domingo, março 08, 2015

BCE: expansão quantitativa para quem?

«My unconventional argument is that the Fed is much more concerned about financial stability than they let on», says James Bianco.

Dia 9 de março as bolsas vão disparar na Europa. E na economia real?


The ECB and national central banks of the Eurosystem will start buying bonds on Monday, March 9 as part of the public sector purchase programme (PSPP). ECB
Se o que Mario Draghi anunciou no dia 5 de março servir apenas para ensopar dívidas soberanas, estimular a especulação bolsista e enriquecer os já muito ricos, espera-o provavelmente, a ele, mas também à eurocracia no seu conjunto, e aos governos nacionais, uma surpresa, isto é, o início de um processo de sincronização das lutas sociais, culturais e políticas contra a destruição da classe média.

Ou seja, se a expansão quantitativa do BCE tiver os mesmos efeitos que teve nos EUA, e no Japão, os 99% que se vão sentir roubados já têm representação política... nos novos extremos da ação partidária...

«Draghi is going to make the same mistake as the Fed»
Finanz und Wirtschaft, 10:17 - März 6th 2015

James Bianco, President of Bianco Research, cautions about the unintended consequences of the new European stimulus program and doesn’t think that the Federal Reserve is going to raise interest rates this year.
[...]

Christoph Gisiger, Chicago —  You have been one of the first in the investment community to correctly predict that QE2 is going to heat up the stock market. Is this also true for the European QE-program which is starting this month?

Sure, just look at the German Dax. It’s up 17% this year whereas the S&P 500 is up 2%. A lot of European stocks have really taken off in the wake of the European QE. It’s going to do the same thing that it did in the US: It’s going to drive asset prices higher. Except now, they are driving yields to negative. They are driving them below zero to get people to go out in the risk curve. So by pushing up asset prices ECB president Draghi is going to make the same mistake as the Fed.

How come?

The program will push up asset prices but it won’t necessarily create jobs and GDP growth. And to that end it will create more strife within the central bank. In the US as an outgrowth of that, culturally we had the Occupy Wall Street movement and we created the phrase «the one percent». So the wealthy own equities and assets and they are benefiting from QE. And that is going to create a lot of unhappiness because if you are not in the one percent you do not own a lot of assets. You are relying on a middle class job and you really are suffering.

Here is my new favorite example: The website TrueCar pointed out that average cars that cost 33’000 $ or less last year in total number of unit sales went up 4%. Cars that cost 50’000 $ were up 30% and cars that cost 70’000 $ or more were up 50% in sales. So if your business is selling 120’000 $ electric cars like Tesla you had a fantastic year. But if your business is selling 22’000 $ Toyota Corollas it was a very, very difficult year for you.

What are the consequences of that?

If Europe is not careful they are going to wind up with the same problem. This program does very, very well for the wealthy in the rich sections of Rome or Madrid.  But in the suburbs where the poor live it is going to create a lot of tension.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

sábado, março 07, 2015

A água-furtada do Costa

O prédio onde residiu António Costa até ser eleito SG do PS

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo


Pela lei, e se tudo o que podemos ler na investigação Do Portugal Profundo sobre António Costa é verdade —e parece ser verdade— o putaivo candidato cor-de-rosa a primeiro ministro, e ainda alcaide da capital, deveria perder o seu mandato de novo Secretário Geral do PS, e terá várias perguntas a responder, a quem gosta dele, a quem não gosta dele e, eventualmente, à administração fiscal e aos tribunais. O alerta é público desde ontem e, se a comunicação social não pegar no caso, porque se enamorou uma vez mais por uma caricatura da esquerda, as Finanças e o Tribunal Constitucional têm obrigação de tomar boa nota e investigar o que, por enquanto, é sobretudo um conjunto de estranhíssimas coincidências e factos pouco transparentes.

Helena Roseta, que floresce invariavelmente nas vésperas eleitorais, anda muito preocupada com a falta de rigor ético de António Costa e dos partidos sentados no parlamento. Na sua opinião, já todos deveriam, como ela, ter assinado uma petição pública para a demissão do primeiro ministro por este se ter revelado um cidadão relapso, ainda que sem dívidas ao estado nem, nas palavras de Pedro Passos Coelho, ter andado alguma vez metido em negócios partidários obscuros—presumo que com bancos, grupos económicos e clubes de futebol.

Ora eu fiquei muito mais intrigado com o modo espavorido como António Costa fugiu, na semana que passou, de uma jornalista que lhe queria fazer uma ou mais perguntas, presumo que apenas sobre o relapso Passos Coelho—mas nunca se sabe...

A verdade é que o homem pareceu-me verdadeiramente em pânico. Disso dei conta num comentário sobre a montanha de moralismo subitamente erguida em volta de umas prescrições de dívidas à segurança social (entretanrto saldadas) e de umas execuções fiscais que foram igualmente saldadas, obviamente com os juros devidos devidamente pagos, do então cidadão Pedro Passos Coelho, então sem cargos político-partidários, hoje primeiro ministro de Portugal.

O desespero das tríades cor-de-rosa que capturaram o PS é tal —segundo sucessivas sondagens António Costa não convence— que resolveram desencadear uma ofensiva desesperada contra a atual coligação no poder. A reação algo prudente da classe partidária é compreensível, na medida em que temeram, e bem, que uma vez aberta a Caixa de Pandora, iria saltar trampa a grande velocidade, e muita gente sairia salpicada, se não mesmo, completamente borrada deste ato deseperado do Pinóquio e companhia.

A montanha de mérdia, pelos vistos, pariu mais um rato!

Do Portugal Profundo (alguns extratos)

Nas declarações (...) entregues no Tribunal Constitucional, enquanto presidente da CMLisboa, António Costa apresentou os seguintes rendimentos anuais brutos:

Trabalho dependente (presidente da CMLisboa)
  • - em 1-6-2009 (referente ao ano de 2008): 73.175,47 euros.
  • em 30-3-2010 (referente a 2009): 73.518,21 euros.
  • em 4-9-2013 (referente ao ano de 2012): 56.259,60 euros.
  • em 8-9-2014 (referente ao ano de 2013): 63.457,96 euros.
Trabalho independente (não indicada origem)
  • em 1-6-2009 (referente ao ano de 2008): 76.250,00 euros.
  • em 30-3-2010 (referente ao ano de 2009): 76.250,00 euros.
  • em 4-9-2013 (referente ao ano de 2012): 93.750,00 euros.
  • em 8-9-2014 (referente ao ano de 2013): 91.875,00 euros.
Nestes anos mencionados, os rendimentos totais brutos de António Costa são:
  • em 2008: 149.425,47 euros.
  • em 2009: 149.768,21 euros.
  • em 2012: 150.009,50 euros.
  • em 2013: 155.332,96 euros.

Mas sujeitos a uma taxa de imposto para esses montantes, o rendimento líquido cai para cerca de metade, ainda que possa o imposto ser um pouco mais mitigado pelos descontos.

A declaração em falta

Conforme estipula a alínea a do § 2 do n.º art.º  Lei n.º 4/83, de 2 de abril (Lei de controlo público da riqueza dos titulares de cargos políticos), António Costa, enquanto secretário-geral do Partido Socialista, desde 22-11-2014, devia entregar no Tribunal Constitucional uma «Declaração de rendimentos, património e cargos sociais dos titulares de cargos políticos e equiparados», até 60 dias consecutivos do início do seu mandato como líder do PS.

Portanto, António Costa devia cumprir esse dever legal até 23 de janeiro de 2015. António Costa não tinha entregue a necessária declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, até ontem, 5-3-2015, quinta-feira.

Ora, estabelece o número 1 do artigo 3.º da lei 4/83:

    «Em caso de não apresentação das declarações previstas nos artigos 1.º e 2.º, a entidade competente para o seu depósito notificará o titular do cargo a que se aplica a presente lei para a apresentar no prazo de 30 dias consecutivos, sob pena de, em caso de incumprimento culposo, salvo quanto ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro, incorrer em declaração de perda do mandato, demissão ou destituição judicial, consoante os casos, ou, quando se trate da situação prevista na primeira parte do n.º 1 do artigo 2.º, incorrer em inibição por período de um a cinco anos para o exercício de cargo que obrigue à referida declaração e que não corresponda ao exercício de funções como magistrado de carreira.»

Se assim é, António Costa estará a desobedecer à Lei 4/83 há cerca de mês e meio.

NOVOS DADOS (Do Portugal Profundo), 8/3/2015 17:11

Pós-Texto 2 (21:38 de 7-3-2015): As explicações de Costa ao CM

António Costa foi questionado pelo CM (edição de hoje, 7-3-2015, p. 9) sobre o atraso na declaração de rendimentos a que estaria obrigado apresentar, até 60 dias consecutivos, após a sua eleição como secretário-geral do PS. Ou seja, até 23 de janeiro de 2015. Segundo disse ao CM, «fonte do gabinete de imprensa do PS» (não tem nome?) respondeu que António Costa irá entregar «a nova declaração nos próximos dias, já que esteve a aguardar um documento do Registo Predial». Costa pretenderá juntar uma certidão do registo predial da compra, por sua mulher, de um apartamento.

Incumpriu a Lei n.º 4/83 porque não tinha uma certidão?!... Não podia mencionar o apartamento sem essa certidão? Não tem esses dados na escritura do apartamento ou a referência da matriz nas Finanças?... Se sua mulher não tinha completado a compra, não precisava mencionar o apartamento; se já tinha escriturado essa compra, não parece que precisasse de certidão para escrever essa compra no Capítulo II (Património imobiliário) da declaração de rendimentos... A alegação que apresenta não consta do articulado da Lei n.º 4/83. E Costa parece ter-se esfarrapado ainda mais na justificação do que com a desobediência da lei.

...

Atualização: 8/3/2015 17:12

Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

IGCP: controlo de danos

Cristina Casalinho, presidente do IGCP desde 2014

Precisamos de 70% de mulheres aos comandos do país, e não 30!


Simpatizo com esta economista e mulher desde que comecei a ler as suas análises económico-financeiras na qualidade de economista-chefe do BPI. Arguta, subtil e ponderada, creio que terá sido uma excelente escolha para substituir o azarado Rato, que em má hora migrou do IGCP para o Titanic de Ricardo Salgado.

A sua função é contribuir decisivamente para uma boa gestão da calamitosa dívida pública portuguesa, com mais ou menos ajuda dos senhores do universo financeiro global: Rotshchild, Goldman Sachs, FMI, BCE, etc.

É uma tarefa dificílima, dada a situação em que nos encontramos:

  • — uma dívida soberana em volta dos 128% do PIB (a 6ª mais elevada do mundo, segundo a CIA)
  • uma dívida externa, contabilizada em 2011, na ordem dos 223% do PIB (posição 23 em 190 países)
  • mas, curiosamente, as receitas fiscais em % do PIB (37%) estão longe do esforço fiscal de países comunitários como a Dinamarca (49%), Bélgica—exceto os eurocratas que lá vivem (46,8%), França (44,8%), Itália (42,6%), ou Alemanha (40,6%), mas mais perto do paraíso fiscal que é o Luxemburgo (36,5%), em grande parte porque continuamos a ter uma economia rentista à solta. 
  • Curiosa, também, é a posição de meio da tabela (posição 10) que Portugal ocupa numa comparação relevante de 24 países sobre os níveis de riqueza financeira líquida familiar e pública. Estes dois últimos indicadores explicam claramente as tentações dos rendeiros, devoristas e dos partidos da esclerótica esquerda no avanço do fascismo fiscal sobre a poupança familiar. Antes de votar convém olhar bem para a tabela que se segue, e para o que um novo governo do PS certamente significaria em termos de assalto agravado aos bolsos dos contribuintes e aos seus bens, na forma de uma acrescida repressão fiscal sobre a propriedade imobiliária, urbana e rústica.

In Zero Hedge, "The Debto of Nations"


Mas vamos ao que disse Cristina Cristalinho

Portugal: taxas de juro da dívida pública a caminho do zero... Quem compra?

O BCE vai ensopar até setembro de 2016, 20 a 25% do total da dívida (soberana) europeia, e desta forma atrasar por mais alguns anos o colapso financeiro da Europa. O colapso social, esse segue na unidade de cuidados intensivos dos programas de financiamento público do desemprego, criação de emprego virtual (formação profissional, etc.) e apoio de emergência ao rendimento mínimo de milhões de pessoas e famílas em toda a Europa (RSI, bancos alimentares, IPSS, etc.)

É neste panorama extremamente complicado que a nova presidente do IGCP se move e move os precários equilíbrios financeiros do país.

Da entrevista realizada pelo Dinheiro Vivo a Cristina Casalinho, e que vale a pena ler na íntegra:
DV: A manutenção das taxas como estão agora já seria bom para o país?

Cristina Casalinho: Eu acho que elas ainda vão descer um pouco mais.

DV: Um pouco mais significa?

CC: Eu não vou avançar mas acho que ainda há espaço para elas caírem.

DV: Mas sempre acima dos 1,5%?

CC: Não vou avançar com patamares porque de certeza que vou falhar. Ainda recentemente estávamos entre nós, no IGCP, a conversas sobre onde é que víamos os patamares no final deste trimestre e do próximo, e tenho a dizer que foram todos pulverizados.

(...)

DV: Na estratégia de financiamento para este ano, o IGCP estima um encaixe de cerca de 2500 milhões de euros com produtos de retalho, muito menos do que obteve em 2014. Com a decisão de baixar os juros dos certificados, o IGCP abandonou o papel de incentivar a poupança das famílias?

CC: Não. Uma das coisas que se aprendeu com a crise é que se deve diversificar o mais possível em investimentos e em investidores, e uma das coisas que é valorizada é ter uma base de investidores local e doméstica diversificada, e bastante bem fidelizada. A ideia é continuar a fazer com que os aforradores portugueses tenham interesse em subscrever os títulos disponibilizados pelo IGCP para a distribuição no retalho.

DV: Mas a verdade é que as taxas baixaram?

CC: É verdade que as taxas baixaram muito significativamente. Mas também temos de ver que estávamos a falar em taxas de juro, as taxas dos certificados de aforro, por exemplo, remuneravam, num título que ia dos três meses até um máximo de dez anos, com uma taxa no primeiro ano de 3,05%, enquanto que os Certificados do Tesouro Poupança Mais, que é um título a cinco anos, remunerava em termos médios, 4,20%. Este tipo de remuneração está completamente desajustada. Continuamos a achar que as remunerações são atraentes. Ainda por cima com as quedas mais recentes das taxas de juros, este tipo de produtos ganhou um pouco mais de atratividade.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

O fim da prosperidade


Esqueçam as promessas de crescimento.
Tempo de nos prepararmos para um longo inverno de austeridade.


2009-2010: o fim da financiarização da economia. O que virá depois ninguém sabe ao certo. Mas a prosperidade dos últimos 50 anos acabou. E a longa era de crescimento rápido e inflacionário sustentado por energia e recursos abundantes e baratos, iniciada por volta de 1887, também.

The One Chart You Need to Predict the Future
Charles Hugh Smith, Friday, March 06, 2015

We are witnessing a profound secular sea-change: the failure of expanding debt and leverage to lift the real economy of wages and household income.

[...] something changed around 2009. Expanding debt and leverage no longer boosted wages. For the first time in 30 years, juicing debt and leverage did not push wages higher--rather, wages declined or stagnated, despite trillions of dollars of Fed stimulus, near-zero interest rates and all the other tricks of financialization.

The returns on additional debt and leverage have diminished to near-zero. This is the endgame of financialization: expanding debt and leverage no longer move the needle on wages and household income. Rather, adding more debt is weighing on wages.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

sexta-feira, março 06, 2015

Iberian stream (3)

A nova oção russa: Turkish Stream

União Europeia anuncia que Rússia poderá usar o TAP, ou seja, a entrada grega do chamado Southern Gas Corridor (SGC), mas a Rússia tem as suas próprias ideias... 


Se a guerra na Ucrânia recomeçar, e vai recomeçar em grande escala, qual é a probabilidade de Putín cortar, ou diminuir drasticamente, o fornecimento de gás à Ucrânia e aos países da União Europeia que atualmente abastece? Qual é, portanto, a sua margem de negociação quando, por exemplo, propôs em dezembro de 2014 a construção do chamado New Blue Stream, um sistema de abastecimento de gás à Turquia e à Europa, sem passar pela Ucrânia, nem pela Geórgia?

A primeira deslocação diplomática do novo governo grego foi a Moscovo. Na agenda estiveram certamente dois pontos: o apoio da Rússia à Grécia em caso de Grexit, e fazer da Grécia uma porta de entrada nevrálgica de gás natural na Europa. De caminho, Tsipras acordou ceder uma base aérea militar na ilha de Chipre para facilitar a guerra que a Rússia, a par dos Estados Unidos, e da Europa, irão intensificar contra o chamado Estado Islâmico.

Já depois da mini-cimeira de Madrid, onde —creio— foram tomadas decisões muito importantes sobre a segurança energética da Penínsua Ibérica e da União Europeia, incluindo —creio— o estabelecimento, a curto prazo, de um Iberian stream, dedicado ao abastecimento de gás (e petróleo?), não só a Portugal e Espanha, mas também ao resto da UE, um funcionário da Comissão veio ontem, dia 5 de março, anunciar que a Rússia poderia dispor do TAP, ou seja, da prevista nova porta de abastecimento de gás à Europa, mas abrindo uma janela de oportunidade demasiado estreita para Putin: 10 mM de metros cúbicos de gás/ano contra a capacidade que interessa à Rússia: 63 mM de metros cúbicos/ano.

Finalmente, o recente e lógico alinhamento da China com a Rússia de Putin deixa a EDP, a REN e o cabotino Mexia em muito maus lençóis. Oportunidade, pois, para corrigir rapidamente o excesso de rendas cobradas pela EDP, e para parar as PPP-barragens congeminadas pelos piratas do anterior governo.

Este é um daqueles momentos em que a História acelera o passo.

Vejamos, pois, o problema em sinopse.

Southern Corridor — gasodutos em construção, em projecto ou em fase de estudo:
  • South Caucasus Pipeline: Azerbeijão (Baku) > Geórgia > Turquia > Grécia >  
  • Trans Anatolian Pipeline: Turquia >
  • Trans Adriatic Pipeline (TAP): Adriático > Grécia > Albânia > Itália >
  • Turkish Stream (New Blue Stream): Rússia > Turquia > Grécia >

Objetivo
: assegurar a segurança no abastecimento de gás à Europa, diversificando as origens e os fornecedores. Distância máxima do corredor: 3.500 Km. Valor aproximado do investimento: 45 mil milhões de USD.

Capacidade

Diz a União Europeia, a 5 de março de 2015

Russia can use Trans-Adriatic pipeline, Commission confirms
EurActiv, Published: 06/03/2015 - 08:49 | Updated: 06/03/2015 - 11:05

A Commission official confirmed yesterday (5 March) that Gazprom can use the Trans-Adriatic pipeline (TAP) to move gas, if the Russian export monopoly builds the “Turkish Stream” pipeline and brings gas to Greece.

Brendan Devlin, advisor in the Commission’s DG energy, argued that it was unlikely another big pipeline except for the Southern Gas Corridor would appear in South Eastern Europe, because “the markets are too small” in the region. He was speaking at a conference on “post-South Stream”, organised by the Martens Centre for European Studies.

The Southern Gas Corridor (SGC) refers to the three pipelines, including TAP, which will bring Azeri gas to the EU. The South Caucasus Pipeline Extension from Shah Deniz via Azerbaijan and Georgia, the TANAP pipeline via Turkey, the TAP pipeline starting from Greece and taking the gas further across Albania and an offshore section in the Adriatic to Italy. The first gas is expected to flow via SGC in 2019-2020. A branch is expected to take Azeri gas from Greece to Bulgaria and further north.

(...) Asked by EurActiv if (...) South Stream could use TAP to ship some of its gas coming via “Turkish Stream” further West, Devlin said that TAP has a provision for a 50% expansion in the event there is a shipper other than Azerbaijan.

The initial capacity of TAP will be about ten billion cubic metres per year (bcm/y), with the option to expand the capacity up to 20 bcm/y. Russia said that “Turkish Stream" will have the capacity of 63 bcm/y.
Diz Putin a 5 de fevereiro de 2015
Russia sheds light on Turkish Stream project
Published: 06/02/2015 - 08:48 | Updated: 18/02/2015 - 10:43

EXCLUSIVE/ A telephone call between Russian President Vladimir Putin and Greek Prime Minister Alexis Tsipras yesterday (5 February) covered the situation in Ukraine and the South Stream and Turkish Stream pipeline projects, the Kremlin announced. In the meantime, the Russian Ambassador to the EU provided EurActiv with some insight on Russian plans.

The Kremlin communiqué provided little detail, except specifying that the two leaders discussed the Russian plans to replace South Stream with Turkish Stream, which would bring Russian gas across the Black Sea to Turkey, and from there, to a hub at the Turkish-Greek border.

Mais sobre o Iberian stream neste blogue

Atualização: 7 mar 2015, 10:55 WET


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Iberian stream (2)

A interligação das redes de gás e eletricidade são uma prioridade europeia

Cimeira de Madrid: onde esteve a comunicação social? 

A ouvir o Mexia?


A mini cimeira de Madrid sobre segurança energética na União Europeia foi mais importante do que o espaço que lhe reservou a comunicação social portuguesa, mais preocupada com os cêntimos que o nosso relapso PM demorou a pagar ao fisco e à segurança social.

E no entanto, no contexto do agravamento irreversível da crise ucraniana e dos avanços do autoproclamado estado islâmico, a segurança energética da Europa passou de assunto corrente a emergênca estratégica. A não ser assim não se teria percebido a razão da mini-cimeira de Madrid entre os chefes de governo de Portugal, Espanha e França, e o presidente da Comissão Europeia.

Em post anterior chamei a atenção para a intenção de a Alemanha, através da UE, abortar desde já o cenário, de que se tem vindo a falar, de uma nova entrada de gás natural russo na Europa através da Turquia —> Grécia —> Albânia —> Itália. Esta seria a alternativa russa a um eventual colapso dos gasodutos que atravessam a Ucrânia em direção à União Europeia se, ou quando a guerra ucraniana passar a uma fase mais aguda e destrutiva, e a velha cortina de ferro entrar em estado de alerta máximo e pré-mobilização militar.

A decisão de acelerar a união energética europeia, na sequência, aliás, da aceleração das uniões bancária e fiscal, tem como objetivo imediato impedir a Grécia de tomar decisões unilaterais, ou bilaterais, com um ou mais estados extra-comunitários, neste caso, a Rússia e a Turquia, sobre interconexões energéticas.

Esta decisão, que estará em cima da mesa já no próximos dias 19-20 de março, terá implicações evidentes para Portugal, nomeadamente nas suas relações com os donos chineses da REN e da EDP.

Por exemplo, a partir do próximo Conselho Europeu, se as intenções que a mini-cimeira de Madrid, no que diz respeito à estratégica Península Ibéria, afinal, ontem consagraram, tomarem forma de lei, a redução das rendas excessivas da energia em Portugal, induzidas nomeadamente pelo aborto energético em que a energia eólica se transformou, a benefício quase exclusivo do quase monopólio que é a EDP, cairá por terra.

O principal obstáculo que agora resta remover no caminho da reestruturação suave e em curso da nossa dívida pública advem precisamente das rendas excessivas e dos contratoa leoninos abusivos das PPP. Só denunciando e renegociando as PPP e as rendas excessivas, só parando as inúteis barragens engendradas pelos piratas do anterior governo, será possível impedir que o avolumar do serviço da dívida pública portuguesa destrua o país, colocando-o no caminho da Grécia a muito curto prazo.

Dois dias antes da reunião de Madrid, o Secretariado Geral do Conselho Europeu enviava uma Nota à comissão de representantes permanentes que diz tudo das inetnções da UE. Um extrato sobre o tema da energia:
Council of European Union, Brussels, 2 March 2015
European Council (19 and 20 March 2015)
Draft guidelines for the conclusions.

[...]

1. Enhancing energy security:
  • a. strengthened cooperation among Member States to accelerate interconnecting infrastructure projects;
  • b. a reinforced legislative framework for security of supply in electricity and gas;
  • c. increased resilience and transparency of the gas market, through full ex ante compliance with EU law and energy security priorities of intergovernmental agreements and relevant contracts;
  • d. enhancement of the EU's bargaining power, notably through voluntary demand aggregation.
2. Reaping the benefits of the internal energy market:
  • a. full implementation and rigorous enforcement of all relevant legislation;
  • b. swift development of appropriate interconnections;
  • c. adaptation of internal market legislation to reduce detrimental effects of market-distorting mechanisms (e.g. capacity mechanisms or support schemes for renewables);
  • d. enhanced regional cooperation within a strengthened common EU framework.
Entretanto, os jornais espanhois destacaram algumas conclusões, que em Portugal passaram, até agora, em silêncio...

Los líderes dicen que la interconexión abaratará la energía en Europa - elEconomista.es 

Impulsar la conexión con el resto de Europa para avanzar en la unión energética europea y reducir la dependencia de Rusia: ése era el leit motiv del encuentro de este miércoles en el Palacio de la Moncloa

España, Francia y Portugal se comprometen a impulsar las interconexiones energéticas
El Mundo/ EUROPA PRESS, Madrid
Actualizado: 04/03/2015 22:00 horas

El presidente del Gobierno, Mariano Rajoy, el presidente de la República francesa, François Hollande, el primer ministro de la República portuguesa, Pedro Passos Coelho, y el presidente de la Comisión Europea, Jean-Claude Juncker, han plasmado este miércoles el "firme compromiso" con las interconexiones energéticas, que deben ser de "crucial importancia" en el objetivo de lograr un mercado interior de la energía en Europa.

(...) Así, con esta cumbre, España, Francia, Portugal y las instituciones de la UE avanzan en su compromiso con las interconexiones energéticas y la financiación de estas a través de fondos europeos, especialmente el Plan Juncker de inversiones.

(...) Jean-Claude Juncker, aseguró que si el Viejo Continente no consigue "que pueda fluir libremente la energía se habrá fracasado", por lo que pidió que todos los países de la Unión Europea se unan a este planteamiento.

De esta manera, Juncker puntualizó que la unión energética constituye "una de las grandes prioridades de la Comisión Europea" y que acontecimientos como la cumbre de Madrid sirven "para plasmar a través de hechos las ideas a este respecto que siempre habíamos intercambiado".

(...) Entre las medidas de la declaración conjunta firmada en Madrid, destaca la adopción de una estrategia común de los operadores de sistemas de transmisión de España, Portugal y Francia; o la creación de un nuevo Grupo regional de alto nivel para Europa sudoccidental que, con la participación de la Comisión Europea, supervisaría el progreso de los correspondientes proyectos y prestaría funciones de asesoramiento técnico.

(...) Aún así, los tres países y la Comisión Europea consideran que debe acometerse "un esfuerzo complementario" para superar el actual nivel de interconexión y recalcan la importancia de llevar a cabo la interconexión eléctrica de Portugal y España, entre Vila Fria-Vila do Conde-Recarei (Portugal) y Beariz-Fontefría (España), que una vez concluida, permitirá al país luso alcanzar un nivel de interconexión del 10%.

Mais sobre o Iberian stream neste blogue

Atualização: 7 mar 2015,10:57 WET


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

quinta-feira, março 05, 2015

António Vitorino e os swaps do Santander-Totta



Que sabe António Vitorino dos swaps do Santander-Totta?


Perdas potenciais dos swaps já superam 1800 milhões de euros
Público, Raquel Almeida Correia—04/03/2015 - 15:08

Estes nove derivados acumulavam, no final de 2014, um risco de prejuízo de 1384,4 milhões de euros, quando chegaram ao final de 2013 com perdas potenciais de 1148,4 milhões de euros. Ou seja, o risco aumentou em 236 milhões de euros no espaço de um ano.

O Santander, que ainda tem activos swaps junto da Metro de Lisboa (com perdas potenciais de 663,2 milhões), Metro do Porto (550,1), STCP (120,1) e Carris (50,9), moveu uma acção, em Abril de 2013, nos tribunais ingleses para comprovar a validade dos seus contratos.

O processo já foi alvo de contestação por parte do Estado português, tendo o Ministério das Finanças dado inclusivamente ordens àquelas empresas públicas para suspenderem o pagamento de cupões associados aos derivados.

Que diz sobre isto António Vitorino, especialista em direito público e um dos globetrotters cor-de-rosa dos conselhos de administração de algumas das principais empresas do regime? Quem promoveu estes derivados especulativos que viriam a revelar-se tão ruinosos para o estado, e por via desta ruína, para todos os portugueses, sobretudo os mais fracos, nomeadamente aqueles que sofrem com a austeridade e se deslocam diariamente em transportes públicos tais como o Metro, a Carris, o Metro do Porto e os STCP?

Que governo(s)? Que ministro(s)? Que gestores públicos?

É ou não verdade que quando estes contratos foram cozinhados e formalizados António Vitorino (alto dirigente do PS e atual putativo candidato presidencial) era presidente da AG do Banco Santander Totta, onde, aliás, ocupou este cargo desde 1998 até... 2013.

Ou também não viu, nem ouviu, nem soube de nada, como o Bava da PT?

Gostávamos de ouvir sobre isto no canal de televisão onde moraleja semanalmente sobre o país.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Too big to jail?


A cleptocracia portuguesa e os cêntimos do relapso Pedro Passos Coelho


500 milhões para pagar papel comercial foram para clientes do “private”
Jornal de Negócios, 05 Março 2015, 00:17 por Maria João Gago | Diogo Cavaleiro

O BES terá usado conta bancária destinada a reembolsar os clientes de retalho com papel comercial do GES para pagar a clientes do “private”. Além dos clientes com rendimentos mais elevados, o dinheiro destinado a reembolsar o retalho com dívida do GES, serviu para pagar a clientes institucionais, conclui a auditoria forense ao BES.

ESI pagou a BCP e Montepio com dinheiro do papel comercial
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/esi_pagou_a_bcp_e_montepio_com_dinheiro_do_papel_comercial.html

O Millennium bcp recebeu 80 milhões de euros e o Montepio 40 milhões para liquidar empréstimos à ES International, destinados ao reembolso de papel comercial, conclui a auditoria forense da Deloitte feita a pedido do Banco de Portugal

Poupanças privadas, nomeadamente de muitos emigrantes, serviram para satisfazer a clientela 'private' e 'institucional' dos piratas do BES, através do roubo do dinheiro investido em 'papel comercial' do GES vendido aos balcões e por gerentes de conta do BES a uns milhares de incautos.

Quem são os clientes 'private' e 'institucionais' que beneficiaram deste assalto?

Ou será que a única coisa que importa ao país e à imprensa é o relapso cidadão Pedro Passos Coelho e os juros que pagou ao estado por se atrasar ou ignorar dívidas à segurança social e dívidas fiscais que entretanto saldou?

A imprensa endoideceu de vez, ou vai também publicar os cadastros fiscais e da segurança social, e todas as transações imobiliárias, de todos os deputados, ministros e ex-ministros e autarcas da nossa desgraçada e incorrigível democracia?

E porque não publica, já agora, a lista de tachos dos politocratas indígenas nos conselhos de adminisytração das principais empresas sedeadas no burgo lusitano? Que acha a imprensa portuguesa da passagem do putativo candidato presidencial António Vitorino, de presidente da mesa da AG do banco espanhol Santander-Totta, para administrador não-executivo (claro!) dos novos e privados de fresco CTT?

O incómodo extremo exibido ontem por António Costa ao ser apanhado desprevenido por uma jornalista de microfone em riste, cujas perguntas obviamente ignorava, dá bem a dimensão do pânico instalado na classe partidária desde que os pecados veniais entraram na ementa da perseguição mediática e da luta partidária num tristemente regime exangue, corrupto e manifestamente insolvente.

Os contabilistas que agem em benefício dos seus clientes, mas dolosamente contra o estado, são levados a tribunal e presos, se for caso disso. Mais, são expulsos da respetiva agremiação profissional, soubemos ontem. Já os advogados que patrocinam notórios gangsters parecem viver num verdadeiro Olimpo de impunidade e fama mediática incompreensivelmente amoral.

O caso BPN, que se arrasta pelos labirintos do nosso corrompido código de processo penal, ou a proteção de que gozam os gangues proto-fascistas das chamadas comissões de praxe académica, são exemplos do cancro que corroeu a nossa democracia ao ponto de já nada ser possível para remediar a situação, se não mudar de democracia, e quanto mais depressa, melhor!

A estupidez e a indigência deveriam, apesar de tudo, ter limites.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

quarta-feira, março 04, 2015

Grexit ou quarentena?


LINK

Warren Buffett acha que a Alemanha deve colocar um ponto final na tragédia grega


Buffett On Europe: Germany Must Stop Greek Dog Peeing On Its Carpet
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/03/2015 20:00 -0500 

Quarentena, já ouviram falar? Uma saída parcial e temporária da zona euro é o que, na minha opinião, acabará por acontecer à Grécia, o mais tardar em 2016, mas é possível que venha a ocorrer ainda este ano.

Se e quando ocorrer, países como Portugal e Espanha terão que decidir se acompanharão ou não o Syriza, ou mesmo se poderão, ou não, evitar uma quarentena forçada fora do euro. Se decidirem e conseguirem prosseguir na Eurolândia, muita coisa terá que mudar nestes países, e não vai ser bonito de ver.

Greece taps public sector cash to help cover March needs - sources
By George Georgiopoulos
REUTERS. ATHENS Tue Mar 3, 2015 4:28pm GMT

(Reuters) - Greece is tapping into the cash reserves of pension funds and public sector entities through repo transactions as it scrambles to cover its funding needs this month, debt officials told Reuters on Tuesday.

É possível que a Alemanha e a França façam todos os esforços para ajudar Portugal e Espanha a evitarem becos sem saída como o da Grécia.

Por um lado, a degradação da situação grega prossegue a tal velocidade que a probabilidade dos eleitorados espanhol, e sobretudo português, copiarem a aventura do Syriza deverá cair a pique a partir de junho, o seja, à medida que se for observando a incapacidade do novo governo helénico reverter o plano inclinado da austeriade, da corrupção e da crise financeira sistémica responsáveis pela miséria crescente e convulsão social que se vivem no país. Não sei mesmo se o PS, apesar da propaganda marcelista que transporta António Costa no andor dominical da TVI, conseguirá sequer uma maioria relativa.

Por outro, a mini-cimeira energética que hoje teve lugar em Madrid, entre Juncker, Hollande, Rajoy e Pedro Passos Coelho, mostra que já há uma estratégia europeia de resposta às manobras energéticas da Rússia, a qual passa pela Península Ibérica. Putin sugere a substituição do corredor de gás russo-ucraniano por um corredor russo-turco-grego. Mas a União Europeia prepara legislação para o impedir. Como temos vindo a sugerir, os portos atlânticos de Espanha e Portugal, no caso de complicações maiores no Mediterrâneo, tornar-se-ão críticos para toda a Europa, dada a saturação conhecida dos portos no Mar do Norte e a instabilidade climática e geo-política do Báltico.

O leste da Europa, o Médio Oriente e o norte de África ao longo de todo o Mediterrâneo estão sob enormes tensões geo-políticas, as quais têm a sua principal origem no Pico do Petróleo e na disputa em curso pelo controlo da geografia do gás, de onde virá a fatia de leão do mix energético deste século.

Joint gas buying on EU leaders' summit agenda
EurActiv. Published: 04/03/2015 - 13:47 | Updated: 04/03/2015 - 15:58

EXCLUSIVE: EU leaders will discuss how best to strengthen the bloc’s bargaining power, including the collective buying of gas, when they debate the European Commission communication on Energy Union.

(...)
The Commission communication called for member states' energy deals with non-EU nations to be vetted by the executive, before being signed.  That is up for debate by heads of state and government.

A discussão em curso sobre a urgência de criar uma União Energética Europeia com cláusulas protecionistas claras, ajuda a consolidar a nossa análise sobre o que aí vem, ou seja, grandes investimentos energéticos na Península Ibérica: rede ibérica de gasodutos, reforço da frente portuária, e aposta decisiva na nova rede ferroviária ibérica de bitola europeia, quer orientada para o transporte de mercadorias, quer para o transporte de passageiros.

Seria pois de grande utilidade afastar desta zona crítica todos os piratas e idiotas que nos sucessivos governos têm tido os dossiês da energia e dos transportes nas unhas.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Iberian stream

Mariano Rajoy, Jean-Claude Juncker, François Hollande e Passos Coelho reúnem-se esta tarde em Madrid, numa cimeira que, se for bem-sucedida, poderá ser o primeiro passo concreto rumo à União Energética /
EMMANUEL DUNAND/AFP/Getty Images



Mini-cimeira europeia sobre o gás, em Madrid


A abertura do mercado elétrico além-Pirinéus é o preço que a França e a Alemanha terão que pagar por um novo corredor de gás vindo do Atlântico.

Passos, Rajoy e Hollande. Cimeira de Madrid discute fornecimento de gás e eletricidade à Europa

Expresso, Susana Frexes, correspondente em Bruxelas
11:11 Quarta, 4 de Março de 2015

Em cima da mesa está a utilização dos terminais de gás natural liquefeito (GNL) - como por exemplo o de Sines, em Portugal - para abastecer o resto da Europa, com gás vindo do norte de África.

Nas contas do Governo português, o projeto permitiria ao Velho Continente reduzir a dependência energética em relação à Rússia em cerca de 40%. O resultado poderia ser um "Iberian stream", um gasoduto semelhante ao que já existe a Norte, e que liga a Rússia e a Alemanha. Faltam, no entanto, as ligações quer entre a Península Ibérica e França, quer ao resto da Europa.

Ler mais

Iberian Stream? É uma forte possibilidade, para garantir mais redundãncia aos sistemas de abastecimento de gás natural à Europa. O belicismo americano e a indolência europeia atiraram a Ucrânia para o inferno de uma guerra civil de onde acabará por resultar a divisão do pais em dois, e forte instabilidade no abastecimento de gás à Europa pelo corredor ucraninao. Por outro lado, o belicismo americano na Líbia, e por todo o Mediterrâneo e Médio Oriente, acompanhado pela indolência europeia, poderá empurrar a Líbia (o petróleo mais fino do mundo) para os braços do Estado Islâmico, e redundar num condicionamento fortíssimo dos abastecimentos de gás natural à Europa oriundo daquela região, incluindo a Argélia.

Ou seja, tempo para ligar o gás da Nigéria, Angola, Venezuela, etc. ao porto de Sines, e daqui lançar um gasoduto até Berlim!

O mapa, que atualizámos, sobre a Guerra do Gás mostra claramente a importância da mini-cimeira que esta tarde terá lugar em Madrid. Sines é uma porta estratégica da Europa. Por algum motivo estão lá os chineses, de Singapura, claro.

Clique para ampliar o mapa

No que toca ao dossiê elétrico, digamos que é a moeda de troca que a França terá que dar a Espanha e Portugal (que, como sempre, foi apanhado com as calças na mão, e não levou nada preparado para Madrid). Portugal, enquanto não puser na ordem a EDP (passivo de 2014: 17 mil milhões de euros...), nada feito.

Temos a eletricidade mais cara da Europa (em paridade do poder de compra). No entanto, o cabotino Mexia passeia-se pelas televisões anunciando lucros de milhares de milhões, perante a passividade canina do governo e do seu falso ministro do ambiente.


ÚLTIMA HORA

O lançamento da União Energética Europeia é mais uma tentativa da Alemanha e da França de imporem uma hegemonia estratégica de sua estrita conveniência, passando por cima dos interesses e estratégias dos restantes estados membros. ATENÇÃO!!!

Ver este exclusivo do EurActiv:

Joint gas buying on EU leaders' summit agenda
EurActiv. Published: 04/03/2015 - 13:47 | Updated: 04/03/2015 - 15:58

EXCLUSIVE: EU leaders will discuss how best to strengthen the bloc’s bargaining power, including the collective buying of gas, when they debate the European Commission communication on Energy Union.

(...)
The Commission communication called for member states' energy deals with non-EU nations to be vetted by the executive, before being signed.  That is up for debate by heads of state and government.

(...)
Energy Union has five “dimensions”: Energy security, internal energy market, energy efficiency, climate and research and innovation. Although all five are important, the paper said. The European Council will focus on security, the internal energy market and climate diplomacy.

(...)
The summit will be dominated by the Energy Union, which was launched last week. The Energy Union is the EU’s response to its dependence on Russian gas, which was brutally exposed by the Ukraine crisis and when Russia turned off the taps in 2009, causing shortages in the EU. It has since developed beyond questions of just security of supply to encompass issues such as fighting climate change.

Mais sobre o Iberian stream neste blogue

Atualização: 7 mar 2015, 10:53 WET

Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Escravatura fiscal no horizonte


Um regime insolvente e sem moeda própria tem a enorme tentação de impor uma forma dissimulada, mas real, de confisco e de fascismo fiscal aos cidadãos que supostamente elegem de livre vontade os governantes. Vai continuar a eleger esta corja?


Este regime ainda não acabou, mas pode acabar com o país.

Vende os anéis, cerra os dedos aos portugueses, e depois só lhe resta mesmo fazer aprovar lentamente uma nova ditadura. O fascismo fiscal em curso, apoiado por toda a nomenclatura partidária sentada na Assembleia da República, a tal que se auto-remunera como quer, é a antecâmara do colapso.

O fascismo fiscal está em marcha, ainda por cima num país onde a administrtação pública, as burocracias e o poder instalado conservam intactos os modos, a indolência, a arrogância, e o autoritarismo herdados da ditadura de salazarista.

A repressão fiscal sem contraditório, nem recurso (salvo para quem pode recorrer a advogados caros), foi acelerada neste governo pela vespa sinistra do CDS. Preparem-se, pois, para o pior.

Ou então vão-se mentalizando para a necessidade de um dia destes derrubar este regime.

Pela via constitucional? Sim, mas começando por mudar a constituição atual, convocando uma Nova Assembleia Constituinte. As eleições no atual quadro corrompido da democracia não servem para nada, salvo para adiar e agravar a grangrena do regime.

Dívidas superiores a 3500 euros à Segurança Social passam a dar prisão
Jornal i, 03/01/2013 | 13:31 |  Dinheiro Vivo

As dívidas superiores a 3500 euros à Segurança Social podem ser consideradas a partir de agora fraude e levar a uma pena de prisão até três anos.

Segundo o jornal i, estas dívidas podem também resultar em multas de 180 mil euros, para as pessoas singulares, ou até 3,6 milhões de euros, para as empresas.

A nova regra está prevista no Orçamento do Estado para 2013 e até agora o limite da dívida era de 7500 euros. O objectivo do Executivo liderado por Pedro Passos Coelho é obrigar as empresas a pagar à Segurança Social os descontos relativos aos seus trabalhadores. Contundo, a nova medida não vai ter efeitos retroactivos.

Mas a aplicação da nova medida poderá vir a prejudicar os trabalhadores independentes, segundo o i.

ÚLTIMA HORA

Horas depois da publicação deste post surgiu a seguinte notícia:
Fisco penhora alimentos doados para ajudar carenciados do Porto
RTP. Sandra Machado Soares/Pedro Rothes/Rui Magalhães 04 Mar, 2015, 13:20 / atualizado em 04 Mar, 2015, 18:53
Não é de ânimo leve que usamos a expressão FASCISMO FISCAL para descrever a fúria burocrática e fiscal de um governo liderado por um PM relapso em matéria de obrigações cívicas. Este caso e o caso que lhe deu origem, isto é, a transsformação ilegítima da dívida a uma empresa —no caso um dos rendeiros sem vergonha do regime— em infração fiscal, são em si mesmos provas cabais de que deixámos medrar um monstro na barriga da democracia.

Atualização: 4 mar 2015, 23_09 WET


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

segunda-feira, março 02, 2015

Linda Isabel trava assalto catalão

Isabel dos Santos

A angolana Isabel dos Santos defende a banca portuguesa do assalto catalão. 


Ainda dizem que foi uma descolonização mal feita. Foi a que foi possível. Obrigado Isabel ;)
Isabel dos Santos quer fusão entre BPI e BCP
É a resposta da empresária Isabel dos Santos à oferta pública de aquisição que o CaixaBank lançou sobre o BPI.
Expresso, 2 de março de 2015
Na realidade, é mais isto: angolanos defendem posição dominante que detêm no que resta da banca portuguesa (BCP e BPI), e defendem-na, neste caso, contra a invasão espanhola.

É diferente mas não deixa der simpático, num país onde o putativo candidato presidencial, maçon e cor-de-rosa, António Vitorino, presidiu, até 2013 (sintomático, não?) à Mesa da Assembleia Geral do braço do Banco Santander em Portugal, o Santander-Totta, repararmos que Angola está mais interessada na independência de Portugal do que alguns indígenas sem vergonha, mas que a imprensa indigente local insiste em transportar ao colo, como se fossem peluches.

Não tenho nada contra Espanha. Devíamos até cuidar com carinho das nossas relações com a Galiza, Salamanca, Mérida e Sevilha. Mas daí até ignorar quais são os interesses estratégicos de Madrid e Barcelona na praça lisboeta, vai um passo de estupidez que não dou e demonizo, no país, quem o dê.

Que raio de Maçonaria temos, afinal? Pelos vistos não passam de tabernas onde se congregam desgraçados sem pátria.

Mais...
Isabel dos Santos: "OPA é afastada dos interesses da banca portuguesa"
03/03/2015 | 15:36 |  Dinheiro Vivo

ISABEL DOS SANTOS: "Enquanto a OPA anunciada por Caixabank pressupõe uma integração ibérica, legítima à luz dos interesses de quem a faz mas afastada dos interesses do sistema financeiro português, a nossa proposta de fusão projeta um movimento de consolidação em Portugal", afirmou fonte oficial de Isabel dos Santos, ao Dinheiro Vivo.
Noutro tempos estas questões eram decididas por gente com algum conhecimento da história do país e noções firmes de estratégia. Hoje, pelo que vamos vendo, Portugal foi entregue a uma pandilha de ladrões e piratas de meia tijela que se babam diante de qualquer pratos de lentilhas, sejam elas chinesas ou espanholas.

Façam uma lista dos conselhos de administração das principais empresas deste país e verão onde pasta a corrupta elite parida por esta democracia demente.


POST SCRIPTUM

O La Caixa é um banco público, não é? Catalão, não é, Espanhol, não é?
As más línguas asseguram: La Caixa, numa possível fusão BCP-BPI, é a salvação da EDP.
Sobre a rendeira, sem vergonha, EDP: €17 mil milhões de dívida acumulada. Em breve as rendas excessivas serão decisivamente postas em causa, agrade ou não aos burocratas de Pequim. Foi isso mesmo que Merkel (através de Juncker), Hollande, Rajoy e Passos Coelho estiveram a decidir na mini-cimeira energática realizada em Madrid no dia 4 de março. Capiche?

Atualização: 4 mar 2015, 11:12


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Colapso do sistema e experimentalismo radical

Ordem de confisco do ouro nos Estados Unidos, 1933

A Esquerda ou se radicaliza ou morre com o sistema que ajudou a criar


Não é a ideologia que está a entalar a social-democracia, porque esta sempre a soube moldar às suas necessidades de poder. É a realidade.

Foi a realidade que empurrou o neoliberalismo e o neoconservadorismo para o mais ilusório e radical keynesianismo de que há memória. Daí estarem os governos ocidentais —democratas, republicanos, social-democratas, liberais, conservadores, etc.— a transformar os seus países em atoleiros de autoritarismo político e capitalismo de estado, não conseguindo nem assim e apesar de todo o ilusionimso financeiro promovido pelos bancos centrais, travar a implosão quer dos estados sociais europeus do pós-guerra, quer das sociedades de consumo inauguradas com o baby boom americano. Daí, portanto, a impossibilidade de distinguir o senhor António Costa, do senhor Pedro Passos Coelho, ou Paulo Portas. Votar em qualquer destas criatuas, e nos partidos de que são líderes, é uma pura perda de tempo.

A economia dos Estados Unidos não cresce o suficiente para escapar à estagnação e à deflação, e volta a resvalar rapidamente para um novo colapso financeiro—sob a pressão da sua dívida astronómica e das bolhas com que têm tentado, uma vez mais, esconder o grande risco que correm. O rebentamento de qualquer das bolhas críticas atuais —subprime estudantil, subprime automóvel, ou Wall Street— poderá acontecer em breve, e terá consequências planetárias imediatas.

Neste contexto institucional bloqueado, em que as esquerdas tradicionais, que vão da social-democracia até aos partidos que, como o PCP e o Bloco, formam parte ativa da máquina do endividamento sistémico, e declaradamente pertencem a uma nomenclatura política e burocrática cada vez mais contestada, que margem de sedução sobra à esquerda? A estas esquerdas?

Eu diria que só mesmo experimentando soluções desesperadas —como aquelas que o Syriza e o Podemos têm protagonizado— estariam em condições de renovar os laços perdidos com as suas bases sociais e culturais de apoio. Mas, como temos visto, é bem mais provável assistirmos ao colapso paulatino destes cadáveres esquisitos do marxismo, e ao aparecimento de novos movimentos radicais ecléticos, do que a metamorfoses no interior de agrupamentos minados até à medula pela esclerose intelectual, compromissos espúrios e histórias inconfessáveis.

À direita, o desejo de experimentalismo também cresce, obviamente. E onde as novas esquerdas radicais-ecléticas e radicais não avançarem, será uma nova direita radical-eclética a fazê.lo, como temos visto em França


EXCURSO

O artigo do José Manuel Fernandes —Os problemas de Costa não estão nos seus primeiros 100 dias. Estão nos próximos 200— faz um bom diagnóstico da espuma em que o curtido Costa flutua e onde irá necessariamente afogar-se. Não é o antigo ministro de Sócrates que declara que temos que nos habituar às enxurradas?


Bill Gross: "Central Banks Have Gone Too Far In Their Misguided Efforts To Support Economic Growth"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/02/2015 08:21 -0500


Em síntese o que diz este artigo:
  1. que há uma guerra cambial, envolvendo as princiais moedas do planeta: dólar, iéne, euro e yuan;
  2. que os mesmos países envolvidos na guerra cambial também praticam agressivamente a desvalorização competitiva das suas moedas;
  3. que a rentabilidade negativa (negative yiels) dos títulos e obrigações soberanas —2 biliões de dólares, só nos EUA— ameaçam a poupança e o investimnto financeiro;
  4. que a destruição das taxas de juro mata os modelos de negócio financeiro e é crítica para o funcionamento das economias modernas. Os fundos de pensões e as seguradoras são as principais vítimas desta forma duvidosa de prolongar a vida de estados obesos e burocracias parasitárias;
  5. que juros a taxas zero/negativas estimulam a poupança, retraem o consumo, e prejudicam qualquer crescimento significativo das economias;
  6. que os bancos centrais continuam a ir longe demais nos seus esforços mal orientados de reanimar as economias.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

sábado, fevereiro 28, 2015

Pax Americana? Niet! 不


China apoia Rússia no conflito ucraniano. Tordesilhas 2.0 dá mais um passo


Chinese diplomat tells West to consider Russia's security concerns over Ukraine
Reuters. BEIJING Fri Feb 27, 2015 3:48am EST

(Reuters) - Western powers should take into consideration Russia's legitimate security concerns over Ukraine, a top Chinese diplomat has said in an unusually frank and open display of support for Moscow's position in the crisis.

Qu Xing, China's ambassador to Belgium, was quoted by state news agency Xinhua late on Thursday as blaming competition between Russia and the West for the Ukraine crisis, urging Western powers to "abandon the zero-sum mentality" with Russia.

Há anos que vimos defendendo que o futuro do planeta oscila entre uma terceira guerra mundial em cenário MAD e uma espécie de um compromisso win-win semelhante ao famoso Tratado de Tordesilhas que, 1494, permitiu aos

“...mui poderosos príncipes os senhores D. Fernando e D. Isabel, pela graça de Deus rei e rainha de Castela, de Leão, de Aragão, de Sicília, de Granada, de Toledo, de Valência, de Galiza, de Mailhorca de Sevilha, de Cerdenha, de Córdova, de Córsega, de Murcia, de Jahem, do Algarve, de Algezira, de Gibraltar, das ilhas de Canárea, conde e condessa de Barcelona e senhores de Biscaia e de Molina, duques de Atenas e de Neopátria, Condes de Roselhão e de Cerdónia, marqueses de Oristão e de Goçiano.”
e ao
“...mui alto e mui excelente senhor o senhor D. João, pela graça de Deus rei de Portugal e dos Algarves daquém e dalém-mar em África e senhor de Guiné...”

dividir o mundo desconhecido entre si.

Enfim, depois vieram os holandeses, os ingleses e os franceses, mas no início foi assim: um meridiano elástico serviu de buffer à concorrência e conflitualidade sempre iminente entre Portugal e a ambição de hegemonia ibérica estabelecida pelos reis católicos Fernando de Castela e Isabel de Aragão—soberanos da região central da península para quem o acesso ao mar atlântico e mediterrânico e as passagens para França sempre foram críticas e vitais.

Os Descobrimentos Portugueses inseriram-se no primeiro verdadeiro movimento de globalização que se conhece, e foi, em grande medida, fruto de problemas semelhantes aos que voltamos a ter de forma aguda no Médio Oriente e na antiga Rota da Seda, ou seja na crucial Eurásia sobre a qual tanto tem escrito um dos principais estrategas norte-americanos, Zbigniew Brzezinski, ou ainda, com grande profundidade, o historiador britânico residente nos Estados Unidos, Paul Kennedy.

A Guerra dos 100 Anos foi igualmente um detonador importante da expansão ultramarina, sobretudo pelo lado inglês, depenado pela guerra, já sem ouro para pagar a colaboração holandesa na estratégia de tensão e guerra contra a França e os seus aliados: Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avinhão.

Os nossos historiadores, quase sempre mui atentos e obrigados, raramente objetivos, nunca estudaram convenientemente o casamento entre a inglesa de gema Phillipa of Lancaster e o nosso João I, nem o papel crucial que Filipa viria a ter na educação política e humanista dos seus filhos (Filipa fora educada por Geoffrey Chaucerthe Father of English literature, e autor dos famosos The Canterbury Tales), e sobretudo naquela que viria a ser a maior aventura do povo português desde que Afonso Henriques afirmou de espada na mão o nosso território vital.

A rainha portuguesa, com fortes ligações diplomáticas a Inglaterra e uma notória influência no seu país de origem, terá estado na origem da estratégia da conquista de Ceuta, a qual abriria as portas aos impérios ultramarinos europeus. Apanhada por uma epidemia de peste bubónica, morreira menos de um mês antes da Batalha de Ceuta, que teve lugar em 14 de agosto de 1415.

Esta breve excursão histórica é importante, pois completam-se este ano seis séculos de uma rotação da história mundial, hoje prestes a sofrer uma oscilação em sentido oposto, com o desembarque financeiro da China em Portugal. Quando a Europa do século XV saía da Idade Média, a China mergulhava no isolacionismo imperial que lhe daria cinco séculos de regressão tecnológica, económica, social e cultural.

Nasci em Macau e sei o suficnete da sensibilidade chinesa para poder afirmar que este é um ano de grande simbolismo para a China. Que grande oportunidade perdida por António Costa! Podia ter lido um discurso à altura deste momento simbólico, redigido por algum intelectual digno do nome, com grandeza e sabedoria. O que ocorreu foi uma farsa deprimente que em breve acabará com a imprestável carreira política de um alcaide que nem o cargo respeita.

Defendi e defendo que Lisboa seja para a China o que as Portas do Cerco sempre foram para Pequim ao longo de quatrocentos e quarenta e seis anos: um caminho de acesso à Europa, e um entreposto comercial privilegiado com a China.

Quando passeava pelo Bund de Xangai, numa noite de 1999, polvilhada de humidade e mistério, olhei para Pudong, então com menos de uma década de transformação naquilo que hoje é: uma impressionante metrópole. Não resisti anos mais tarde (2005) a imaginar a extensão do centro de Lisboa para a Margem Sul—uma cidade com duas margens como hoje Xangai é. Mais pequenina, sem perdermos a graça barroca da nossa história, mas ainda assim virada corajosamente e com imaginação para o futuro. Poderia a China ajudar-nos a tornar realidade esta visão? A guia que me acompanhava naquele passeio após um jantar memorável perguntou: em que pensas? Respondi: que o mundo é pequeno e que somos todos muito parecidos.

A China sabe que o inferno que hoje se vive no Médio Oriente e nas fronteiras naturais da Rússia resultam da estratégia de antecipação imperial americana, que pretende deste modo travar a expansão chinesa no mundo. Para que tal estratégia resulte será necessário aos americanos fazerem o contrário do que os europeus fizeram depois da queda de Constantinopla e da Batalha de Ceuta: fechar o ex-império ocidental ao exterior, ao Outro, numa espécie de Nova Idade Média, burocrática, autoritária, ressuscitando a caça às bruxas e o medo—matando a liberdade, claro.

Se é esta a ideia americana, tal implicará duas grandes guerras, uma contra a Rússia, na qual boa parte da Europa poderá ser destruída, e uma guerra contra a China, que começará, pelo norte, com uma confrontação liderada pelo Japão, e a sul, com a destruição da nova Rota da China em acelerada construção, através do bloqueio do Estreito de Malaca. O Pacífico será de novo um Inferno.


Talvez por compreender que os relógios desta aparente inevitabilidade aceleraram subitamente, a China tenha decidido esta semana tomar a decisão histórica de se colocar oficialmente ao lado da Rússia no conflito que a esta foi imposto pelo Ocidente, através de sucessivas provocações, de que a tentativa de integrar a Ucrânia na União Europeia e na NATO foi a gota de água que transbordou de um copo já demasiado cheio.

Se esta análise aderir à realidade, como penso que adere, Portugal está metido num grande sarilho.

A menos que acorde e resolva lançar-se na missão histórica de propor e intermediar a negociação dum novo Tratado de Tordesilhas, em nome da paz, mas sobretudo em nome de uma estratégia win-win, como aquela que no longínquo dia 7 de junho de 1494 os reis na Ibéria souberam pactar, seremos sujeitos a enormes pressões vindas do Oriente e do Ocidente. A minha cabeça está em Portugal, mas uma parte do meu coração vive em Pequim, Xangai e os olfactos primordiais nasceram em Macau.

China Just Sided With Russia Over The Ukraine Conflict
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/27/2015 22:25 -0500

When it comes to the Ukraine proxy war, which started in earnest just about one year ago with the violent coup that overthrew then president Yanukovich and replaced him with a local pro-US oligarch, there has been no ambiguity who the key actors were: on the left, we had the west, personified by the US, the European Union, and NATO in general; while on the right we had Russia. In fact, if there was any confusion, it was about the role of that other "elephant in the room" - China.


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Varoufakis, o novo terror da Alemanha

V for Varoufakis | NEO MAGAZIN ROYALE mit Jan Böhmermann - ZDFneo

The Walking Debt. He's so awesome!


O banco mau do BCE

Maria Luís Albuquerque, ministra das finanças de Portugal

Só num sistema financeiro insolvente e disfuncional é que se cobram taxas aos depósitos e se paga para emprestar! 


E nisto, o governo indígena apenas segue a família de lémures japoneses, americanos e europeus em direção ao precipício.

Portugal reembolsará seis mil milhões de euros ao FMI em Março
Jornal de Negócios, 28 Fevereiro 2015, 00:07 por Lusa

A ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, anunciou hoje que, em Março, Portugal reembolsará seis mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, o que significará “uma redução muito importante nos juros pagos pelo país”.

Esta gente ainda não percebeu:
  1. que a destruição das taxas de juro é uma política deliberada do BCE, imitando nisto as receitas japonesa e amerciana (e não mérito de qualquer ministro indígena—ainda por cima porque quem trata da nossa dívida são os Rothschild);
  2. que a diarreia monetária não passa de uma operação contabilística destinada a limpar as dívidas dos sobre-endividados estados europeus, e dos bancos a que estão ligados de forma simbiótica, expandindo até ao infinito o banco mau que o BCE criou dentro da sua própria barriga. Os bancos centrais não estão a criar dinheiro para a economia, estão a expandir as suas reservas monetárias (monetary base) até ao infinito, e nem sequer com depósitos reais oriundos dos bancos comerciais. O que estes bancos depositam no BCE, no banco mau do BCE, são pilhas e pilhas de títulos de dívida pública impagável, que compram aos governos insolventes do planeta, para receber em troca uma liquidez meramente virtual... até ao dia em que tudo impluda.
Recomendo a este propósito esta notável entrevista que vai ao fundo do buraco negro em que estamos todos metidos, depois de termos andado 43 anos a empurrar os problemas com a barriga e a pensar com os pés. 1972 foi o ano em que se publicou o estudo prospetivo The Limits to Growth—encomendado pelo Clube de Roma e financiado pela Fundação Volkswagen. Lembram-se?

In Search of Solutions – An Interview with Dr. Lacy H. Hunt
Erico Matias Tavares
Sinclair & Co.

[extracts]

Dr. Lacy Hunt: I think that monetary policy at this stage of the game is largely bankrupt. There is certainly nothing that they can do.

[...] I’m only going to defend what is going on in the bond market and the bond market is a very good economic indicator. When bond yields are very low and declining it’s an indication that the same is happening to inflation and that economic activity is weak. The bond yields are not here for any fluke of reason. They are here because business conditions in the US and abroad are quite poor.

[...]

LH: The US central bank, the ECB and the Bank of Japan have greatly expanded their balance sheets, but that’s not printing money. Money is an increase in deposits that are available to households and businesses. US monetary growth today is under 6% in the last 12 months, which is lower than when quantitative easing started. The Bank of Japan has doubled the monetary base in the last two years and yet M2 growth is 3% and a little bit more. The same is true in Europe.

[...]

LH: (...) according to new research by the McKinsey Global Institute, as well as others like the Geneva Group, the world is substantially more levered now than at the time of the failure of Bear Sterns and Lehman. They calculate that public and private debt is now $57 trillion greater than in 2007, or 17 percentage points higher relative to GDP.

[...]
Erico Matias Tavares: It is said that organizations in crisis tend to repeat the same mistakes, only faster and with more intensity. Japan certainly seems to be following down that path with their latest rounds of aggressive quantitative easing.

LH: I think that’s an excellent example. In their panic of 1989 public and private debt was about 400% of GDP, more or less. It’s currently at 650% of GDP. They have greatly increased the indebtedness of the overall economy but the level of nominal GDP is no higher than it was 23 years ago. The results have been very, very poor.

@linkedin, @zerohedge


Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Mau ambiente


Um bom rapaz, um péssimo ministro


O 'ambiente' é um dos grandes castelos da corrupção vigente. Não temos ministro do ambiente, mas um rapaz no falso ministério do ambiente. Não gosto dos verdes-vermelhos do PCP mas, de vez em quando, lá se mexem, depois de picados insistentemente pela blogosfera. Ainda bem!

O que fará a rolha de cortiça, mais conhecido por António Costa, se o deixarem?


Dado o amor súbito do edil da capital pelos yuans de Pequim, é de prever que, com a ajuda dos Salgados e ex-Salgados desta praia desfeita, o testa de ferro que as tríades cor-de-rosa mandaram para a frente do touro, o entremelado Costa, vá prosseguir a fúria barragista, e não mitigá-la, como seria normal num país decente.

As consequências, se o camarada benfiquista dos quatro costados conseguir chegar a São Bento, para a energia em Portugal, seriam óbvias: mais barragens, mais aumentos na eletricidade, mais taxas, mais taxinhas, menos manutenção da infraestutura, menos supervisão, menos defesa dos consumidores, menos estado de direito e muita massinha (por baixo da mesa) para a corja partidária do Bloco Central da Corrupção.

Já agora: seria bom que o PCP e o Bloco se unissem aos ecologistas do parlamento, ao menos nisto, fazendo uma barragem de fogo retórico e iniciativas parlamentares e de cidadania contra o barragismo do Bloco Central da Corrupção.



Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

Ó Senhora Procuradora!

Procuradora Geral da República: Joana Marques Vidal

Corrupção, disse ela


A procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, admitiu esta terça-feira em entrevista à Renascença e ao Público, que existe “uma rede que utiliza o aparelho do Estado e outro tipo de aparelhos da Administração Pública para realizar atos ilícitos”, muitos na área da “corrupção”—Miguel Santos/ Observador
Ó Senhora Procuradora, há quanto tempo vimos escrevendo sobre isto!

Redes, tríades, turmas, lojas e silícios, tudo se manteve, e refinou até, desde que a Revolução dos Cravos prometeu tudo a todos, e o resultado está à vista. É por isso que não podemos votar na corja, na nomenclatura, na casta, em suma, em nada do que está, porque cheira mal e infeta.

70% de abstenção nas próximas eleições é a dose que recomendo para acabar de vez com este regime.

Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação

quinta-feira, fevereiro 26, 2015

Fantasia do Barreiro esconde ilha ferroviária

Portugal: uma ilha ferroviária

A UE não cortou nada. A UE ficou à espera dos projetos do governo... que nunca chegaram!


UE corta €24 milhões em apoios ferroviários que demorou mais de quatro anos a aprovar—Expresso.
Este governo, por atavismo e corrupção (sim, corrupção), está a ponto de transformar Portugal numa ilha ferroviária.

Deitou ao lixo mais de 800 milhões de euros que a UE tinha reservado —comparticipando com 85% dos custos— para Portugal construir a linha ferroviária de bitola europeia entre o Poceirão e Caia, parte da futura e prevista ligação ferroviária de Alta Velocidade, sobre bitola europeia, para passageiros e mercadorias, entre Lisboa, Madrid e o resto da península, aproveitando aquela que já é a segunda maior rede de alta velocidade ferroviária do mundo (depois da China).

O triângulo Lisboa-Madrid-Sevilha representa um universo de 11 milhões de pessoas com um PIB superior a 300 mil milhões de euros.

Prevista em Bruxelas, em Madrid e em Lisboa, prevista em acordos sucessivamente assinados em sucessivas cimeiras ibéricas, a ligação de Portugal à rede europeia interoperável de transportes, está neste momento comprometida pelas decisões desastrosas, para não dizer criminosas, do governo em funções.

Basta olhar para o mapa acima para se perceber uma coisa muito simples: a Espanha está a mudar todas as suas linhas ferroviárias que se dirigem a Portugal: largura entre carris diferente (normas UIC), novo sistema de alimentação elétrica, novo sistema de sinalização, novo sistema de prevenção de acidentes, e material circulante com as características adequadas à nova norma europeia e internacional (UIC). Ou seja, se Portugal não fizer o óbvio e previamente acordado, isto é, aderir aos objetivos da UIC, os comboios portugueses deixarão de poder cruzar a fronteira, e enquanto semelhante enormidade não for corrigida, Portugal será uma ilha ferroviária!

No entanto, este mesmo governo de lémures gastou MIL MILHÕES DE EUROS (ouviram bem?) na imprestável e dispensável RTP.

Porque será que nenhum jornalista faz uma simples pergunta ao Governo: onde estão os projectos de execução de tudo aquilo que têm vindo a propagandear, quer sobre a linha ferroviária Sines-Évora, quer sobre a fantasia do Barreiro?

Portugal poderá transformar-se numa espécie de Berlengas Ferroviárias, por culpa exclusiva deste governo, do lóbi que continua a puxar pelo novo aeroporto da Ota em Alcochete, e do dito Tribunal de Contas, uma das muitas sinecuras partidárias deste regime falido e sem vergonha.

Provavelmente, em menos de uma década, haverá racionamento da gasolina através do preço, continuando-se a favorecer o transporte aéreo por razões óbvias, mas penalizando fortemente o transporte rodoviário alimentado a combustíveis fósseis, e em particular gasolinas e gasóleos. O transporte elétrico e o transporte coletivo serão privilegiados pela via do preço e da fiscalidade.

Se, então, tivermos deixado morrer a ferrovia, a competitividade da economia portuguesa, que já é pouca, cairá a pique. E a sua balança de pagamentos, por via da importação excessivas de gasolinas e gasóleos, nunca mais poderá endireitar-se.

Esperemos pois que este governo emende a mão antes das próximas eleições. Mas se não emendar, pelo menos faça uma coisa: NÃO FAÇA NADA!

Se gostou do que leu apoie a continuidade deste blogue com uma pequena doação