quinta-feira, abril 26, 2018

Outra vez o NAL?!



Os limites do otimismo


Despite the sizeable commercial profits of some of the world’s biggest gateways, the majority of airports lose money. Graham Newton asks why and if anything can be done to reverse the trend—in “Airport Profitability”, Airport World.

Já repararam como José Luís Arnaut tem vindo a rondar António Costa? Os abraços e sorrisos entre Costa e Rio cheiram a Alcochete! A preparar o terreno para uma nova investida na construção duma cidade aeroportuária na Margem Sul (leia-se Alcochete, ou Canha) eis que regressa o tam-tam mediático sobre a estafada saturação da Portela. Desta vez até montaram uma ponte aérea da TAP entre Lisboa e Porto, cujos prejuízos ninguém conhece. O objetivo deste embuste é apenas um: ocupar os 'slots' (horários de descolagem e aterragem) da Portela, para depois afirmarem que o aeroporto está saturado e que, portanto, é urgente um consenso, como disse há dias o primeiro ministro, sobre o 'novo aeroporto internacional'. Todos o ouvimos. (1) (2) (3)

O NAL da Ota em Alcochete regressa assim pela mão do anterior ministro de Sócrates!

Presume-se que este possa ser o acordo secreto entre Costa e Rio, ou seja um regresso do Bloco Central no seu pior, e que, neste assunto particular, até deverá contar como apoio do PCP.

E Marcelo, que pensa disto? E o FMI, já sabe? Que opina a Comissão Europeia? Autorizará semelhante aventura, tragando o engodo que lhe será servido, seja pela via da mentira aeroportuária, seja com a necessidade de aumentar o investimento público? Mas não é a uma empresa privada, a Vinci, concessionária da ANA, que incumbe a decisão estratégica e o encargo de semelhante proeza?

O transporte aéreo de passageiros em Portugal é hoje dominado pelo modelo Low Cost. Alguém perguntou se tal modelo será viável num novo aeroporto a 50 Km de Lisboa, e com taxas aeroportuárias que terão que subir extraordinariamente para ajudar a pagar um investimento nunca inferior a 5 mil milhões de euros?

Os defensores do NAL afirmam que o embuste pode ser montado por fases. Uma pista, para começar, e depois logo se vê. Mas neste caso seria mais lógico avançar imediatamente, com custos incomparavelmente inferiores, para a opção Portela+1 (Montijo).

A saturação eventual desta expansão controlada da Portela não aconteceria, em caso algum, antes de 2030 ou 2040. Creio mesmo que não chegaria a ocorrer, pois a conjugação do fim do petróleo barato com a subida inevitável das taxas de juro, bem como da pressão fiscal, ao longo da próxima década, irá certamente conduzir o mundo a uma austeridade crescente, e não aos oásis de crescimento que nos anunciam recorrentemente, para manter ilusões e caçar votos.

O otimismo oficial é manifestamente exagerado.

Portugal tem o segundo défice mais elevado da UE, e a segunda maior dívida pública em % do PIB se à dívida anunciada pelo Eurostat somarmos, como realisticamente devemos fazê-lo, os 80 mil milhões de responsabilidades com as tão famosas quão desgraçadas PPPs—Parcerias Público Privadas.

As taxas de juro de referência do Fed já vão nos 3%. Uma má notícia, sobretudo se a medida se propagar aos demais bancos emissores - BCE, BoJ, BoE, e BoC - como acabará provavelmente por suceder em 2019, ou 2020.

Com a dívida portuguesa onde está (na UE, é a pior depois grega), e os níveis de imparidades e crédito mal parado reconhecidos e por reconhecer no setor empresarial e bancário, uma subida dos juros poderia deitar a perder todo o esforço realizado desde as imposições da Troika.

É por tudo isto que o desafio sibilino de António Costa exige uma discussão pública intensa, sob pena de voltarmos a ser tomados por parvos.

Sobre os limites do otimismo, de que parecemos não ter cura, aconselho a leitura do ensaio Historical Oil Shocks (2011), de James D. Hamilton, e ainda o último artigo de Gail Tverberg, que parcialmente transcrevo.


Central bankers seem to think that adjusting interest rates is a nice little tool that they can easily handle. The problem is that higher interest rates affect the economy in many ways simultaneously. The lessons that seem to have been learned from past rate hikes may not be applicable today. 
[...] 
If a person looks at the indirect impacts on the economy as a whole, it becomes clear that the rise in short-term interest rates was one of the proximate causes of the Great Recession of 2008-2009. I talk about this in Oil Supply Limits and the Continuing Financial Crisis. The minutes of the June 2004 Federal Reserve Open Market Committee indicated that the committee decided to start raising interest rates at a rate of 0.25% per quarter for the purpose of stopping the rise in energy and food prices. 
The huge financial problems that indirectly resulted did not occur until four years later, in 2008. It is likely that most economists are unaware of the connection between the decision to raise rates back in 2004 and the Great Recession several years later.
Economist James Hamilton showed that ten out of eleven recent recessions were associated with oil price shocks. We would argue that if an economy is subject to higher interest rates in addition to higher oil prices, the economy is doubly likely to go into recession.
— in Raising Interest Rates Is Like Starting a Fission Chain Reaction
Posted on February 21, 2018, by Gail Tverberg


NOTAS

1. Entretanto, o circo para reclamar um novo aeroporto em Alcochete está montado!

Filas no aeroporto voltam a ultrapassar as duas horas 
As barras a vermelho - que representam filas de espera superiores a uma hora - destacam-se em março na tabela de monitorização do aeroporto de Lisboa, a que o DN teve acesso. Em 17 dias do mês de março e 14 em fevereiro houve demoras de mais de 60 minutos no controlo de passaportes nas chegadas ao aeroporto de Lisboa. Em quatro desses dias, os picos de espera atingiram mais de duas horas. 
DN, 26 de abril de 2018

O PCP adora lixar o povo, neste caso os turistas, para assim semear os seus campos eleitorais e sindicais. Já os lobistas do NAL esfregam as mãos. Não vão demorar mais de 48 horas a reclamar um novo aeroporto para resolver os falsos problemas partidariamente geridos do SEF.

2. Para garantir a Ota em Alcochete tem sido necessário fazer duas coisas: aguentar a TAP em modo de falência técnica ao longo de mais de uma década (pois doutro modo como justificariam um novo aeroporto?), e boicotar a Alta Velocidade em bitola europeia, única prioridade ferroviária existente na União Europeia, que Portugal tem olimpicamente desprezado, deixando os fundos comunitários voaram para Espanha, e para outros países da comunidade menos idiotas, ou menos corruptos. Por um lado, se houver Alta Velocidade antes do NAL, a ponte aérea Lisboa-Madrid cai e deixa de haver justificação para um novo aeroporto. Por outro, para a TAP sair da falência e pagar a sua descomunal dívida (aparcada em alguns bancos indígenas igualmente falidos), teria que ser racional, e ser racional, significaria deixar de perder dinheiro em rotas criadas apenas para tapar os slots da Portela à concorrência. Por fim, a ter que haver 'TGV', só depois do NAL!

TGV entre Évora e Mérida? Ministro assegura que será linha convencional 
Pedro Marques garantiu ainda à Lusa que o "projeto inicialmente pensado teria três linhas, duas delas estariam dedicadas à alta velocidade de passageiros e uma à ferrovia de mercadorias", mas a "linha que está em implementação agora, desse projeto maior, é a ferrovia de mercadorias". 
"É uma linha evidentemente de alto desempenho, que tornará o país como competitivo, nomeadamente os nossos portos na ligação a Espanha e na ligação europeia e é uma linha muito importante e muito prioritária para o país e absolutamente consensual no nosso país", acrescentou o ministro, à margem da margem da conferência sobre a rede de transporte transeuropeu, a decorrer na capital da Eslovénia, Liubliana. 
DN, 26/4/2018

Este Pedro Marques em modo ministerial seria tão só uma anedota, se não fosse, que é, um simplório boy do PS e dos lobistas do NAL que mandam no partido da rosa.

3. Salários dos pilotos da TAP aumentam 5% já este ano
Na prática, este ano os salários dos pilotos da companhia aérea vão ter já este ano um acréscimo de 6,4%. 
—in Correio da Manhã
O Banco de Portugal apresentou uma previsão da taxa de inflação para 2018 de 1,2% revendo em baixa a previsão anterior (feita em dezembro de 2017) que, nessa altura era de 1,5%. Ora digam-me lá se não é bom trabalhar para uma empresa pública em falêcia técnica, cujos luxos todos pagamos. A Parpública é um dos vários covis onde se esconde ou mascara a dívida e défice públicos de cancros como a TAP.


Email recebido (muito interessante)

A propósito deste caso,  permitam-me lembrar que o actual primeiro-ministro não eleito pelo Povo, quando era ministro do Governo de José Sócrates e presidente da CML, sempre defendeu a destruição do Aeroporto da Portela, com o manhoso argumento de que iria construir nos seus terrenos um "pulmão verde", semelhante ao que existe no Parque do Monsanto. Isto, quando os terrenos da Portela valem ouro para a construção civil... 
Nessa altura, ele defendia o NAL na Ota, como lhe ordenava o então primeiro-ministro José Sócrates, seu chefe e amigo pessoal. Agora, no poleiro do Governo, deixou cair a máscara e pede urgência no consenso para dar seguimento ao ruinoso plano de obras públicas faraónicas do seu ex-chefe, que, depois de ter sido obrigado a desistir do NAL na Ota, passou a defender a sua construção no Campo de Tiro de Alcochete, a 50kms de Lisboa! 
Perante tais factos, o primeiro-ministro não eleito pelo Povo e a sua geringonça, com mais esta reversão e os milhares de milhões de euros de dívida pública camuflados em cativações e em atrasos de pagamentos aos credores do Estado, vai levar, mais tarde ou mais cedo, o nosso País a pedir um novo resgate financeiro, como fez o seu camarada e amigo pessoal José Sócrates... 
Curiosamente, ou talvez não, a maioria da equipa ministerial do Governo de José Sócrates está neste governo não eleito pelo Povo. É um governo da família socialista, com  pais e filhas e maridos e mulheres, que vivem debaixo do mesmo tecto, à custa do Orçamento do Estado... 
Dado que é falsa a apregoada saturação do Aeroporto da Portela, julgo que é importante a sociedade civil reagir contra o NAL no Campo de Tiro de Alcochete, à semelhança do que aconteceu com o NAL na Ota. O dinheiro é do Estado e dos contribuintes, não é do primeiro-ministro não eleito pelo Povo, nem de quem o pressiona a criar mais elefantes brancos aeroportuários. O último foi criado por um Governo socialista e está em Beja, às moscas...

Com os melhores cumprimentos, 
/...

Outro email na mouche...

Tudo a favor do NAL da Ota em Alcochete 

O chamado 'forcing' final, mas o pior disto tudo, é que não há caroço, e se algum houver, os riscos são muito grandes, pois um aeroporto só é válido se estiver praticamente terminado, com acessos e tudo, e neste ponto já estaremos a falar de uns 10 mM€, sendo parte dessa fatia indirectamente suportada pela (suposta) Alta Velocidade, pois num cenário destes (NAL da Ota em Alcochete) já faria sentido falar de TGV, bitola UIC e outros atributos mais. 
A alternativa ao cenário anterior seria o Aeroporto do Montijo, o que não dá tanto a ganhar à Mota-Engil, implicando que a reativação do Ramal do Montijo (Montijo – Pinhal Novo) seja algo que também não dá muito a ganhar à Mota-Engil. Mas se a coisa ficar por aqui, curiosamente, será a mesma Mota-Engil, que tem o equipamento para renovação de via, e é (ou foi) dona da Takargo, a receber o encargo. Pronta para todos os cenários, apesar das dificuldades, mas preferindo e apostando claramente no NAL da Ota em Alcochete. O Coelhone já regressou à casa-mãe, por via das dúvidas... E tem a Pedratura do Ciclo para fazer propaganda, claro.
Uma teia, portanto, onde todos se perdem, mas que tem uma lógica bastante própria. Curiosamente, ninguém fala do flop chamado Aeroporto de Beja, não vá esse flop contagiar o NAL da Ota em Alcochete, pois que nestas coisas o que importa é não correr riscos. 
Uma coisa tenho por certa: a Ryanair já assinou com a VINCI o contrato para operar no Montijo garantindo movimentos anuais (só da Ryanair) na ordem dos 5 milhões de passageiros, fora os tráfegos que vai buscar à TAP, e nesse particular, …., por aquilo que se tem visto é uma boa talhada. Recorde-se que a rentabilidade da TAP era até há pouco de 60% do tráfego europeu, e os restantes 40% fora da Europa. Como a Ryanair está a conquistar parte desses 60%, é caso para coçar o toutiço. Eu pelo menos friccionava,…., mas como a TAP até dá 100 milhões de lucro, …., e até vai aumentar os pilotos, e depois o pessoal de cabine,…, tudo se encaixa num mundo perfeito, agora chamado Geringonça. 
É claro que estamos a concluir que o Gabinete de Comunicação do NAL Ota em Alcochete está a fazer um excelente trabalho de intoxicação do contribuinte eleitor, não sendo esta vaga de noticias inocente. Então uma TAP que está a ter lucros de 100 milhões merece ou não um aeroporto novo, é claro que merece,…, desde que o pague. Mas sobre isto é que eu tenho algumas dúvidas... 
É importante não esquecer igualmente que esta coisa de “nacionalizar” a habitação privada a favor dos “pobrezinhos” (e dos oportunistas bem informados da classe burocrática e partidária) é coisa que vai render muito voto ao PS, levando por arrasto o PCP e BE, com mossas certas no PSD e no CDS. Uma jogada de mestre, à qual temos de reconhecer o mérito. Em menos de 5 minutos, por cruzamento de informação (IMI, água e luz) cada autarquia fica logo com a relação dos imóveis devolutos, e depois é só passar-se à distribuição dos “bens”. 
Como se vê, ainda há muitas hortas onde é possível sacar miolo. Todo um mundo de oportunidades. É só vantagens. Desde que os outros (classes média e média-alta) paguem, dá para tudo, até para o NAL! 
O Marcelo já veio dizer umas coisas que não podia dizer. Só para o ano... Certamente estava a referir-se aos pequenos problemas constitucionais que o assalto socialista acima anunciado suscita. Do resto trata o Medina. 
Ab/ ...

Atualizado em 27/4/2018 11:47 WET

segunda-feira, abril 16, 2018

Fui ao baú



Nunca subestime um artista independente


Tenho um baú como toda a gente, mas não costumo visitá-lo, a menos que me peçam algo sobre a minha vida ou trabalho que tenha ocorrido há mais de uma década. Hoje mesmo, para satisfazer a curiosidade de alguém, procurava determinar a data precisa do início de uma série de obras tipicamente conceptuais, a que dei o título genérico de Imagens Proposicionais. Em 1991 havia aceite o convite de Miguel Portas para participar naquela que terá sido a primeira tentativa municipal bem sucedida de promover uma exposição de arte pública na cidade de Lisboa. O que fiz então foi escolher algumas das proposições que pacientemente vinha desenhando e pintando, desde 1989, sobre folhas de papel Canson de uma cálida cor de marfim, transformando-as em enormes fachas de propaganda política. Estas viriam a ser colocadas ao longo da Rua Augusta e ruas transversais a esta. As consignas, sobre fundo vermelho, eram enigmáticas, irónicas, ou surpreendentes. Algum zelota municipal mandou por isso retirá-las. Ouvido o protesto mediático sobre o que ameaçava ser um ato de censura praticado pela geringonça sampaísta, as faixas foram repostas, menos as três ou quatro que o vento levou (justificaram-se). As frases que se seguem foram o pomo do sobressalto das esquerdas, apaziguado entretanto pelo bom senso de Miguel Portas.
  • O MUNDO SEM OS RICOS SERIA MAIS POBRE
  • O MUNDO SEM OS POBRES SERIA UMA UTOPIA
  • QUANTOS MAIS GANHAS MAIS TRABALHAS
  • OLHAR PARA TRÁS PODE CAUSAR VERTIGENS
Ao respirar o pó e os ácaros da grande caixa dos recortes de jornais surgiu então uma pérola de premonição política e cultural com mais de vinte sete anos de idade totalmente inesperada. Em 1990, eu e meu grande compincha das artes de então, Leonel Moura, convocámos e realizámos uma conferência de imprensa no Centro Nacional de Cultura, para desafiar Marcelo Rebelo de Sousa a candidatar-se-à presidência da república. É certo que a ideia foi prematura, talvez vanguardista, mas não foi uma tontice!

Aos da nova geringonça digo agora: não despejem o bebé no rio, por causa de um prato de lentilhas.

Quanto ao mais, a quem nos lê, não desesperem!

domingo, abril 08, 2018

H. R. 5404 e a guerra para salvar o dólar




O dia em que a China cumpriu a promessa de deixar cair o dólar


Qual vai ser a resposta americana ao Petro-Yuan, para além da intensificação das guerras militares e comerciais? Será o regresso da convertibilidade do dólar face ao ouro? A avaliar pela iniciativa do congressista Mooney, no passado dia 22 de março (ver texto mais abaixo), sim.

Vejamos rapidamente as principais datas do início e fim da hegemonia da moeda americana.
  • 1944 - Bretton Woods system: 35 dólares americanos podem ser trocados por uma onça de ouro: hegemonia americana decorrente da sua participação financeira e militar na 2ª Guerra Mundial.
  • 1971 - fim do acordo de Bretton Woods: o dólar americano transforma-se numa moeda flutuante meramente fiduciária—início do endividamento sistémico do hegemon.
  • 2018, 22 de março - Alexander X. Mooney submete ao Congresso dos Estados Unidos o projeto de lei H.R.5404: "To define the dollar as a fixed weight of gold."
  • 2018, 26 de março - a China lança o Petro-Yuan: contratos de compras futuras de petróleo denominados em yuans convertíveis em ouro.

O preço do petróleo mede-se, desde 26 de março de 2018, em dólares do Texas, euros de Brent, e yuans de Xangai


Shanghai crude futures roar into action as global merchants dominate trade 
Meng Meng, Josephine Mason, Henning Gloystein 
REUTERS, March 26, 2018 / 3:51 AM
BEIJING/SINGAPORE (Reuters) - China’s crude futures kicked off to a roaring start on Monday as western traders and Chinese majors eagerly traded the world’s newest financial oil instrument, which many expect to become a third global price benchmark alongside Brent and WTI crude.

China's New Yuan-Denominated Oil Futures Usher In a New Era in Global Trade 
Sputnik International, 19:45 26.03.2018 (updated 19:46 26.03.2018)
China kicked off its first ever crude futures on Monday. According to observers, the country's yuan-denominated oil contracts could emerge as a brand new benchmark, providing Beijing with extra pricing powers and help it internationalize the yuan. This is especially important amid the ongoing tariff war between the US and China.
In strict accordance with its initial plan, China launched yuan-denominated oil futures on the Shanghai International Energy Exchange on March 26, thus challenging the dominance of the Brent and West Texas Intermediate (WTI) benchmarks.
Ren Wei of South China Morning Post highlighted that China's recent move became possible due to the fact that the country had emerged as the largest oil importer in 2017, surpassing the United States.

The Yuan-Oil Future And Gold 
Seeking Alpha, Mar. 30, 2018 2:00 AM ET
China does not intend to replace the petrodollar with its own currency, other than for her own energy and commodity imports. To put it into context, China imports about 8 million barrels of oil per day, mostly from the Eurasian continent, which compares with global daily demand of roughly 100 million barrels. China also produces her own oil to the tune of about 3.7 mbd, so if all of China's suppliers take yuan in payment, it leaves about 88% of global demand still being priced in dollars.
Therefore, there is for the moment little alarm in Western financial markets about this development. However, at the same time, US oil production is rising, and her imports declining, so even though the energy world is dominated by dollars, the relative importance between the US and China with respect to the international oil trade is rapidly shifting away from America.
[...]
There can be little doubt that the introduction of the yuan-denominated oil future has been a major strategic step for China. China will have been worried about undermining the dollar and global financial markets. It is not her style to act in bovine fashion in a porcelain factory. For the Chinese state, the priority is control of outcomes, but at some stage she had to begin to develop her own financial markets for them to be an effective alternative to the dollar.
[...]
The initial source of the dollar's decline measured in gold seems likely to be an acceleration of central bank demand for physical metal from the oil-exporting nations dealing with China. Some nations will be content to build their yuan reserves, or maybe sell some of them for other currencies, including the dollar. But others, particularly Russia, Iran, and possibly Qatar can be expected to increase their physical gold holdings by selling some of their yuan.
The introduction of the oil-for-yuan futures contract gives these nations the opportunity to match a sale of oil for yuan with a matching purchase of gold for yuan on two exchanges, Hong Kong and Dubai. Officially, the Chinese government has stood to one side with respect to this issue, but Hong Kong's gold exchange is in talks with Singapore, Dubai and Myanmar to establish an enhanced gold dealing, delivery and storage facility, with vaulting storage in the Qianhai free trade zone on the Chinese mainland. 

A imprensa não viu, nem relatou, mas ocorreu...


O projeto de lei do senador Mooney deve ser lido na íntegra, por ser uma análise sucinta e certeira do declínio do dólar, mas também pela medida extrema que propõe: a reversão do chamado Nixon shock, ou seja, o regresso à convertibilidade da moeda americana em ouro.

Esta parece ser, aliás, uma resposta preventiva racional ao que a China faria, e tinha sido anunciado, dois dias depois da apresentação do projeto de lei H.R.5404: a inauguração no mercado de futuros de Xangai de uma plataforma de compra e venda de petróleo cujo preço é denominado em yuans convertíveis em ouro!

Não por acaso os bancos centrais de países como a China, a Rússia e a Índia têm adquirido centenas de toneladas de ouro ao longo da última década. Esperemos que Portugal não tenha ainda comprometido todas as suas reservas (como Cadilhe chegou um dia a propor), nomeadamente sob a forma de swaps!


H. R. 5404
To define the dollar as a fixed weight of gold.
115th CONGRESS
2d Session
IN THE HOUSE OF REPRESENTATIVES
March 22, 2018
Mr. Mooney of West Virginia introduced the following bill; which was referred to the Committee on Financial Services

A BILL
To define the dollar as a fixed weight of gold.

Be it enacted by the Senate and House of Representatives of the United States of America in Congress assembled,
SECTION 1. FINDINGS.

Congress finds the following:

(1) The United States dollar has lost 30 percent of its purchasing power since 2000, and 96 percent of its purchasing power since the end of the gold standard in 1913.

(2) Under the Federal Reserve’s 2 percent inflation objective, the dollar loses half of its purchasing power every generation, or 35 years.

(3) American families need long-term price stability to meet their household spending needs, save money, and plan for retirement.

(4) The Federal Reserve policy of long-term inflation has made American manufacturing uncompetitive, raising the cost of United States manufactured goods by more than 40 percent since 2000, compared to less than 20 percent in Germany and France.

(5) Between 2000 and 2010, United States manufacturing employment shrunk by one-third after holding steady for 30 years at nearly 20,000,000 jobs.

(6) The American economy needs a stable dollar, fixed exchange rates, and money supply controlled by the market not the government.

(7) The gold standard puts control of the money supply with the market instead of the Federal Reserve.

(8) The gold standard means legal tender defined by and convertible into a certain quantity of gold.

(9) Under the gold standard through 1913 the United States economy grew at an annual average of four percent, one-third larger than the growth rate since then and twice the level since 2000.

(10) The international gold exchange standard from 1914 to 1971 did not provide for a United States dollar convertible into gold, and therefore helped cause the Great Depression and stagflation.

(11) The Federal Reserve’s trickle down policy of expanding the money supply with no demand for it has enriched the owners of financial assets but endangered the jobs, wages, and savings of blue collar workers.

(12) Restoring American middle-class prosperity requires change in monetary policy authorized to Congress in Article I, Section 8, Clause 5 of the Constitution.

SEC. 2. DEFINE THE DOLLAR IN TERMS OF GOLD.

Effective 30 months after the date of enactment of this Act—

(1) the Secretary of the Treasury (in this Act referred to as the “Secretary”) shall define the dollar in terms of a fixed weight of gold, based on that day’s closing market price of gold; and

(2) Federal Reserve Banks shall make Federal Reserve notes exchangeable with gold at the statutory gold definition of the dollar.

SEC. 3. DISCLOSURE OF HOLDING.

During the 30-month period following the date of enactment of this Act, the United States Government shall take timely and reasonable steps to disclose all of its holdings of gold, together with a contemporaneous report of any United States governmental purchases or sales, thus enhancing the ability of the market and of market participants to arrive at the fixed dollar-gold parity in an orderly fashion.


Overview
https://www.congress.gov/bill/115th-congress/house-bill/5404

Text
https://www.congress.gov/bill/115th-congress/house-bill/5404/text

sábado, abril 07, 2018

Ruído da semana



Corruptos de todo o mundo, ponham as barbas de molho!


Tiradas populistas de Lula da Silva antes da prisão:
“Eu não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia”. 
“Os poderosos podem matar 1, 2 ou 3 rosas, mas não vão poder impedir a chegada da Primavera”. 
“Eu não os perdoo por ter passado para a sociedade de que eu sou um ladrão”. 
“Nenhum deles tem coragem ou dorme com a consciência tranquila, com a honestidade e inocência, como eu durmo.” 
“Aqui está um cidadão que já esteve preso, mas nenhuma prisão prende a mente e os ideais de uma cidadão”. 
“Eu vou sair dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente, porque eu quero provar que eles cometeram um crime de perseguir um homem que tem 50 anos de história politica”.

Arquivamento 


Estes gajos, Dias Loureiro, Oliveira e Costa, não inventaram um banco em Cabo Verde, que só existiu num laptop? Gente criativa é assim, demasiado esperta e escorregadia para as ferramentas primitivas do Mistério Público Português. A acumulação primitiva pós-ditadura deu nisto: uma turma de cleptocratas vindos da província que nem Eça conseguiu imaginar tão longe.

Austeridade


Como disse, mais de uma vez, no desaparecido programa Política Sueca (RTP3), e as mais recentes contas do atento blogue Dívida Pública confirmam, “a austeridade continua, traduzida na forma de um aumento da cobrança fiscal de 6,3%.”

Se há menos pessoas a trabalhar relativamente à crescente população jubilada que aufere pensões de reforma, e quem trabalha, ganha cada vez menos (uma tendência estrutural difícil de contrariar), o resultado é simples de imaginar: o Estado Social terá forçosamente que encolher—nas pensões, mas também na chamada despesa discricionária, a começar... pela Cultura. Chame-se-lhe austeridade, de direita, ou de esquerda, tanto faz. Veio para ficar. O que precisamos, pois, é discutir um novo modelo social de produção, rendimento e solidariedade. Sem os fantasmas do Manifesto do Partido Comunista.

A Mota-Engil vendeu a Autoestrada da Beira Interior, vendeu os portos, vendeu as pontes, e continua pressionando os partidocratas para que lhe dêm uma nova ponte sobre o Tejo, e um novo aeroporto na Margem Sul, de preferência uma cidade aeroportuária inteirinha, como advogou o adiantado mental Mateus. Para recuperar? Não, para aumentar o buraco negro!

A falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

O sistema de imparidades sistémicas instalado no nosso país é, na realidade, o resultado de uma espécie de capitalismo de estado (desenhado à esquerda) sem proletários (como na China), nem riquezas naturais (como na Arábia Saudita) para explorar. Ou seja, é um embuste que faliu o país durante gerações, mas mantém a salvo uma elite corrupta de partidocrats e rentistas, amparada por uma massa mole de funcionários e burocratas que, para mal dos embusteiros, empobrece, sem remédio, a cada dia que passa.

Catalunha


Seria um péssimo precedente considerar rebelião e crime o desejo de levar a cabo um processo referendário com vista à independência de uma das nações espanholas. Não foi a Alemanha o primeiro país do mundo a reconhecer a declaração unilateral de independência do Kosovo, em 2008? Não se autoproclamou em 2014 a República da Crimeia na sequência de um referendo? Não houve em 2014 um referendo na Escócia para a sua independência, que viria a ser derrotado? Não está em curso o Brexit? Não quer a União Europeia uma Europa das Regiões? Claro que estes processos podem redundar em guerras nacionais, ou civis (Independência ou Morte! - quem não conhece esta consigna), e assim tem sido ao longo História. Mas se, no caso da Catalunha, a população vota, ou quer votar, onde está o crime?

Não há lógica na decisão dos tribunais espanhóis. Se Puigdemont e os presos políticos que a Monarquia espanhola detem nas suas cadeias são culpados de promover uma rebelião, então a mesma acusação teria que recair sobre todos os que votaram pela independência da Catalunha. E sobre esses dois milhões de catalães haveria, seguindo a mesma lógica dos juízes espanhóis, que emitir mandatos de prisão e captura, não é verdade?

Todas as ditaduras em todos os tempos trataram as dissidências políticas como questões jurídicas, de infração às leis, e/ou às constituições, como estratagema para impor a discricionaridade que as caracterizam. A extradição de Puigdemont abrirá um precendente gravíssimo na União Europeia, deitando por terra os principais ideias de liberdade, autonomia e democracia que nos tem acompanhado desde a Revolução Francesa. A acusação de corrupção lançada sobre Puigdemont, até pode ser verdade, mas não é o que está em jogo na magna questão de haver ou não um estado federal, ou até uma união de estados no que ainda é a velha e autoritária Espanha católica de Fernando e Isabel. Francisco Franco Bahamonde (logo um galego!) foi apenas a face mais recente e brutal desta incapacidade de as Espanhas regressarem a um saudável e policêntrico federalismo. O centralisno constitucional imposto por Napoleão é uma cruz de que os meus queridos amigos espanhóis têm que se livrar quanto antes.

Menos mal que os tribunais alemães desconsideraram a tese absurda da rebelião. Entretanto, na Casa Real, rainha e ex-rainha não se entendem.

Comunistas


Marxistas do Sétimo Dia. Uma seita mundial cujos resultados no terreno provocaram sempre violência inaudita, ditaduras nada recomendáveis, e fracos, ou mesmo desastrosos, resultados económicos, sociais e culturais.

O dilema do PCP e do Bloco é este: só sobrevivem se se mantiverem na esfera do poder, mas para tal terão que tragar elefantes, girafas e crocodilos sempre que for preciso. O declínio eleitoral destes dois cadáveres adiados do marxismo-leninismo é uma questão de tempo. De pouco tempo.

Quando a fé é muita, a realidade não passa duma sombra. Daí a obscuridade pós-revolucionária em que ainda vivem tantos portugueses, pastoreados pelos vendilhões do templo m-l. Os que não têm fé nos Amanhãs Que Cantam, escrevem, ou emigram.

Catarina quer ser eixo da Geringonça. Mas já é, e com que resultados! Qual Eva tentada pelo Pecado (do poder), mordeu a maçã, e agora não lhe resta outra história que não seja a de ser expulsa do Paraíso, tornando-se uma vulgar mortal.

Notícia do Observador: “Parlamento decide voltar a abrir concurso para todos os professores dos quadros”. Afinal PCP, BE, PSD e CDS também fazem geringonças, quando lhes convém, claro.

Vivemos numa República Desmiolada de Sovietes Populistas!

Cultura


Não há caroço. Há austeridade. De esquerda, é certo, mas austeridade. E o pior é que os artistas mais jovens começam a ver os artistas mais velhos (sobretudo nos condados do Teatro, da Dança e do Cinema), não como exemplos a emular, mas como empecilhos. E o grande problema tem sido este: transformar artistas em funcionários públicos não passa de uma péssima ideia!

Ilha ferroviária


Enquanto por cá os políticos continuam a pastorear o rebanho, entretendo-o com as aflições dos artistas oficiais do Estado, em Espanha a ferrovia avança.

Combóios a Diesel e TIR formam a rede de transportres favorecida pelos DDT indígenas. Que futuro para estas opções numa Europa preparada para lançar-se na transição energética? A paisagem bovina local continua pasmada com o futebol!

04/04/2018) Del presupuesto global del Ministerio de Fomento para 2018, que asciende a 17.466 millones de euros, 8.908 se destinarán a inversiones, con una clara apuesta por el ferrocarril, al que se destinarán 4.301 millones. Esta cifra representa 877,6 millones más respecto a las inversiones ferroviarias del ejercicio anterior –en el que la inversión en el sector ascendió a 3.423,4 millones-, un 25,6 por ciento más.

Low Cost, até quando?


Há uma solução simples para a Ryanair: deixar de contratar portugueses. É isto que o Bloco quer? Estas esquerdas avariadas adoram falir empresas e países, para depois reclamarem a intervenção do Estado. Quando é que aprendem? Não lhes chega o exemplo recente da Venezuela? Até quando é que vamos continuar a alimentar o buraco da tecnicamente falida TAP? Porque será que não há compressas nos hospitais (públicos), nem papel higiénico nas escolas (públicas)?

Rentistas, Capitalismo de Estado, ou Cleptocracia?


Em 2017 consumimos menos energia elétrica do que em 2007. As taxas sobre o consumo, essas dispararam de 500 milhões/ano para os 2500 milhões de euros anuais. Metade da conta da nossa luz são taxas CIEG, que nada têm a ver com a produção e distribuição de energia elétrica. Consumo total de electricidade em 2017, segundo a REN, foi 49,638 GWh. Em 2007, foi de 50,059 GWh. Se vivêssemos em capitalismo neoliberal, como dizem, as faturas da luz tinham descido, e não subido, pois é a procura, e não a falta dela, que faz subir os preços!

Mexia ganhou mais dois anos na EDP. Foi o que resultou do braço de ferro entre Costa e o Governo de Pequim. Chama-se a isto salvar as faces de um (Costa) e de outro (Xi Jinping). Afinal, quem tem a massa manda. Entretanto, a preparar a transição e a vigiar Mexia, um comissário político cor-de-rosa: Luís Amado. Fraca escolha, a avaliar pelo passado da criatura no Banif!

Silvano é um boy da EDP. O mesmo que vendeu o vale do Tua à energética chinesa dirigida pelo cabotino Mexia, num negócio de barragens inúteis onde pontuaram o ido José Sócrates e o senhor Pinho do BES. Pobre PSD!

Skripal


A história do envenenamento do ex-espião duplo Skripal e da sua filha faz-me sempre lembrar a da morte misteriosa do cientista britânico (David Kelly) que denunciou o embuste das armas de destruição maciça no Iraque.

Um liceu e dois professores


Tive dois professores no Liceu D. Manuel II em 1966-67 que seguramente marcaram o meu sentido crítico: um foi Óscar Lopes (1917-2013), professor de Português e Literatura; o outro foi o Padre Mário de Oliveira, professor do que então se chamava Religião e Moral. A minha crise religiosa viria mais tarde, em 1968. As discussões teológicas de que me lembro, com professores de Filosofia e Religião e Moral, ocorreriam só em 1969-70. Soube hoje do lançamento dum novo livro da autoria de Mário de Oliveira, o célebre Padre Mário da Lixa, Evangelho no Pretório. Irei certamente espreitar este Evangelho depois de Saramago. Mas, coisa curiosa, Óscar Lopes tornou-se uma referência lendária na minha formação, mas o Mário de Oliveira, não. Não me lembro, pura e simplesmente, dele. Ainda hei-de descobrir porquê.

Salazar


Salazar deixava passar alguma luz através das malhas apertadas da Censura. Mas da autocensura é mais difícil escapar, pois esta funciona à semelhança dos buracos negros.

Baile digital


O Senhor Robot, dança?
Sim, mas não sou feliz.

sexta-feira, março 30, 2018

Os criminosos

A banca transformou-se numa espécie de casino de criminosos


Os criminosos e as suas propriedades


Estado empresta 5,8 mil milhões para Banif, BES e Novo Banco 
DN, 30/3/ 2018, 01:33 
Os bancos portugueses contribuíram com mais de mil milhões de euros para o Fundo de Resolução em cinco anos. Mas o dinheiro colocado pelas instituições financeiras está longe de ser suficiente para assegurar as responsabilidades assumidas com os colapsos do BES, do Banif e com a venda do Novo Banco. E tem sido o Estado a entrar com a maior parte do dinheiro necessário para a entidade que paga os custos com resoluções. O Tesouro assumiu já compromissos de 5800 milhões, entre empréstimos, garantias e linhas de crédito.

Os criminosos e as suas propriedades é um título certeiro do saudoso pintor e escritor Álvaro Lapa, cuja retrospetiva comissariada por Miguel von Haffe Pérez no Museu de Serralves é de visita obrigatória.

A banca —70% da qual já não obedece a portugueses— e a partidocracia indígenas são uma associação de criminosos, cujo crime maior é a preparação do país para a sua entrega completa aos investidores/credores internacionais (1): China, Turquia, França, Espanha, USA, Irlanda, Qatar, etc. Em breve, porém, o problema da independência de Portugal regressará com um furioso e imparável bang! Só não consigo imaginar o que restará da próxima guerra civil portuguesa.

As empresas estratégicas, da energia (EDP/CHINA), incluindo a rede elétrica (REN/China), os aeroportos (Vinci/Qatar/França), todos os principais portos portugueses (Sines/China; Leixões/Turquia, Aveiro/Turquia, Figueira da Foz/Turquia, Lisboa/Turquia, Setúbal/ Turquia), autoestradas, seguradoras, hospitais, aviões (a falida TAP, só subsidiada consegue voar), e em breve a decadente e também falida ferrovia já não dependem da nossa vontade, nem dos nossos interesses.

Quando o Governo fala de resultados da economia nacional, fala realmente de quê e de quem? Quando a próxima bancarrota vier, que teremos para dar pelas dívidas que a canalha estimulou ou contraíu?

Mas se os principais setores estratégicos do país já não nos pertencem, outrotanto está agora a suceder ao pequeno capital e aos pequenos proprietários urbanos e rurais. Um século de congelamento das rendas urbanas conduziu à fragilidade económica e financeira extrema dos proprietários urbanos, tendo como resultado a completa impotência do país (proprietários, inquilinos e Estado!) face à gentrificação furiosa do eixo Lisboa-Cascais e do Porto. Algo semelhante ocorre também, e em breve atingirá velocidade de cruzeiro, nas propriedades rústicas, a começar, desde logo, pelo setor florestal. Sem qualquer estratégia para a propriedade rústica, salvo manter os privilégios de Lisboa aos latifundiários alentejanos do costume, e promover a usura da terra e da água com tecnologias agropecuárias e florestais intensivas, a expropriação progressiva dos pequenos e médios proprietários, e a expulsão das populações rurais que restam, está em curso. O país é cada vez mais apetecível, menos para os indígenas que o devoram e estragam.

Isto já não vai lá com partidos.

É praticamente impossível salvar a nossa paisagem partidária do seu rápido declínio, em grande medida causado pela estupidez oceânica dos seus protagonistas, e pela ganância e corrupção das elites burocráticas e rentistas que tomaram o regime de assalto.

Precisamos de pensar e desenvolver uma nova cartografia social e política, começando (é uma ideia que tenho vindo a desenvolver) por pensar, desenhar e escrever os algoritmos dos mapas democráticos que poderão ajudar ao renascimento da democracia e da liberdade, que neste momento mais não são que palavas. E palavras leva-as o vento!

POST SCRIPTUM — a falta de capital indígena é a principal causa do descalabro em curso. Falta indagar o que nos trouxe até aqui. Os investimentos da China e de Angola, ou ainda da Turquia, ou dos países árabes são bem-vindos desde que sirvam uma estratégia de real diversificação equilibrada da nossa dependência do capital global. Mas não é isto que tem vindo a ocorrer. Estamos a entregar setores estratégicos inteiros a governos que não sabemos se um dia destes não entrarão em guerra comercial com a Europa. Percebe-se que a China, a Rússia, a Turquia e o Irão estejam interessados em virar o sul da Europa contra o Norte. Mas será do nosso interesse cair nesta armadilha? O desespero nascido da indigência económica, financeira e orçamental, e da corrupção, nunca foi bom conselheiro.

NOTAS
  1. A promiscuidade entre políticos, banqueiros, franciscanos (!) e governos estrangeiros é completa e desavergonhada.
Observador: A negociação com os chineses da CEFC – China Energy Company Limited para investirem no Montepio Seguros começou na apresentação de uma proposta por parte do gabinete do primeiro-ministro, revela o Público na sua edição de hoje, a partir de informação que ficou registada em ata da Associação Mutualista Montepio Geral. 
A proposta chinesa encaminhada pelo gabinete de António Costa, com o objetivo de “encetar conversações” com vista “a desenvolver parcerias nas áreas dos seguros e da banca”. Uma intenção que acabou por se concretizar, após reunião da associação mutualista no passado mês de setembro, com o acordo de venda de 60% da Montepio Seguros ao grupo chinês. Está tudo na ata 187 da reunião do Conselho Geral do Montepio – Associação Mutualista. 
— in Montepio. Proposta de investidor chinês chegou via Governo, Observador
Entretanto, o Gabinete de António Costa desmentiu... a "manchete" do Público. Em que ficamos? Investigue-se! 

Atualizado em 6/4/2018 11:26

segunda-feira, março 26, 2018

Geringonça de Orwell?

SATA International, Airbus A310-325/ET, Lajes, Terceira, novembro 2009.
Foto @ Paulo Santos

Um Governo de aldrabões


A cleptocracia lusitana parece gozar da proteção de todo o sistema partidário. Temos, assim, um país visceralmente falido e corrupto que se entrega de mão beijada aos estrangeiros de ano para ano. Um dia destes haverá rebelião, ou mesmo um novo golpe de estado militar em Portugal. A paz podre em que estamos só depende, neste momento, da União Europeia. Se esta colapsar perante as pressões nacionalistas, regionais e imperiais que voltam a fervilhar um pouco por todo a Europa, Médio Oriente, Eurásia e no Pacífico, estaremos em breve a um passo de perder, pela segunda vez na nossa História, a independência. É para isto que nos temos que preparar. Escolher entre bons e maus ladrões não resolve nada.


SATA à venda


Entre 2007 e 2015, durante a governação cor-de-rosa de José Sócrates, a dívida da SATA passou de 5 para 250 milhões de euros. Basta escrever SATA na janela de pesquisa deste blogue para constatar desde quando vimos avisando para o que aí vinha.

Sharp Power

Vladimir Putin e Xi Jinping em Moscovo, julho 2017.


Por onde passará o Tordesilhas 2.0?


Vem aí um novo debate. Chama-se Sharp Power. Por onde passará a próxima fronteira entre o Ocidente e o Oriente? Se fosse por Portugal, onde a penetração chinesa é já muito apreciável, se não mesmo exagerada, tal significaria a capitulação de toda a Europa ao novo e cada vez mais indisfarçável despotismo asiático. Infelizmente, Rússia e China caminham rapidamente em direção ao passado, e o perigo que desta regressão começa a emergir é cada vez mais preocupante. O debate ideológico sobre a democracia, sobre a transparência e a prevalência do estado de direito, e fundamentalmente sobre a liberdade individual e coletiva regressa, pois, quando todos pensávamos que as ditaduras socialistas tinham desaparecido. Não desapareceram. Estão mesmo a ressuscitar com grande cinismo e arrogância.

O recente escândalo da captura do Facebook, por parte da muito obscura Cambridge Analytica, para a manipulação do eleitorado americano durante a eleição que daria a vitória a Donald Trump, vem certamente justificar os alertas que o bem conhecido think tank da inteligência estratégica dos Estados Unidos—Council on Foreign Relations— tem vindo a lançar desde dezembro de 2017.

How Sharp Power Threatens Soft Power
The Right and Wrong Ways to Respond to Authoritarian Influence
By Joseph S. Nye Jr.
in Foreign Affairs/ Council on Foreign Relations
January 24, 2018


Washington has been wrestling with a new term that describes an old threat. “Sharp power,” as coined by Christopher Walker and Jessica Ludwig of the National Endowment for Democracy (writing for ForeignAffairs.com and in a longer report), refers to the information warfare being waged by today’s authoritarian powers, particularly China and Russia. Over the past decade, Beijing and Moscow have spent tens of billions of dollars to shape public perceptions and behavior around the world—using tools new and old that exploit the asymmetry of openness between their own restrictive systems and democratic societies. The effects are global, but in the United States, concern has focused on Russian interference in the 2016 presidential election and on Chinese efforts to control discussion of sensitive topics in American publications, movies, and classrooms.

(...)

In international politics, soft power (a term I first used in a 1990 book) is the ability to affect others by attraction and persuasion rather than through the hard power of coercion and payment. Soft power is rarely sufficient on its own. But when coupled with hard power, it is a force multiplier. That combination, though hardly new (the Roman Empire rested on both the strength of Rome’s legions and the attractions of Rome’s civilization), has been particularly central to U.S. leadership. Power depends on whose army wins, but it also depends on whose story wins. A strong narrative is a source of power.

(...)

But if sharp power has disrupted Western democratic processes and tarnished the brand of democratic countries, it has done little to enhance the soft power of its perpetrators—and in some cases it has done the opposite. For Russia, which is focused on playing a spoiler role in international politics, that could be an acceptable cost. China, however, has other aims that require the soft power of attraction as well as the coercive sharp power of disruption and censorship. These two goals are hard to combine. In Australia, for example, public approval of China was growing, until increasingly alarming accounts of its use of sharp power tools, including meddling in Australian politics, set it back considerably. Overall, China spends $10 billion a year on its soft power instruments, according to George Washington University’s David Shambaugh, but it has gotten minimal return on its investment. The “Soft Power 30” index ranks China 25th (and Russia 26th) out of 30 countries assessed.

(...)

In public diplomacy, when Moscow’s RT or Beijing’s Xinhua broadcasts openly in other countries, it is employing soft power, which should be accepted even if the message is unwelcome. When China Radio International covertly backs radio stations in other countries, that crosses the line into sharp power, which should be exposed. Without proper disclosure, the principle of voluntarism has been breached. (The distinction applies to U.S. diplomacy as well: during the Cold War, secret funding for anticommunist parties in the 1948 Italian election and the CIA’s covert support to the Congress for Cultural Freedom were examples of sharp power, not soft power.)

Today’s information environment introduces additional complications. In the 1960s, the broadcaster Edward R. Murrow noted that the most important part of international communications was not the ten thousand miles of electronics, but the final three feet of personal contact. But what does that mean in a world of social media? “Friends” are a click away, and fake friends are easy to fabricate; they can propagate fake news generated by paid trolls and mechanical bots. Discerning the dividing line between soft and sharp power online has become a task not only for governments and the press but also for the private sector.

As democracies respond to sharp power, they have to be careful not to overreact, so as not to undercut their own soft power by following the advice of those who advocate competing with sharp power on the authoritarian model. Much of this soft power comes from civil societies—in the case of Washington, Hollywood, universities, and foundations more than official public diplomacy efforts—and closing down access or ending openness would waste this crucial asset. Authoritarian countries such as China and Russia have trouble generating their own soft power precisely because of their unwillingness to free the vast talents of their civil societies.

Moreover, shutting down legitimate Chinese and Russian soft power tools can be counterproductive. Like any form of power, soft power is often used for competitive zero-sum purposes, but it can also have positive-sum effects. For example, if China and the United States wish to avoid conflict, exchange programs that increase American attraction to China, and vice versa, can be good for both countries. And on transnational challenges such as climate change, soft power can help build the trust and networks that make cooperation possible. Yet as much as it would be a mistake to prohibit Chinese soft power efforts simply because they sometimes shade into sharp power, it is important to monitor the dividing line carefully. Take the 500 Confucius Institutes and 1,000 Confucius classrooms that China supports in universities and schools around the world to teach Chinese language and culture. Government backing does not mean they are necessarily a sharp power threat. The BBC also gets government backing but is independent enough to remain a credible soft power instrument. Only when a Confucius Institute crosses the line and tries to infringe on academic freedom (as has occurred in some instances) should it be treated as sharp power.

To respond to the threat, democracies should be careful about offensive actions. Information warfare can play a useful tactical role on the battlefield, as in the war against the Islamic State (or ISIS). But it would be a mistake for them to imitate the authoritarians and launch major programs of covert information warfare. Such actions would not stay covert for long and when revealed would undercut soft power.


The Meaning of Sharp Power
How Authoritarian States Project Influence
By Christopher Walker and Jessica Ludwig
in Foreign Affairs/ Council on Foreign Relations
November 16, 2017

Although there are differences in the shape and tone of the Chinese and Russian approaches, both stem from an ideological model that privileges state power over individual liberty and is fundamentally hostile to free expression, open debate, and independent thought.

(...)

Beijing and Moscow have methodically suppressed genuine dissent, smeared or silenced political opponents, inundated their citizens with propagandistic content, and deftly co-opted independent voices and institutions—all while seeking to maintain a deceptive appearance of pluralism, openness, and modernity. Indeed, the dazzling variety of content available to consumers helps disguise the reality that the paramount authorities in these countries brook no dissent. In China’s case, a sophisticated system of online manipulation—which includes a vast, multilayered censorship system and “online content monitors” in government departments and private companies who number in the millions—is designed to suppress and neutralize political speech and collective action, even while encouraging many ordinary people to feel as though they can express themselves on a range of issues they care about.

(...)

As the essays in a forthcoming report by the National Endowment for Democracy’s International Forum for Democratic Studies point out, the authoritarians are not engaged in a form of public diplomacy as democracies would understand it. Instead, they appear to be pursuing more malign objectives, often associated with new forms of outwardly directed censorship and information manipulation.

The serious challenge posed by authoritarian sharp power requires a multidimensional response that includes unmasking Chinese and Russian influence efforts that rely in large part on camouflage—disguising state-directed projects as the work of commercial media or grassroots associations, for example, or using local actors as conduits for foreign propaganda and tools of foreign manipulation. It will also require that the democracies, on the one hand, inoculate themselves against malign authoritarian influence that corrodes democratic institutions and standards and, on the other, take a far more assertive posture on behalf of their own principles.

quinta-feira, março 15, 2018

Rota da Seda vai até Roterdão, Atenas e... Badajoz

Foto: Cargo Revista

Como é óbvio, sem 'interoperabilidade', ou se há 'roturas de carga', por exemplo nas fronteiras entre Portugal e Espanha, os combóios escolhem outras linhas e outros destinos... É por estas e por outras que a corrupta, ou simplesmente estúpida elite indígena, se prepara para transformar Portugal numa ilha ferroviária.

Porto de Roterdão: de gateway a destino final da Nova Rota da Seda? 
Cargo revista, 14 Março, 2018  
O Porto de Roterdão dispensa apresentações, os rankings falam por si: maior porto europeu e um dos maiores à escala mundial. E também o seu papel na cadeia logística global é indiscutível, enquanto gateway (porta de entrada) de mercadorias com origem nos quatro cantos do mundo e destino nos vários países europeus. 
Contudo, uma nova tendência tem emergido no contexto da cadeia logística global: a denominada Nova Rota da Seda, fortemente impulsionada pela iniciativa chinesa Belt and Road, que coloca cada vez mais contentores na ferrovia nos tráfegos entre a Ásia (em particular a China) e a Europa. Ora, neste novo contexto emergente em que a ferrovia está a captar muita carga (cada vez mais!) que seguia habitualmente por navio, o Porto de Roterdão assume menos o papel de gateway e mais o papel de destino final 
«O Porto de Roterdão definitivamente quer ser uma conexão directa na rede ferroviária da Nova Rota da Seda», admite o Director de Logística do enclave holandês, acrescentando que esta «é uma oportunidade para o porto, que quer considerar as suas opções de forma cuidadosa» 
«Para além disso, países de trânsito terão a oportunidade de acrescentar valor ao longo da viagem, por exemplo quando há transbordo da mercadoria para um comboio diferente», acrescenta, concluindo: «Ao longo da viagem, todos têm a oportunidade de ganhar dinheiro. E nós esperamos para comprar os produtos acabados – isto é, pagar».

Mais sobre a ilha ferroviária portuguesa


Miopia ferroviária soma e segue (fev 2015)

Fantasia do Barreiro esconde ilha ferroviária (fev 2015)

Portugal a caminho das Berlengas (dez 2014)

Portugal: ilhéu ferroviário em 2020 (out 2013)

ADFERSIT avista Farilhões (jun 2013)

Greves egoístas (mar 2013)

Berlengas 2.0 (jun 2013)

É a bitola, estúpido! (nov 2012)

TAP, vítima da guerra contra o TGV (nov 2012)

A Berlenga ferroviária (fev 2012)

Novo porto: Barreiro ou Setúbal? (jun 2015)

segunda-feira, março 12, 2018

A minha prenda para Assunção



NOTAS PUBLICADAS NO FACEBOOK NUMA SEMANA LONGE DO COMPUTADOR

No dia da mulher, lembrando um genial gay

Colossus, the machine developed by Alan Turing, and run by an incredibly dedicated team of women, that defeated Hitler's Enigma machines, helping Churchill to win the Atlantic battle, if not the war.

A minha prenda para Assunção

Ouvi Assunção Cristas fazer uma proposta no seu discurso de encerramento do congresso que, pela sua criatividade e ousadia, poderá transformar radicalmente o interior do país, criando uma discriminação tributária positiva. Bastaria montar, sobre uma rede digital terrestre de banda larga, esta 'zona franca do interior', para assistirmos a uma revolução fora dos grandes centros urbanos. Os incentivos fiscais têm que mudar, dos destinatários habituais, para a faixa territorial situada, de norte a sul, a mais de 50km da costa atlântica. Precisamos de criar competitividade fiscal entre o interior e o litoral do país, tal como já existe, nos Açores e na Madeira. Financiar esta reforma estratégica é simples: basta eliminar as milhares de exceções fiscais existentes e discricionariamente concedidas aos parasitas do regime.

Ler a este propósito: Estos son los motivos de la despoblación rural en España (y no es el envejecimiento)

Enquanto o PSD treslê e anda para trás, o CDS caminha. Nem um nem outro são das minhas preferências, mas, neste momento, saúdo o CDS, e desejo que o rio reacionário que inundou o PPD-PSD seque o mais depressa possível. Entretanto, há movimentações na direita não parlamentar que prometem. Democracia 21 é uma delas. O "centro" morreu!

Navio com 116 metros encalha no Bugio


Betanzos, navio espanhol encalhado nas areias do Bugio, Estuário do Tejo
Ainda querem, o PS e o PCP, um porto de águas profundas no Barreiro!!!

Posso redesenhar a cadeira de Salazar?

Os defensores da ditadura do proletariado, perdão, do centralismo de estado, impediram a passagem do abandonado Forte de Santo António da Barra, para a Autarquia. Prefeririam mesmo que o edifício continuasse no estado de latrina e antro de 'xuto' até que apodrecesse literalmente. Assim degeneraram as esquerdas em que há muito deixei de me rever.

Aeroporto da Portela ou palácios de mármore?

Ryanair acusa (indiretamente) António Costa de estar a boicotar a adopção do Montijo, como opção de extensão do Aeroporto de Lisboa, em favor de palácios de mármore, leia-se novo aeroporto da Ota em Alcochete (mais precisamente, em Canha). Costa, como sabemos, quer transformar a Portela num Jardim Chinês. Negócios cor de rosa de Macau que nunca foram objeto de curiosidade da nossa imprensa.

Eurofobia ferroviária

Há uma EUROFOBIA FERROVIÁRIA na Península Ibérica. Em Portugal, esta rejeição do chamado TGV visa transformar o país numa ilha ferroviária, a bem da corja rentista de sempre (nomeadamente a rodoviária, e a que vive do betão e do asfalto), de possíveis compromissos insondáveis do PS, e ainda dos nichos autárquicos e sindicais do PCP.

Ler a este propósito: Oblanca (Foro) alerta de la existencia de un lobby contra el ancho ferroviario internacional

TGV: o governo anda baralhado, ou talvez não

Email amigo: "...curiosamente, na semana passada, uma pessoa chegada ao partido do governo veio-me dizer que tinha ouvido uma cópia audio da minha intervenção na ordem dos engenheiros e que estava completamente de acordo com ela. E afirmava que o culpado de não se ter avançado com a alta velocidade em Portugal era do Passos Coelho e do Sérgio Monteiro, mas que o PS pretendia corrigir isso. E também me disse que a obra do Elvas-Caia ainda não tinha sido adjudicada, e que pretendiam que ela fosse a parte inicial do Poceirão-Caia, como acordado nos acordos da Figueira da Foz." Mas depois inundaram a comunicação social com histórias e declarações contraditórias. Devem ter recebido um telefonema do Jorge, ou de Macau, a lembrar...

Só a TAP continua cega, surda e otimista

BA e Iberia, do grupo IAG, preparam novos planos de austeridade e eficiência. Só a TAP continua nas nuvens, e à boleia das borlas do Novo Banco, que nós vamos pagar com língua de pau. Apesar de tecnicamente falida, e da perda contínua de mercado para as Low Cost, Costa, Lacerda, Coelho e Companhia continuam a conspirar perdão, a suspirar, por um novo aeroporto em Alcochete (Canha).

Turcos em Alcântara

Chineses, árabes, turcos, angolanos; os setores estratégicos do país estão cada vez menos democráticos; e os setores ainda democráticos estão cada vez mais falidos.

Saúde e corrupção

A corrupção no setor da saúde é uma pandemia que fere sobretudo os direitos de quem o sustenta a Pão de Ló: os seus utentes e contribuintes. Este é um dos setores onde as novas tecnologias da medicina, a informática social e os robôs poderão dar um enorme contributo para sustar uma hemorragia que parece não ter limites, nem fim à vista.

O Banco de Portugal não sabe de há-de, ou não, promover a especulação financeira

Depósitos estruturados são fichas de casino. Jogue, mas se perder, não me venha pedir batatinhas!

O buraco do Novo Banco continua a aumentar

Onde pára o fundo de pensões do ex-BES?

Esqueçam os sindicatos, reformem o sistema bancário de cima a baixo!

Os balcões bancários são cada vez menos necessários. Aliás, o próprio negócio bancário está ameaçado em várias das suas frentes, nomeadamente pela desmaterialização dos processos e pela computação inteligente das negociações, transações e avaliações de risco. A solução, antes que o pior ocorra, é concentrar o negócio e racionalizar as economias de escala. Quanto menos tempo e energia empatarmos com os sindicatos, e melhor estudarmos a evolução do dinheiro e dos mercados financeiros, por exemplo olhando seriamente para fenómenos emergentes como o Rendimento Básico Incondicional e a descentralização e desintermediação financeira e monetária associadas às criptomoedas, melhor será para todos, a começar pelos trabalhadores que assistem neste momento à extinção penosa das suas profissões.

Alentejo, queimar a terra com água?

Uma nova formiga branca invade o Alentejo. Chama-se agricultura e agropecuária de regadio intensivo. Um desastre anunciado, com a colaboração ativa de todo o regime partido-parasitário que temos.

A EDIA compra água caríssima à EDP, dona do Alqueva, e vende-a com desconto (pago por todos nós!) aos latifundiários alentejanos. Nas barbas do declinante PCP. Lindo!

A destruição dos CTT

A destruição dos CTT começou no dia em que a cavaquista Manuela Ferreira Leite lhes expropriou o respetivo fundo de pensões, já então para acudir ao descontrolo da dívida pública. A receita pegou, e foi um ver se te avias, rosa e laranja: fundos de pensões do BCP, PT, etc.; e ainda o fundo de reserva da Segurança Social, foram parar às ditas contas públicas; até que, por fim, já só restou a opção de levar a banca indígena à glória, enchendo-a de buracos de liquidez, crédito mal parado e imparidades. Os restos de tamanho saque, levado a cabo por partidos parlamentares e os rentistas do costume, desaguaram a preço de saldo nos bolsos dos especuladores internacionais. Poderia ser doutro modo? Corre um rio de lágrimas crocodilo.

100% com Ana Gomes

Apoio 100% Ana Gomes nesta sua corajosa iniciativa. Os asquenazes, ao contrário do que afirmam, são uma minoria judaica (pouco mais de 10 milhões, contra 2,2 milhões de sefarditas, mas cujos descendentes ultrapassarão bem os 10 milhões). Por sua vez, os extremistas que dominam Israel e o seu lóbi americano, são uma minoria criminosa entre os asquenazes. Há que travar esta corja de radicais fundamentalistas. Não foram estes que Hitler e Estaline massacraram.

Apoio Ana Gomes contra a cobardia típica da União Europeia em lidar com temas difíceis, mas cruciais à sua credibilidade enquanto arauto da democracia e dos direitos humanos.

Leiam, por favor, este testemunho sobre o Estado semita de Israel: "The Pianist" Of Palestine - by Omar Barghouti).

Intolerável. Convém, desde já, explicar que os fundamentalistas judeus que dominam Israel pertencem, na sua esmagadora maioria às tribos semitas do Leste, sucessivamente expulsas do antigo império russo decadente nos finais do século 19, princípios do século 20. A maioria dos judeus, os sefarditas, nunca se reviram, nem toleram esta violência de sinal contrário à idelogia nazi, mas seguindo-lhe perigosamente os passos.

Brasil: Cachoeira Porteira

Quilombo.

Fomos um país de elites negreiras, e em certa medida continuamos a sê-lo. As cicatrizes continuam vivas, apesar do silêncio barroco das mesmas, para quem o trabalho sempre foi e continua a ser visto como ' bom pro preto', ou para os 'galegos'. Viver de rendas e da exploração do trabalho dos 'outros', protegida por uma burocracia mal paga e propensa à corrupção, paquidérmica e subserviente, permanece o figurino de um país a caminho de um desastre irreparável. A geração de capital estagnou, 'progredimos' à custa do consumo, e portanto do endividamento público e privado, interno e externo. Basta olhar para os créditos mal parados. O setor financeiro, mas também os setores estratégicos do país têm sido entregues, por insolvência manifesta, falta de estratégia ou de escala, aos investidores e especuladores chineses, angolanos, turcos, espanhóis, americanos, alemães, árabes e franceses. Em suma, sem negros para traficar, é óbvio que a independência de Portugal depende duma grande revolução, a mesma que Ramalho Ortigão sugere na sua magnífica descrição do povo holandês.

A avó Martina

Sou neto duma brasileira nascida em Belém do Pará, de sangue indígena e alemão. Loira de olhos verdes, ao contrário da sua irmã, de traços bem índios, a Avó Martina, que só conheci em retrato colorido à mão, e pelas descrições da minha Mãe, conserva em mim uma ligação simultaneamente mítica e nostálgica ao Brasil. Que a dura realidade, no entanto, vai quebrando.

Leiam por favor: Their forefathers were enslaved. Now, 400 years later, their children will be landowners

Imprensa?

Uma imprensa falida não serve a democracia. O modelo da comunicação e informação entre os humanos e as suas máquinas mudou e vai mudar ainda mais radicalmente nos próximos anos (projeto Civil). O press wash, o art wash e o green wash foram chão que deu uvas. Neste momento quem detém os 180 milhões de dívidas, de duvidosa cobrança, assumidas pelo grupo Impresa tem que se despachar na busca de soluções, que em caso algum virão da imaginação do herdeiro de FPB.


segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Depois desta crise—2

A nossa frota automóvel, sobretudo de mercadorias, vai passar por uma transformação radical.

“A Idade da Pedra não chegou ao fim por falta de pedra, tal como a era do petróleo terminará um dia, mas não por falta de petróleo.” — Sheikh Zaki Yamani, antigo ministro saudita do petróleo.


As conversas à volta do fim do petróleo surgem normalmente contaminadas por vícios vários. Um deles, é confundir o fim do petróleo com o fim do petróleo barato. O petróleo torna-se caro, ou porque a procura excede a oferta, ou porque os custos da sua produção e consumo excedem um certo limiar de rentabilidade económica e ou ambiental a que alguns chamam EROI (Energy Returned On Energy Invested). A maioria dos países importadores de petróleo entra em recessão (1) quando o petróleo se torna demasiado caro, provocando inflação e crises financeiras, especulação e endividamento, e mudanças de governo, ao passo que os países viciados nas suas reservas de petróleo entram invariavelmente em crise quando o preço do barril desce abaixo dum certo limiar, mas também quando este se mantém durante alguns anos em níveis historicamente elevados (2000-2014), induzindo, por um lado, inflação, e por outro, instabilidade política provocada pelas novas exigências sociais e culturais dos povos que observam, nestes períodos de enorme prosperidade petrolífera, o enriquecimento escandaloso das elites que dirigem os seus países, a par da fraca redistribuição da riqueza. Foi este último fenómeno que provocou a chamada Primavera Árabe (2010), mas também a subida de Donald Trump ao poder.

A rentabilidade do 'fracking' é cada vez mais duvidosa, e depende cada vez do endividamento bancário.

Neste momento, parece evidente que o abrandamento da procura global, e a produção americana de petróleo de xisto, são os principais responsáveis pela queda dos preços do crude. Há, porém, outro fator que os mercados de futuros começam a incorporar nos seus cálculos: o início de uma deslocação histórica na composição do chamado mix energético que alimenta a vida dos humanos à face da Terra. Isto é, a corrida às energias eólica e solar, à eficiência energética, aos novos materiais e processos produtivos, à desmaterialização da economia, e sobretudo o cada vez plausível regresso em massa do transporte elétrico!

O fim do ciclo intensivo de petróleo sucederá inevitavelmente aos dois ciclos energéticos que o antecederam: o da madeira e o do carvão. Em qualquer destes três casos, o declínio da respetiva produção e uso deve-se a vários fatores, mas três são estruturais: a novidade, quantidade e qualidade de um novo recurso emergente, e de um novo paradigma de crescimento e bem-estar, o custo relativo da produção deste último, e a produtividade que é capaz de induzir, por comparação com os que parcialmente substitui e, finalmente, a mitigação dos impactos ambientais decorrentes do uso maciço e cumulativo no espaço e no tempo das novas gerações energéticas.

Vale a pena ler sobre este tema um importante paper produzido no FMI: “Riding the Energy Transition: Oil Beyond 2040” (2).

No que ao nosso país diz respeito pode concluir-se, sobretudo dos dois quadros que retirei do referido estudo, que não só seria uma estupidez sem limite entrarmos agora numa aventura tardia de exploração de hidrocarbonetos nas costas alentejana e algarvia (deixem a guerra do gás onde está!), como parece ter chegado a oportunidade de obtermos finalmente um consenso energético nacional claramente favorável à prioridade da energia elétrica num país ainda tão dependente da importação de carvão, gás natural e petróleo. Se houver este consenso, nomeadamente entre todos os partidos parlamentares, a nossa economia poderia começar, mais cedo do que outras, a girar em volta do paradigma que promete relançar o planeta na próxima era de prosperidade sustentável. Há, de facto, uma janela de oportunidade. Mas falta o principal: diminuir o peso das burocracias que entorpecem regime, e reformar de alto a baixo o nosso paradigma fiscal parasitário. Teremos, como propõe Carlota Perez (Beyond the Technological Revolution), que taxar mais os lucros especulativos e de curtíssimo prazo do que os de médio e longo prazo, teremos que diminuir a carga fiscal sobre o trabalho, teremos que introduzir o Rendimento Básico Incondicional, e teremos ainda, proponho eu e muitos outros, que introduzir algoritmos de descentralização e transparência nos domínios económico-financeiros (cripto moedas e moedas locais), no comércio, na política e nas áreas sociais e culturais.

Repare-se como Portugal se afastou rapidamente do carvão. Poderá fazer o mesmo com o petróleo.

NOTAS

  1. All but one of the 11 postwar recessions were associated with an increase in the price of oil, the single exception being the recession of 1960. Likewise, all but one of the 12 oil price episodes listed in Table 1 were accompanied by U.S. recessions, the single exception being the 2003 oil price increase associated with the Venezuelan unrest and second Persian Gulf War.
    —in James D. Hamilton, “Historical Oil Shocks”, 2011 (PDF)
  2. Recent technological developments and past technology transitions suggest that the world could be on the verge of a profound shift in transportation technology. The return of the electric car and its adoption, like that of the motor vehicle in place of horses in early 20th century, could cut oil consumption substantially in the coming decades. Our analysis suggests that oil as the main fuel for transportation could have a much shorter lifespan left than commonly assumed. In the fast adoption scenario, oil prices could converge to the level of coal prices, about $15 per barrel in 2015 prices by the early 2040s. In this possible future, oil could become the new coal.
[...]
From wood to coal to oil, the transition patterns remain similar. Fouquet's (2010) study of the United Kingdom indicates that it takes around 50 years for energy transitions to take place. Wilson and Grubler (2011) find that global changes require 80-130 years, while Vaclav Smil estimates that it takes 50-70 years (Lacey 2010) for new resources to reach a significant level. In a similar vein, Grubler’s (1990) work The Rise and Fall of Infrastructures highlights consistent 55-year intervals between the development of the canal, railway, and surfaced road networks in the United States (Grubler 1990, p. 276).
[...]
What we envisage at the horizon of the early 2040s could be a completely transformed oil market as the result of a technological revolution in transportation. The displacement of motor vehicles by electric vehicles would take away the special role oil has enjoyed over transportation since World War II. The elasticity of oil demand would increase as it would have to compete with coal, natural gas, nuclear and renewables on the energy market. The rise of renewables could even upend the role of fossil fuels in the energy mix all together.

IMF Working Paper 
Institute for Capacity Development
Riding the Energy Transition: Oil Beyond 2040
Prepared by Reda Cherif, Fuad Hasanov, and Aditya Pande1
Authorized for distribution by Ray Brooks and Ralph Chami
May 2017


terça-feira, fevereiro 20, 2018

Depois desta crise—I


Evitar a armadilha populista do pessimismo


E se, como defende a economista Carlota Perez, a próxima era de crescimento (que será sustentável, ou não será) estiver mesmo ao virar da esquina? O ponto de vista desta distinta professora venezuelana-inglesa merece seguramente a atenção daqueles que procuram ver para lá do buraco negro criado pela implosão da era petrolífera, e que, no campo cultural, tentam imaginar as alternativas necessárias ao que Brett Bloom chama petro-subjetividade.

 

Una visión de futuro para América Latina: Carlota Pérez at TEDxCiudadDelSaber

sábado, fevereiro 17, 2018

Capitalismo indígena


O Bloco Central é uma espécie de ecologia encontrada para a convivência entre a burocracia e a sociedade civil. Quanto ao capitalismo indígena, percebemos hoje claramente que não passa de uma espécie em vias de extinção.


A alternância entre o PSD e o PS há muito que não depende das criaturas que em cada momento protagonizam estes dois partidos. O rotativismo indígena é a ecologia do regime que temos, e move-se em sintonia com os ciclos económicos, as recessões, e sobretudo os preços do petróleo (1), do dólar e do dinheiro. Ao fim de três pré-bancarrotas, Portugal depende, antes de mais, dos seus credores: BCE, FMI, UE, dos especuladores financeiros, e ainda de quem tem vindo a comprar os mais valiosos ativos do país: China, Angola e Espanha.

O facto de a Fundação Calouste Gulbenkian ter iniciado a venda de 100% da Partex aos chineses da CEFC (que em dezembro passado compraram o controlo da companhia de seguros da Montepio Associação Mutualista), preparando-se assim para alienar a pedra angular sobre a qual assentou a criação da enorme fortuna do fundador e a prosperidade de uma fundação entretanto tomada de assalto pela voragem partidária local, revela até onde os figurões que temos elegido para dirigir o país têm dado tão má conta do recado.

Quando falam de crescimento mentem com todos os dentes que têm.

REN propõe corte de 30% no investimento na rede elétrica 
Na sua proposta, a REN assume que a procura de eletricidade em Portugal ao longo da próxima década terá um crescimento médio anual de 0,25%. No anterior plano, a gestora da rede elétrica projetava um crescimento médio anual de 0,91%—Expresso, 15.02.2018.
Esta é a verdadeira dimensão, objetiva, do crescimento real do país. O resto é propaganda populista e uma caminhada de zombies para sítio nenhum. Consumimos cada vez menos eletricidade, ou seja, mal crescemos, mas os lucros da EDP continuam em alta, nomeadamente à custa das rendas excessivas denunciadas pela Troika, mas que nem o PCP contesta! Não admira, pois, que a chinesa que controla a REN decida cortar 30% no investimento.

A indigência a que chegámos é de tal ordem e gravidade, que é bem possível vermos o PCP e o Bloco transformarem-se numa espécie de PEV bicéfalo do PS. Se tal vier a ocorrer, só uma renovação radical na direita permitirá o regresso à alternância democrática e, portanto, o regresso do centro-direita ao poder. Rui Rio não é a pessoa certa para esta metamorfose. Assunção Cristas é.

NOTAS

  1. Publiquei este gráfico anotado por mim há já alguns meses. Mas vale a pena recordá-lo.