quarta-feira, abril 08, 2015

Jovens preparados para empregos em extinção

Protesto estudantil contra a lei do Primeiro Contrato de Emprego (CPEL). Lyon, 2006
[Ernest Morales/Flickr]

Fighting youth unemployment: an EU priority

Between 2007 and 2013, youth unemployment reached record highs across Europe, dramatically increasing from 15.7% to 23.4%, according to Eurostat. EU heads of state and government agreed in February 2013 to launch a €6 billion Youth Employment Initiative (YEI) to get more young people into work — EurActiv, 14/7/2014

É necessário combater a 'escravatura' disfarçada no falso voluntariado não remunerado e nos estágios sem direitos e sobre-explorados. Em Portugal há hoje uma verdadeira selva nesta matéria, em parte por causa de governantes, deputados e sindicatos que apenas cuidam dos eleitores dos partidos de que são extensões, e ainda porque a despolitização dos grupos sociais em geral, e dos jovens em particular, é desgraçadamente grande. Os partidos oportunistas da nossa corrompida e populista democracia nada ou quase nada têm feito por um verdadeiro e diálogo social e cultural, preferindo entreter os jovens com cursos universitários sem futuro, telemóveis, festivais rock e festas de caloiros.

Combater o desemprego juvenil implica criar novos empregos e redistribuir o tempo de trabalho disponível, em vez de explorar intensivamente (até à exaustão) os 'felizardos' que obtêm um contrato precário a troco de regimes frequentemente ilegais de trabalho, a que as autoridades fecham os olhos, e onde é frequente vermos pessoas sujeitas a 56 horas de trabalho semanal, sem fins-de-semana, sem feriados, e sem férias, por mil euros mensais brutos, aos quais o Estado, central e autárquico, e as burocracias várias ainda retiram impostos, taxas crescentes e um sem número de custos processuais.

Quando os burocratas anunciam que vão deitar dinheiro em cima do problema, investindo mais, dizem, na Educação e na Formação Profissional, temos que averiguar como o fazem...


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segunda-feira, abril 06, 2015

O Pico da Água

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Depois do petróleo, uma preocupação ainda maior: em 2030 haverá um défice mundial de água na ordem dos 40%


Os dois mapas publicados neste post mostram claramente que as zonas mais povoadas do planeta são também as mais ameaçadas por uma crise hidrográfica sem precedentes. Neste momento a agricultura e as cidades californianas estão a ser parcialmente abastecidas com água 'pré-histórica', quer dizer, armazenadas no subsolo profundo há 15.000 ou mais anos.

Tal como o petróleo, estas reservas, uma vez consumidas, não voltam a regenerar-se se não ao longo de muitos milhares de anos.

As alterações climáticas induzidas pelo homem, o esgotamento rápido de recursos energéticos, minerais e alimentares, outrora abundantes e relativamente baratos, e agora este estudo publicado pela revista NATURE, deixam antever um horizonte de médio e longo prazo muito preocupante.

O crescimento do PIB mundial acima dos 2% passará à História como um episódio único que apenas pôde ocorrer durante uma longa revolução industrial alimentada pelo carvão mineral, pelo petróleo e pelo gás natural. A energia a vapor, a eletricidade gerada sobretudo a partir do carvão, das barragens hidroelétricas e da reação nuclear, e os motores de explosão alimentados com combustíveis líquidos, formam um complexo tecnológico cuja sustentabilidade se encontra seriamente ameaçada.

Vamos precisar de nos adaptar ao fim anunciado deste paradigma. E ou nos perdemos, ou teremos que caminhar rapidamente para as chamadas sociedades de transição. Ainda ninguém sabe muito bem o que poderão ser estas novas sociedades mas aumenta, dia a dia, o número de pessoas que se apercebem de que algo estrutural começou a mover-se na história da civilização humana. Quando o Papa Francisco fala de uma Terceira Guerra Mundial que estará já em curso, embora não a sintamos ainda como tal, ele está, no fundo, a chamar a nossa atenção para uma metamorfose violenta que precisamos de conhecer para evitar o pior, ou seja, para evitarmos uma extinção parcial da raça humana que, se viesse a ocorrer, significaria a extinção total da civilização tal como hoje a conhecemos, isto é, um verdadeiro fim da História.

California Is Drilling for Water That Fell to Earth 20,000 Years Ago
We're using so much groundwater that it's contributing to sea level rise.

—By Tom Knudson | Fri Mar. 13, 2015 6:00 AM EDT, Mother Jones

As California farms and cities drill deeper for groundwater in an era of drought and climate change, they no longer are tapping reserves that percolated into the soil over recent centuries. They are pumping water that fell to Earth during a much wetter climatic regime—the ice age.

Such water is not just old. It's prehistoric. It is older than the earliest pyramids on the Nile, older than the world's oldest tree, the bristlecone pine. It was swirling down rivers and streams 15,000 to 20,000 years ago when humans were crossing the Bering Strait from Asia.

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GRACE surveys show, for instance, that the Northwestern India aquifer that straddles two antagonistic nations, India and Pakistan, has been depleted at a rate of 17.7 cubic kilometers a year since 2013. Another highly volatile region, the Northern Middle East aquifer, underlies Iran, Iraq, Syria, and Turkey. Those often warring countries pump 13 cubic kilometers a year from the aquifer. Two of the United States’ biggest groundwater reservoirs are the Central Valley aquifer in California and the Ogallala aquifer, which stretches from South Dakota to Texas. Farmers and cities are sucking up a combined 15.6 cubic kilometers of water annually from those reserves.

Artigo da revista NATURE que desencadeou o alerta mais recente sobre a crise da água:

The Global Grounwater Crisis
by J. S. Famiglietti
Nature Climate Change 4945–948 (2014)
doi:10.1038/nclimate2425
Published online 29 October 2014
in: Macmillan Science and Education, the parent group of Nature Publishing Group


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sábado, abril 04, 2015

Transição ou barbárie

Average annual GWP growth rate from 1,000,000 BCE to 2011. 2011 GWP adjusted with CPI data. Wikipedia
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Poderemos agir sem cair em novas ilusões?


Os diagnósticos da situação estão feitos. Falta saber o que fazer....

Falta-nos uma visão para futuro. E antes de a termos, subir ao poder não chega. Veja-se o caso francês, ou pior ainda, o grego. As receitas dos sucessivos revisionistas do marxismo não têm resolvido coisa nenhuma.

Há um islandês, Frosti Sigurjonsson, que quer proibir os bancos de criarem dinheiro (que efetivamente criam sob a forma de crédito), reservando esta tarefa exclusivamente aos bancos centrais (Monetary Reform). 

Na perspetiva de termos pela frente décadas sem criação significativa de novos empregos, e declínio do emprego existente, há quem proponha a criação de uma responsabilidade fiscal coletiva a que chama Rendimento Básico Incondicional, ou Renda Básica de Cidadania.

Thomas Piketty defende a criação de uma taxa sobre as grandes fortunas, embora o jovem Matthew Rognlie (Deciphering the fall and rise in the net capital share) tenha recentemente deitado alguma água na fervura do maniqueísmo esquerda-direita. Seja como for, a taxa sobre as fortunas não chegaria para tapar, nem o buraco do desemprego, nem o buraco do endividamento astronómico, público e privado, nem a exposição da economia global e do seu sistema financeiro ao buraco negro dos derivados especulativos (OTC), cujo potencial de destruição equivale a 10x o PIB mundial!

A verdade é que entrámos numa era nova caracterizada por:

— escassez de energia e matérias primas baratas
— excesso de capacidade produtiva e pseudo-inovação
— inflação dissimulada
— rendimentos do trabalho, mesmo qualificado, em queda imparável (1)
— elevados níveis de desemprego estrutural
— diminuição da procura agregada mundial por efeito da carestia escondida e do número crescente de pessoas desempregadas e à procura do primeiro emprego
— economia especulativa e endividamento excessivo por toda a parte
— sistema financeiro em processo de implosão

Em Portugal falta assistirmos ao colapso dos sistemas de proteção social, por enquanto protegidos pelos programas de resgate financeiro da Troika, para que as condições subjetivas de um terramoto social e político ocorram. Por enquanto, os milhares de milhões de euros que saem anualmente da dívida pública e da repressão fiscal em curso, para os mais necessitados, somados às receitas da emigração e do turismo têm conseguido impedir que a pressão social rebente com o regime. Resta saber até quando.

O ponto fulcral da rotura que se aproxima chama-se segurança social.

Não há dinheiro para manter o sistema de pensões e reformas atual, nem para acudir ao desemprego e falta de emprego que não param de crescer. Para evitar uma revolução, ou uma guerra civil, será preciso encontrar uma solução estrutural para estes dois problemas gravíssimos. Renegociar as predadoras PPP que os idiotas 'socialistas' introduziram irresponsavelmente no país, e de que a redução das criminosas rendas da energia é a primeira prioridade, terá que ser obrigatoriamente feito durante a próxima Legislatura, pois a atual já praticamente terminou. Estamos em plena campanha eleitoral.

Mas há outro ponto nevrálgico que precisa de sofrer uma transformação radical: o peso insustentável do Estado, esse monstro informe, incompetente, hipertrofiado, burocrático e corrompido até à medula que, a continuar a substituir-se à democracia, acabará por liquidá-la. A tendência para o fascismo fiscal é já uma das mais perigosas evidências da sua deriva autoritária.

Que fazer?


Não tem faltado discussão sobre as causas. Chegou o momento de discutir as soluções difíceis.

Sete pilares para uma estratégia reformista necessária
  1. Distribuição das responsabilidades da sociedade relativas à saúde, ao ensino, à solidariedade e à proteção social, por três setores dotados de autonomia efetiva e transparência obrigatória: o Estado e as suas autarquias; o setor privado (não subsidiado); e o setor associativo sem fins lucrativos (parcialmente subsidiado)
  2. Criação das cidades-região de Lisboa e do Porto, com fusão total das respetivas autarquias, e racionalização dos respetivos serviços.
  3. Introdução, por fases, de um sistema cuidadosamente estudado de Renda Básica de Cidadania, eliminando automaticamente todos os embustes associados atualmente à gestão do desemprego (pseudo formação profissional, etc.) e à gestão das carências familiares e individuais extremas.
  4. Redução em 30% dos custos com o pessoal político-partidário do regime (menos deputados nacionais, regionais e autárquicos, menos fnanciamento partidário, etc.)
  5. Definição de uma política de infraestruturas, mobilidade e transportes racional, onde o estado esteja presente apenas no financiamento/posse das infraestruturas, que são públicas, entregando à concorrência privada a exploração dos serviços, que deverão ser objeto de cláusulas estritas de salvaguarda do interesse público.
  6. Convergência financeira, fiscal, estatística e da competitividade com o resto da União Europeia.
  7. Manutenção de reservas de soberania em matéria de defesa, política externa e alianças, proteção do território continental, insular e marítimo, e proteção dos recursos estratégicos próprios (a poupança e a propriedade privada, a energia, a água, a diversidade biológica, a língua e a cultura).

Como fazer?


Será preciso um novo partido? Mais partidos? As próximas eleições irão demonstrar (ao contrário do que cheguei a crer) que um molho de novos partidos não será porventura a via mais realista para encetar o inadiável processo de transição para uma sociedade mais austera, mas também mais solidária, mais transparente, mais humana e mais genuinamente criativa.

Talvez seja possível forçar uma mudança do regime sem precisarmos de destruir os atores existentes. Bastaria para tal que estes fossem capazes de adaptar-se rapidamente aos novos tempos, começando por fazer a sua própria e necessária dieta mental e física.

Por outro lado, está a nascer uma Democracia Eletrónica, em rede, multipolar, heterogénea, mas genuína, cuja capacidade de mudar os acontecimentos é cada vez mais palpável. Falta apenas descobrir as articulações pragmáticas entre estes dois mundos existenciais, material um, imaterial o outro, para que o diálogo democrático dê lugar a verdadeiros processos metamórficos de transição civilizacional e cultural.

Temos que conservar, alimentar e usar com criatividade e entusiasmo a réstea de otimismo que há em cada um de nós.

NOTAS
  1. Gigantes das telecomunicações estão a contratar em Portugal licenciados a 1000 euros por 30 dias de trabalho e oito horas por dia, ou seja, 4,17 € por hora, 7 dias por semana, e nenhum descanso semanal! Outro exemplo: a Câmara Municipal de Lisboa, gerida por 'socialistas', tem nos seus variadíssimos tentáculos pseudo-empresariais dezenas de 'voluntários' a trabalhar para si sem lhes pagar um cêntimo que seja. Nem sequer lhes fornece uma refeição diária, ou paga um passe social de transportes... Não é escravatura, mas anda perto.


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sexta-feira, abril 03, 2015

Angola exit

Aproximamo-nos doutro Momento Minsky?
Clique na imagem para ampliar. Ver gráfico dinâmico Plus500

A corrida ao ouro negro angolano pode ter chegado ao fim


“Atendendo à particularidade da situação que muitos grupos portugueses vivem em Angola, nomeadamente Pequenas e Médias Empresas (PME), o Governo tomou a decisão de operacionalizar uma linha de crédito de apoio à tesouraria e fundo de maneio das empresas com uma dimensão de 500 milhões de euros, com prazo máximo de dois anos e carência de um ano”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

O ministro da Economia, Pires de Lima, explicou que cada empresa pode fazer uma utilização máxima de 1,5 milhões de euros para não ser considerada «uma ajuda de Estado», explicando que o objetivo é dar uma «almofada financeira» para as empresas poderem gerir o período que se vive em Angola, resultante da descida do preço do petróleo — in TVI24, 2 abril 2015, 13:04.

Só a TAP pode estar a ser prejudicada, na difícil reconversão de kwanzas em euros, em 40 a 96 milhões de euros por ano (1) desde que o petróleo caiu abaixo da barreira dos 75 dólares por barril e as divisas começaram a escassear em Angola.

Podemos multiplicar a repercussão desta seca de divisas por quase dez mil empresas a operar em ou com Angola, entre as quais haverá que destacar as construtoras e os gabinetes de engenharia e arquitetura portugueses que fugiram da pré-bancarrota precipitada pelos que agora querem regressar alegremente ao poder.

A linha de crédito lançada in extremis pelo governo é um sinal de alarme a que convém dar a devida atenção. Pode estar em causa o colapso de centenas de empresas portuguesas, e dificuldades acrescidas em algumas das grandes empresas e bancos do regime. Convém, pois, saber quais as empresas que recorrerão a esta corda de salvação, e como.

A procura agregada mundial começou a declinar depois de um período de redistribuição (BRICS), e responde cada vez menos aos estímulos da oferta (deflação e monetização das dívidas). Parte importante dos petrodólares e dos petroeuros terão que regressar aos respetivos países produtores de petróleo, gás natural, soja, etc. (daí a repressão dos movimentos de conversão cambial e correspondente exportação de rendimentos de trabalho e de capital), sob pena de as revoluções sociais e as guerras entre vizinhos estalarem em catadupa, varrendo boa parte das nomenclaturas que nos habituámos a considerar estáveis. Não me admiraria nada que os Estados Unidos reativassem a guerrilha em Cabinda.


NOTAS
  1. TAP condiciona venda de bilhetes em Angola
    Negócios, 27 Janeiro 2015, 16:14 por Wilson Ledo

    "A TAP realiza um voo diário entre Lisboa e Luanda. Uma viagem ida e volta entre as duas cidades, em classe turística, ronda os 1.150 euros. O ano passado, nesta rota, a companhia transportou mais de 140 mil passageiros".


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quinta-feira, abril 02, 2015

Islândia a caminho de revolução financeira

In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money Photo: Getty Images

E se os bancos comerciais fossem proibidos de criar dinheiro?


Os casos negros do BPP, BPN e BES, e as zonas quase negras do BCP, Montepio e Caixa Geral de Depósitos, avisam-nos que a confiança nos bancos morreu, e que é preciso mudar o sistema financeiro num ponto essencial: proibir os bancos comerciais de criarem dinheiro, nomeadamente sob a forma de crédito e sob a forma de securitização de créditos e confeção de produtos financeiros complexos cujo único resultado, no final das corridas especulativas, são bolhas que rebentam, deixando pelo caminho estados insolventes, empresas na ruína, famílias no desespero e convulsões sociais na rua.

Mas então quem estaria autorizado a criar dinheiro, metálico, eletrónico, criptológico e sob a forma de crédito? Apenas os bancos centrais. No caso da UE, apenas o BCE. Os bancos comerciais e de investimento passariam a poder emprestar apenas o dinheiro criado pelos bancos centrais, e estariam proibidos de criar crédito que não resultasse diretamente das suas efetivas reservas monetárias. Por exemplo, a pirataria financeira dos LBO (Leverage Buyout), a que alguns ex-banqueiros indígenas se dedicam no nosso país, acabariam de um dia para o outro. Capiche?

Não tenhamos ilusões: o dinheiro não pode estar nas mãos de banksters!

Iceland looks at ending boom and bust with radical money plan

Icelandic government suggests removing the power of commercial banks to create money and handing it to the central bank

By AFP/ Telegraph 8:18PM BST 31 Mar 2015

[...] In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money, which occurs as soon as a commercial bank offers a line of credit.

The central bank can only try to influence the money supply with its monetary policy tools.

Under the so-called Sovereign Money proposal, the country's central bank would become the only creator of money.

Monetary Reform
A Better Monetary System For Iceland

A Report By Frosti Sigurjonsson
Commissioned by the Prime Minister of Iceland
—in documentcloud


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Fadiga fiscal e a tentação fascista

Sem recaudação fiscal um estado não funciona, mas há limites

A fadiga fiscal é evidente. Aumentar mais a pressão fiscal é fascismo. O Estado dos rendeiros e devoristas tem que acabar.


UTAO: Receita fiscal bruta caiu no início do ano
Negócios. 01 Abril 2015, 17:35 por Rui Peres Jorge

A receita arrecadada pelos cofres das administrações públicas em Janeiro e Fevereiro está a cair 1,4% face a 2014, calculou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, a trabalhar no Parlamento. O resultado faz soar alarmes sobre o andamento da actividade económica e os riscos para a execução orçamental para o resto do ano. O Governo tem como meta anual um aumento da receita fiscal de perto de 5%.  

O valor avançado pela UTAO é muito diferente do comunicado pelo Ministério das Finanças no final do mês passado, o que resulta da Direcção Geral do Orçamento destacar mensalmente os valores das receitas fiscais já líquidas de reembolsos, isto é, subtraídas dos valores de impostos devolvidos aos contribuintes. Nessa métrica os impostos aumentaram 1,7%, mesmo assim abaixo da meta anual.

Em vez de perseguirem os portugueses de forma autoritária e cretina, é necessário atacar de uma vez por todas as rendas da energia e as rendas das 120 PPP, cujas taxas de rentabilidade são pornográficas.

Não nos esqueçamos que as taxas de juros bancário oscilam hoje entre valores negativos e pouco mais de 5%, enquanto os rendeiros do regime, que enfiaram os partidos do sistema, PCP incluído, no bolso, obtêm lucros garantidos na ordem dos 16%!!!

Passaram quatro anos e este Governo, nesta importantíssima matéria, e ao arrepio das recomendações da Troika, não mexeu uma palha, ou melhor, mexeu apenas numa, pra inglês ver, cedendo em tudo o resto, miserável e cobardemente, aos piratas do BES, do Grupo Mello e da Mota Engil.

Ou os portugueses se revoltam contra a corja rendeira e devorista, ou esta corja dá cabo do país, tal como canalha da mesma espécie deu cabo da Grécia.

Para não nos vermos gregos com os resultados sinistros das patifarias da nomenclatura do regime, é urgente redesenhar a nossa democracia. Temos que ser mais ambiciosos, racionais, transparentes, equilibrados e justos.

E temos que libertar a sociedade e a economia do espartilho fatal formado pelo conluio burocrático entre banqueiros falidos e criminosos, oligopólios indecorosos, partidos oportunistas e um Estado mais tentacular que nunca.


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As empresas temem bancos e estado

Monty Python—The Meaning of Life (8/11) Movie CLIP - The Penis Song (1983)

O Hiper-Estado atual vive em simbiose com a Banca. Fujam dos dois!


Empresas querem mais mudanças no Estado e na banca
Negócios, 01 Abril 2015, 23:28 por Rui Peres Jorge

O FMI inquiriu as empresas sobre o impacto das reformas dos últimos anos e as prioridades. Resultados apontam para um balanço relativamente positivo no mercado de trabalho e muita preocupação com bancos, justiça e pagamentos do Estado.

As empresas estão naturalmente preocupadas com as alianças oportunistas e frequentemente criminosas entre o estado populista e neocorporativo que temos, onde os partidos políticos, os banqueiros e o resto dos rendeiros e devoristas se sentam diariamente à mesa do orçamento para repartirem entre si o que sugam aos indígenas através da protofascismo fiscal instalado. Na realidade, é fundamental reduzir esta corja de abutres e parasitas a uma dimensão ecológica sustentável, sob pena de o organismo social morrer exangue nas ruas, nos sótãos sem luz, nem água, nas fábricas e nos campos. Está na altura de promover uma mudança radical nas estruturas democráticas que temos. Digo 'revolução', porque os paninhos quentes secaram.

A decadência é um fenómeno lento e cumulativo, mas no fim, sempre explosivo. As duas sequências de The Meaning of Life, de Monty Python, aqui reproduzidas —The Penis Song e Mr. Creosote—, são uma ilustração hilariante e contundente do inevitável destino das bolhas arrogantes da especulação.


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quarta-feira, abril 01, 2015

O desespero previsto da TAP


Cantiga Esteves revela o óbvio: a TAP está irremediavelmente insolvente

Quantas vezes alertámos para a insustentabilidade financeira da TAP?


Cantiga Esteves: "Há desespero completo de tesouraria" na TAP
Negócios, 01 Abril 2015, 11:35 por Maria João Babo

O presidente da comissão especial de acompanhamento da privatização da TAP, Cantiga Esteves, sublinhou esta quarta-feira, 1 de Abril, na comissão parlamentar de economia e obras públicas que "é urgentíssimo a capitalização" da TAP, já que "o que pode estar em causa é a sobrevivência da empresa".

O responsável frisou que "há desespero completo de tesouraria", numa empresa que "factura dois mil milhões de euros e tem um free cash flow de dois milhões". "É absolutamente agonizante, é viver minuto a minuto a dificuldade de tesouraria ", disse.

A prioridade que o caderno de encargos da privatização da TAP dá é a capitalização da empresa, que é o primeiro critério de avaliação, "revela o urgente que é".

Basta pesquisar a palavra TAP neste blog para constatar quantas vezes alertámos para a gestão ruinosa da companhia e para a falta de transparência de todo o processo que conduziu à situação atual. O colapso iminente é da inteira responsabilidade da classe política dominante: do PCP aos partidos que foram governo desde que Fernando Pinto, há mais de quatorze anos, transitou da falida Varig para a TAP, com a missão de proceder à privatização da companhia aérea portuguesa!

Mas é preciso ir mais longe: quem endividou a TAP? Que negócio embrulhado foi a compra da VEM, hoje TAP Maintenance & Engineering, à falida Varig, onde até Stanley Ho e a sua GEO Capital, cuja Mesa da Assembleia Geral é presidida por António de Almeida Santos, estiveram metidos?

Que negócio embrulhado foi a compra da PGA ao BES, por 140 milhões de euros?

Porque não se reestruturou a TAP quando se percebeu que o modelo Low Cost vinha para ficar?

Suspeito que os 600 milhões de euros do BEI previstos para financiar a linha ferroviária Poceirão-Caia foram desviados--via Parpública/Sérgio Monteiro-- para a TAP. Proveito? Nenhum. Comprometeu-se a via férrea e aumentou-se o buraco financeiro da TAP!

Segundo o gaúcho Fernando Pinto a TAP não pára de crescer. Se é assim, não faltarão interessados na a compra da empresa.


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E Portugal, já pediu adesão ao AIIB?

Parece que o mundo inteiro está farto da América 

 


A desdolarização acaba de ultrapassar um limiar histórico: mais de 46 países, incluindo a Rússia, Alemanha, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo, Arábia Saudita, Índia, Turquia, Brasil e Austrália, ou já fazem parte ou pediram para fazer parte do grupo de países fundadores do AIBB—Asian Infrastructure Investment Bank, uma espécie de sucedâneo menos predador do Banco Mundial.

E Portugal, depois de a Espanha já ter enviado o seu pedido de adesão, de que está à espera? Será esta a carta que António Costa levará no bolso para entregar em Pequim, durante a sua extemporânea viagem à China?

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ÚLTIMA HORA

Então não é que Portugal pediu mesmo a adesão ao AIIB! O António Maria pergunta: quando foi que o pedido seguiu para Beijing, antes ou depois da publicação deste post?

A verdade é que este post é da passada terça-feira, e o comunicado da Agência Xinhua é do dia 1 de abril, quarta feira, e o governo português, até agora, disse népias! A LUSA só hoje deu notícia do pedido de adesão.

Portugal, Iceland apply to AIIB
English.news.cn   2015-04-01 23:50:42     [More]

BEIJING, April 1 (Xinhua) -- China on Wednesday welcomed the application of Portugal to join the Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB) as a founding member.

A statement from the Ministry of Finance said Portugal officially sent its written application to China on Tuesday, the deadline for countries to apply to become AIIB founding members.
Portugal aderiu ao novo banco internacional proposto pela China
IOL, 2 de abril, 8:52

O Asian Infrastructure Investment Bank (AIIB), anunciou a agência noticiosa chinesa Xinhua na quarta-feira à noite.

«Portugal enviou oficialmente o seu pedido escrito de adesão à China na terça-feira, o último dia do prazo para solicitar o estatuto de membro fundador do AIIB», disse a Xinhua cerca da meia-noite (15:00 em Lisboa), citando um comunicado do Ministério das Finanças chinês.

Atualização: 2 abril 2015, 11:00 WET

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segunda-feira, março 30, 2015

Executar hipotecas imobiliárias? Nem pensar!



Susan Rodolfi at her home in Miami in February. Credit Ryan Stone for The New York Times


Se ao menos a nossa esquerda tivesse neurónios!


Aconteceu na América: milhares de execuções de hipotecas têm prescrito por excesso de demora nos processos judiciais. Ao fim de 5 anos sem pagar rendas milhares de norte-americanos não só não serão expulsos das suas casas, como não terão que pagar as rendas em falta. A isto devemos chamar SUBLIMAÇÃO DO CAPITALISMO, uma metamorfose bem mais deliciosa e elegante do que as ditaduras capitalistas de estado, russa ou chinesa. Algo que deveríamos ensinar à Caixa Geral Depósitos, sempre muito forte com os fracos, e rastejante com os fortes. Idem para a restante banca corrupta que temos!

Num estado de direito, o Direito, se for bem usado, serve para muita coisa, nomeadamente para evitar os colapsos sociais. Tem sido assim que, por exemplo, apesar da globalização, o Japão continua a ser o país comercialmente mais protecionista do planeta.

Basta saber trabalhar com as leis, estúpido!

Foreclosure to Home Free, as 5-Year Clock Expires

By MICHAEL CORKERYMARCH 29, 2015

MIAMI — In September, Susan Rodolfi celebrated an unusual anniversary: five years of missed mortgage payments.

She is like a ghost of the housing market’s painful past, one of thousands of Americans who have skipped years of mortgage payments and are still living in their homes.

Now a legal quirk could bring a surreal ending to her foreclosure case and many others around the country: They may get to keep their homes without ever having to pay another dime.

The reason, lawyers for homeowners argue, is that the cases have dragged on too long.

There are tens of thousands of homeowners who have missed more than five years of mortgage payments, many of them clustered in states like Florida, New Jersey and New York, where lenders must get judges to sign off on foreclosures.

However, in a growing number of foreclosure cases filed when home prices collapsed during the financial crisis, lenders may never be able to seize the homes because the state statutes of limitations have been exceeded, according to interviews with housing lawyers and a review of state and federal court decisions.

Read more @ The New York Times


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Para quem fica o lombo do BES?

Fosun poderá ganhar a corrida pelo Novo Banco


A entrada da China no sistema financeiro português é bom para o equilíbrio das alianças estratégicas que o país deve manter e potenciar ao longo desta curva apertada da globalização. O reforço da posição espanhola ou catalã não convém nada e deve ser evitada. O investimento chinês vem na continuidade da estratégia anuncida por Hu Jintao quando visitou Lisboa.

Quanto às indemnizações dos que foram enganados pelo GES/BES é assunto que compete ao Fundo de Resolução, ao Governo e ao banco mau.

Fosun favorita à compra do Novo Banco. Preço pode atingir eur5,2 mil milhões mas sem riscos de litigância - Expresso.pt


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Maminhas de empresária

15 mar 2015-Juliana Isen.
Photo: Amauri Nehn/ Rio News

Maminhas de direita contra a Presidenta Dilma. 


Contra? Mas é uma prova de amor!

Voyeur 1

“Ser direita é não gostar do PT”, diz empresária que tirou roupa em protesto

Juliana colocou dois adesivos nos mamilos e tirou a camiseta diante de dezenas de policiais, que olharam impassíveis. Aos gritos de “Fora Dilma, Fora PT, quero um País melhor, sem corrupção”, ela caminhou seminua pela mais icônica avenida da principal cidade do País, posou para fotógrafos e curiosos e ainda hoje, duas semanas após a manifestação, fatura com a atitude incomum.

Por Ana Flávia Oliveira -iG São Paulo | 30/03/2015 06:00 - Atualizada às 30/03/2015 13:16

Voyeur 2

15.mar.2015 - A socialite Juliana Isen roubou a cena durante o protesto na Av. Paulista contra o governo neste domingo. A loira fez topless e cobriu os mamilos com adesivos pró-impeachment de Dilma Rousseff, fez barulho com a corneta de outros manifestantes, gritou perto de policiais militares e rodopiou com a bandeira brasileira Amauri Nehn/Photo Rio News

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Costa visita Beijing. Quem paga?


 O regresso da tríade Macau?


O secretário-geral do PS, António Costa, desloca-se à China na primeira quinzena de abril de 2015. Apesar da desinformação oportunamente posta no jornal do mano de que teria cancelado a visita e da incompreensível omissão do delegado da Lusa em Macau, José Costa Santos. Já agora, seria interessante descobrir quem paga a viagem de António Costa e comitiva.

O motivo da urgente deslocação poderá ser o financiamento eleitoral do Partido Socialista que consta ter os cofres depauperados. Tratava-se de uma visita secreta, que, no entanto, vazou e o embaraça...

in Do Portugal Profundo, 30/3/2015

Este sujeitinho —ANTÓNIO COSTA— é mesmo um sargento-ajudante de Sócrates, perdão, da tríade de Macau, ou seja, de Almeida Santos, Vitalino Canas, António Vitorino, perdão, de Mário Soares!

Leiam só o que a criatura disse aos amigos chineses:

«Em Portugal, os amigos são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os investidores chineses disseram ‘presente’, vieram, e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação em que está hoje, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos».

Lembram-se dos faxes de Macau e do livro banido de Rui Mateus? Lembram-se das personagens cor-de-rosa da Casa Pia sobre as quais o Costa já não pôde fazer nada? Conhecem a empresa GEOCAPITAL, do Stanley Ho e Ferro Ribeiro, do Novo Aeroporto de Macau, das andanças por Cahora Bassa, dos negóciso com a EDP do Mexia, do fiasco da Alta de Lisboa que deveria ter podido contar com os terrenos do Aeroporto da Portela para ser o que estava combinado, ou da nuvem negra da ex-VEM, onde andou metida a GEOCAPITAL, e que entretanto mudou de nome, para TAP Maintenance & Engineering, responsável principal da ruína da TAP? Ora comecem lá a juntar as pontas, a que podem somar ainda os negócios do Espírito Santo Salgado com o Benfica, os Mellos, o GES/BES, a Mota-Engil, o anjo ds Avenida da Liberdade chamado Violas, ou a mais recente sacanice na Fontes Pereira de Melo, cortesia da parelha Costa-Salgado e do LBO António de Sousa, e verão o lindo molho de bróculos que sai.

Querem votar no regresso dos piratas ao poder? Votem, mas depois não se queixem!


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Os aviários de António Costa

António Costa exibe tiques agressivos mal disfarçados

Um demagogo sem imaginação e uma agenda mal escondida 


Mesmo sabendo que não gostavas,
empenhei o meu Anel de Rubi,
pra' te levar ao concerto que havia no Rivoli.

—in Anel de Rubi, Rui Veloso

Casa cheia? Qualquer grupo e teatro amador enche o Rivoli. Maioria para satisfazer a vontade dos portugueses? Quais portugueses? Não sabe António Costa que as maiorias parlamentares são, na verdade, minorias, se tivermos em atenção que pouco mais de 50% dos votantes inscritos votam? Por exemplo, a atual maioria, PSD+CDS, foi eleita com apenas 29,2% dos votos do eleitorado. Em suma, não sabe o fiel de Sócrates, que todos nós sabemos que as turmas de deputados não passam de claques sem autonomia mental, atentas e obrigadas à lógica concentracionária dos partidos arregimentados? Os partidos desta partidocracia insolvente pouco mais são do que agências de emprego e defensores sindicais e neo-corporativos dos rendeiros, devoristas e burocratas que entopem o país. Se não mudarmos este estado de coisas, se não libertarmos a democracia deste espartilho populista, a descida aos infernos da irracionalidade, do oportunismo e da corrupção continuará à nossa frente como a via direta para a decadência e o colapso.

Quem são os aviários de que António Costa fala? O Livre? O PDR? Os únicos aviários partidários que conheço são os partidos que tomaram de assalto o regime há 40 anos, e produzem desde então o mesmo tipo de galináceos.

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Henrique Neto pode chegar a Belém

Henrique Neto
FOTO MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA in Expresso

O Ron Paul português?


Antes de comentarmos a entrevista ao candidato presidencial Henrique Neto, por José Gomes Ferreira, no Negócios da Semana (SIC-N), convém anotar e refletir, a talhe de foice, os resultados das eleições legislativas intercalares regionais da Madeira (RTP-N): 50,28% dos eleitores abstiveram-se, votaram em branco (0,87%), e votaram nulo (3,40%), parte dos quais, presume-se, no PDR.

O PSD renovou a maioria absoluta e afastou o espetro de Jardim, a banhos no Porto Santo. O CDS continua a ser a segunda força partidária, mas em queda. No setor cor-de-rosa e vermelho, PCP e Bloco deram corpo a um desastre bem eloquente da falência política e sobretudo cultural desta esquerda oportunista, agarrada ao mel do regime. Nem com todos os dirigentes nacionais em campanha pelo arquipélago conseguiram o mais ténue sinal de que as coisas serão muito diferentes nas Legislativas de outono.

Nota final: um partido espontâneo de cidadãos, Juntos Pelo Povo, arrancou 10,34%. Por pouco não ultrapassou o Partido Socialista, que concorreu coligado com mais três siglas inócuas (11,41%). JPP ficou a um deputado do PS e a dois do CDS-PP.

Esta excursão ao arquipélago cor-de-laranja serve sobretudo para colocar algumas hipóteses relativamente às próximas duas eleições nacionais: as Legislativas de 2015 e as Presidenciais de 2016:
  1. os níveis de abstenção serão elevados (30-40%);
  2. a atual maioria poderá renovar a maioria se, até ao verão, conseguir mostrar ao país que estamos melhor do que quando Sócrates entregou o país aos credores;
  3. o PS dificilmente ganhará as Legislativas com maioria absoluta, e sem esta, António Costa dificilmente formará um governo, pois o Livre não existe, o Bloco, apesar de Mariana Mortágua, vai de mal a pior, o PCP não sai donde está, Marinho Pinto não arrancará votos suficientes para dar maioria ao PS, e acabará por coligar-se com o PSD e o CDS, negociando o imprescindível passaporte para crescer;
  4. não creio que António Guterres se candidate às presidenciais, António Vitorino é um facilitador maçónico sem condições para exercer qualquer cargo político-partidário relevante (ainda recentemente foi cooptado para administrador dos CTT), Sampaio da Nóvoa é uma enteléquia universitária desconhecida dos eleitores, o PCP apresentará, como sempre, o seu candidato, idem para o Bloco. Imagino que Santana Lopes avance com a sua candidatura dentro de algumas semanas, entalando de vez o comentador Marcelo, abrindo, por outro lado, as portas a Passos Coelho para este impor então o seu candidato, ultrapassando as manobras do aracnídeo de Belém.
  5. Tudo pesado, não vejo porque razão Henrique Neto não pode aspirar ao cargo de próximo presidente da república. Está na altura de os empresários, intelectuais, autarcas e cidadãos que jamais votarão na nomenclatura voraz e sem emenda que nos trouxe até aqui, de começarem a viabilizar e dar a força à candidatura verdadeiramente independente deste empresário socialista que não hesitou em criticar o então todo poderoso primeiro ministro José Sócrates.
  6. Sobre as objeções à idade avançada do candidato, diria apenas que é um ano mais novo que o célebre senador Ron Paul, candidato estrela das últimas eleições presidenciais americanas.
Henrique Neto é razoavelmente conhecido dos portugueses, em virtude das suas numerosas aparições na televisão, de que a entrevista dada ao Negócios da Semana (27.03.2015) foi um eloquente exemplo, onde sempre fala com franqueza, desassombro e contenção sobre os problemas do país e sobre as fraquezas e insuficiências da nossa classe político-partidária. É direto, claro e vai quase sempre ao essencial. A sua experiência de vida, e o conhecimento que tem dos partidos, mas sobretudo a sua ambição de melhorar a eficiência do país, fazem dele um candidato ideal para o tempo que atravessamos, um tempo de desilusões sucessivas, de descrédito completo da classe política, e de premonição de mudança. Disse, e bem, a José Gomes Ferreira, que o que é preciso fazer cabe em duas folhas de papel: em vez de opacidade, navegação à vista, improviso e naufrágio, precisamos de nos aviar em terra sobre três temas essenciais: recursos humanos, logística e informação. E precisamos ainda de trazer os cidadãos para o exercício concreto da democracia, pois a democracia, boa ou má, é coisa sua e não do caciquismo partidário vigente que nada de bom trouxe ao país.

As coisas não podem ficar como dantes — pensa Henrique Neto. Mas para que à esperança suceda a mudança é preciso, por exemplo, colocar em Belém um presidente que não seja mais um fantasma partidário do regime esgotado que hoje temos.

A encruzilhada em que se encontram os partidos do sistema —todos os partidos do sistema— é tal que este empresário socialista, filho de uma família operária da Marinha Grande que se fez a pulso, poderá bem protagonizar o paradigma de decência e frontalidade em que os portugueses quererão porventura reconhecer-se nos próximos cinco anos. Há uma metamorfose em curso, mas para que esta corra bem teremos que saber olhar em direção a novos horizontes.

O PS socratino, de que António Costa é o sargento-ajudante e putativo testa de ferro, lançou meia dúzia de canídeos às canelas de Henrique Neto. Desajeitados como são, não fizeram mais do que exibir as fraquezas crescentes dessa coisa informe em que se tornou o Partido Socialista depois do golpe de estado que afastou António José Seguro.

Para já, Henrique Neto é o meu candidato.


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sexta-feira, março 27, 2015

Foi o betão, Piketty!

in The Economist

Um puto de 26 anos, Matthew Rognlie, confirma ideia de Marx sobre a queda tendencial da taxa de lucro, desmontando assim a mais recente "narrativa" sobre a rentismo capitalista.


A luta de classes entre o capital e o trabalho talvez explique parte do empobrecimento da classe média, mas não porque o capital tenha ganho vantagem escandalosa sobre quem produz, mas antes e surpreendentemente, segundo demonstra o artigo que promete desbancar o volumoso Capital in the Twenty-First Century, porque houve transferências multi-milionárias e efetivamente escandalosas de rendimentos da classe média para uma elite de especialistas, gestores empresariais e financeiros, advogados de topo e políticos que, em benefício próprio, aproveitando vantagens de conhecimento, e de poder, interferiram de forma pesada na redistribuição dos rendimentos do trabalho.

Por outro lado, grande parte das vantagens obtidas pelo capital, desde meados da década de 1970 para cá, deveu-se ao crescimento imparável do setor da construção, ou seja, do mercado imobiliário, e não propriamente da engorda de um qualquer setor rentista do capital. Assim, quando o setor imobiliário se transformou numa bolha, rebentou (colapso do Lehman Brothers, Fannie Mae e Freddie Mac, etc.), e os cacos ficaram suspensos no interior de uma nova bolha de juros negativos e liquidez contabilística, o desemprego disparou forçosamente como a principal consequência social de uma implosão económica de proporções gigantescas, provocando um efeito de dominó no resto da economia.

Uma economia global baseada em capital intensivo —necessário ao financiamento, cada vez mais caro, da produção de energia, do capital fixo e do próprio trabalho, produtivo e não produtivo— tende a erodir as suas próprias qualidades. A oferta agregada mundial já não é capaz de satisfazer a procura agregada global a preços compatíveis com os rendimentos do trabalho. Ao excesso de procura, numa primeira fase, responde-se com inflação. Mas a inflação faz subir todos os preços, e o efeito, assim que a monetização das dívidas acumuladas para suportar a corrida inflacionista começa a comer todas as poupanças e o capital pela via da morte deflacionista, a procura cai estruturalmente, e todos os efeitos parecem então confluir para a destruição do próprio modelo de sustentação do capitalismo financeiro tal como o conhecemos até hoje.

O paper de Matthew Rognlie é um estudo preciso e precioso. Não se alarga em considerações, como as que acabo de expender. O Economist deu fé do mesmo, et pour cause! Não deixa de ser mais um dardo fatal dirigido ao peito dos maniqueístas de esquerda.

NIMBYs in the twenty-first century
The Economist, Mar 25th 2015, 12:08 by C.R. | LONDON

SINCE the publication of "Capital in the Twenty-First Century", Thomas Piketty has won many plaudits for his work on inequality. The book has so far sold more than 1.5m copies. Its arguments have been praised by Nobel-prize winners and politicians alike. Last year it won the Financial Times's business book of the year award, despite the newspaper's attempts to poke holes in the book's data and arguments. On March 25th Prospect magazine put Mr Piketty atop its World Thinkers list for 2015 (alongside Yanis Varoufakis, Greece's leather-jacket wearing finance minister, Naomi Klein and Russell Brand, it should be noted). But a new challenge to Mr Piketty's book has just appeared, and from an unexpected direction.

On March 20th Matthew Rognlie (pictured), a 26-year-old graduate student at the Massachusetts Institute of Technology, presented a new paper at the Brookings Papers on Economic Activity. Although the paper began its life as a 459-word online blog post comment, several reputable economists regard it as the most serious and substantive critique that Mr Piketty's work has yet faced.

Matthew Rognlie, MIT Department of Economics

Deciphering the fall and rise in the net capital share
BPEA Conference Draft, March 19–20, 2015
Matthew Rognlie, MIT Department of Economics [pdf]

The story of the postwar net capital share is not a simple one. It has fallen and then recovered—with a large long-term increase in net capital income from housing, and a more volatile contribution from the rest of the economy. Outside of housing, it is difficult to explain the observed path of the net capital share via returns on the underlying assets.

[...]

Beyond housing, the results in this paper (if anything) tentatively suggest that concern about inequality should be shifted away from the split between capital and labor, and toward other aspects of distribution, such as the within-labor distribution of income. [Conclusion]

[e...]

There is greater support in the data for narratives that emphasize cyclical and trend variation in market power. [Abstract]


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quinta-feira, março 26, 2015

As Low Cost fazem. Os políticos empatam

Foto © OAC

Porto é cada vez mais a capital do noroeste peninsular


O que uma ligação ferroviária AV Corunha-Santiago-Vigo-Porto não faria por toda aquela região com mais de 6,5 milhões de almas. A região Norte tem 3.818.722 habitantes, e a Galiza, 2.747.559. A Catalunha tem tão só mais um milhão de habitantes que o noroeste peninsular, mas, ao contrário deste, não se deixa comprar pelos centralistas de Madrid e Lisboa

A única forma de avançar na direção certa da autonomia democrática é forçar a criação de duas novas regiões autónomas no país, aliás as únicas que, na realidade, são necessárias e inadiáveis: a Regão de Lisboa e a Região Norte.

Enquanto os partidos, os rendeiros, devoristas e burocratas do regime arrastam os pés, metem dinheiro que não é deles aos bolsos, e enchem a paisagem mediática de propaganda e ilusões que se transformam em pesadelos, as Low Cost vão fazendo o trabalho necessário, por todos nós!

Obrigado easyJet e Ryanair!

EasyJet inaugura segunda base no Porto
Jornal de Notícias, 26/3/2015 09:21

"A inauguração da segunda base da easyJet - com dois aviões A320 estacionados - visa celebrar o reforço do estabelecimento da companhia aérea em Portugal e assinala o contributo desta nova base para o incremento da conectividade do país e da região Norte", refere a companhia em comunicado.

Na sequência da abertura da base operacional do Porto, a easyJet começa a operar quatro novas rotas entre o Porto e Manchester, Bristol, Nantes e Londres (Luton), passando a disponibilizar no mercado mais 200 mil lugares no ano fiscal que vai de outubro a setembro, mais 23% do que no exercício anterior, segundo o diretor comercial da easyJet Portugal.

Numa conferência de imprensa em novembro passado, José Lopes revelou que, como resultado, em 2015 a companhia propõe-se ultrapassar um milhão de passageiros transportados de e para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, pretendendo para isso "melhorar os horários de todas [as rotas] já existentes a partir do Porto" e abrir, "em breve", outras novas ligações.

Com a entrada em operação das quatro novas rotas, a easyJet passa a ligar 10 destinos ao Porto.

Entretanto, a rede espanhola de Alta Velocidade (bitola europeia) avança a bom ritmo, ao contrário do que a propaganda indígena fez crer. Em breve Portugal será uma ilha ferroviária, se não corrermos rapidamente com o sapo aldrabão das PPP que este governo engoliu, empurrado por alguém. Quem foi? Diga lá, Passos de Coelho.

Pastor anuncia la puesta en servicio de la línea Valladolid-Venta de Baños-Palencia-León antes de verano (pdf)
La ministra de Fomento, Ana Pastor, ha anunciado hoy la puesta en servicio de la línea Valladolid - Venta de Baños - Palencia - León antes de verano. Pastor ha efectuado hoy un recorrido por la Línea de Alta Velocidad (LAV) Valladolid - Venta de Baños - Palencia - León, a bordo de un tren de pruebas de Adif, en el que ha podido comprobar el grado de avance de las obras de la LAV.

Nota final: não nos esqueçamos que a Espanha será o país com maior taxa de crescimento em toda a União Europeia em 2015-2016. Segundo Bruxelas esse cresciento será de 2,3% em 2015, e 2,5% em 2016. O Banco de Portugal, na previsão mais otimista até agora divulgada, avançou uma previsão para o crescimento português de 1,7% em 2015, e de 1,9% em 2016. Em % do PIB e em valor absoluto, as diferenças são relevantes.

Quanto mais densa for a rede de vasos comunicantes entre Portugal e Espanha, nomeadamente no que toca à mobilidade de pessoas e mercadorias, melhor será a perfomance ibérica na comparação com o resto da Europa. Só os rentistas, devoristas, sindicalisas e partidocratas indigentes do nosso país resistem a compreender o óbvio.

Atualização: 27/3/2015 10:51 WET


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quarta-feira, março 25, 2015

Herberto Helder: poesia completa (1930-2015)

Antonio Cerveira Pinto. Herberto Helder, corpo e alma (2015)
Foto original—autor desconhecido


Palavra, a alma das coisas


“No sorriso louco das mães batem as leves/ gotas de chuva (…)”

45 carateres chegam para sintetizar uma flor no meio da fatalidade. Esta é a grandeza da poesia que por vezes me assusta. O poder que dela emana quando mergulhamos nas suas palavras e espaços brancos tem muito do que as religiões têm: a força de religar o espaço e o tempo, a matéria e o nada, a vida e a morte. A palavra pensada para sentir, proferida para seduzir, escrita para guardar, é o que por vezes sobra de toda uma vida de ilusão, pessoal, familiar e ética.

Jorge de Sena, creio, diferenciava o poeta erótico que é Camões, do poeta álgico que Pessoa foi. Com Herberto Helder, o pêndulo da poesia regressa ao fulgor da carne, fenómeno cru do pensamento, de que só por cobardia, devaneio ou servidão desviamos o olhar, a atenção devida, ou a sabedoria.

Herberto foi reescrevendo uma e outra vez a sua Poesia Toda, amarrada num tijolo único de vida literária, ao longo da sua escrita. Poesia Completa foi o bater da porta, definitivo.

Herberto Helder é um poeta da carne e da terra, mas não da história, nem das ideias, e neste ponto talvez possamos ver em Fernando Pessoa a metade que lhe falta, ou faltava a Pessoa, para serem uma herança acumulada e narcisista—entendida a modernidade e a contemporaneidade exacerbadas dos últimos duzentos e tantos anos, como foram—de Luís de Camões.

“(…) a morte faz do teu corpo um nó que bruxuleia e se apaga,/ e tu olhas para as coisas pequenas/ e para onde olhas é essa parte alumiada toda”.


DA IMPRENSA


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terça-feira, março 24, 2015

Henrique Neto, presidente? É possível

Henrique Neto (in Expresso)

Um candidato sem medo e de confiança


Henrique Neto dá tiro de partida para as Presidenciais. No tempo certo.
Com os partidos que temos é melhor apostar na sociedade civil e nas pessoas.
Um candidato que vai incomodar muita gente, na banda socratina, como na banda cavaquista.
Para já é o meu candidato :)


O que diz a imprensa sobre este anúncio
  • O primeiro candidato a Belém. Henrique Neto deve avançar — Expresso 
  • Socialistas preocupados com candidatura de Henrique Neto — Observador 
  • Perfil Henrique Neto, o socialista sem medo de criticar Sócrates — Notícias ao Minuto 
  • Henrique Neto avança com candidatura às presidenciais — DN 
  • Henrique Neto deve apresentar candidatura a Belém na quarta-feira — i online


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sexta-feira, março 20, 2015

TTIP sujeito a tribunal público


Que pensam os partidos indígenas sobre o TTIP?


Bruxelles envisage l'option d'un tribunal public pour le TTIP

EurActiv, Published: 20/03/2015 - 10:18

La commissaire en charge du commerce a soutenu l’idée d’un tribunal permanent pour remplacer le mécanisme de RDIE. « J'ai déjà demandé à mon équipe de travailler là-dessus », a-t-elle annoncé lors d'une réunion avec les eurodéputés au Parlement européen, le 18 mars. « Je crois néanmoins que nous devrions pencher pour un tribunal qui va au-delà du TTIP », a-t-elle continué.

Parece que há uma comissária europeia (Cecilia Malmström) com juízo. A ideia peregrina de substituir os tribunais por arbitragens 'ad hoc' financiadas por baixo da mesa pelos interessados e envolvidos nos assaltos de soberania é uma perversão jurídica e sobretudo democrática intolerável, que os piratas de ambos os lados do Atlântico desejam (Monsanto e outra corja da mesma laia), mas que as pessoas sensatas devem rejeitar liminarmente.

O TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership) é um tratado comercial que tem vindo a ser negociado entre os Estados Unidos e a União Europeia de forma nada transparente e sobre o qual há fortíssimas suspeitas de o mesmo ser um Cavalo de Tróia destinado a infetar a economia, a segurança alimentar e as democracias de ambos os lados do Atlântico. Curiosamente, um dos grandes defensores desta parceria, e que nela trabalhou enquanto foi deputado 'socialista' europeu, é o ex-comunista Vital Moreira. Muito gostaríamos de o ler sobre as matérias polémicas desta negociação.

Também gostaríamos de saber o que pensa o governo destas negociações.


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quinta-feira, março 19, 2015

Grécia: 95, 86, 75

Porque está o FMI em pânico


Grexit ou Graccident, tanto faz. Vai ser pior do que se previa...


As medidas do desastre grego são estas: 95, 86, 75, ou seja, uma sublimação da dívida soberana detida nomeadamente pelo FMI, BCE e outros 'investidores', de 95%, 86% ou 75%, consoante houver um incumprimento simples e sem aviso ('Graccident'), uma saída ordenada ('Grexit'), ou a permanência in extremis da República Helénica na Zona Euro suportada por um haircut negociado com os restantes membros do clube. É pelo menos isto o que pensa o principal analista de risco do BCE, Fernando González Miranda.

O tic-tac desta bomba-relógico está em marcha acelerada. 

No caso do FMI, que detém 217,4 mil milhões de euros em dívida grega, as suas perdas poderão ter as seguintes dimensões: 206,53 mM€; 186,964 mM€, ou 163,05 mM€. Percebe-se a aflição da senhora Lagarde, e também a fuga de países como o Reino Unido, Alemanha, França e Itália para o novo banco mundial com sede... em Pequim (ver notícia).

FMI diz que a Grécia é o país mais incapaz de se ajudar em 70 anos de história
Jornal de Negócios, 18 Março 2015, 15:00 por Eva Gaspar

A paciência dos credores com as autoridades gregas parece prestes a esgotar-se, sobretudo no seio do Fundo Monetário Internacional (FMI). A Bloomberg cita dois funcionários segundo os quais, em 70 anos de história, a instituição sedeada em Washington nunca lidou com um país tão incapaz de se ajudar a si mesmo – "the most unhelpful", queixam-se.  Hoje, o The Wall Street Journal citava também fontes próximas da negociação técnica que acusavam os gregos de "não estarem a cooperar". Dizem que a atitude do Governo é inaceitável, na medida em que está a levar unilateralmente para aprovação ao parlamento medidas sem análise de impacto no saldo orçamental que é suposto os credores financiarem.

ECB Prepares For Grexit, Anticipates 95% Loss On Greek Debt
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 03/18/2015 12:47 -0400

The European Central Bank (ECB) is preparing for a possible Greek exit from the euro zone. In internal model calculations, the central bank has already calculated the consequences of different scenarios on the prices of Greek government bonds.
    
Fernando González Miranda, head of risk analysis of the ECB, assumed for his model calculations three different developments of the Greek crisis, the magazine reports. These variants have also been presented to our colleagues from the Bundesbank few days ago. 

Under this method, the value of Greek government debt - currently around € 320 billion - in the event of a sudden, "accident-like" Farewell to the Greeks from the Euro-zone ("Graccident") shrink to around 5 percent of the principal amount. If it were the Greek Government, however, to complete the withdrawal on the basis of ordered negotiations ("Grexit"), the ECB expects a residual value of government bonds by nearly 14 percent. And should it even create the country to negotiate a recent haircut, without having to give up the single currency, the government securities could keep at least a quarter of its original value.


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Ferrovia portuguesa a passos de caracol

Rede  ferroviária de bitola europeia prevista

Bitola europeia entra finalmente no vocabulário governamental


Até agora o governo de Passos Coelho, pela boca de Sérgio Monteiro, tem andado a mentir aos portugueses sobre comboios. Pior, colocou Portugal na posição de poder transformar-se em breve numa ilha ferroviária, pois é evidente que estando a Espanha a mudar toda a sua rede ferroviária principal para a norma UIC, os comboios portugueses vão começar a parar na fronteira para transbordo de pessoas e mercadorias!

A coligação PSD-CDS/PP herdou do anterior governo 1200 milhões de euros para a ligação Poceirão-Caia —600 milhões a fundo perdido da UE e 600 milhões do BEI, com taxas de juro altamente favoráveis. Como deitou para o caixote do lixo o projeto ganho pelo consórcio Elos (cortesia dos tribunal político de contas), o governo teleguiado pelo lóbi do novo aeroporto, e guiado em matéria de desastres energéticos e de transportes, pelo condottieri Sérgio Monteiro, perdeu para os espanhois e franceses 600 milhões de euros do QREN 2007-2013, os 600 milhões do BEI foram parar à Parpública, possivelmente para aguentar a insolvente TAP por mais algum tempo, e por fim terá que indemnizar o consórcio Elos em mais de 160 milhões de euros. Ou seja, este governo deitou à rua 1.360 milhões de euros e ficou sem nada nas mãos, salvo uma TAP à beira do colapso e uma ilha ferroviária no horizonte.

A medida da farsa está bem espelhada no segundo anúncio, feito esta semana, pelo mesmo primeiro ministro, no mesmo lugar, Sines, do arranque nova ligação ferroviária Sines-Badajoz. A primeira vez foi em 2013.

Construção de ferrovia de Sines com bitola europeia deve começar este ano
TSF, 16 março 2015, 21:56

O secretário de Estado Sérgio Monteiro diz que a parte portuguesa da linha ferroviária Sines/Madrid, de bitola europeia, deverá estar concluída em 2019, caso seja aprovada pela Comissão Europeia.

«A candidatura está feita, estamos a contar que seja aprovada e que a resposta de Bruxelas chegue em julho deste ano para que a obra se inicie ainda em 2015», disse.

«A ligação de Sines até à fronteira [com Espanha] deverá estar concluída até 2019. Depois queremos que a linha de caminho-de-ferro siga até Lisboa, para servir também o porto de Lisboa. Essa ligação estará terminada em 2021», acrescentou Sérgio Monteiro.

Bruxelas não dará um chavo a projetos ferroviários que não correspondam a uma ideia simples chamada interoperabilidade, e que não estejam conformes com o plano europeu conhecido pela sigla TEN-T, a qual implica adotar um conjunto de normas técnicas (sistema elétrico, sistema de sinalização, sistema automático de segurança, etc.) e uma distância entre carris, conhecida como bitola europeia, bitola UIC, bitola standard, bitola internacional, etc.  Ora este governo tem andado a navegar na indefinição sobre estas matérias, enganando sucessivamente o governo de Madrid, a imprensa, e os portugueses sobre um assunto de natureza estratégica da maior relevância.

O resultado está à vista:

DB e SNCF disseram “não” à CP Carga
Transportes em revista, 8-03-2015

Os dois maiores operadores ferroviários de mercadorias da Europa, os alemães da DB e os franceses da SNCF, não estão interessados na privatização da CP Carga. Ao que a Transportes em Revista conseguiu apurar, a Tutela entrou em contacto com as duas entidades para aferir sobre um “potencial interesse” na aquisição da empresa portuguesa, tendo como resposta um rotundo “não”.
A TR sabe que o Governo também entrou em contacto com a espanhola Renfe, mas até ao momento ainda não recebeu resposta.

Comentário de uma fonte geralmente bem informada sobre este anúncio dos dois maiores operadores europeus de transporte de mercadorias por ferrovia:

Eu faria o mesmo. De que serve uma empresa que opera em bitola ibérica?
Estão a ver aqueles fantásticos transportes de mercadorias de Portugal para a Alemanha com transbordo na fronteira entre a Espanha e França? Ninguém está, salvo o Sérgio Monteiro. Ou seja, Kaput.
Mas a coisa não fica por aqui.
—portos: Kaput
—Peugeot em Mangualde: Kaput
—Autoeuropa: em acelerado processo de Kaput, ainda para mais com aquele incêndio que foi um "acidente"...

PS: o único que se salva é o porto de Setúbal, pelos motivos que se conhecem. De todos os portos do país é o que tem o melhor 'hinterland', no caso, o mais pequeno. Mais vale ter um portinho na mão, do que dois ou mais a voar!

POST SCRIPTUM

Sérgio Monteiro e as as Conversações de Santa Engrácia

Veja-se esta reportagem televisiva de 7 fevereiro de 2013, quando Sérgio Monteiro anunciava a TLTM, de que agora ninguém fala. Neste vídeo, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações dizia que estava em 'conversações' com a Comissão Europeia. Foram umas conversações e peras! Já passaram dois anos, a Espanha durante este tempo não parou de assentar carris de bitola europeia, e o nosso governo, no bolso do Grupo Mello/Brisa e rendeiros da mesma laia, andou entretido a lançar propaganda barata para cima dos indígenas, sempre com a desmiolada cooperação da nossa indigente imprensa.

Sérgio Monteiro voltou a dizer, na 2ª feira passada, que aguarda até a julho deste ano resposta de Bruxelas. São as Conversações de Santa Engrácia! Quatro anos e mil milhões de euros atirados ao lixo. Isto, mais do que incúria, é um crime de gestão estratégica, induzido pela via dos consabidos canais da corrupção que colocaram esta criatura onde está.

Atualização: 19 mar 2015, 11:06

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quarta-feira, março 18, 2015

Eu votaria na Mariana se...


Precisamos de uma democracia eletrónica em rede com a democracia tradicional


Um discurso de esquerda com cabeça, tronco e membros começa a emergir no país. Como já escrevi, o colapso a breve trecho do bloco central da corrupção irá abrir uma enorme cratera no país político, social e cultural que temos.

Se não quisermos resvalar para uma extrema direita ainda mais obscura e mentalmente atrasada do que a que a atual e insolvente democracia herdou do passado, que a todo o momento poderá surgir do aparente nada, é bom começarmos a colocar as nossas apostas em discursos como este, que deixam para trás a retórica esquizofrénica dos amanhãs que cantam e procuram soluções para o país.

Eu não votarei no Bloco de Esquerda, mas votaria na Mariana Mortágua para deputada do próximo parlamento se houvesse listas uninominais.

Precisamos de uma democracia em rede, arejada, lúcida e corajosa.

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