive sex appeal." in Interview.

Temos Oposição. Chama-se José Sócrates. E Passos deve agradecer esta inesperada bênção!

Vamos por partes: Cavaco, António José Seguro, Portas, o PCP-Intersindical e o Bloco tinham montado de forma meticulosa a estratégia de derrube do atual governo de maioria, seja forçando-o a uma ampla remodelação favorável aos rendeiros do regime (monopólios indígenas, partidocracia, corporações profissionais dependentes do orçamento público, sindicalistas, etc.), seja provocando mesmo a sua demissão, seguida de um governo de iniciativa presidencial, ou, na pior das hipóteses, de eleições antecipadas, com a constituição de um governo de gestão sem Passos. Resumindo, a permanência em funções do atual PM esteve por um triz. Salvou-o, surpresa das surpresas, o inopinado regresso de José Sócrates.

Após um exílio breve que a si mesmo se impôs, o ex-primeiro ministro que antecedeu a atual e já tão desgastada maioria, decidiu retomar as rédeas do PS e preparar-se para o que der e vier, empurrando António José Seguro para debaixo da mesa. Paradoxalmente, esta decisão sabotou o plano presidencial, travou a iminência de um desastre nacional que resultaria inevitavelmente da decomposição abrupta da atual maioria parlamentar e do governo em funções. E, não menos paradoxalmente, injetou fôlego na capacidade de decisão de Passos Coelho.

Tal como escrevi no Facebook, o PM só tinha uma coisa a fazer depois do chumbo do Tribunal Constitucional (1): no próprio sábado em que reuniu o conselho de ministros extraordinário Pedro Passos Coelho deveria exigir ao Presidente da República o apoio inequívoco ao governo em funções ou, então, que assumisse as consequências de uma demissão imediata do primeiro ministro. Cavaco Silva meteu a viola sindical no saco e mandou um assessor qualquer anunciar urbi orbi que não faltam ao governo condições para governar. Isto é, sendo o atual governo suportado por uma maioria parlamentar, não será o presidente da república a demiti-lo. Cavaco ouvirá na sequência de mais esta deriva, quase demencial, do seu segundo mandato, o conselho de estado. Uma formalidade desnecessária, pois já todos sabemos para que serve este órgão… para coisa nenhuma!

Sócrates disse 'parem de cavar!', não disse 'derrube-se o governo!' 

Esta afirmação, proferida na entrevista que assinalou o seu regresso à aldeia lusitana, baralhou as estratégias, de Belém aos largos do Rato e do Caldas. E é por isso que Passos Coelho só terá que agradecer a José Sócrates o seu inesperado regresso. António José Seguro, como é sabido, desapareceu em combate (2), escondendo-se debaixo de uma mesa qualquer, à espera da palavra do chefe. Ainda bem!

Ao contrário da maioria da imprensa que temos, este blogue não depende, nem do BES, nem da EDP, nem da PT, nem dos partidos que obedecem aos rendeiros e corporações do regime. E como é independente e cada vez mais agnóstico, diz o que lhe vai na alma. Neste caso, procura interpretar com a maior distância possível (dada a memória recente do personagem) o significado do regresso de José Sócrates numa conjuntura político-partidária e corporativa que ameaça destruir o país, depois de o ter conduzido à falência.

O atual governo cometeu um erro grave ao ter invertido as prioridades da Troika. Ou seja, em vez de corrigir as contas públicas sobretudo pelo lado da despesa, fê-lo, com efeitos desastrosos, pelo lado da receita. Vamos ver como resolve José Sócrates, em teoria, este problema de decisão política.

Uma coisa é certa: não foi a falta de Keynes que produziu a crise das dívidas soberanas, mas precisamente o abuso das suas receitas, sobretudo numa união monetária ainda muito imperfeita, onde os pequenos países perderam todo e qualquer controlo sobre a moeda que usam.

E mesmo que controlassem a moeda, expandir desmesuradamente a massa monetária, em cima de uma catastrófica crise de endividamento empresarial, doméstica e pública não nos levaria certamente a parte alguma. Apesar do que escreve Paul Krugman, na sua missão de atacar sistematicamente o Euro (The Urge to PurgeNYT), e da recente decisão suicida do governo japonês (Kyle Bass: “Japanese Retirees Will Lose Up To Half Of Their Life Savings”—ZeroHedge), o caminho das pedras é o único disponível.

A solução para o imbróglio criado pela decisão do TC é simples, mas exige coragem política

Bastam duas decisões, tomadas de forma clara e sem demora:
  1. atacar os rendimentos excessivos e os contratos leoninos da burguesia rendeira indígena (PPP, EDP, Mellos, BES, etc.);
  2. atacar a base eleitoral da partidocracia e das corporações profissionais, sindicais e religiosas do país, privatizando ou entregando ao setor cooperativo tudo o que não deve estar aninhado sob a asa partida do orçamento público.
A partidocracia, do Bloco Central ao PCP, prefere, está demonstrado, o FASCISMO FISCAL. E prefere esta forma de extorsão, à liberdade, ao trabalho, à transparência, à racionalidade económica e à justiça democrática. No fundo, são herdeiros disfarçados de instituições extrativas (Acemoglu, Robinson) centenárias, cuja persistência é a principal causa da decadência dos povos do sul da Europa.

Passos Coelho tem, porém, um novo e inesperado aliado, que o salvou da demissão presidencial. Chama-se José Sócrates!


NOTAS
  1. O TC só se pronuncia sobre pedidos de fiscalização que lhe são dirigidos, ou pelo PR, ou pelos grupos parlamentares, ou pelo Provedor de Justiça ou pelo Procurador Geral da República. Recentemente, também os autarcas vierem em uníssono exigir semelhante prerrogativa (Jornal de Negócios). Isto é, o TC não toma a iniciativa da fiscalização. Portanto, as responsabilidades políticas pela crise desencadeada pelo chumbo do TC de algumas disposições do Orçamento de Estado de 2013 vão direitinhas e exclusivamente para os partidos políticos, para o Presidente da República e para o Provedor de Justiça — os requerentes! 
  2. Estou convencido que foi José Sócrates quem, ontem, mandou calar o pio ao Tó Zé, até ao fim do dia de hoje. Ou seja, o zero à esquerda do PS só falará depois desta crise aguda do regime ter passado. Para dizer o quê — pergunta-se. Nada de relevante, presumo.

IMPRENSA E  BLOGUES

Vital Moreira diz o óbvio, mas é importante que o tenha dito: “No final, todos os portugueses, incluindo os que agora festejam a decisão do TC, terão perdido bem mais de um mês adicional de rendimento por ano.” in Causa Nossa.

Schaeuble avisa que Portugal tem de tomar mais medidas depois de veto do TC

Ministro alemão das Finanças indica que, apesar dos esforços que o País tem feito, é necessário implementar mais normas que compensem a decisão do Tribunal Constitucional, de que havia medidas no Orçamento do Estado para 2013 que violavam a Constituição. in Jornal de Negócios.
Portugal urged to stick to fiscal targets after court ruling

Portugal urged to stick to fiscal targets after court ruling

The European Commission has urged Lisbon to stay the course on reducing its budget deficit after the country’s Constitutional Court on Friday (5 April) rejected key parts of the government’s 2013 austerity budget, including cuts to holiday bonuses for pensioners and public servants and reductions in sickness leave and unemployment benefits. in EurActiv.

Portugal Seeks New Cuts to Stay on Course

The European Commission, which along with the International Monetary Fund and the European Central Bank oversee the bailout, welcomed Mr. Passos Coelho's comments, but added that the full implementation of austerity measures will be a precondition for Portugal to get better bailout terms, including a much-needed extension of loan maturities. in The Wall Street Jornal.

BNP: Portugal ficou mais próximo do segundo resgate após chumbo do Constitucional

Portugal não deverá receber em Maio a nova parcela do empréstimo da troika, de dois mil milhões de euros, nem deverá obter a extensão dos prazos de reembolso do empréstimo, como estava previsto que fosse acordado na reunião do final desta semana dos ministros europeus das Finanças (Ecofin).

Estas são, no entender dos analistas do BNP, as consequências mais imediatas do chumbo, pelo Tribunal Constitucional, de quatro medidas incluídas no Orçamento do Estado deste ano que, nas contas do Governo, deixam um rombo de 1,3 mil milhões de euros que terá agora de ser, pelo menos parcialmente, compensado por cortes nas despesas públicas, o que poderá significar a antecipação do processo de reforma do Estado em áreas como as prestações sociais, Educação, Saúde e no universo das empresas públicas.  in Jornal de Negócios.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 8 abr 2013 - 16:15 WET

quinta-feira, março 21, 2013

O Sócrates Parte II

Olá! Já tinham saudades, não?

O meu vaticínio: governo PS+CDS em 2014

Já repararam? José Sócrates regressou e tem a sua poderosa máquina a trabalhar, ou não fossem Jorge Coelho e Pedro Silva Pereira duas lagartas imparáveis. Cuidem-se!

Quanto ao zero à esquerda do PS, mais conhecido por Tó Zé, tem o destino traçado: ou aceita ser figura de retórica e decorativa do regresso do PS ao poder, ou terá que ser despachado pela Grande Tríade de Almeida Santos. Democraticamente, claro!

Tudo começou quando o príncipe das trevas mandou o António Costa pisar os calos ao infeliz líder que sucedeu a José Sócrates. A ideia era mesmo tomar de assalto o próximo congresso do PS, mas com a anuência cordata de António José Seguro. Este reagiu indignado (dizem que é bom rapaz, mas não muito brilhante), deixando o cardeal do partido bastante aborrecido e obrigado a avançar com um qualquer Plano B.

Ora o Plano B está em marcha, e a praia lusitana desprotegida!

Um governo perdido entre o monumental caso de corrupção do BPN (um banco pirata criado pelos piratas do PSD), um presidente à beira da demência, e um governo de raparigas e raparigos universitários que nunca plantaram uma couve, ainda por cima chefiado por um troglodita da Jota S Dê (eu apostei no Paulo Rangel, mas perdi...), e que falhou todas as previsões e já não diz coisa com coisa, vai necessariamente cair antes do Natal.

É preciso não esquecer que o Conselho de Estado já virou o polegar para baixo, mesmo sem ir ao quintal de Belém. Idem no que toca às chefias militares. E idem, é bom de ver, da parte dos sindicatos, confederações patronais, burguesia rendeira e banqueiros. Todos, embora aflitos, querem um governo forte dentro e fora do país. Ou seja, capaz de maior agilidade negocial perante os credores e o governo não eleito de Bruxelas, e sobretudo com o pragmatismo suficiente para, se necessário for, tomar medidas drásticas, buscando previamente as necessárias alianças internacionais — financeiras, económicas e... militares.

Está bem de ver que os mimados garotos das juventudes partidárias não estão aptos para estas tarefas. E como o tempo urge, é preciso, desde já, tratar das autárquicas e preparar o governo pós-Gaspar.

Estou convencido de que, nas atuais circunstâncias, o Tribunal Constitucional irá chumbar as cláusulas confiscatórias do Orçamento. E se assim for, não vejo como poderá Passos Coelho manter-se onde está. No mínimo, alguém terá que explicar ao quase demente presidente da república —que não deveria ter sido eleito, mas foi— que o senhor primeiro ministro terá que se demitir, por incapacidade manifesta de governar, por incumprimento escandaloso do programa eleitoral pelo qual foi eleito, e para salvaguarda do regular funcionamento das instituições.

E depois? 

O PSD será naturalmente chamado a formar novo governo. Mas se não conseguir renovar a coligação, então não haverá outro caminho se não novas eleições, mantendo-se o governo em funções a cozer em lume vivo!

Será em tal momento crítico que o pragmatismo outrora demonstrado por Mário Soares baterá de novo à porta da governação lusitana. Paulo Portas e... José Sócrates apresentar-se-ão então ao país como a última oportunidade de enfrentar a besta germânica, começando por renovar alianças atlânticas de longa data.

Não me perguntem se gosto do Sócrates. Têm centenas de textos neste blogue para ler!


POST SCRIPTUM

Para que conste:

1) o Pinóquio não foi acusado, não foi julgado e não foi condenado, a não ser eleitoralmente. Logo é um cidadão como outro qualquer e goza dos plenos direitos que a cidadania lhe confere.

2) a RTP goza de independência editorial (pelo menos no papel), e por conseguinte tem todo o direito de contratar o Pinóquio para roubar audiência aos 'comentadores' Marcelo, Mendes, Leite, Santana, Ângelo e Pacheco, mais ou menos cor-de-laranja, que saltitam pelos canais da nossa indigente média.

3) por fim, aquilo que nós, portugueses, deveríamos exigir é a privatização imediata e a 100% da RTP, em vez de andarmos para aqui com irritações hipócritas.

A vinda do Pinóquio, aliás, significa uma coisa muito simples: que a coligação no governo está morta, que não se vislumbra nada no horizonte em termos de alternativa, e que, portanto, a perspetiva de um regresso do PS, desta vez em coligação com o CDS, está na cara!

E já agora: 

Como toda a gente já deveria saber, o PCP e o Bloco são esqueletos sem qualquer utilidade em matéria de governo do país. E os Indignados, por sua vez, ainda não perceberam que não estão a lutar contra uma ditadura, mas contra uma democracia. Um cenário não contemplado nos manuais do velho Gene Sharp :(

Última atualização: 22 mar 2013, 15:23 WET

terça-feira, dezembro 18, 2012

O regresso dos comboios

O famoso comboio foguete em 1953 atingia já 120 Km/h.

Retomar o projeto Poceirão-Caia, já!

Para além do pontapé de saída dado pelos 27 (Reino Unido incluído) em direção à união bancária e reforço dos poderes do BCE, no passado dia 13 de dezembro foi ainda tomada uma decisão vital, nomeadamente para a necessidade urgente de converter à bitola europeia a rede ferroviária portuguesa que liga Portugal a Espanha e ao resto da Europa.

Nada justifica, depois do que Monti conseguiu arrancar a Wolfgang Shaeuble, a suspensão da ligação Poceirão-Caia, já contratada com empresas portuguesas e dotada de financiamento pela União Europeia e pelo Banco Europeu de Investimentos — mas que o incompetente secretário de estado deste governo, Sérgio Monteiro, e o contabilista Gaspar, travaram do alto da sua ignorância extrema. A menos que o dinheiro da ligação ferroviária Lisboa-Madrid já tenha ido para outro sítio (Parpública? TAP? Efromovich?), os compromissos de estado com Espanha, com a Comissão Europeia e com o consórcio Elos deveriam ser imediatamente retomados.

Em funções desde 1999, o Alfa só não ligas Lisboa ao Porto à velocidade de 200 Km/h por erros crassos da governação do tempo do ministro João Cravinho.

Esta é a oportunidade de evitarmos que Portugal se transforme rapidamente numa ilha ferroviária se persistir em oferecer de mão beijada a Madrid a oportunidade de desviar de Sines, Setúbal e Leixões, o tráfego marítimo proveniente da América e do Pacífico, este último através do Canal do Panamá alargado—uma obra gigantesca que inaugurará em 2014.

Os navios que sulcam o Atlântico em direção à Europa encontram na frente atlântica portuguesa e galega os seus portos mais próximos: Ferrol, o novo porto atlântico da Corunha, Vigo, Leixões, Aveiro, Figueira da Foz, Setúbal, Lisboa e Sines. Tecnologicamente aptos e amigáveis, estes portos precisam de poder transferir sem grandes complicações os contentores transportados, para carruagens e comboios capazes de viajar, sem roturas de carga, durante a noite, até Madrid, Bilbao ou Barcelona, Lyon, Paris ou Milão, Berlim, Kiev, Moscovo ou São Petersburgo.

E a situação é agora esta: Espanha já projetou três portos secos —um perto de Orense, outro perto de Salamanca e outro em Badajoz— para o caso de a cegueira e corrupção dos decisores políticos de Lisboa persistirem na tentativa de atrasar a migração das principais linhas férreas portuguesas para a bitola europeia, única maneira de os comboios europeus carregarem e descarregarem mercadorias nos portos portugueses, única garantia de a Autoeuropa e outras empresas de grande dimensão continuarem por cá, e de atrair novas empresas!

Mario Monti foi decisivo na mudança da posição alemã sobre o binómio austeridade-crescimento: é pois, desde a última cimeira governamental europeia, possível prosseguir programas drásticos de consolidação de contas públicas, sem por isso impedir investimentos estratégicos que preparem a retoma da economia, e no imediato travem a sangria do desemprego que tudo mata.

O EurActiv dá conta desta mudança de clima essencial:
“Following a push by the Italian Prime Minister, the draft summit conclusions state, in the second paragraph, that public investments in large infrastructure projects can be counted out of public deficit calculations.

“The possibilities offered by the EU’s existing fiscal framework to balance productive public investment needs with fiscal discipline objectives can be exploited in the preventive arm of the Stability and Growth Pact,” according to the draft summit conclusions.

In other words, Italy could be given a green light to implement public investment programmes, such as road building, or other large infrastructure projects, without these impacting on the country’s deficit.”



Tal como as autoestradas, também as vias férreas em bitola europeia, preparadas simultaneamente para a alta velocidade no transporte de passageiros, e para o transporte de mercadorias, têm que obedecer a determinados parâmetros de robustez exigentes, a inclinações máximas e a curvaturas toleráveis, pelo que as vias férreas existentes não são elegíveis para o futuro do transporte ferroviário que substituirá nas próximas décadas uma boa parte das deslocações automóveis e aéreas na Europa. O fim do petróleo barato, que acima dos 100-110 dólares o barril lança as economias na recessão, e os efeitos extremamente negativos das emissões de CO2 equivalentes na atmosfera, nomeadamente no agravamento das alterações climáticas, forçaram finalmente os governos a perceber que a era do automóvel movido a gasolina ou gasóleo como fonte de todos os rendimentos não só terminou, como é neste preciso momento causa evidente do agravamento da crise económica e financeira que tem vindo a conduzir sucessivos países a colapsos sociais inimagináveis quando este século começou.

A poeira que tem sido lançada pelos nossos indigentes meios de comunicações social sobre esta matéria confunde frequentemente a estrada com os automóveis, ou neste caso concreto, a ferrovia com o que circula em cima dos carris: comboios de passageiros, comboios de mercadorias, comboios lentos (120 Km/h), comboios de velocidade elevada (220-250Km/h) e comboios de alta velocidade (até 300, 350, ou mais Km/h). Difundem assim a ideia errada de que quem paga a ferrovia tem também que pagar o material circulante e a sua exploração. Não tem!

A política europeia nesta matéria é muito clara: os governos europeus e os fundos comunitários investem nas infraestruturas —projetos, expropriações, ferrovia, sistemas de eletrificação e de sinalização, plataformas logísticas e estações— e os privados, por sua vez, investem na exploração dos serviços de transporte. Haverá assim várias empresas oferecendo serviços de natureza diversa: transporte de graneis e de mercadorias em contentores, e ainda transportes de passageiros a velocidades diversas e com graus de conforto e preços variados.

Por fim, a retoma do contrato de ligação Poceirão-Caia, passando por Évora, mas que na realidade deveria ligar o Pinhal Novo ao Poceirão e este a Caia, com ligações asseguradas ao Barreiro, Setúbal e Sines, além de gerar centenas de empregos diretos, irá um dia promover o aparecimento de dezenas de novas empresas e milhares de postos de trabalho associados à nova fileira do transporte ferroviário do século 21, fortemente imbuída de tecnologia, métodos modernos de gestão e de muita investigação.

Esperemos, enfim, que a tentativa de dar a TAP a um senhor que ninguém conhece, só porque os banksters do BES mandam, ainda possa ser travada e renegociada ao longo do próximo ano, em nome de uma privatização bem desenhada, transparente e estratégica (que não tem sido), e em nome de um projeto essencial ao país —a ligação Poceirão-Caia—, cujo financiamento pode estar neste preciso momento a ser desviado ilegalmente para uma operação pirata!

ÚLTIMA HORA

Diário Económico anuncia amanhã que Parpública vai injetar 100 milhões de euros na TAP.  De onde vem o dinheiro?! A alma que me escreveu sabe do que fala!

Uma alma anónima acaba de me fazer chegar estas revelações preocupantes:
Governo transfere fundos e empréstimos previstos para a implementação da bitola europeia para financiamento oculto da privatização da TAP!

O total do investimento previsto para o projecto original da ligação ferroviária Poceirão-Caia, incluindo o pagamento de todas as expropriações, foi de aproximadamente 1400 M€. Neste valor inclui-se uma via férrea suplementar em bitola ibérica para o troço Elvas-Caia, que acresce ao projecto da via em bitola UIC (vulgo bitola europeia), para passageiros e mercadorias. A concessão prevista é de quarenta anos, dos quais os primeiros quatro seriam destinados à construção, ensaios e homologação internacional. O contrato incluiria ainda a manutenção das vias durante 36 anos, de modo a garantirem disponibilidade de uso na ordem dos 99%.

Fontes de Financiamento à ELOS :

      - 661 M€ a fundo perdido da EU. (Posteriormente aumentado para cerca de 800M€, “à pala” de ajuda adicional aos países sob resgate.)

      - 600 M€ provenientes do BEI, a uns 2,..%.

      - 90 M€, da banca comercial, basicamente, CGD e BCP., a uns 3%.

      - 60 M€ da Refer ( creio que relacionados com a terceira via, a de bitola ibérica)

      - 116 M€ do Orçamento Geral do Estado.

Já depois do actual governo anunciar o fim do projecto Poceirão-Caia, mas antes de o formalizar, e a seu pedido, estudaram-se variantes, cuja redução de custos permitiria (com o aumento dos 800 M€, entretanto anunciados) prescindir da totalidade das prestações da Refer,  do Estado e, provavelmente, da própria banca comercial. Basicamente, retirava-se do projecto a via em bitola ibérica (com redução das respectivas pontes e viadutos, redução da largura da plataforma, aterros e escavações entre Évora e Caia, catenária, e ainda redução de potência das subestações reforçadas por causa dela), diminuía-se a dimensão da estação de Évora, e faziam-se mais algumas pequenas alterações.

As condições duramente negociadas pela ELOS com os bancos (690 M€) eram tão boas ou tão más que agora o Governo veio pedir à Elos que aceite “trespassá-las” para uso do governo em outros financiamentos do Estado, desta vez através da Parpública…

A formalização dos complexos contratos (com o senhor Efromovich?) decorre neste momento numa espécie corrida de fémures para o precipício. O dia D, de aflição para a Parpública, é hoje, 18 de dezembro. Uma ignomínia sem nome !


Última atualização: 19 dez 2012 - 00:19 WET



quarta-feira, dezembro 05, 2012

O Padrinho IV ?

Estalou o verniz ao senhor doutor Mário Soares. Que pena :(

Há avisos que não se fazem, porque podem ser interpretados como ameaças

Mário Soares parece ter apelado de forma sibilina ao linchamento do Primeiro Ministro. Será verdade? Pode esclarecer as suas palavras, doutor Mário Soares?

“Os portugueses estão desesperadamente contra este Governo . Não há qualquer dúvida. Contudo, Passos Coelho diz que não se aflige com isso. Talvez até goste. Mas é preciso que se lhe diga, antes que seja tarde, que corre grandes riscos. Inúteis. Tem Portugal inteiro contra ele: sacerdotes, militares, de alta e baixa patente, cientistas, académicos, universitários, rurais, sindicalistas, empresários, banqueiros, pescadores, portuários, médicos e enfermeiros e, sobretudo, a maioria dos seus próprios correligionários do PSD. Mas fica na mesma, entre avanços e recuos, sugerindo ideias e abdicando delas, sem se aperceber das contradições em que cai, mas sempre a piorar. Já não se lembra que, quando era líder dos jotas do PSD, gritava com os outros: “O povo é quem mais ordena”? Agora, obviamente, não é. O povo não existe para o primeiro-ministro e para o seu Governo. Tenha, pois, cuidado com o que lhe possa acontecer. Com o povo desesperado e, em grande parte, na miséria corre imensos riscos. É preciso e indispensável mudar de política. Com esta política - e a intervenção permanente do ministro das Finanças - tudo vai de mal a pior. São os militantes do PSD que o reconhecem. Será que seremos a Grécia? Ou pior do que ela?” — Mário Soares in A Palestina na ONU, DN, 4 dez 2012.

A afirmação de base onde assenta toda a argumentação de Mário Soares no seu inacreditável artigo de ídolo apeado da história, está errada. Na realidade, uma sondagem recente (Jornal Digital, 26/11/2012) mostra que a maioria dos eleitores nem quer ouvir falar de eleições, ou de mudança de governo, muito menos de um regresso do PS, ou pior ainda, do regresso do PREC, agora sob a forma de uma frente popular de imbecis!


POST SCRIPTUM

Mais achas na fogueia da vaidade jacobina
Polémica: Soares ‘entala’ Seguro
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro não colocou objecções à carta subscrita por 78 personalidades, com Mário Soares a encabeçar essa lista, confirma o próprio ex-Presidente da República e histórico socialista — in Notícias ao Minuto.
A confraria cor-de-rosa, depois de arruinar o país, anda naturalmente confusa, desesperada, e não consegue acertar o passo, nem dentro de portas, nem fora delas.

Última atualização: 5 dez 2012 - 13:54 WET


quinta-feira, novembro 29, 2012

A morte súbita dos partidos

Lenine morreu possivelmente de sífilis,  mas a nova religião social tentou preservá-lo até à eternidade. Na realidade, o seu cadáver embalsamado resistiu mais à intempérie do que a ditadura estalinista e a URSS.

Precisamos de uma nova constituição e sobretudo de mais democracia. Os politocratas que temos deveriam reformar-se mais cedo!

PCP "Está em construção" uma alternativa ao actual Governo

Jerónimo de Sousa afirmou que há um "elemento novo na política portuguesa" hoje que é a convergência de largos sectores da população em torno da contestação à política do Governo PSD/CDS-PP, juntando, nas manifestações "muita gente do PS, do PSD" e "até do CDS" bem como movimento sociais e pessoas sem partido.

Em entrevista à Agência Lusa, a propósito do XIX Congresso do PCP, que se realiza entre sexta-feira e domingo, em Almada, Jerónimo de Sousa disse que o partido propõe uma "alternativa política" e um "governo patriótico e de esquerda" capaz de a executar e afirmou que isso "está em construção", fruto da "luta de massas" onde convergem sectores que até ao momento estavam "neutros ou neutralizados" pela "ideologia das inevitabilidades".

Notícias ao Minuto, 29 nov 2012 ; 07:00

A síndrome dos corpos embalsamados de Lenine e de Mao, e da Cadeira de Salazar, é um dos maiores entraves à libertação de alguns povos —entre os quais se contam os portugueses— dos seus messiânicos salvadores que acabam invariavelmente por revelar-se seus coveiros.

A democracia portuguesa não existe. Basta olhar para a indigência e total falta de independência dos deputados parlamentares e autárquicos. Basta ler a fábula que leva o nome pomposo de Constituição. Basta reparar como os bancos controlam os patrões da política e estes controlam os partidos de quem procura emprego fácil. Basta verificar como as leis do país são cozinhadas em gabinetes de advogados pagos a peso de ouro pelos desgraçados contribuintes, sem que as comissões parlamentares e os plenários tenham verdadeiramente palavra e poder de mudar uma vírgula sequer das leis que servem quem se esconde sob o manto ilusionista desta democracia.

Todo este regime de falsa democracia é abençoado por uma justiça corporativa indigente e predisposta à corrupção diária do espírito intrinsecamente ético das leis. A nossa democracia é, na verdade, um regime populista, partidocrata, endogâmico, nepotista e corrupto, cuja glória, depois de tanta entorse, foi conduzir o país à bancarrota, em vez de lhe proporcionar prosperidade e cultura.

Os grandes partidos do arco da governação formam um bloco central de interesses, apático e tolhido pela corrupção de quem verdadeiramente manda. Os pequenos partidos, por sua vez, não passam de sindicatos de votos que medem os interesses do país à medida dos seus pequenos nichos de popularidade. O PCP vive das empresas públicas e de algumas autarquias; o Bloco apoia-se quase exclusivamente na turma dos professores.

E no entanto, mais do que nunca, precisamos de uma democracia que verdadeiramente emane da cidadania, apoiada em agrupamentos, ou reagrupamentos democráticos de base, sem hierarquias burocráticas, organizados em redes de convergência inteligente e solidária, transparentes, eficientes e onde predomine a mobilidade e o intercâmbio de pessoas e ideias.

Precisamos, em suma, de uma democracia sem partidos, ou onde os partidos passem a ter uma função e um desempenho muito mais discretos e bem delimitados, complementados no exercício legislativo e moral da democracia por outras formas de expressão e concretização da vontade democrática, e pela defesa inegociável das liberdades coletivas e individuais.

Jerónimo de Sousa repete pela enésima vez desde 1974 o amanhã que canta no coração cansado de quem ouviu a lenga-lenga estalinista do PCP ao longo das últimas quase quatro décadas de um regime de transição entre a ditadura corporativista de Salazar e uma sociedade democrártica livre e responsável que está longe de ser uma realidade. Os grandes vícios do corporativismo —prepotência política dos governantes e burocratas, dependência individual e corporativa do Estado, nepotismo, subserviência, corrupção endémica, manipulação e indigência da imprensa, isolacionismo ideológico, total falha de visão estratégica do país, e um enorme provincianismo somado ao aflitivo analfabetismo funcional que persiste, milhares e milhões de contos e de euros depois— continuam entre nós. De que fala então o líder do PCP? Que espera do "seu" povo? Que morra e ressuscite de cara e alma lavadas? Ou será que a desgraça do povo é, afinal, a sua única garantia de sobrevivência? A igreja antiga, a católica, também anda por aí num desatino audiovisual por causa da fome. Fome de quem, e de quê, pergunto?

Para haver democracia, ou melhor, para que esta democracia mal formada dê lugar a uma democracia digna do nome, precisamos de ter classes médias, empreendedoras, profissionais e intelectuais, imbuídas de uma ética do dever e da transparência, bem como de uma cultura do diálogo e da racionalidade. A gritaria da luta de classes para inglês ver é tão só a máscara cadavérica de um tempo virtual que não serve quem diz querer servir, mas apenas cuida do grande nicho do oportunismo e da mediocridade.

As formas e as forças do regime que temos deixaram de servir o interesse histórico do povo que dizem representar. Representaram-no tão mal que caímos na insolvência. Voltámos a ser, outra vez, um protetorado dos credores. Nisto, todos os partidos são igualmente responsáveis. Por inacreditável ignorância, por incompetência canina, por oportunismo incurável, por corrupção.

Precisamos, sim, de refundar o regime. Mas não como propõe Passos Coelho. Na verdade, não podemos continuar a jogar às escondidas com a Constituição. Do que se trata é de a substituir por outra, que não seja uma quimera hipócrita e oportunista.

Se não quisermos perpetuar as causas do fracasso que nos trouxe até aqui, teremos que fazer uma revolução constituinte ou simplesmente convocar uma nova assembleia constituinte, para escrever outra utopia para Portugal.

quinta-feira, novembro 08, 2012

Totó inSeguro acordou

António José Seguro acordou!
Imagem: WHKITG

A dita Esquerda só tem um passo seguro a dar: exigir uma distribuição mais justa da austeridade, como aliás a Troika propõe, e insiste que seja levada a cabo!

Seguro prepara socialistas para a queda prematura do Governo

Económico, Márcia Galrão
07/11/12 00:05

Comissão Política pressionou líder para que o PS apresente propostas concretas.

A reunião da Comissão Política do PS da última segunda-feira serviu para António José Seguro deixar duas mensagens: é preciso preparar o partido para a hipótese cada vez mais alargada de a legislatura não chegar ao fim e assumir perante os portugueses que muitas das coisas que lhes têm sido retiradas não poderão ser restituídas mesmo que os socialistas assumam o poder.

Segundo várias fontes presentes na reunião, o secretário-geral do PS reconheceu que a situação do país tem mudado muito nos últimos meses e que, se quando foi eleito pensou que estaria na oposição até 2015, o "alarmismo social" e a fase crítica que o país vive sugere que essa ideia seja "revista". No entanto, Seguro também terá dito que não sabe se o PS já está preparado para fazer esta análise.

Numa reunião muito participada, com muitas intervenções das várias alas do partido, terá ainda sido unânime a pressão para que o PS assuma propostas concretas na praça pública e tome a dianteira do debate inevitável que tem que ser feito de renegociação da dívida e do próprio memorando de entendimento com a ‘troika'.

A partir do momento em que António José Seguro aceitou retomar o diálogo institucional com o Governo, os socialistas consideram que é preciso ser agora consequente e participar activamente nas próximas avaliações da ‘troika' com propostas concretas. Da ala mais à direita, coube a Ricardo Gonçalves pressionar a direcção nacional para sugerir reformas profundas, tal como tem sido assumido por vozes como Manuela Ferreira Leite ou Miguel Cadilhe. Do lado oposto, Pedro Nuno Santos considerou que o PS tem que liderar o debate de renegociação do memorando e dizer o que propõe que se altere. Resumindo: as duas alas pediram uma "clarificação", como assumiu fonte presente na reunião ao Diário Económico. [...]

Apesar de questionado sobre o conteúdo da carta que o primeiro-ministro lhe enviou, Seguro manteve firme a decisão de não revelar o seu teor. Quanto às pressões de que foi alvo, lembrou que este não é o momento de olhar para o PS, mas para o país, e que é preciso manter um relacionamento institucional sério com o Governo.

Fonte socialista adiantou, ainda, que grande parte da intervenção do líder foi dedicada à situação do país, com exemplos de situações dramáticas de famílias e de empresas nacionais - casos de todo o país que disse chegarem ao seu conhecimento diariamente.

Quem andou a comprar dívida portuguesa não foi a Alemanha, foi a banca portuguesa e a Caixa (que se sobre endividaram junto do BCE, e a quem deixaram umas cautelas de risco elevado), assim como —pasme-se— o principal fundo de pensões do estado... português!

Desafio, pois, o PS do inseguro Seguro, o PCP do megafone Jerónimo, e o Bloco do reciclado Mao, a desfazerem este nó! Quem pagará a reestruturação que defendem para a gigantesca dívida pública portuguesa? Se a dita dívida está em boa parte sentada ao colo dos bancos indígenas à beira da falência, do banco público, igualmente insolvente, e do fundo de pensões do tal estado social, cuja liquidez dá para oito meses, a quem servirão as vossas desmioladas alternativas ao memorando da Troika assinado pelos três partidos do arco da desgovernação?

Se quiserem não pagar, ou pagar menos, já sabem quem ficará com o calote ao colo, não é? E então?

A Autoeuropa, a SAP e a Simens são algumas das empresas que funcionam bem em Portugal há décadas, ao contrário de tudo o que vem dos piratas do PS, dos piratas do PSD, dos piratas do BES, da Mota-Engil, do Grupo Mello e do resto da corja de imbecis e de ladrões que levaram o país à bancarrota e insistem em roubar o que resta.

Usar a Alemanha, a tia Merkel, e a Troika, como bodes expiatórios da pirataria local é mais uma prova de demência de uma parte dos indígenas da Tugolândia, que assim bem merece a má sorte que lhes caiu em cima.

Há uns séculos atrás a mesma corja de então expulsou sucessiva e alegremente os judeus, culpando-os da bancarrota do país. Expulsou os Jesuítas da Lusitânia do oeste e do Brasil. E, algumas décadas depois, extinguiu as ordens religiosas, para depois vender a pataco conventos e igrejas, cujas pedras foram usadas para fazer muros, casotas e tanques de água, deixando à vista até hoje cicatrizes escandalosas na paisagem de ruínas de pedra que abunda pelo país. Em todos estes casos citados o objetivo foi o mesmo: obter liquidez para tapar as finanças públicas arruinadas. Os criminosos de então são os mesmos de hoje: a corja dos rendeiros e dos burros com poder a soldo dos primeiros.

Ou seja, expulsámos, sucessivamente, gente que sabia fazer dinheiro, mas sobretudo gente culta e que sabia pensar. Ficaram, já então, a maltratar este pobre país, os burros do poder, os cretinos assessores, os rendeiros de sempre e os putos e putas da corte. A comandar ficaram e estão, lançando milho à populaça estupidamente agradecida — como galinhas.

Uma vez mais, a mesma corja de burros dominantes, incultos e criminosos, lança o povo contra os credores, no preciso momento em que estes enviam o dinheiro que paga mensalmente os vencimentos da função pública, dos governantes, e os lucros usurários dos banqueiros e dos rendeiros protegidos desta cloaca da Europa.

Há porém uma diferença: desta vez, não conseguirão expropriar os credores externos. Apenas podem roubar a Previdência Social e rebentar de vez com o estado social — o que têm estado a fazer nas costas dos eleitores.

E assim, não pagar é assunto muito sério também, cujo preço só poderá ser o fim deste imprestável regime, desta democracia populista, desta partidocracia sem concerto nem conserto, de mais uma cleptocracia disfarçada.

Espero bem que, desta vez, esta bancarrota arruíne boa parte da corja que matou, uma vez mais, Portugal. Os portugueses pobres e remediados estão a ser arruinados diariamente, pelo que nada têm que temer da ruína dos ricos que assaltam o país cantando e rindo.