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segunda-feira, novembro 23, 2015

Cavaco desafia PCP e Bloco a fazerem as suas Perestroikas

Inauguração do Centro de Investigação da Fundação Champalimaud. Lisboa, 5 de Outubro de 2010
© 2006-2015 Presidência da República Portuguesa

Faites vos jeux!


Cavaco encarrega António Costa de apresentar solução governativa credível e estável. As seis questões que deverão ser formalmente esclarecidas pelo PS obrigam o PCP e o Bloco de Esquerda a definirem, de uma vez por todas, se estão ou não dispostos a rever algumas das suas opções programáticas e ideais teleológicos.

Curiosamente, Cavaco Silva parece estar a ajudar António Costa a meter o PCP e o Bloco no bolso direito do sobretudo socialista. Vai ser lindo ouvir o que Jerónimo de Sousa, Arménio Carlos, João Oliveira e Catarina Martins (a nova presidenta da junta bloquista) têm para nos dizer, e o que dirão aos seus militantes e eleitores.

Uma semana de balbúrdia dialética digna da maior atenção.

Presidência da República divulga documento entregue ao Secretário-Geral do Partido Socialista 
O Presidente da República recebeu hoje, em audiência, o Secretário-Geral do Partido Socialista, a quem entregou o seguinte documento contendo questões com vista a uma futura solução governativa: 
Face à crise política criada pela aprovação parlamentar da moção de rejeição do programa do XX Governo Constitucional que, nos termos do artigo 195 da Constituição da República Portuguesa, determina a sua demissão, o Presidente da República decidiu, após audição dos partidos políticos representados na Assembleia da República, dos parceiros sociais e de outros agentes económicos, encarregar o Secretário-Geral do Partido Socialista de desenvolver esforços tendo em vista apresentar uma solução governativa estável, duradoura e credível. 
Nesse sentido, o Presidente da República solicitou ao Secretário-Geral do Partido Socialista a clarificação formal de questões que, estando omissas nos documentos, distintos e assimétricos, subscritos entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o Partido Comunista Português e o Partido Ecologista 'Os Verdes', suscitam dúvidas quanto à estabilidade e à durabilidade de um governo minoritário do Partido Socialista, no horizonte temporal da legislatura: 
a) aprovação de moções de confiança;
b) aprovação dos Orçamentos do Estado, em particular o Orçamento para 2016;
c) cumprimento das regras de disciplina orçamental aplicadas a todos os países da Zona Euro e subscritas pelo Estado Português, nomeadamente as que resultam do Pacto de Estabilidade e Crescimento, do Tratado Orçamental, do Mecanismo Europeu de Estabilidade e da participação de Portugal na União Económica e Monetária e na União Bancária;
d) respeito pelos compromissos internacionais de Portugal no âmbito das organizações de defesa colectiva;
e) papel do Conselho Permanente de Concertação Social, dada a relevância do seu contributo para a coesão social e o desenvolvimento do País;
f) estabilidade do sistema financeiro, dado o seu papel fulcral no financiamento da economia portuguesa 
O esclarecimento destas questões é tanto mais decisivo quanto a continuidade de um governo exclusivamente integrado pelo Partido Socialista dependerá do apoio parlamentar das forças partidárias com as quais subscreveu os documentos 'Posição Conjunta sobre situação política' e quanto os desafios da sustentabilidade da recuperação económica, da criação de emprego e da garantia de financiamento do Estado e da economia se manterão ao longo de toda a XIII legislatura.
23.11.2015
Presidência da República

sexta-feira, novembro 06, 2015

Obrigado camarada Cunhal!


PCP salva-se de um salto para o abismo e salva o país de um mais que certo desastre se, porventura, António Costa usurpasse a maioria das últimas eleições


Para Francisco Assis o acordo de esquerda é a parte visível de um icebergue, mas “a parte invisível (deste icebergue) é a mais determinante”. Salvo se, digo eu, o PCP e o Bloco já tivessem passado pelo upgrade ideológico e programático de que desesperadamente precisam para ainda estarem por cá, quer dizer com alguma presença expressiva no parlamento e nas autarquias, em 2020. Não passaram, e não vai ser fácil aos mais novos vencerem as resistências dessa espécie de honestas e dogmáticas testemunhas de Jeová que habitam o lúgubre CC do PCP, ou os esqueletos ideologicamente decrépitos do Bloco, dos pequeno-burgueses maoístas Fazenda e Rosas, ao quadrado trotskista, da estirpe mandeliana, Francisco Louçã.

Os aggiornamentos do PCP e do Bloco precisam de tempo, e de ver reformados os velhos dirigentes. A golpada de António Costa, a que se somou a gula pelo poder que cresceu em e à volta de Catarina Martins, precipitaram os acontecimentos numa direção que poderá revelar-se fatal para o esperado e necessário renascimento do que resta das seitas marxistas-leninistas e trotskistas europeias.

Acontece que Arménio Carlos percebeu a armadilha e reagiu forte e feio. Nada mais do que uma manifestação-cerco da Assembleia da República no dia da votação das anunciadas moções de censura, e uma greve de estivadores durante dez dias, nos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, a partir de 14 de novembro. Ou seja, os nichos de mercado do PCP (sindicatos, autarquias e grupo parlamentar) não podem morrer nos braços do PS, um partido que como todos sabem e os comunistas nunca se cansaram de repetir, sempre esteve com as 'políticas de direita'.

Jerónimo de Sousa:
“a vida tem demonstrado que o PS, em minoria ou em maioria absoluta, sempre, mas sempre, ao longo destes 39 anos, fez uma opção - a política de direita - e a verdade é que os portugueses têm prova de facto, incluindo neste programa eleitoral [do PS]”, que, segundo o deputado do PCP, só se diferencia da coligação PSD/CDS-PP no “ritmo, modo ou grau” de austeridade — in Económico com Lusa, 1 set 2015.

O PCP recusa-se, portanto, a firmar acordos escritos com o PS. Ou seja, não há acordo que chegue para convencer Cavaco. E assim sendo só vejo uma saída para António Costa: ouvir Francisco Assis, anunciar este domingo que não há acordo para uma alternativa ao governo dos partidos que ganharam as eleições de 4 de outubro, e demitir-se imediatamente.

É que os danos que já causou ao país e ao PS são intoleráveis!

segunda-feira, outubro 26, 2015

Governo de gestão, sim, ou não?

Aníbal Cavaco Silva
Foto: Daniel Rocha @ Público

Para já, o bluff da esquerda ainda não terminou


Legislativas 2015
Eleitores inscritos: 9.682.553
Votaram: 5.408.805 (55,85% dos eleitores)
Abstiveram-se: 4.273.748 (44,14 % dos eleitores)
Votos brancos e nulos: 202.395
Não votaram numa putativa coligação PS+BE+PCP: 2.664.160 + 4.273.748 = 6.937.908 (71,65%)

O parlamento poderá chumbar o programa do governo que lhe será submetido pelo indigitado primeiro-ministro, líder do partido mais votado nas eleições de 4 de outubro, e líder da coligação de centro-direita PàF. Mas até que tal ocorra, se ocorrer, nenhum líder partidário poderá presumir que todos os votos dos deputados são propriedade sua. Retirar aos deputados eleitos a liberdade de consciência e de voto é completamente inconstitucional, e mais do que isso, um completo escárnio sobre a essência do processo democrático. No limite, o Tribunal Constitucional deveria ser chamado a pronunciar-se sobre a violação que constitui esta chamada e indecorosa 'disciplina de voto', própria de um regime de caciques, e não de uma democracia.

Mas pior, obrigar os deputados de um regime que mal consegue mobilizar metade dos seus eleitores a votarem antecipadamente contra um programa de governo que ainda não conhecem, em nome de um acordo de coligação alternativo que também não conhecem, porque não existe, nem se sabe se e quando virá a existir, além de uma aberração democrática sem nome, configura algo muito próximo de um golpe de estado parlamentar. Uma maioria negativa de partidos, sem acordo nem programa de governo conhecidos, propõe-se derrubar uma coligação conhecida e que ganhou as eleições, sejam quais forem as cedências que esta maioria relativa estiver disposta a fazer no decurso da apresentação e discussão do seu programa de governo.

É por este lamentável estado de coisas que o presidente da república decidiu como decidiu.

Não só indigitou, como lhe competia, Pedro Passos Coelho para formar governo, como anunciou Urbi et Orbi que não daria posse a um saco de gatos cor-de-rosa e vermelhos, dispondo-se mesmo a deixar em funções de gestão um eventual governo chumbado pela coligação espontânea da esquerda e extrema esquerda parlamentar, até que novas eleições esclareçam a crise política criada pelo derrotado líder do Partido Socialista, António Costa. A primeira decisão do próximo presidente da república será convocar estas eleições!

Ao contrário do que o ruído oportunista começou a propagar no éter mediático, um governo de gestão tem ampla margem de manobra executiva, e servirá ainda e sobretudo para confrontar a putativa maioria de esquerda com as suas responsabilidades, dia a dia, hora a hora, minuto e minuto. Situações como as que vamos tendo conhecimento na TAP, no Novo Banco, no BCP, Banif, etc., impor-se-ão a toda a classe política como dilemas inadiáveis.

Governos de gestão têm sido um hábito na nossa vida democrática... e a sua capacidade de ação é bem mais lata do que parece. Exemplo: “o governo de gestão de António Guterres aprovou mais de 50 decretos-lei,...” (Aventar e Luís Costa Dias).

Além do mais, o bluff de António Costa ainda não terminou, e nem o Bloco, nem o PCP estão neste momento preparados para governar. Se governassem, o resultado seria desastroso para todos nós, mas também e em primeira instância para a esperada e necessária reconversão cultural da esquerda à esquerda do PS.

Por fim, a incontinência verbal de Marcelo Rebelo de Sousa poderá acabar com a sua candidatura presidencial mais cedo do que alguma vez imaginei.

segunda-feira, outubro 12, 2015

Costa concórdia II

António Costa
Foto @ José Sérgio/ Sol

Tsipras à portuguesa? A avaliar pelo andar da carruagem, é bem possível que sim!


Última hora: coligação sem governo; governo PS-Bloco-PCP a caminho

Presidente do BCE elogia Grécia 
«Muitas coisas assumiram um rumo melhor nos últimos tempos e isso deve-se ao primeiro-ministro grego, ao Governo grego e ao povo grego. Creio que é do interesse de todos que a atenção se centre a partir de agora na aplicação rápida das medidas que foram acertadas em conjunto, de acordo com os prazos previstos», disse o responsável italiano, numa entrevista a ser publicada este domingo no jornal grego Katherimini. 
— in Expresso, 10.10.2015 às 20h23 


A Alemanha está cada vez mais virada para a Eurásia e a Nova Rota da Seda sino-russa e, por outro lado, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido se preparam para enfraquecer ainda mais a União Europeia, Berlim não pode suportar mais, por si só, os custos de uma integração europeia atolada em dívidas, crescimento a caminho de zero e uma demografia cada vez mais envelhecida e improdutiva.

O eixo Paris-Berlim poderá ter assim os dias contados, sobretudo se Marine Le Pen continuar a progredir sob o impacto da instabilidade plantada pelos Estados Unidos no Médio Oriente, no leste da Europa e no Mediterrâneo, e as velhas esquerdas de Portugal, Espanha e Grécia conseguirem atravessar com êxito as metamorfoses ideológicas que já iniciaram. Não creio que Washington coloque quaisquer reservas à emergência de governos de esquerda nestes três países. E se assim for, o PàF e Cavaco Silva passarão rapidamente à história.

O escândalo da Volkswagen, que não por acaso rebentou nos Estados Unidos, abriu uma cratera na credibilidade alemã e começou a destapar o buraco negro do seu sistema financeiro.

Só o Deutsche Bank tem uma exposição aos contratos de derivados financeiros na ordem dos 54,7 biliões de euros (54,7x10E12), isto é, 19x o PIB da Alemanha! Para termos uma ideia ainda mais dramática do problema, basta pensar que o PIB mundial em 2014 andou pelos 68 biliões de euros.

A fraude ambiental da Volkswagen pode, pois, ter sido o cisne negro que levou o sistema financeiro global —e portanto o capitalismo como o conhecemos— a dar mais um forte sinal de que caminha rapidamente em direção ao colapso, que alguns já chamam pós-capitalismo. Para já, o que se vislumbra no horizonte mais próximo é o esgotamento da capacidade económico-financeira alemã de impor condições ao resto da União Europeia.

Nesta conjuntura, que à escala global é de agravamento das tensões entre o Oriente e Ocidente, mas sobretudo de avanço estratégico da China no Grande Jogo da Eurásia (que, como sabemos, vai de Lisboa e Vladivostok), os graus de liberdade dos países do sul da Europa, apesar das suas crises de endividamento soberano, poderão aumentar contra todas as expetativas.

É neste quadro que a renovação da esquerda se joga, e o futuro da direita que temos, também.

Para ajudar a compreender porque motivo o impensável se poderá realizar em breve, junto alguns artigos recentes que permitem perceber as mudanças rápidas que estão em curso


Central bank cavalry can no longer save the world 
LIMA (Reuters) - In 2008 central banks, led by the Federal Reserve, rode to the rescue of the global financial system. Seven years on and trillions of dollars later they no longer have the answers and may even represent a major risk for the global economy.
[…]
"Central banks have described their actions as 'buying time' for governments to finally resolve the crisis... But time is wearing on, and (bond) purchases have had their price," the report said.
[…]
Reuters calculates that central banks in those four countries alone have spent around $7 trillion in bond purchases.
The flow of easy money has inflated asset prices like stocks and housing in many countries even as they failed to stimulate economic growth. With growth estimates trending lower and easy money increasing company leverage, the specter of a debt trap is now haunting advanced economies, the Group of Thirty said. 
— in Reuters, Sat Oct 10, 2015 | 3:34 PM EDT, By David Chance
The Endgame Takes Shape: "Banning Capitalism And Bypassing Capital Markets" 
We believe that the path of least resistance would be to effectively ban capitalism and by-pass banking and capital markets altogether. We gave this policy change several names (such as “Cuba alternative”, “British Leyland”) but the essence of the new form of QE would be using central banks and public instrumentalities to directly inject “heroin into blood stream” rather than relying on system of incentives to drive investor behaviour. 
Instead of capital markets, it would be governments that would decide on capital allocation, its direction and cost (hence reference to British Leyland and policies of the 1960s). It could involve a variety of policy tools, with wholesome titles (i.e. “Giving the economy a competitive edge”, “Helping hard working American families” or indeed recent ideas from the British Labour party of “People’s QE”). Who can possibly object to helping hard working families or improving productivity? 
However as the title of our previous note suggested (“Back to the Future”), most of these policies have already been tried before (such as Britain in the 1960-70s or China over the last 15 years) and they ultimately led to lower ROE and ROIC as well as either stagflationary or deflationary outcomes. Whilst the proponents of new attempts of steering capital could argue that we have learned from the lessons of the past and economists would start debating “multiplier effects” and “private-public partnerships”, the essence of these policies remain the same (i.e. forcing re-allocation of capital, outside normal capital market norms), and could include various policies, such as: 
—Central banks directly funding expansion of fiscal spending;
—Central banks and public instrumentalities funding direct investment in soft (R&D, education) and hard (i.e. infrastructure) projects; and
—Outright nationalization of various capital activities (such as mortgages, student loans, SME financing, picking industry winners etc). 
Whilst, these policies would ultimately further misallocate resources, they could initially result in a significant boost to nominal GDP and given that capital markets are now populated by highly leveraged financial instruments, the impact on various financial asset classes would be immediate and considerable. In other words, neither China nor Eurozone need to spend one dime for copper prices to potentially surge 30%+. 
Are we close to such a dramatic shift in government and CB policies? 
We maintain our view that for CBs to accept this new form of QE, we need to have two key prerequisites: 
Undisputed evidence that it is needed. The combination of a major accident in several asset classes and/or sharp global slowdown would be sufficient; and there has to be academic evidence (hopefully supported by sophisticated algebra and calculus) that there are alternatives to traditional QEs. 
At the current juncture, none of these conditions are satisfied. However, we maintain that as investors progress through 2016-17, there is a very high probability that both conditions would fall into place.
— in Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 10/10/2015 19:44 -0400

Why Are The IMF, The UN, The BIS And Citibank All Warning That An Economic Crisis Could Be Imminent? 
— in The Economic Collapse, By Michael Snyder, on October 8th, 2015
The Final Crescendo Of Cognitive DollarDissonance And The Remonetisation Of Gold 
There is good reason to believe that what is already underway is going to be more severe than 2008-09. This time around, interest rates are already at zero, or outright negative. QE has failed. Confidence in economic officials’ general ability to restore healthy, sustainable growth has weakened considerably. Indeed, at a recent roundtable event at Chatham House I attended, multiple prominent international economists suggested that with ‘conventional QE’ having failed, the next logical arrow in the monetary policy quiver is that of direct money injections into corporations or households, in effect a Friedmanesque ‘Helicopter Drop’ of money. This conversation would not be taking place at all were the macroeconomic outlook not so poor. 
— in The Amphora Report, Vol.6, 8 October 2015

terça-feira, setembro 15, 2015

Blowjobs Not Allowed @ Ávante! Fest


Um broche, entre dois homens? Isso não é marxista!


Festa do “Avante!”: Uma das seis alegadas vítimas “estava a praticar sexo oral”, diz o PCP

Expresso, 14.09.2015 às 13h50

Segundo os comunistas, “a afirmação e sustentação da intervenção dos serviços de apoio da Festa do ‘Avante!’ porque duas pessoas do mesmo sexo se teriam beijado é, tão falsa, quanto ridícula. A verdadeira razão do incidente que conduziu à saída das pessoas do recinto da Festa teve origem num acto de sexo oral em pleno espaço”, refere o comunicado.
Eu se fosse um jovem desempoeirado, ou uma jovem desempoeirada do PCP mudava-me para o Bloco de Esquerda. Além de permitirem os charros, não atacam os gays e as lésbicas no decorrer dum ato amoroso.

Esta síndroma da velha esquerda tem um nome: BROCIALISM. É uma espécie de Complexo de Édipo mal resolvido. A consequência deste atraso cultural, que atinge a maioria das famílias socialistas, comunistas e anarquistas, permanece um dos escolhos mais espinhosos à sua capacidade de atrair os mais jovens e as mais jovens. Também aqui os liberais democratas e até a direita tradicional estão mais adiantados.

Eu tenho um fascínio pela evolução recente do Bloco de Esquerda. Porquê, perguntarão. Porque mudaram de agenda ideológica? Não? Porque deixaram de ser populistas? Não. Porque tencionam ser governo nos próximos anos? Não. Então porquê? Por isto:
  • porque há muito perceberam que sem a proximidade dos jovens e sobretudo das jovens que hoje ocupam cada vez mais lugares na administração do mundo, o pobre Trotsky morreria de vez;
  • e porque, recentemente, pela primeira vez, um partido político com assento parlamentar é dirigido por mulheres, por duas jovens sedutoras mulheres. Fisicamente sedutoras, intelectualmente sedutoras. O olhar maroto com que Catarina Martins destruiu o sapo Costa e as suas aldrabices mal amanhadas e mal representadas, demonstrando que o PS, se for governo, tenciona infligir um rombo de 1.660 milhões de euros às pensões, só poderia ter sido tão fulminante quanto foi, porque a disciplina analítica e a perspicácia de Mariana Mortágua fez o necessário trabalho de casa.
Ora bem, o PCP precisa deste tipo de energia, em vez de perpetuar uma cultura machista, na qual as mulheres vão sempre um passo atrás, e a libertinagem amorosa não tem lugar. No Partido Socialista, apesar da corrida desesperada de Isabel Moreira, o cinzentismo machista é idêntico.

Mais do que a gramática da economia e da política pura, é a este critério cultural que atribuo a maior importância na hora de avaliar o potencial histórico da ação democrática.

A liberdade não é negociável, nem deve ser adiada sob nenhum pretexto, por mais pragmático que seja.

segunda-feira, julho 13, 2015

No Grexit. Zona euro soma e segue

Este gráfico precisa de correção

Grécia—1, Alemanha—0 (já o tínhamos escrito...)


Quer queiramos, quer não, Alexis Tsipras está de parabéns. Evitou o Grexit e travou a nova arrogância alemã. Soube usar os dois pés da Grécia: o pé romano e o pé grego (hoje, a aliança atlântica e o novo eixo Moscovo-Pequim). Nós avisámos o senhor Schäuble: quem não tem dinheiro, não tem vícios! 

Flash Grexit (ou a mini quarentana)

Na realidade, a Grécia esteve fora do euro durante mais de duas semanas e regressará lentamente a esta união monetária ao longo dos próximos meses. Há quem diga que a normalização do sistema bancário grego poderá levar mais de dois anos. De algum modo, esta foi a pequena-grande vitória de Schäuble, e os seus efeitos catastróficos na sociedade grega funcionarão certamente como um último aviso: ou as elites gregas ganham juízo, ou da próxima vez, tudo será mais expedito e resoluto. Ironia, a que já nos habituámos, da história: coube e caberá a um ex-comunista e a um governo de esquerda radical levar a cabo esta complicada e dolorosa metamorfose. Uma lição para os esqueletos da esquerda e da extrema esquerda indígena que aturamos há décadas no nosso dispendioso e insuportavelmente populista parlamento.

Consequências em Espanha e Portugal

Uma vez analisadas em pormenor as medidas de austeridade acrescida que a Grécia irá adotar, os governos em funções e abraços com programas de resgate apressar-se-ão, por um lado, a demonstrar, com razão, que parte do desenho e dos pacotes de austeridade é, por assim dizer, inevitável. E por outro, irão certamente exigir alterações nos seus próprios programas de austeridade—cortesia do Syriza! Quando ao PS, ao Podemos e ao Bloco, já estarão neste momento a esgotar o stock de bicarbonato de sódio existente nas pharmacias, tal a indigestão causada pelos sapos que as suas retóricas populistas começaram a engolir e terão ainda que engolir até às eleições.

“We fought to get the best result. We gave a chance for the country to stand on its own two feet” (Alexis Tsipras, 13/7/2015) —in Politico

Schaeuble and others seemed to favour a “Grexit”, another participant said. The European Central Bank’s Draghi seemed “the strongest European” in the room, most opposed to the risky experiment of cutting Greece loose and braving Schaeuble’s ire by interrupting him during a discussion on Athens’ debt burden — in The Latest Out Of Europe: “Pretty Steady Level Of Shittiness”, Zero Hedge, 07/12/2015 20:30 -0400
... 
The Greek parliament now has to approve four laws by Wednesday at the latest, to set in motion the so-called prior actions. Those include reforms of the pension system, raising the VAT rate, reforming the labor and products markets, and changing the current format of the country’s statistical office.

Those include measures that were on the table before last week’s referendum, such as privatizing the country’s energy market and modernizing the labor market — Vince Chadwick 30 minutes ago, WHAT HAPPENS NOW?, Politico, 13/7/2015 09:55.


By contrast, Greek Finance Euclid Tsakalotos, appointed last week in place of the often provocative Yanis Varoufakis, seemed calm and expressed a willingness to take steps to convince creditors Athens could be trusted to implement budget and economic reform measures to unlock tens of billions of euros.

At one point a fellow minister turned to Tsakalotos and told him to ignore the rows raging around him: “Don’t worry Euclid,” he said. “It’s not your problem any more, it’s theirs.”

...

in Berlin and Paris, officials have played down differences in tone on Greece, stressing that Merkel and Hollande must sell their decisions to different national constituencies — in The Latest Out Of Europe: “Pretty Steady Level Of Shittiness”, Zero Hedge, 07/12/2015 20:30 -0400

terça-feira, abril 28, 2015

O regresso da sensatez

Albert Rivera, líder do Movimento Ciudadanos

Se os novos partidos não arrancam, é preciso renovar os velhos!


Espanha dividida em quatro (fim do bipartidarismo à vista)

PP: 22%
PSOE: 21%
Ciudadanos: 19,4% (subiu mais de 14 pp desde janeiro)
Podemos: 17,9% (caiu 10 pp desde janeiro)

(sondagem da Cadena Ser/Myword, de abril 2015)

Ciudadanos, a alternativa viável e sensata para transformar Espanha.

Também em Portugal esperamos por um partido sensato que proponha uma alternativa de mudança viável no país. Um partido que, como o Ciudadanos, atraia gente nova e competente, nomeadamente nas áreas financeira, económica, social e cultural.

Precisamos de mudar a geração que está no poder há quarenta anos, que não quer sair, como Salazar não queria, e que se tornou um lastro insuportável de iniquidade, corrupção e falta de ideias que ajudem Portugal a sair do buraco e renascer.

É natural que os mais velhos que não se revêm nem contribuíram para o descalabro, desiludidos com as perversões que arruinaram a nossa democracia, queiram lançar novos movimentos e partidos para alterar o lamentável estado das coisas em Portugal. Mas se querem ter êxito, o primeiro que devem procurar é atrair os mais jovens, e dar voz e protagonismo aos melhores dos mais jovens no esforço hercúleo necessário para travar o declínio acelerado do nosso país, e relançar a esperança.

Foi isso que fez o Ciudadanos, uma alternativa criativa, jovem e sensata ao oportunismo terceiro-mundista do Podemos.

Em janeiro deste ano, o partido nascido na Catalunha em 2006, liderado por Albert Rivas, contava apenas com intenções de voto entre 5 e 8%. Em fevereiro já ultrapassava os 12%, e este mês superou a casa dos 19%. Uma subida, pois, fulgurante, que tem beneficiado da queda de popularidade do Podemos, cujo radicalismo populista e terceiro-mundista, somado aos escândalos que começaram a rebentar no interior da organização, e à impotência crescente revelada pelo Syriza uma vez chegado ao poder, acabará por atirar este movimento 'revolucionário' para o colo do PSOE se, entretanto, não começar a desagregar-se sob o impacto de dissidências ideológicas internas, muito típicas neste género de formações pequeno-burguesas.

Em Portugal, que fazer?

Do que se vislumbra na paisagem eleitoral, percebemos que os partidos tradicionais mantêm as suas posições relativas, apesar de uma pré-bancarrota e de quatro anos de brutal austeridade. Os novos partidos, em geral formados por iniciativa de cidadãos reformados ou à beira da reforma, com muita vontade de recuperar o tempo perdido, não perceberam ainda que a falta de juventude nas suas fileiras é uma limitação fatal.

O Nós, Cidadãos, em Portugal, o Ciudadanos, em Espanha, e o MODEM, em França, poderão dar um contributo decisivo ao renascimento equilibrado da Política na Europa. Tudo dependerá da consistência e maturidade das suas teses, e dos exemplos práticos que forem dando à medida que assumirem posições de poder. No caso específico do Nós, Cidadãos, ou procuram o elixir da longa vida na ligação natural às gerações mais jovens —de economistas, sociólogos, antropólogos, urbanistas, artistas, advogados, comerciantes, empresários, estudantes, professores, etc.— ou terão crescentes dificuldades de afirmação. Uma relacionamento público mais evidente com as organizações gémeas espanhola e francesa daria certamente um empurrão. Aguardemos pela legalização do movimento, para ver no que dá.

Em Portugal, a presença das esquerdas de origem marxista no parlamento e à frente de municípios, confunde-se com a idade do regime. Talvez por isso os portugueses tivessem aprendido a serem mais pragmáticos no escrutínio das forças políticas, relativamente às quais aprenderam a distinguir a retórica ideológica dos comportamentos no terreno. Talvez por isso qualquer nova formação ou movimento que se apoie no ruído da propaganda ideológica e na exploração da ansiedade dos mais fracos ou atingidos pela crise, sem demonstrar consistência e razoabilidade nas propostas concretas que apresenta, tenha os dias contados. Talvez por esta circunstância, em suma, certamente única na Europa, haja mais lugar para um renascimento partidário a partir do interior dos partidos existentes, do que propriamente uma revolução na paisagem partidária.

Há sinais deste aggiornamento no PSD (com Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Paulo Macedo, Rui Moreira da Silva, Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro, etc.) Tudo indicaria que os sinais de juventude introduzidos no Partido Socialista por José Sócrates não acabariam por ter o fim triste que parece anunciar-se no horizonte, como se a derrocada pessoal do líder arrastasse para o mesmo precipício todo o rebanho de jovens turcos do partido. No CDS/PP, tudo permanece ainda debaixo da asa frenética de Paulo Portas. No PCP a mudança vai a passo de caracol. E no Bloco, por fim, depois da quase implosão deste pequeno movimento, que goza, no entanto, de uma ampla caixa de ressonância mediática (ainda bem!), há sinais de mudança muito estimulantes, assim a maturidade de um dos seus mais jovens elementos, Mariana Mortágua —uma verdadeira estrela política— faça o seu caminho e estabeleça novos paradigmas de pragmática e praxis numa minúscula seita atolada nas aporias dos herdeiros degenerados do marxismo.


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domingo, abril 26, 2015

Selfie do PS

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Uma imagem vale mil palavras


Sem reconhecer a escândalo deste quadro, sem rejeitar este modelo de traição económica, sem exigir uma reversão desta privatização selvagem dos nossos recursos, sem questionar os responsáveis por esta alienação estratégica do país, os exercícios intelectuais populistas do PS e dos seus falsos sábios não passa de demagogia eleitoralista barata.

Como esta selfie exibe claramente, o PS é, de longe, o principal responsável pela proliferação do cancro da corrupção em Portugal e, pior ainda, pela ruína do país, em nome da sobrevivência, dos privilégios e do enriquecimento de uma elite partidária totalmente parasitária.

Situando-se o PS na banda esquerda do parlamento, terá a outra esquerda que nos explicar claramente o que pensa deste retrato. E mais: terá que nos explicar que faria concretamente de diferente se fosse governo.


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segunda-feira, março 02, 2015

Colapso do sistema e experimentalismo radical

Ordem de confisco do ouro nos Estados Unidos, 1933

A Esquerda ou se radicaliza ou morre com o sistema que ajudou a criar


Não é a ideologia que está a entalar a social-democracia, porque esta sempre a soube moldar às suas necessidades de poder. É a realidade.

Foi a realidade que empurrou o neoliberalismo e o neoconservadorismo para o mais ilusório e radical keynesianismo de que há memória. Daí estarem os governos ocidentais —democratas, republicanos, social-democratas, liberais, conservadores, etc.— a transformar os seus países em atoleiros de autoritarismo político e capitalismo de estado, não conseguindo nem assim e apesar de todo o ilusionimso financeiro promovido pelos bancos centrais, travar a implosão quer dos estados sociais europeus do pós-guerra, quer das sociedades de consumo inauguradas com o baby boom americano. Daí, portanto, a impossibilidade de distinguir o senhor António Costa, do senhor Pedro Passos Coelho, ou Paulo Portas. Votar em qualquer destas criatuas, e nos partidos de que são líderes, é uma pura perda de tempo.

A economia dos Estados Unidos não cresce o suficiente para escapar à estagnação e à deflação, e volta a resvalar rapidamente para um novo colapso financeiro—sob a pressão da sua dívida astronómica e das bolhas com que têm tentado, uma vez mais, esconder o grande risco que correm. O rebentamento de qualquer das bolhas críticas atuais —subprime estudantil, subprime automóvel, ou Wall Street— poderá acontecer em breve, e terá consequências planetárias imediatas.

Neste contexto institucional bloqueado, em que as esquerdas tradicionais, que vão da social-democracia até aos partidos que, como o PCP e o Bloco, formam parte ativa da máquina do endividamento sistémico, e declaradamente pertencem a uma nomenclatura política e burocrática cada vez mais contestada, que margem de sedução sobra à esquerda? A estas esquerdas?

Eu diria que só mesmo experimentando soluções desesperadas —como aquelas que o Syriza e o Podemos têm protagonizado— estariam em condições de renovar os laços perdidos com as suas bases sociais e culturais de apoio. Mas, como temos visto, é bem mais provável assistirmos ao colapso paulatino destes cadáveres esquisitos do marxismo, e ao aparecimento de novos movimentos radicais ecléticos, do que a metamorfoses no interior de agrupamentos minados até à medula pela esclerose intelectual, compromissos espúrios e histórias inconfessáveis.

À direita, o desejo de experimentalismo também cresce, obviamente. E onde as novas esquerdas radicais-ecléticas e radicais não avançarem, será uma nova direita radical-eclética a fazê.lo, como temos visto em França


EXCURSO

O artigo do José Manuel Fernandes —Os problemas de Costa não estão nos seus primeiros 100 dias. Estão nos próximos 200— faz um bom diagnóstico da espuma em que o curtido Costa flutua e onde irá necessariamente afogar-se. Não é o antigo ministro de Sócrates que declara que temos que nos habituar às enxurradas?


Bill Gross: "Central Banks Have Gone Too Far In Their Misguided Efforts To Support Economic Growth"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/02/2015 08:21 -0500


Em síntese o que diz este artigo:
  1. que há uma guerra cambial, envolvendo as princiais moedas do planeta: dólar, iéne, euro e yuan;
  2. que os mesmos países envolvidos na guerra cambial também praticam agressivamente a desvalorização competitiva das suas moedas;
  3. que a rentabilidade negativa (negative yiels) dos títulos e obrigações soberanas —2 biliões de dólares, só nos EUA— ameaçam a poupança e o investimnto financeiro;
  4. que a destruição das taxas de juro mata os modelos de negócio financeiro e é crítica para o funcionamento das economias modernas. Os fundos de pensões e as seguradoras são as principais vítimas desta forma duvidosa de prolongar a vida de estados obesos e burocracias parasitárias;
  5. que juros a taxas zero/negativas estimulam a poupança, retraem o consumo, e prejudicam qualquer crescimento significativo das economias;
  6. que os bancos centrais continuam a ir longe demais nos seus esforços mal orientados de reanimar as economias.


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quarta-feira, dezembro 17, 2014

PCP, mais um DDT destinado a falir

O PCP é tão responsável pela falência do país quanto o PS e o Bloco Central


PCP afirma que se governo abandonar privatização "não há greve” na TAP


O parlamentar comunista lembrou que "comer e calar nunca foi boa solução"

O deputado do PCP Bruno Dias defendeu hoje que se o Governo abandonar o projecto de privatização da TAP "não há greve" na empresa, deplorando as "pressões, chantagens e provocações aos trabalhadores".

"Já chega de pressões, chantagens e provocações aos trabalhadores e aquilo que é preciso fazer, se o Governo não quer que haja greves, é ouvir os trabalhadores, mas ouvir e agir de forma responsável, travar a privatização. Se não há privatização, não há greve, é isto que está em cima da mesa", afirmou, no Parlamento.

Jornal i, 16 Dez 2014 - 17:56

Esta declaração do PCP prova bem a ideia que estes estalinistas de papelão têm da democracia!

Infelizmente só privatizando se poderá recuperar as empresas públicas que o PCP ajudou a destruir alegremente com esta mania de que é proprietária dos trabalhadores portugueses, mandando fazer greves como quem come perdizes na Assembleia da República, prejudicando com pontualidade e várias vezes ao ano milhões de utentes dos transportes públicos que os deputados do PCP, como o resto da corja partidária, não precisa de usar e não usa.


quinta-feira, dezembro 11, 2014

BES: quem pergunta e quem dispara ao lado?

Ricardo Salgado na Assembleia da República.
Foto@Sol

O Espírito Santo vai nu, e parte do parlamento também!


Infelizmente os 'socialistas' no poder tornaram-se uma casta corrompida pelo dinheiro.

No inquérito aos piratas do BES que neste momento decorre no parlamento, o PS e o PCP têm atacado o Governador do Banco de Portugal, cujo papel, todos sabemos, oscilou entre obedecer à nomenclatura do regime enquanto lhe foi possível, e cumprir expeditamente e in extremis as ordens dos credores de Bruxelas e sobretudo do Banco Central Europeu, quando estas chegaram.

Ricardo Salgado correu Meca e seca, até convocou um Conselho de Estado, mas de nada lhe serviu. A resolução estava tomada, e disso mesmo deu conta o PM a quem o quis ouvir. Na realidade, depois do que acontecera em Chipre, e com o BPN, o que nem Pedro Passos Coelho, nem a Comissão Europeia e BCE queriam era outro resgate bancário com uma fatura passada exclusivamente aos contribuintes, obrigacionistas e depositantes distraídos e/ou aventureiros.

A 'esquerda', pelo que se vai percebendo, teria preferido cair outra vez em cima dos pobres indígenas lusitanos, por exemplo, nacionalizando mais um banco falido e cravejado de dívidas, imparidades e buracos negros de especulação, atirando depois as culpas do assalto fiscal ao governo e aos grandes capitalistas (onde estão eles?) pelo sucedido.

É o que dá termos tido até hoje um regime populista dominado por uma simbiose entre as castas partidária e corporativa alimentadas pela famosa banca portuguesa que, como vemos, se esvaiu no exercício e, sobretudo, na sua crassa ignorância económico-financeira e incorrigível ganância e soberba.

Boa parte dos banqueiros do regime sabiam sacar rendas e angariar negócios sem risco junto do neocorporativismo instalado (de direita e de esquerda, empresarial, partidário e sindical), distribuindo 10 a 15% das negras margens, sob a forma de comissões, aos facilitadores. Não sabiam inovar, nem competir. Mas deram emprego ao pessoal do Bloco Central da Corrupção durante décadas. Até que tudo isto entrou num processo irreversível de bancarrota.




As perguntas do PS, PCP e CDS/PP não são assertivas. Porque será?

Os deputados do PS, PCP e CDS-PP fazem festinhas a Ricardo do Espírito Santo Silva Salgado, e colocam sintomaticamente a tónica da inquirição nas responsabilidades do Banco de Portugal, de outros organismos de regulação financeira, e no governo, como se, como bem disse a Mariana Mortágua, mas não no sentido em que o disse, Ricardo Salgado e o BES fossem as vítimas disto tudo!

Os deputados do PSD, partido maioritário do governo, têm-se portado bem no inquérito da década. Et pour cause — pois foi o atual primeiro ministro que, sob instruções claras do BCE e de Bruxelas, recusou liminarmente salvar os piratas do BES com mais dívida pública! Por outro lado, o fim do BES e do BPN são excelentes notícias num país que, embora falido por piratas, quer sair do buraco e reformar a sua democracia.

O CDS, um partido com várias trapalhadas de corrupção nas mãos da Justiça, e uma ligação muito perigosa ao BES, dá uma no cravo e outra na ferradura. Compreende-se!

Infelizmente, boa parte da 'esquerda' mundial tornou-se uma coisa oportunista, corrupta, burocrática, semi-religiosa e reacionária, acantonada nos sucessivos traumas da sua história, e basicamente com medo do futuro. Esta 'esquerda', que precisa de uma nova racionalidade e de novas ferramentas analíticas, em vez de litanias que já ninguém ouve, para compreender o mundo e ajudar a transformá-lo, precisa também de libertar-se dos donos que já não a servem, mas que dela se servem, com a mesma arrogância que temos visto no semblante de Ricardo Salgado. Fizeram asneiras tremendas, mas continuam cheios de si!

Mariana Mortágua

As mais acutilantes e bem preparadas linhas de interrogação desenvolvidas ao longo do inquérito parlamentar em curso têm a assinatura de uma jovem economista do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, filha do lendário Camilo Mortágua. O pai deve estar orgulhoso, e tem boas razões para estar.

Que pena ser do Bloco de Esquerda! Ou talvez não...

Com sorte, ainda veremos a brigada do reumático estalinista-maoista-trotskista, que tem vindo a pulverizar alegremente o Bloco, ser varrida pela enxurrada que está a mudar este regime.

O BE poderia tornar-se rapidamente um partido muito útil à nossa exangue democracia, se ganhasse o juízo que infelizmente os fundadores há muito perderam.

O blogue de Mariana Mortágua —DISTO TUDO— criado expressamente para explicar a complexidade do inquérito ao BES, é um magnífico sinal de que podemos ter esperança no futuro.

Que venha a Geração Milénio, que venham as mulheres tomar conta disto tudo!


ÚLTIMA HORA

O Banco Espírito Santo aprovou em Março deste ano um donativo de 11 mil euros para a realização da Festa do Avante!, avança a edição do jornal Público desta quinta-feira. O PCP já veio negar ter recebido qualquer verba do banco, mas um documento interno do banco revela o contrário.

O Público teve acesso a um documento do Departamento de Municípios e Institucionais do BES, datado de 24 de Março, no qual se pode ler: O PCP “solicita que o BES mantenha o apoio à realização da Festa do Avante (que ocorre este ano nos dias 5, 6 e 7 de Setembro) nomeadamente [com um] donativo no valor de 11 mil euros”.
Sol
Percebe-se agora melhor porque é que o Jerónimo de Sousa prefere atacar o Banco de Portugal a interrogar como deve ser o BES?

sexta-feira, novembro 07, 2014

Toma Jerónimo!


O Fundo de Resolução é a machadada final na aliança entre os rendeiros indígenas e a partidocracia que rebentou o país. Ulrich recebeu os depósitos do es-BES, mas também vai receber a fatura


Ulrich: "Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização" do BES
Jornal de Negócios, 07 Novembro 2014, 08:36

O banqueiro avisou que os bancos podem vir a recorrer à justiça se o prejuízo com o resgate ao BES for elevado. "Provavelmente, se o problema for muito grande, os bancos não têm outro remédio senão litigar com o Estado e o Banco de Portugal".

O BES deveria ter sido nacionalizado quando foi resgatado por 4,9 mil milhões de euros. O Governo português devia ter escolhido esta via para o Banco Espírito Santo devido a ser a mais segura para a banca nacional por não implicar riscos de prejuízos, defende o presidente executivo do BPI.
Na realidade, o que o aflito do BPI está a dizer é simples: nacionalizando o BES, a fatura dos roubos e prejuízos passava toda para o lado do rebanho manso dos contribuintes indígenas. Os portugueses, como se sabe, aguentam tudo o que se lhe põe em cima da albarda — desde que venha do governo, do estado, dos senhores doutores!

Curiosamente os ingleses fizeram o que Ulrich quer que se faça relativamente ao buraco negro do ex-BES. Um dos seus maiores bancos, o famoso Lloyds, foi nacionalizado (temporariamente, claro!) para o que contrataram o nosso rapaz Osório. Sim, nacionalizaram o banco... até que os pacóvios ingleses, escoceses e galeses paguem a fatura dos banksters da City e das ilhas piratas de sua majestade. O povo de lá adora a monarquia...

PS: já perguntei, mas ninguém responde: que negócio fez o secretário-geral da UGT, e funcionário do ex-BES, com o governo, a propósito do emprego e pensões dos trabalhadores do ex-BES? Que paz podre negociaram? Será que ainda não perceberam que se vai saber tudo, e que depois de morto e enterrado o neocorporativismo que tivemos até agora, as contas serão pedidas aos responsáveis? No Triunfo dos Porcos os porcos eram todos iguais, mas havia uns mais iguais que outros. Na democracia populista portuguesa, pelos vistos, houve quem tivesse lido o livro!

quinta-feira, maio 08, 2014

A decadente 'esquerda' populista que temos

Jorge Moreira da Silva. Renegociar contratos leoninos é uma prioridade.


Governo quer mais cortes nas rendas leoninas da EDP e da GALP

O Governo pretende alcançar uma poupança de mais 1.000 milhões de euros com o terceiro pacote de medidas no sector energético, designado "pós 'troika'", totalizando assim cerca de 4.400 milhões de euros em cortes.

As últimas medidas no sector energético - a manutenção em 2015 da contribuição extraordinária e o reequilíbrio do contrato de concessão com a Galp - vão permitir uma poupança de cerca de 1.000 milhões de euros, segundo as contas do ministro Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de Economia e Obras Públicas.

No parlamento, o governante desafiou o PS a tomar uma posição sobre a medida que implica um reequilíbrio do contrato de concessão com a Galp, que já foi contestada pela petrolífera.

"Ainda não ouvi nem uma palavra do maior partido da oposição. Se consideram que esta é ou não uma renda excessiva", lançou Moreira da Silva, dizendo que "gostava de perceber se o PS apoia ou não esta vontade do Governo de partilhar com os consumidores os benefícios da Galp".

LUSA/Diário Económico (reportagem vídeo)
É por estas e por outras que a 'esquerda' portuguesa se transformou num embuste populista desmiolado que tão cedo não voltará a cheirar o veludo coçado do poder. Eu não votarei nas próximas eleições, mas se o fizesse, apostaria no MPT—Partido da Terra e no truculento António Marinho e Pinto. O PEV, por sua vez, deveria ser exposto como aquilo que é: uma bengala do PCP para impedir o aparecimento de um partido ecologista a sério em Portugal.



PS: o consumo da energia está a cair, por causas diversas: crise económica, desemprego, emigração, e estagnação demográfica. Por outro lado, a produção energética tornou-se cara, em grande medida por causa do fim do petróleo leve e barato (o qual não baixa dos 100 dólares o barril desde meados de 2010), mas também por efeito das apostas puramente especulativas na bolha das energias eólica e solar, e no abortado mercado global de CO2 equivalente. Pela lógica das economias de escala, a menor consumo corresponde uma pressão para elevar os preços, devida aos enormes empates de capital envolvidos na produção energética. Basta meditar na dívida acumulada da EDP: dezoito mil milhões de euros—dezoito pontes Vasco da Gama!
Pela lógica das economias rentistas, menos consumo traduz-e em pressão para transferir as perdas privadas para os orçamentos públicos. Tais compensações saídas dos orçamentos públicos traduzem-se invariavelmente em mais impostos que, por sua vez, retroalimentarão a queda do consumo, e assim sucessivamente. Como estes quase monopólios funcionam em cartel, a única forma de romper o ciclo vicioso é intervir politicamente. Mais um argumento que explica a emergência efetiva do capitalismo de estado em tantas partes do mundo, enquanto a 'esquerda' clama contra o 'neoliberalismo'!

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Meu caro Vasco

Você quer o Rui Rio presidente, presidencialista, é isso?

João Oliveira, membro do CC do PCP, deputado e advogado.

Um Presidente executivo apoiado por uma larga parte da população (embora sob a vigilância de uma Assembleia da República) estabeleceria quase com certeza a estabilidade institucional e legal que tanta gente pede – com Rui Rio à frente. Mas nesse ponto ninguém se atreve a tocar. In O presidencialismo, Vasco Pulido Valente, Público, 13/12/2013 - 00:10.
 O ponto de partida deste artigo de VPV compromete a conclusão que pretende tirar: a de que todos queremos o presidencialismo, mas não ousamos dizê-lo. E o erro inicial é este: não foi o ódio aos partidos que conduziu ao colapso da monarquia, e depois ao colapso da república, mas o mesmo desmame colonial que 40 anos depois provocaria a queda do corporativismo nacionalista de Salazar. O dinheiro de Bruxelas que veio entretanto foi apenas um balão de oxigénio num país que se habituou durante séculos a viver do trabalho alheio e de vantagens competitivas que não lhe custaram quase nada a obter, manter e gastar. O problema, meu caro Vasco, é que onde não existe burguesia economicamente forte, quer dizer, rica, educada, inteligente e independente, não pode haver democracia propriamente dita, nem muito menos democracia que dure e não acabe, pela corrupção descarada e criminosa em que invariavelmente colapsa, no charco das ditaduras e dos presidencialismos. Mas quer V. outra ditadura? Ou um presidencialismo que evolua para outra ditadura? Mas isso é pura continuidade histórica num tempo pós-colonial! Impossível, meu caro Vasco.

Dos jornais
Capucho 'equipa-se' para correr a Belém como independente
João Oliveira: "PS de Seguro está amarrado a mesmos interesses do tempo Sócrates"
Costa é um tarimbeiro sem mundo, nem vontade própria; Guterres fugiu do lugar e não creio que se candidate, nem empurrado; Santana já provou que não serve; Marcelo é comentarista, não é? Sobram, pois, Capucho e Rui Rio, uma vez que o Durão, tão cedo não porá os pezinhos na santa terrinha. Dos dois, parece evidente que Rui Rio sabe o quer e já deu provas suficientes de que leva a água ao moinho, contra ventos e marés. Quando as presidenciais chegarem será isto mesmo que os portugueses exigirão. Gostemos ou não de Rui Rio — e eu gosto, apesar da guerra que arranjou no Porto contra a famiglia subsidiada da Cultura.

Uma vez que o PS está perdido por mais de uma década, a melhor parelha que vejo para substituir a atual é esta: Paulo Rangel, na direção do PSD e como PM, e Rui Rio em Belém. Não gostam? É o que há!

Entretanto...

Era bom que esta geração do PCP (João Oliveira, etc.) acordasse e colocasse o partido próximo dos 20%. Seria bom para a democracia, pois significaria um PCP fora da liturgia estalinista-cunhalista, e forçaria o PS a ter juízo!

Ainda sobre os medos e a hipocrisia anti-presidencialista

Em política não se devem fazer previsões, pois quase sempre falham. Limitei-me a contar os putativos candidatos presidenciais e a opinar sobre qual deles faria alguma diferença em Belém. Rui Rio certamente far
ia. Vasco Pulido Valente acredita que ele tem uma agenda presidencialista, uma agenda, aliás, apoiada por muitos, supõe VPV.

Eu creio que, sem precisar de mais poderes, o próximo PR pode fazer muito mais do que o Pastel de Belém tem feito. Pode avisar que enviará para o TC tudo o que se aproximar de um uso indevido da Constituição em benefício da partidocracia, das corporações, dos rendeiros, dos devoristas, etc. Pode levar a sério a questão da confiança política no chefe do governo. Pode assumir plenamente a sua condição de chefe militar supremo do país (não deixando alguma vez que criaturas como o Aguiar Branco possam chegar a ministros da defesa). Mas o principal é que tenha uma influência decisiva na mudança do regime corrupto e falido que temos, promovendo uma democracia transparente, responsável, justa e sustentável. O futuro PR deverá deixar transparecer de forma inequívoca e desde já que sabe bem o que quer, e que tal vontade coincide com o sentimento maioritário do país. Presidencialismo? Não. Apenas uma forma constitucional de impedir que nos tornemos em breve numa democracia falhada irrecuperável.


Última atualização: 14-12-2013 22:50 WET 

domingo, outubro 27, 2013

Cunhal contra a Europa

Álvaro Cunhal. Foto @ Alfredo Cunha

Jerónimo de Sousa: adesão à União Europeia e ao euro foi um "erro profundo"

O secretário-geral do PCP disse hoje que a adesão à União Europeia "foi um erro profundo" que levou à actual situação do país e sublinhou que o antigo líder comunista Álvaro Cunhal previu os efeitos dessa opção — Económico com Lusa , 27/10/13 18:10.

Haver um partido que se oponha ao euro e à nossa presença da União Europeia é bom para o debate público. Que o PCP venha agora clarificar a sua posição é também positivo, mas exige-se que este partido seja daqui em diante consequente e alternativo nesta matéria. Ou seja, que diga ao país o que faria se fosse governo e se Portugal abandonasse a Zona Euro, ou mesmo a União Europeia. Tim tim tim por tim tim. Sem meias palavras, nem promessas vagas de amanhãs que cantam. Por exemplo, quanto custaria a gasolina, o gasóleo, a eletricidade, o pão e a carne no seu modelo de regresso ao escudo. Em que é que a sua proposta difere da indigência venezuelana?

Álvaro Cunhal foi um devoto estalinista da URSS, mesmo depois desta se ter esfumado sob o peso da sua ineficiência, ortodoxia fundamentalista, injustiça e criminosa corrupção. Na realidade, Cunhal sempre esteve contra a Europa, e imaginou o futuro de Portugal como um Salazarismo de sinal contrário: concentracionário, fundamentalista, paternalista, burocrático, ditatorial, isolacionista, provinciano, corrupto e eternamente injusto. Enquanto o PCP não se libertar desta doença obsoleta, será rejeitado pelos portugueses. Se persistir na irracionalidade, à medida que o proletariado industrial se for reduzindo a uma classe residual, progressivamente substituída por autómatos inteligentes, o PCP acabará por se tornar um partido irrelevante. O determinismo histórico que tanto exaltaram conduziu, afinal, à extinção do proletariado!

terça-feira, outubro 15, 2013

A farsa da ponte

Símbolo registado do RFB, grupo paramilitar comunista alemão durante a República de Weimar

O senhor Arménio é uma criatura perigosa
Karl Marx: “A história repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.”  

Ministro da Administração Interna vai hoje ao Parlamento explicar por que razão não autorizou manifestação que CGTP não desiste

A CGTP sabe desde 6.ª feira que o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Economia não autorizam a realização da manifestação na ponte 25 de Abril no próximo dia 19 de Outubro. O ministro Miguel Macedo informou nesse dia Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, da decisão tomada em conjunto com o ministro da Economia (que tutela a Estradas de Portugal, responsável pela gestão da ponte), fundamentando-a com três pareceres de segurança que recebeu do Conselho de Segurança da ponte 25 de Abril, da PSP e da Lusoponte. A mesma informação foi repetida ontem a Arménio Carlos numa reunião pedida por aquela central sindical afecta ao PCP — in Jornal i, 15/10/2013, 00:05 WET.

Arménio Carlos, o membro do comité central do PCP e dirigente máximo nomeado pelo PCP para chefiar a CGTP assim que o anterior chefe se afastou um milímetro dos ideais estalinistas, a sonhar com Belém (o pobre), acha que uma manifestação de rua em cima de uma ponte, onde qualquer incidente seria dificilmente contido, e mesmo prevenido, é o mesmo que uma maratona. O direito ao disparate é, como o direito à greve e o direito à manifestação, livre, mas dentro de certos limites.

I—o direito à manifestação não dá o direito ao PCP-CGTP de escolher, como quer, o lugar e o percurso da manifestação; assim como o direito à greve não dá direito a perturbar sistemática e várias vezes ao ano a vida de quem trabalha e se desloca, substituindo-se uma medida de luta excecional por uma mau hábito de negociação salarial invariavelmente levada a cabo na mesa de negociações e na rua (veja-se mais uma greve sazonal anunciada pelos sindicatos do Metro de Lisboa);

II—o direito de manifestação, pelo braço de ferro levado a cabo pelo PCP-CGTP contra o governo, demonstra à saciedade tratar-se de uma típica ação política partidária complementar das negociações e debates parlamentares em curso, nomeadamente sobre a aplicação do programa de austeridade aos setores até agora privilegiados pelo estado e pelas burocracias instaladas — e não de uma manifestação popular.

O PCP tem que decidir se aceita as regras democráticas, nomeadamente se aceita os resultados eleitorais das últimas eleições legislativas, e os procedimentos institucionais consagrados na Constituição para dirimir as diferenças políticas em sociedade, ou não. Se sim, não pode usar a rua como meio de derrube de um governo legitimado pelas eleições. Se, pelo contrário, contesta as eleições, os processos democráticos e as suas instituições, e prefere a rua como compensação dos votos que não tem, então deverá ter a coragem de abandonar o parlamento e enveredar pelas formas de luta que entender sujeitando-se às consequências que a democracia vigente determinar.

As críticas aqui reiteradas ao governo em funções, bem como aos responsáveis por aqui termos chegado, onde incluo o PS, o PCP e o Bloco, para além do PSD e do CDS/PP, fazem parte do debate democrático. Não me passa pela cabeça convocar meia dúzia de amigos para irmos até à praça das portagens da Ponte 25A boicotar as ações provocatórias do PCP-CGTP. Mas já pensaram os comunistas que basta um só pessoa para lançar o caos na ponte?

Dito isto, aprovo 100% a decisão do governo: proibir, pura e simplesmente, a manif do PCP-CGTP na Ponte 25A, convocada para o próximo Sábado, dia 19 de outubro.


ÚLTIMA HORA
: CGTP desconvoca manifestação na Ponte 25A, e convoca concentração para Alcântara no mesmo dia. Alguém teve juízo no PCP.


ÚLTIMA ATUALIZAÇÂO: 15/12/2013 21:31 WET

sábado, outubro 12, 2013

Partidos atrás do prejuízo

Álvaro Beleza tira sangue ao ministro Paulo Macedo. Foto LUSA

Partidocracia: fragmentação ou evolução?

“Amid the government shutdown, 60% of Americans say the Democratic and Republicans parties do such a poor job of representing the American people that a third major party is needed. That is the highest Gallup has measured in the 10-year history of this question. A new low of 26% believe the two major parties adequately represent Americans.” in ZH

A partir de um certo limiar, mais dívida já só produz crescimento negativo :(

É por estas e por outras que também na América as pessoas condenam cada vez mais o rotativismo partidário com dois partidos, e começa a perceber-se a necessidade de um terceiro grande partido.

Se há certezas que possamos retirar dos resultados das últimas eleições, parcialmente alinhadas com a sondagem de algibeira realizada no blogue do Partido Democrata, e contrariando a matilha zarolha das sondagens encomendadas, é que houve uma clara abstenção de protesto, uma subida dos votos brancos e nulos de protesto, e a eleição de inúmeros autarcas sem filiação partidária, independentes ou em rotura com os partidos de origem, um dos quais retirou a segunda cidade do país ao controlo rotativista da partidocracia que conduziu o país à bancarrota.

Também assinalada no inquérito que fizemos entre usuários do Facebook, esteve a subida empinada do PCP. Ao contrário do que esta micro-sondagem permitiu concluir, a queda dos partidos do governo foi bem mais acentuada, e o PS beneficiou de uma clara transferência de votos do PSD e do Bloco.

Por junto, estes resultados colocaram os partidos rotativistas em pânico:

— o PCP, que tendo vindo a rejuvenescer paulatinamente o seu pessoal político, desatou a crescer como não se via há décadas, contrariando os vaticínios mais otimistas (ou pessimistas, depende da perspetiva) sobre este cadáver adiado;

— as perdas dos municípios de Sintra (segundo em população), de Gaia (terceiro em população) e do Porto (quarto em população), respetivamente para o PS, para um candidato sem filiação partidária, e para o PS, acrescido ao facto de em Lisboa o PSD ter perdido quase tudo, pois ficou não só atrás do PS, como do PCP, é um rastilho imparável para a  inexorável fragmentação, ou, na melhor das hipóteses, refundação do PSD;

— O Bloco de Esquerda vai a caminho da extinção (1);

—  Finalmente, o PS, apesar da sua clara vitória, e de ter afastado a corja socratina do caminho, perdeu, como todos os partidos, à exceção do PCP, muitos votos: -272.834 (mais do dobro dos votos obtidos pelo Bloco). Nada garante que a esta tendência de perda não continue, sobretudo se o PS continuar na mesma.

A entrevista de Álvaro Beleza ao jornal i é uma novidade, e mostra de forma clara que António José Seguro pediu a alguém para a explorar a vitória das Autárquicas, atacando a extrema fragilidade em que se encontra o PSD neste momento. A ameaça latente de uma fragmentação do PSD depois das eleições europeias é uma excelente oportunidade para o PS ir buscar a maioria orgânica de que precisa para disputar as legislativas de 2015 com força suficiente para pedir e obter uma maioria absoluta, ou, se esta não for alcançada, poder promover uma coligação com o CDS pós Portas e com o PSD pós Coelho, numa espécie de grande coligação sem comunistas, nem o exangue Bloco.

Aos meus amigos socialistas que não desesperaram dou um conselho: arregacem as mangas no interior do PS, promovendo a abertura desta agremiação doente à sociedade em geral, e aos espíritos livres e ansiosos por ajudar o país a sair desta enorme crise, em particular.

Temo que não chegue, e por isso insisto na necessidade de promover uma Plataforma Eleitoral Independente (formalmente e por necessidade legal, um partido) capaz de andar mais depressa na formulação de ideias e na promoção de consensos e bom senso entre os setores ativos da sociedade.

No entanto, e para já, anotar estas declarações de Álvaro Beleza:

AB: "No PS já introduzimos eleições primárias para escolher o líder. O fenómeno dos independentes, que eu prefiro chamar de não filiados, tem a ver com o fechamento dos partidos. É preciso primárias nos partidos, limite de mandatos não só para os presidentes de câmara e reformas do sistema eleitoral. Temos de introduzir em Portugal círculos uninominais com limite de mandatos, um círculo nacional que permita a representatividade dos pequenos partidos e a obrigatoriedade de os membros do governo serem deputados. E é preciso transparência no exercício dos cargos."

AB: "O IRC é um imposto estúpido. Temos de ser competitivos com a Irlanda e Espanha. E para podermos baixar a carga fiscal, temos de ter um Estado mais eficaz, que gaste o que tem para gastar, e aí é essencial a reforma estrutural do Estado."

AB: "...para que é que existe um Ministério da Justiça? Tem de haver separação de poderes. Devia ter um orçamento à parte do orçamento legislativo e do governo - é assim nos EUA. E devia ser gerido pelo Conselho Superior de Magistratura. Têm de ter autonomia total, não é o governo a passar os cheques dos magistrados."

AB:  "...o Orçamento do Estado não pode financiar grupos privados que vivem dele, em grande medida, de forma indirecta. Isso é moralmente inaceitável quando não há meios financeiros para os hospitais públicos. Mas terá de ser gradual para não prejudicar funcionários públicos e não liquidar os grupos e hospitais privados. O PS tem defendido essa separação, e também nesta questão da ADSE não voltámos atrás."

AB: "Não valemos só pelo que somos neste rectângulo e temos de jogar esse peso todo. Tem de haver mais articulação com o mundo da lusofonia, temos de apostar como a Inglaterra faz com a Commonwealth. Portugal tem muitas semelhanças com a Inglaterra. A Alemanha nunca foi nossa aliada, nunca tivemos nada a ver com a Alemanha. A Europa está a ser comandada por uma potência continental fechada que não tem a visão alargada de outros, como Portugal e Inglaterra, que já foram impérios marítimos. Infelizmente, temos uma chanceler alemã que é muito tacanha, muito dona de casa. Dentro da União Europeia, temos de buscar aliados para falar de outra maneira com os alemães. Mas para isso é preciso outro governo, com outra credibilidade."

AB: "Portugal é um país periférico na Europa, mas central no Atlântico. Temos um porto de águas profundas, como o de Sines, que é a cara da Europa. Temos de apostar nas Américas, África, na lusofonia (que é a nossa área natural de influência), e ter aqui uma estratégia de crescimento nas exportações através da indústria. No porto de Sines só falta a ligação à Europa por via ferroviária, que este governo suspendeu, mas é estratégica.

i: Um país sob assistência deve fazer esse investimento?

AB: “Podia não se fazer tudo, mas fazer devagar. Custa imenso ver o TGV em Espanha; na Europa, só este rectângulo é que não vai ficar dentro da linha de alta velocidade. Foram mais troikistas que a troika. Não tinham de interromper as obras, tinham de fazer mais devagar, podiam alterar o projecto para ser mais barato."

Sim, a estratégia de proteção e projeção política e económica da nossa soberania passa pelo regresso ao Atlântico, pela Lusofonia, pelas relações com a China, com a Índia e com o Japão, e pela força da diáspora portuguesa no mundo. Portugal deve posicionar-se como uma uma plataforma diplomática e como uma zona frana europeia aberta ao mundo, queira a tia Merkel ou não1

Num ponto mais Álvaro Beleza tem razão: "...hoje a geração do Sérgio Sousa Pinto, Pedro Nuno Santos e João Galamba é mais representativa do eleitorado jovem do que o BE. Entramos bem nesse eleitorado."


NOTAS
  1. “Seguro escolheu o lado direito do poder”, diz Semedo (Público, Teresa Camarão 12/10/2013 - 22:22)

    O Bloco, imprestável para o PS, e imprestável para o PCP, na realidade já não existe. A tarefa do PS agora é atrair para a sua órbita os melhores quadros (que são poucos) da balbúrdia que sempre foi o Bloco resultante de uma turma quadrada de revisionistas do estalinismo soviético, do estalinismo chinês e do trotsquismo mandeliano. Francisco Louçã lá se reformará como professor emérito de uma economia que desconheço.

Última atualização: 13 out 2013, 09:04 WET

quarta-feira, outubro 09, 2013

Camarada Arménio

foto: JOSE MANUEL RIBEIRO/Reuters

Afinal o que o Arménio Carlos quer é negociar!

Ou seja, fazer um número para a plateia em vésperas da discussão do Orçamento. Sendo assim, porque não convoca a manif para fora e para dentro da Assembleia da República? Não cabem todos? A Assunção manda evacuar? Da última vez a coisa escapou-se-lhe das mãos porque havia sindicalistas a apedrejar o parlamento? Pois, isto não é tudo nosso!

Imagine o senhor Arménio que um manifestante exaltado resolve atirar-se da ponte abaixo. Está preparado para isso?

Você passa a pé na Ponte 25A no dia a dia? Não. Porque será? Você anda a pé pela linha do Metro? Não. Porque será? Você passeia-se pelas pistas do aeroporto de Lisboa? Não. Porque será? Você calcorreia a A1 com a família ? Não. Porque será?

Uma coisa é o direito à manifestação, outra muito diferente é passar a ideia ao país de que os sindicatos mandam no que querem, o que querem, como querem e quando querem. Não é assim!

Além do mais a sua demonstração sindical não tem nada de sindical, nem tem que ver com os interesses dos trabalhadores, dos desempregados e muito menos da mais de uma centena de milhar de portugueses que emigraram desde 2008.

A sua manifestação, quer dizer, a demonstração de força do PCP por intermédio da CGTP, é puramente política. E é muito corporativa, destinando-se a defender uma aristocracia e uma burocracia que trabalham essencialmente para o Estado. Pouco mais é do que isto, meu caro Arménio.

Tenha, pois, juízo e comece a pensar nos trabalhadores. Mas a sério!

O argumento da maratona

Nas maratonas não costuma haver incidentes violentos, nem provocadores, como aquele que ocorreu junto à Assembleia da República numa manifestação da CGTP, lembram-se?

Mas depois do que ocorreu na Maratona de Washington, seria da mais elementar prudência que não se fizessem mais maratonas com travessias sobre as grandes pontes do país...

Além do mais não me agrada nada a conversa sobre a segurança que a CGTP promete entre portas, num estado de direito!

Supostamente a CGTP e o PCP garantem às suas manifs 'segurança'. Viu-se o que aconteceu junto à Assembleia da República em novembro de 2011! Será que a CGTP pagou os prejuízos causados por esta manif que lhe foi autorizada? Os seus gorilas estão autorizados a fazerem segurança? Sob que regime jurídico? Nada disto faz sentido, e é tempo de acabarmos com a ideia de que a rua é do PCP e do Bloco de Esquerda!

ÚLTIMA HORA!

Câmara de Lisboa diz-se incompetente para autorizar a manifestação da CGTP
Jornal de Negócios, 09 Outubro 2013, 17:50.

António Costa (não disse, mas podia ter pensado): Porra! Eu quero é ir para Belém! E se o António Maria tem razão e alguma viúva desesperada se atira da ponte abaixo?!!!

Última atualização: 9 out 2013, 20:35 WET

quinta-feira, novembro 29, 2012

A morte súbita dos partidos

Lenine morreu possivelmente de sífilis,  mas a nova religião social tentou preservá-lo até à eternidade. Na realidade, o seu cadáver embalsamado resistiu mais à intempérie do que a ditadura estalinista e a URSS.

Precisamos de uma nova constituição e sobretudo de mais democracia. Os politocratas que temos deveriam reformar-se mais cedo!

PCP "Está em construção" uma alternativa ao actual Governo

Jerónimo de Sousa afirmou que há um "elemento novo na política portuguesa" hoje que é a convergência de largos sectores da população em torno da contestação à política do Governo PSD/CDS-PP, juntando, nas manifestações "muita gente do PS, do PSD" e "até do CDS" bem como movimento sociais e pessoas sem partido.

Em entrevista à Agência Lusa, a propósito do XIX Congresso do PCP, que se realiza entre sexta-feira e domingo, em Almada, Jerónimo de Sousa disse que o partido propõe uma "alternativa política" e um "governo patriótico e de esquerda" capaz de a executar e afirmou que isso "está em construção", fruto da "luta de massas" onde convergem sectores que até ao momento estavam "neutros ou neutralizados" pela "ideologia das inevitabilidades".

Notícias ao Minuto, 29 nov 2012 ; 07:00

A síndrome dos corpos embalsamados de Lenine e de Mao, e da Cadeira de Salazar, é um dos maiores entraves à libertação de alguns povos —entre os quais se contam os portugueses— dos seus messiânicos salvadores que acabam invariavelmente por revelar-se seus coveiros.

A democracia portuguesa não existe. Basta olhar para a indigência e total falta de independência dos deputados parlamentares e autárquicos. Basta ler a fábula que leva o nome pomposo de Constituição. Basta reparar como os bancos controlam os patrões da política e estes controlam os partidos de quem procura emprego fácil. Basta verificar como as leis do país são cozinhadas em gabinetes de advogados pagos a peso de ouro pelos desgraçados contribuintes, sem que as comissões parlamentares e os plenários tenham verdadeiramente palavra e poder de mudar uma vírgula sequer das leis que servem quem se esconde sob o manto ilusionista desta democracia.

Todo este regime de falsa democracia é abençoado por uma justiça corporativa indigente e predisposta à corrupção diária do espírito intrinsecamente ético das leis. A nossa democracia é, na verdade, um regime populista, partidocrata, endogâmico, nepotista e corrupto, cuja glória, depois de tanta entorse, foi conduzir o país à bancarrota, em vez de lhe proporcionar prosperidade e cultura.

Os grandes partidos do arco da governação formam um bloco central de interesses, apático e tolhido pela corrupção de quem verdadeiramente manda. Os pequenos partidos, por sua vez, não passam de sindicatos de votos que medem os interesses do país à medida dos seus pequenos nichos de popularidade. O PCP vive das empresas públicas e de algumas autarquias; o Bloco apoia-se quase exclusivamente na turma dos professores.

E no entanto, mais do que nunca, precisamos de uma democracia que verdadeiramente emane da cidadania, apoiada em agrupamentos, ou reagrupamentos democráticos de base, sem hierarquias burocráticas, organizados em redes de convergência inteligente e solidária, transparentes, eficientes e onde predomine a mobilidade e o intercâmbio de pessoas e ideias.

Precisamos, em suma, de uma democracia sem partidos, ou onde os partidos passem a ter uma função e um desempenho muito mais discretos e bem delimitados, complementados no exercício legislativo e moral da democracia por outras formas de expressão e concretização da vontade democrática, e pela defesa inegociável das liberdades coletivas e individuais.

Jerónimo de Sousa repete pela enésima vez desde 1974 o amanhã que canta no coração cansado de quem ouviu a lenga-lenga estalinista do PCP ao longo das últimas quase quatro décadas de um regime de transição entre a ditadura corporativista de Salazar e uma sociedade democrártica livre e responsável que está longe de ser uma realidade. Os grandes vícios do corporativismo —prepotência política dos governantes e burocratas, dependência individual e corporativa do Estado, nepotismo, subserviência, corrupção endémica, manipulação e indigência da imprensa, isolacionismo ideológico, total falha de visão estratégica do país, e um enorme provincianismo somado ao aflitivo analfabetismo funcional que persiste, milhares e milhões de contos e de euros depois— continuam entre nós. De que fala então o líder do PCP? Que espera do "seu" povo? Que morra e ressuscite de cara e alma lavadas? Ou será que a desgraça do povo é, afinal, a sua única garantia de sobrevivência? A igreja antiga, a católica, também anda por aí num desatino audiovisual por causa da fome. Fome de quem, e de quê, pergunto?

Para haver democracia, ou melhor, para que esta democracia mal formada dê lugar a uma democracia digna do nome, precisamos de ter classes médias, empreendedoras, profissionais e intelectuais, imbuídas de uma ética do dever e da transparência, bem como de uma cultura do diálogo e da racionalidade. A gritaria da luta de classes para inglês ver é tão só a máscara cadavérica de um tempo virtual que não serve quem diz querer servir, mas apenas cuida do grande nicho do oportunismo e da mediocridade.

As formas e as forças do regime que temos deixaram de servir o interesse histórico do povo que dizem representar. Representaram-no tão mal que caímos na insolvência. Voltámos a ser, outra vez, um protetorado dos credores. Nisto, todos os partidos são igualmente responsáveis. Por inacreditável ignorância, por incompetência canina, por oportunismo incurável, por corrupção.

Precisamos, sim, de refundar o regime. Mas não como propõe Passos Coelho. Na verdade, não podemos continuar a jogar às escondidas com a Constituição. Do que se trata é de a substituir por outra, que não seja uma quimera hipócrita e oportunista.

Se não quisermos perpetuar as causas do fracasso que nos trouxe até aqui, teremos que fazer uma revolução constituinte ou simplesmente convocar uma nova assembleia constituinte, para escrever outra utopia para Portugal.